Todos os meses, os profissionais da indústria da construção podem acompanhar alguns indicadores que fornecem informações para que possam monitorar e se anteciparem em relação às tendências econômicas do setor.
Neste post, vamos apresentar o Índice de Confiança da Construção, o ICST. Ana Maria Castelo, mestre em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getúlio Vargas/IBRE, responde às principais perguntas sobre o assunto e esclarece como os profissionais da área podem fazer uso das informações desse índice no seu dia a dia.
– O que é o Índice de Confiança da Construção (ICST)?
O Índice de Confiança da Construção (ICST) é o indicador-síntese da pesquisa Sondagem da Construção da FGV/IBRE. Ou seja, o indicador que representa a percepção dos empresários em relação ao passado recente, cenário atual e perspectivas do setor.
– Como o ICST é calculado?
Ele é calculado por meio da média aritmética do Índice da Situação Atual (ISA-CST) e Índice de Expectativas (IE-CST). Todas as séries são padronizadas, com média 100 (cem) e desvio padrão 10 (dez).
– Qual o objetivo dele?
É um importante instrumento para antecipar a evolução recente da atividade e a tendência dos próximos meses.
Vale lembrar que os indicadores quantitativos setoriais, como Emprego, Produção de Materiais, PIB, etc, são divulgados com uma defasagem que varia de 45 a 60 dias. A Sondagem da Construção, assim como as outras sondagens que fazem parte do portfólio da Sondagem Empresarial, divulga no próprio mês as informações que permitem acompanhar a evolução da atividade setorial.
– O ICST pode ser usado na prática pelo construtor?
O ICST captura a percepção dos empresários sobre seus negócios no momento corrente e para os próximos meses e, por isso, permite antecipar a dinâmica do setor.
Ele é um instrumento de análise, que dá informações qualitativas e, portanto, pode auxiliar no planejamento estratégico das empresas.
– O que o construtor pode prever ao ler o ICST?
É importante lembrar que o ICST é um indicador-síntese de informações qualitativas. Ele permite antecipar a dinâmica ou a tendência da atividade nos próximos meses.
– Quais os principais dados do ICST?
Além do próprio ICST, os subíndices que o compõe – ISA e IE – e as variáveis que integram cada um.
– O ICST pode ser lido isoladamente ou ele sempre precisa ser referenciado em relação ao mês anterior?
Para análise da tendência, a evolução é a informação mais importante, assim deve-se fazer a comparação com o mês anterior (índice dessazonalizado) ou anos anteriores.
– O que é Índice de Expectativas? Como é medido?
O Índice de Expectativas (IE-CST) é formado pela média aritmética dos indicadores padronizados que tratam as expectativas em relação ao futuro no curto prazo (três e seis meses). Os quesitos que o compõem são:
Demandas previstas nos três meses seguintes
A pergunta e as opções de respostas referentes ao indicador Demanda Prevista são:
Descontando-se a influência sazonal, como evoluirá a demanda pelos serviços da empresa nos próximos 3 meses? | ||
( ) Aumentará | ( ) Permanecerá estável | ( ) Diminuirá |
Situações dos negócios nos seis meses seguintes
A pergunta e as opções de respostas referentes ao indicador Tendência dos Negócios são:
Como evoluirá a situação geral dos negócios da empresa nos próximos seis meses? | ||
( ) Melhorará | ( ) Ficará estável | ( ) Piorará |
– O que é Índice da Situação Atual? Como é medido?
O Índice da Situação Atual (ISA-CST) é formado pela média aritmética dos indicadores padronizados que retratam a percepção em relação ao momento atual. Os quesitos que compõem o indicador são:
Situação Atual dos negócios
A pergunta e as opções de respostas referentes ao indicador Situação Atual dos Negócios são:
Como você avalia a situação geral dos negócios da empresa no momento? | ||
( ) Boa | ( ) Normal | ( ) Ruim |
Carteira de Contratos no momento
A pergunta e as opções de respostas referentes ao indicador Carteira de Contratos são:
Como você avalia a carteira de contratos da empresa no momento? | ||
( ) Acima do normal | ( ) Normal | ( ) Abaixo do normal |
– O que é o Nível de Utilização da Capacidade?
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) é um indicador econômico que procura medir, a partir de dados individuais de empresas, a relação entre o produto efetivamente gerado em determinado setor como proporção do produto potencial caso toda sua capacidade produtiva estivesse em uso. Indaga-se ao empresário do setor sobre o nível atual de utilização da capacidade da empresa, considerando-se o intervalo de 0% a 100%.
– Como é medido?
O cálculo do NUCI da construção é feito a partir de dois indicadores: o NUCI para Mão de obra e o outro para Máquinas e equipamentos. Os dois indicadores seriam então agregados, utilizando-se pesos econômicos vindos da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), para formar o NUCI da Construção.
– Você recomenda que o construtor leia a Sondagem da Construção mensalmente? Por quê?
Sim, a Sondagem da Construção tem por finalidade gerar indicadores que antecipem tendências econômicas do setor. Ela traz informações relevantes sobre o ambiente de negócios.
A Sondagem da Construção (ICST) é uma pesquisa da FGV IBRE realizada e divulgada mensalmente desde junho de 2010, com cerca de 700 empresas do setor de todo o país e todos os segmentos setoriais. A pesquisa abrange perguntas qualitativas referentes à situação geral dos negócios, à demanda, à capacidade produtiva, aos preços dos serviços, acesso ao crédito, nível de utilização da capacidade e à mão de obra. As empresas são também consultadas quanto aos fatores que vêm limitando a melhora da situação geral dos seus negócios. Após a apuração e a análise dos resultados, o FGV IBRE divulga a pesquisa 2 dias úteis após o término da coleta. O press release é disponibilizado às 8 horas no Portal IBRE, contendo os principais resultados da pesquisa e às 11 horas através de atendimento à imprensa.
As séries do Índice de Confiança da Construção (ICST) e seus subíndices (ISA-CST e IE-CST) do resultado total são de caráter público e divulgadas gratuitamente no Portal IBRE. Os interessados na aquisição dessas informações devem contatar a Central de Atendimento do IBRE pelo telefone (21) 3799-6799 ou e-mail fgvconfianca@fgv.br.
– Quais outros índices complementam o ICST e que deveriam ser acompanhados pelo construtor?
Atualmente há muitas informações que são produzidas pelo IBGE, centros de pesquisas e consultorias. Considerando um acompanhamento mais amplo do setor, é importante acompanhar o emprego. Há a pesquisa do IBGE, a PNAD Contínua, assim como os dados do Caged. O Sinduscon-SP, em parceria com a FGV, divulga pesquisa de emprego geral e por segmento com base nos dados da pesquisa do MTE.
Há também as pesquisas de custo de construção e valorização dos imóveis. Referente especificamente ao mercado imobiliário, existem os dados de financiamento habitacional, assim como as pesquisas de venda e lançamentos. E enfim, há muitas análises realizadas a partir dessas informações disponibilizadas pelos sindicatos, associações e instituições como a FGV, que devem ser acompanhados.
Conclusão
Como analisa a economista Ana Maria Castelo, acompanhar a Sondagem da Construção, o ICST, mensalmente é tarefa essencial para os profissionais que desejam estar à frente do mercado a partir da coleta de informações antecipadas sobre o futuro do setor.
Nos próximos posts, você vai conhecer outros indicadores para seguir. Aproveite para ler sobre outros temas no nosso site e compartilhe este post em suas redes sociais!