Porto Digital: O maior parque tecnológico do Brasil fica no Recife

Vanessa Farias

Escrito por Vanessa Farias

10 de julho 2018| 10 min. de leitura

Compartilhe

Não é só de frevo que a capital de Pernambuco vive. Há alguns anos, Recife vem se destacando como uma das cidades brasileiras mais fortes quando o assunto é empreendedorismo. O motivo? Certamente a criação do Porto Digital, quase duas décadas atrás, fez toda a diferença no ecossistema de inovação e tecnologia da região.
Estimulada pelo Porto Digital, Recife foi considerada a cidade mais inovadora do Nordeste, de acordo com uma pesquisa realizada pela Endeavor Brasil, em 2017. No país, a capital está na 20ª posição na lista das cidades mais empreendedoras. Além disso, também é referência em capital humano: está em 8º lugar na lista da Endeavor.
Mas talvez você esteja se perguntando, afinal o que é o Porto Digital?
Para saber a resposta dessa pergunta e conhecer mais sobre o mercado de tecnologia de Recife, leia este post!

Porto Digital: o Vale do Silício do Nordeste

Porto Digital
Foto: Porto Digital

De uma área abandonada e degradada do antigo porto da capital de Pernambuco nasceu o Porto Digital. Os velhos prédios foram restaurados e receberam escritórios de empresas de tecnologia. No início dos anos 2000, o parque foi inaugurado com duas empresas e 46 pessoas. Hoje, é destaque no cenário nacional de inovação.
O Porto Digital é o maior e um dos mais importantes parques tecnológicos do Brasil. É conhecido como o Vale do Silício do Nordeste porque é considerado um polo de inovação e abriga incubadoras de negócios, centros de pesquisa, instituições de ensino e grandes empresas.
Com startups instaladas e empresas de pequeno, médio e grande porte, o parque tecnológico conta com mais de 9.000 profissionais. Multinacionais como IBM, Microsoft, Samsung e Unilever também estão alocadas no espaço. São cerca de 300 empresas embarcadas no parque.
O Porto Digital está localizado no centro histórico do Bairro do Recife e nos bairros de Santo Amaro, Santo Antônio e São José, ocupando uma área de 171 hectares. Sua atuação está, sobretudo, voltada para serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Economia Criativa (EC). Os segmentos de games, música, cine-vídeo-animação, fotografia e design são os que mais se destacam. O setor de tecnologias urbanas também tem obtido ênfase como campo estratégico.
Fora os incentivos recebidos por multinacionais, a região onde está localizado o parque possui diversas organizações preocupadas com o desenvolvimento de sistemas de gestão empresarial, aplicativos para dispositivos móveis, inteligência artificial, segurança de dados, além dos segmentos de games e outros já citados neste post.

Governo, universidades e empresas

O Porto Digital é uma Organização Social (OS) de referência em todo o Brasil e é coordenado por governo, universidades e empresas. Nos anos de 2007, 2011 e 2015 o parque tecnológico de Recife foi considerado o melhor do Brasil, segundo a Associação Nacional de Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).
“Esse elo forte entre academia, governo e mercado cria um efeito cluster no Porto Digital. As empresas querem vir para cá para terem essa facilidade de conexão”, afirma Breno Alves Jaruzo dos Santos, Analista de Novos Negócios e Inovação no Porto Digital.

Aceleradoras

O parque também abriga um Programa de Aceleração. A aceleradora Jump Brasil tem como objetivo alavancar o desenvolvimento de novos negócios. Com isso, ela ajuda a melhorar o desempenho de startups, proporcionando investimento financeiro, mentoria e estrutura. Por outro lado, ela ganha na participação das ações.

Aceleradora - Jump Brasil
Aceleradora Jump Brasil – Foto: Divulgação

O CoteAqui foi uma das startups aceleradas pelo Programa de Aceleração da Jump Brasil. A ideia do negócio é ser a ponte entre fornecedores de materiais e construtoras. O CoteAqui auxilia na cotação de materiais e ajuda construtoras a fazerem isso de maneira ágil e prática, gerando uma economia de até 30% em seus orçamentos.
Atualmente, a construtech (startup do setor da construção civil) faz parte do Construtech Ventures, o primeiro Venture Builder do mundo focado nos setores da construção e imobiliário.

