Como será o amanhã da automação de processos na construção civil? Ou será que já estamos lá?
O mercado de construção civil está cada vez mais profissional e competitivo. As empresas envolvidas têm o desafio de atender a várias novas mudanças em função de novas legislações, regulamentos e normas e principalmente das necessidades dos clientes.
O setor das empresas de incorporação e construção têm o grande desafio pela frente que é a concepção, execução e entrega de um ou mais empreendimento.
Esse desafio se divide em várias subatividades muito complexas e distintas que são a incorporação, o projeto, a comercialização e venda, a construção e o financiamento total ou parcial dos empreendimentos.
Qual o receio dos investidores e incorporadores?
Como se não bastasse todo esse desafio, os investidores e incorporadores sentem o receio de delegar às construtoras a responsabilidade de definir, especificar, detalhar e executar o empreendimento.
Isso porque, os objetivos e a responsabilidade de incorporação, execução do projeto e a comercialização se diferenciam dos objetivos e responsabilidade dos construtores. Que por sua vez, necessitam garantir a margem de seu próprio negócio e a qualidade de seus serviços e produtos.
Como disse um meu cliente certa vez: “Marcelo, fazer e entregar um empreendimento é como levantarmos e pousarmos um AIRBUS A380” (ver figura 1).
O que nos conforta é a existência de conceitos, métodos, ferramentas, softwares de gestão e principalmente muita tecnologia da informação que nos ajudam a toda hora nesse desafio de levantar e pousar o AIRBUS.
Quais das dores sentidas pelas empresas envolvidas no processo de construção?
Em meio aos receios e conflitos, temos várias dores sentidas por todos os envolvidos:
- Necessidade de recursos financeiros
- Aumentar as vendas
- Gerar caixa positivo
- Reduzir custos
- Necessidade de crescimento
- Reduzir os riscos
- Estruturar ou reestruturar a gestão, controle e governança
- Usar a tecnologia da informação.
E para complicar mais ainda essas dores, existe a concorrência que não para de buscar os melhores clientes. E para essa busca dos melhores clientes, a concorrência não para de melhorar suas estratégias, produtos e serviços e a famosa margem de lucro. Por isso ressalto algumas perguntas:
- A quantas andas nossa capacidade de governança e gestão?
- Como usar adequadamente todos os recursos que se tem de forma a não tornar mais difícil o desafio?
- Como mitigamos os riscos que corremos nesse caminho?
- Qual o momento a se fazer esse movimento de transformação e melhoria?
Em minha opinião é a toda hora e de preferência quando o céu está de brigadeiro, sem tormentas à vista. É sobre isso que falo nesse texto.
Na implantação e uso da tecnologia de gestão são necessários o uso de diversos recursos, como:
- Conceitos
- Métodos
- Ferramentas
- Softwares
Qual seria então o caminho das pedras para uma boa implantação dessa tecnologia, ferramentas e softwares de gestão para empreendimentos imobiliários?
A minha sugestão é a de que precisamos fatiar essa questão.
Preparei a figura 2 que mostra essas fatias, baseadas nos processos e gestão, pessoas e tecnologias de informatização e automação dos processos, que comento a seguir:
O primeiro passo a se dar será conhecer as estratégias, objetivos e metas empresariais. Para isso, o melhor é termos ajuda de consultores e assessores internos ou externos.
A liderança e equipe da empresa deve parar por um momento e refletir sobre a empresa e mercado em que está inserida.
Assim definindo estratégias, objetivos e metas e não se esquecendo de entender a fundo como os receios e conflitos citados anteriormente influenciam a dinâmica da gestão de uma empresa de incorporação e construção de empreendimentos.
As dimensões do processo
É entendendo cada uma das dimensões (incorporação, concepção, projeto, comercialização, venda e o financiamento dos empreendimentos) e o quanto elas se complementam e se divergem.
Quando falo em complementos até que são bem-vindos, o problema é com as divergências, elas são discretas e desagregadoras e influenciam em toda o processo, desde a concepção até a entrega final do empreendimento.
Ainda no núcleo do empreendimento, temos a função de liderança que será fundamental em todo o processo. Não adianta levantarmos um conjunto de estratégias, objetivos e metas e não fazer cumprir a todas.
