A iluminação faz toda a diferença em um ambiente. Quando insuficiente pode deixá-lo escuro, assim como o excesso de luz artificial pode provocar cansaço nos usuários. Por outro lado, uma iluminação adequada traz a sensação de bem estar, conforto e motivação. Esse é o objetivo de um projeto luminotécnico.
O nível de conforto de iluminação é um dos pilares do movimento Wellness que preocupa-se com a produção de um ambiente de trabalho saudável e com a ergonomia. A qualidade ambiental interna dos ambientes, que inclui a iluminação natural e artificial é um dos critérios para a certificação LEED.
Um projeto luminotécnico adequado contribui para a redução do nível de stress e o aumento da produtividade dos usuários, diminui os gastos de energia e o impacto ambiental. Ainda é um fator importante para duas certificações internacionais.
Você deve concordar comigo que pode agregar muito valor ao seu empreendimento, certo? Mas como transformá-lo em um aliado? Nesse artigo vou mostrar os tipos de iluminação, o passo a passo de como elaborar um bom projeto luminotécnico e, ainda, dar dicas para a hora de comprar materiais.
Afinal, o que é um projeto luminotécnico?
Um projeto luminotécnico eficiente é aquele no qual alia-se luz natural e artificial de forma que se tenha o melhor conforto, funcionalidade e economia. Para isso é necessário pensar o espaço como um todo, em todas a funções que serão executadas nele. Existe um profissional que trabalha exclusivamente com isso: o lighting designer.
Pensar a iluminação antecipadamente permite que se economize, e um bom projeto luminotécnico agrega valor à edificação.
Um projeto luminotécnico costuma ser dividido em sistema principal ou geral e sistema secundário. O principal costuma ser mais geral e atende as necessidades funcionais do ambiente, enquanto o secundário é responsável pela ambientação que se deseja dar ao local.
Um projeto luminotécnico é feito através da associação de diversos tipos de iluminação que podem ser utilizadas para dar os efeitos desejados ao ambiente. Dessa forma é possível criar cenas e fazer com que um único ambiente seja adequado a diversas tarefas, mesmo que elas exijam iluminações muito diferentes.
Tipos de iluminação
1- Iluminação difusa:
É a forma de iluminação mais tradicional, normalmente é responsável pela iluminação geral. Deve atender um nível mínimo de iluminância (lux) fixada pela norma NBR 5413.
É caracterizada por lâmpadas no teto, que podem estar centralizadas ou distribuídas uniformemente. Ilumina o espaço de maneira uniforme e não produz contrastes, o que faz com que seja uma luz confortável. Atende às necessidades gerais do ambiente, mas deixa a desejar nas específicas que requerem maior iluminância.
2- Iluminação direta
É a forma de chamar a atenção diretamente para um objeto ou superfície. Pode ser feita com o suporte de uma luminária ou abajour, ou com a própria lâmpada, quando essa possui um feixe direcionado.
A iluminação direta pode ser usada em diversas situações:
Iluminação de tarefa
Quando o foco da iluminação direta é um plano de trabalho. Como a iluminância de um local de trabalho deve ser maior (500 lux) do que a geral (150 lux), é uma forma de economia e de fazer com que a iluminação geral não seja cansativa.
Luz de destaque
Utilizada para chamar a atenção para determinados objetos, utiliza-se normalmente uma iluminação de 3 a 10 vezes maior do que a geral. Em residências é usada para dar enfoque em plantas, quadros e paredes. Seu uso é difundido em projetos comerciais, para chamar a atenção para gôndolas, araras e vitrines.
Luz de efeito:
Uma iluminação muito específica, quando se deseja criar efeitos de luz e sombra. Neste tipo de uso, ao contrário da luz de destaque, o elemento principal é a própria luz.
3- Iluminação indireta
Quando o fluxo luminoso rebate em uma superfície com alta refletância, antes de se espalhar pelo ambiente. É chamada de luz arquitetônica quando a superfície refletora está integrada no projeto arquitetônico como sancas de gesso, rasgos e corrimões, escadas, espelhos e fachadas
Esse tipo de iluminação permite que a luz seja uniformemente distribuída pela superfície e não produz ofuscamento, produzindo um efeito mais intimista.
Iluminação decorativa
A iluminação decorativa é uma estratégia do projeto de interior na qual o mais importante não é o efeito da luz, mas o objeto decorativo que produz a luz. Esse efeito é atingido pelo uso de lustres e arandelas, normalmente em ambientes com o pé direito maior.
Passo a passo para a elaboração de um projeto luminotécnico de sucesso:
- Entender o projeto arquitetônico e os usos que aquele ambiente vai ter;
- Pensar os tipos de iluminação que são desejáveis em cada local;
- Escolher luminárias e lâmpadas (ver abaixo itens que devem ser levados em consideração);
- Analisar se a luz está uniformemente distribuída e não gera ofuscamento (entenda abaixo).