C.E.S.A.R Labs

Outra aceleradora localizada no Porto Digital é o C.E.S.A.R Labs. Ela faz parte do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife que fomenta projetos de Tecnologia da Informação e Comunicação. Possui 600 colaboradores e oferece cursos profissionalizantes, mestrado além de outros benefícios.

Incubadoras

No Porto Digital existem 3 incubadoras. O Programa de Incubação do Porto Digital dura 1 ano e está estruturado em 3 etapas:

  1. Modelagem do Negócio – quando é moderado e validado o Mínimo Produto Viável (MVP).
  2. Lançamento do Produto – quando a startup recebe capacitação e mentoria para seu desenvolvimento a fim de lançá-la no mercado.
  3. Maturação do Negócio e Crescimento – quando o negócio é estimulado a firmar seu modelo de receita para conseguir dar os primeiros passos fora do Programa de Incubação.

Caso a iniciativa passe por todos os 3 períodos, ela sai do espaço da incubadora para uma sede própria.

Startups

Na prática, o benefício de se estar dentro do Porto Digital colabora para que as iniciativas tenham mais facilidade de interação com o mercado e investidores. Quem afirma isso é a Jeanne Karlla, CEO da construtech POP BIM.
“O Porto Digital é uma vitrine. As pessoas que procuram inovação, vão procurar o Porto. O networking é, certamente, o maior benefício que eu vejo de se estar aqui. Se eu não estivesse aqui, por exemplo, você não estaria me entrevistando”, conta Jeanne, que também é arquiteta, especialista em Tecnologia BIM e mestranda em Engenharia de Software.
A POP BIM nasceu em setembro de 2017, está incubada no Porto Digital desde março de 2018 e já tem seus primeiros clientes. Ela está na primeira etapa de incubação. “Temos muitas obrigações a cumprir no Porto Digital. Desde procurar por ideias inovadoras de negócios até entender de gestão. Caso a pessoa não tenha experiência em empreender, o parque dá todo o apoio necessário. Para se ter uma noção, em 1 mês, eu tive 70 horas de treinamento. É uma evolução muito grande. Aqui, somos constantemente provocados a inovar”, afirma Jeanne.
A POP BIM auxilia pessoas físicas que ganham até 3 salários mínimos e também pequenos empreendedores a construir sua habitação ou pequenos condomínios. “Oferecemos o projeto, que fazemos por meio da Tecnologia BIM, o planejamento e o orçamento. Além disso, ajudamos no acesso ao crédito aos compradores, no caso, pessoas físicas, já que muitas delas não têm condições de fazer isso. Também conectamos pessoas de baixa renda ao banco”.
Ao final do Programa de Incubação, ou seja, após passar por todas as 3 etapas, a startup deve ter nota fiscal emitida. Do contrário vai para a recuperação, onde fica mais 6 meses.
As incubadoras do Porto Digital são:

Futuro e perspectivas do Porto Digital

Questionado sobre as perspectivas do parque tecnológico, Breno Alves Jaruzo dos Santos, Analista de Novos Negócios e Inovação no Porto Digital, é enfático: “queremos a maior quantidade possível de startups aqui. Queremos gerar uma massa crítica e muitas novas iniciativas para povoar o parque e ser a próxima geração de aceleradoras. Nosso desejo é mostrar o caminho do empreendedorismo e que é possível resolver problemas via startups”.
Ainda que a crise econômica tenha freado um pouco o crescimento de novos negócios, o otimismo é constante quando se fala em inovação e tecnologia, sobretudo num espaço como o Porto Digital. “As pessoas fecham negócio andando na rua ou quando vão tomar um café aqui dentro do parque. A sinergia é muito grande. Geramos produtos em conjunto e isso nos potencializa”, completa Breno.
Gostou deste artigo? Então talvez você queira saber mais sobre o Construtalk Recife, o evento itinerante que discute inovação na construção civil!