Em 2015, um projeto relacionado a casas pré-moldadas foi vencedor na categoria Arquitetura da feira Minascon, em Belo Horizonte. A Casa Chassi, de 81 m² foi planejada por dois arquitetos, Bernardo Horta e Pedro Haruf, e ficou pronta em apenas 10 dias.
Embora o modelo tenha sido incrível a ponto de ganhar o concurso, este projeto não é o único do tipo e, na verdade, há construções ao redor do mundo muito mais ousadas — e provaremos isso ao longo do artigo.
Aqui explicamos o que são e o processo de construção dessas casas, os materiais mais utilizados, as vantagens, desvantagens e algumas tendências para o futuro. Quer saber mais? Então, acompanhe!
O conceito de casa pré-moldada
Assim como as residências convencionais, as casas pré-moldadas, ou modulares, têm o objetivo de servir de moradia para uma ou mais pessoas. A grande diferença desse modelo é o processo de edificação, que não ocorre in-loco, como as habitações tradicionais.
Os componentes utilizados na construção são fabricados antes de seu início. A estrutura é pré-montada em um canteiro de obras e, posteriormente, transportada para o endereço final. Nesse local, profissionais especializados fazem a fundação, continuam a montagem e os acabamentos.
E caso você esteja se perguntando…
A fundação das casas pré-moldadas é feita da mesma maneira que em habitações convencionais. Em geral, com brocas escavadas com sapatas ou radier, dependendo do solo do local e das especificações do fabricante do projeto.
E não para por aí:
Você já leu algo sobre prédios construídos em tempo recorde em outros países? Em muitos casos são utilizados módulos pré-fabricados, o que significa que o modelo atende também a obras de maior porte. Um exemplo disso é o Mini Sky City, prédio de 57 andares, que foi edificado em apenas 19 dias na China.
Que tal conferir a produção da Casa Chassi? No vídeo a seguir é possível acompanhar um pouco da criação do projeto no computador, a pré-construção, o transporte, a montagem dos elementos e o acabamento. Note que como essa residência foi criada para um evento, não foi necessária nenhuma fundação.
Muito interessante, não é?
Na estrutura da Casa Chassi foram utilizados aço, placas de cimento e de gesso — mas nem sempre é assim. A seguir, conheça outros materiais aplicáveis na construção de uma residência pré-moldada.
Os materiais utilizados em casas modulares
Há quem pense que as casas pré-moldadas sejam todas iguais ou muito semelhantes entre si, mas isso não é, necessariamente, verdade. Elas podem ser básicas, bastante sofisticadas e bem modernas. Os materiais utilizados influenciam muito no estilo e os mais comuns são:
- Madeira: proporciona uma aparência mais rústica, ideal para casas de campo;
- Blocos de concreto: o encaixe é fácil, possui um bom acabamento e a construção é rápida;
- PVC: oferece conforto termoacústico, costuma ter custo baixo e é durável. É utilizado em paredes, preenchidas por blocos de concreto e aço estrutural;
- Aço: uma opção de baixo custo, durável, versátil e menos nociva ao meio ambiente;
- Tijolos ecológicos: aparência rústica semelhante à madeira, porém menos agressivos à natureza; e
- Contêineres: alternativa econômica, amigável ao meio ambiente, rápida e com design inovador.
O arquiteto, naturalmente, pode combinar materiais diferentes. É possível, por exemplo, utilizar madeira como matéria-prima principal e alvenaria nos cômodos mais úmidos, além de usar vidro para favorecer o design, proporcionar mais conforto e desempenho energético ao ambiente.