Você deve estar se perguntando: o que eu devo considerar na hora da escolha das lâmpadas?
Iluminância ou emissão de luz (lux)
A NBR 5413 estabelece um nível mínimo de iluminância (lux) para a iluminação geral, que é a base da iluminação. Esse valor é definido de acordo com a tarefa a ser desempenhada no local, para que se tenha uma quantidade de luz satisfatória.
Por exemplo, a iluminância de um quarto ou banheiro de uma residência deve ser de 150 lux, mas no banheiro para a área do espelho recomenda-se 300 lux. Para a mesa de trabalho de um escritório o valor recomendado é de 500 lux.
Para não atingir níveis abaixo dos recomendados pela norma é importante considerar dois fatores além da iluminância da lâmpada, são eles:
- A lâmpada normalmente é instalada dentro de luminárias, portanto o fluxo luminoso emitido pelo conjunto é menor do que o indicado na especificação da lâmpada. Deve ser considerado o fluxo luminoso final disponível.
- O fluxo luminoso da lâmpada reduz com o tempo de uso, o chamado fator de depreciação que deve ser considerado na hora da escolha.
1- Potência elétrica (W)
A potência elétrica, medida em watts (W), refere-se ao consumo de energia da lâmpada. Mas, muitas vezes é confundido com a iluminância ou emissão de luz.
O consumo de energia da lâmpada é uma característica essencial para que o projeto luminotécnico traga economia para a sua construção. O melhor custo-benefício, também chamado de eficiência luminosa, é obtido pela relação entre a maior iluminância (lux) e o menor consumo de energia (watts).
Para que o sistema de iluminação seja eficiente deve-se pensar também na luminária. Quando essa diminui consideravelmente o fluxo luminoso emitido, como o consumo de energia vai ser o mesmo, a eficiência luminosa do sistema é prejudicada. As lâmpadas de LED são sempre uma boa escolha para a eficiência energética.
2- Reprodução de cor (IRC)
A reprodução de cor de uma lâmpada é medido através do Índice de Reprodução de Cores (IRC). É o valor que mostra o quanto uma determinada luz permite visualizar as cores com precisão.
O índice considera a luz do sol como referência de qualidade em uma escala que vai de 0 a 100, sendo 100 a nota máxima de qualidade na reprodução das cores. É desejável que se tenha o IRC entre 85 e 100, mas esse valor pode ser menor quando sua finalidade for para iluminação de ruas e jardins.
3- Temperatura de cor adequada a função
As lâmpadas possuem uma temperatura de cor, que é a característica que faz com que elas provoquem uma sensação visual de quente, neutra ou fria. A luz amarela ou “quente” possui temperatura de cor de aproximadamente 2700 K, e a branca ou “fria” de aproximadamente 6500 K.
Essa característica interfere na ambientação e no estímulo das atividades. Para atividades laborativas como cozinhas e escritórios é recomendada a luz branca. Enquanto a luz amarelada, também chamada de “quente” é relacionada com o aconchego e recomendada para de locais de descanso e relaxamento.
A temperatura de cor é muitas vezes erroneamente associada a outras propriedades das lâmpadas. Supõe-se que a luz branca possui um melhor índice de reprodução de cor (IRC) e também que ilumina mais, o que a tornaria mais potente e com melhor eficiência energética. É importante dissociar essas propriedades.
Cuidado com a forma de distribuição da luz
Mesmo que projeto luminotécnico associe fontes luminosas de diferentes tipos, é essencial que se tenha a luz uniformemente distribuída. Pois nesse caso o esforço de adaptação do olho é menor, atendendo à ideia de conforto luminoso, cujo objetivo é que o olho faça o mínimo de esforço possível.
Em ambientes onde são realizadas atividade laborativas como escritórios, fábricas e cozinhas a boa uniformidade luminosa é essencial pois evita o cansaço visual e contribui para uma boa produtividade.
O jogo de luz que gera contrastes e destaca as cores, os materiais e o claro e escuro são essenciais para a ambientação de espaços. Mas, em atividades laborativas contrastes extremos de luminâncias podem causar ofuscamento, o que atrapalha e até mesmo impede a realização de uma tarefa.
Como transformar o projeto luminotécnico em um aliado para aumentar meu lucro?
O projeto luminotécnico na maioria dos casos é feito apenas após o término da obra. Mas, se ele for pensado e compatibilizado com o projeto elétrico e toda a obra, elimina-se o retrabalho e reduz-se o seu valor. Além disso, pode-se conseguir a eficiência luminosa e, com isso, reduzir consideravelmente o custo de manutenção.
Além disso, o projeto luminotécnico pode ser utilizado para chamar a atenção e aumentar o custo de venda. Uma fachada bem iluminada e um apartamento decorado com light design podem ser decisivos na compra de um imóvel.
E você? Conte-nos se já conhecia a importância e as vantagens do projeto luminotécnico e, se gostou de nosso conteúdo, curta e compartilhe o artigo!