Entra em campo então, o que precisamos em todas as formas de empresas e organizações que é a liderança. O líder será o farol para o cumprimento das estratégias, objetivos e metas para com a empresa e seus empreendimentos.
O segundo passo
Analisado o núcleo do problema pela estratégia e liderança, agora o segundo passo, processos e gestão, está baseado na necessidade de cumprirmos o que foi contratado. Não se implanta o processo de planejamento, orçamento e controle de empreendimentos sem o conhecimento de quais os processos necessários e de como eles funcionam.
No mundo dos empreendimentos, não há forma diferente de cumprir o contratado sem fazermos um planejamento do que vai ser feito e acompanharmos a realização até a entrega do empreendimento.
Começamos então pela análise, desenho ou mapeamento dos processos e seus fluxos existentes e respectiva gestão da empresa. Essa análise tem duas etapas que denominamos: a primeira, a de “entendimento”, ou seja, entendermos o que está rolando a que chamamos de “as is” (como é feito) e a segunda será o “to be” ou “como deve ser feito”.
Com os fluxos de “as is” e “to be” em mãos, poderemos precisar mais as necessidades de melhorias para todos os processos e iniciarmos a descrição dos processos definitivos para a empresa.
Após a descrição do mapa da mina, definiremos os objetivos e indicadores para as áreas/processos, tais como: margem, custo, tempo incorrido, qualidade, sobre SSO – Segurança e Saúde Ocupacional, sobre MA – Meio Ambiente, e sobre os diversos stakeholders.
A gestão das áreas/processos de incorporação, concepção, projeto, comercialização, venda, construção e o financiamento ficam então bastante facilitadas com as estratégias, objetivos, metas e o como deve ser feito. Possibilitando o acompanhamento e controle eficaz dos resultados contratados e planejados.
O terceiro passo
O terceiro passo para a implantação da tecnologia para automação dos processos na construção civil, são as pessoas.
Como temos que integrar diferentes métodos, negócios, ferramentas em diversos processos e contexto, as pessoas passam a ser mais um ponto de atenção e dependência de sucesso nesse desafio.
Elas devem ser escolhidas com muita atenção pois precisam de possuir características principais como:
- O alinhamento à cultura
- Entender do negócio
- Dominar a tecnologia da informação
- Conhecer os métodos e ferramentas de planejamento, orçamento e controle
A informatização ou automação do processo
É por último a identificação e escolha da tecnologia para a automação (informatização) dos processos.
Nessa etapa, temos que fazer algumas considerações pois o setor de construção civil não apresenta simpatias com a implantação de tecnologias e de softwares (ver figura 3)
Como vemos por essa pesquisa da MCKinsey, o setor de construção é o mais refratário às tecnologias das mais diversas formas. Temos as mais diversas ofertas em softwares e equipamentos digitais ultramodernos tecnologicamente e capazes de acrescentar em muito na produtividade e qualidade para a construção civil.
Como fazer?
Temos que ter paciência e estudarmos caso a caso cada solução. Os softwares para a construção civil são vários! Por exemplo:
- Prefira os softwares ERPs e verticais;
- Os módulos de planejamento, acompanhamento e controle devem ser integrados ao ERPs;
- Temos vários aplicativos que nos auxiliam no CQ – Controle de Qualidade e que são facilmente implantados e operados;
- A tecnologia de elaboração de checklist deverá ser integrada com o CQ – Controle de Qualidade;
- Os softwares de execução de projetos já estão trabalhando com os conceitos de BIM;
Finalizando este conteúdo, preciso apresentar mais alguns conselhos para com a implementação e acompanhamento e por que não sucesso do projeto de melhoria:
- Tomada de consciência inicial da necessidade de melhoria;
- Deve haver consenso na diretoria sobre a necessidade do projeto;
- A contratação de consultores experientes é fundamental;
- Deve haver um líder para conduzir o projeto;
- O planejamento e acompanhamento e auditorias devem ser constantes;
- A mudança deve ser implantada em sintonia com a realidade.
Seguindo esses passos a chance de sucesso é certa!
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