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As vantagens
Agora que você já sabe o que é, como são construídas e os materiais utilizados em casas pré-moldadas, é hora de conhecer suas vantagens. Basicamente, essas habitações são benéficas, principalmente, devido aos seguintes aspectos:
- Custo fixo: o valor de construção dessas casas é determinado no início do projeto, de acordo com seu modelo. Custos surpresas não costumam surgir;
- Limpeza e organização: como os componentes são produzidos com antecedência, o ambiente permanece muito mais agradável durante a construção;
- Tempo: economia de meses, já que os produtos são negociados, fabricados, montados e transportados antes do início da obra;
- Sustentabilidade: redução do uso de água e outros insumos, dependendo do projeto e materiais utilizados;
- Licenças: devido à padronização, economiza-se tempo com a redação de documentações e honorários do arquiteto;
- Qualidade e segurança: supervisionar uma equipe reunida em um único ambiente facilita o acompanhamento do processo; e
- Design: geralmente, as casas pré-moldadas são assinadas por bons arquitetos e, por isso, costumam ser bastante modernas, além de oferecem conforto termoacústico.
As desvantagens
Nem tudo são flores e construir uma casa pré-moldada pode não ser a melhor alternativa para algumas pessoas, devido a desvantagens como:
- Adaptação ao ambiente: os projetos não costumam prever diferenças de tamanho, inclinações, acessos e vistas de cada terreno e, portanto, é possível que a casa não fique bem em determinada propriedade ou que ajustes sejam necessários;
- Investimento inicial: diferentemente de uma habitação convencional, não é possível fazer essas casas aos poucos, já que os componentes são fabricados antes da obra. Algumas empresas podem exigir o pagamento antes do início da construção e isso pode dificultar um financiamento;
- Personalização: embora seja possível adaptar o projeto às necessidades do cliente, as alterações são mais limitadas, assim como as reformas. Medidas de portas, janelas e paredes, por exemplo, dificilmente poderão ser ajustadas; e
- Disponibilidade: não é em todo lugar que se encontra uma casa pré-moldada e o gastos com transporte podem inviabilizar o projeto para algumas regiões.
O futuro das casa pré-moldadas no Brasil
Nosso país ainda tem um déficit habitacional enorme. Para suprir a necessidade de imóveis, 1,2 milhões de moradias deveriam ser construídas na próxima década, de acordo com um levantamento da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias).
Embora haja demanda, no entanto, a diminuição da renda familiar brasileira dificulta a busca por domicílios, ainda que os juros estejam baixos (favorecendo o financiamento) e passada as incertezas das eleições.
E esse não é o único problema do mercado imobiliário:
A escassez de especialização, o envelhecimento da população e as restrições à livre circulação de mão de obra podem gerar aumentos nos custos, reduzir a produtividade e a qualidade na construção.
Este cenário exige que as empresas se adaptem para adotar novas tecnologias e modelos de negócios. As casas pré-moldadas são uma alternativa interessante, pois, em menos tempo, oferecem habitações modernas com custos mais baixos, poucos desperdícios e redução no uso de insumos naturais.
E aqui está um ponto interessante:
A conexão entre incorporadoras e startups pode ser um caminho interessante para o futuro imobiliário. Já existem empresas com modelos prontos de casas modulares com designs incríveis. A SysHaus, por exemplo, possui recursos sustentáveis e pode ser equipada com tecnologias de smart home.
Note que, mesmo com essa atitude, ainda existem outros desafios no mercado, como a dificuldade do consumidor em contratar crédito e a burocracia na aprovação de projetos pelas prefeituras.
Em resumo, construir uma casa pré-moldada é uma ótima maneira de adquirir uma habitação em menos tempo, com design moderno e menor utilização de recursos naturais. O valor costuma ser mais baixo e, portanto, esses projetos podem ser opções de investimento interessantes para as incorporadoras e construtoras.
As empresas de construção civil têm a chance de economizar nos custos de produção e aumentar suas taxas de ocupação de imóveis com mais rapidez.
Aliás, a Casa Chassi, está à venda, inclusive em atacado. O metro quadrado do imóvel, com dois dormitórios, um banheiro, sala de estar, cozinha e uma pequena varanda coberta saía por R$ 2.160 em 2016. Ainda que o valor do terreno, da fundação da casa e do frete não estejam incluídos, já dá para fazer uma boa comparação com o preço de imóveis na capital mineira.
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