Entrada e saída de materiais: como priorizar a compra de insumos?

Gustavo Prata

Escrito por Gustavo Prata

11 de outubro 2022| 14 min. de leitura

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Entrada e saída de materiais: como priorizar a compra de insumos?

Caso você ainda não saiba, controlar a entrada e saída de materiais do estoque vai além de ser uma boa prática de negócio, é também uma forma de cumprir a lei. Afinal, a NR 18, que fala sobre saúde e segurança no trabalho, tem um item especial sobre isso. O item 24 trata da armazenagem e estocagem de materiais.

Então, é importante não apenas entender o que esse item diz, mas ter as condições e o conhecimento para aplicar na prática suas diretrizes. Assim, além de garantir que a sua construtora ou incorporadora vai estar dentro da legislação, você garante também a eficiência de processos e os custos da obra dentro do orçamento.

Por isso, neste artigo eu vou mostrar para você o melhor modelo de gestão

Como a NR-18 afeta sua gestão de entrada e saída de materiais

A NR 18 traz 9 diretrizes que orientam como tratar os materiais de acordo com suas características, a fim de manter um padrão adequado para a entrada e saída de materiais. Assim, é possível manter um fluxo de armazenagem e movimentação de cada material para prevenir acidentes e desperdícios de todo tipo.

gestão de estoque faz a diferença

Aliás, vale lembrar que, do ponto de vista da norma, a prioridade é justamente evitar acidentes, e evitar desperdícios é apenas um benefício secundário. Apesar disso, seguir as diretrizes com cautela garante os dois benefícios.

Algumas regras do item 24 da NR-18 se aplicam a todos os materiais usados numa obra, enquanto outras orientações se referem a certos itens específicos. Assim, algumas das regras gerais são:

  • o piso do almoxarifado tem de ser nivelado, estável e sem umidade;
  • o armazenamento não pode interferir nas propriedades dos materiais;
  • materiais perigosos têm de ser identificados e isolados em áreas de acesso restrito
  • entre outras.

Conheça o melhor modelo de gestão de entrada e saída de materiais para a construção civil

Há diferentes tipos de controlar a entrada e saída de materiais, então é natural que surja a dúvida: qual é o melhor modelo de gestão de estoque? Primeiro, vou te mostrar de modo breve quais são os 4 sistemas mais conhecidos, e então explicar qual deles é mais adequado para o setor da construção civil.

  1. Número de produtos em andamento: nesse modelo de controle, cada obra pode ser encarada como um produto em andamento.
  2. Produtos finalizados: aqui se considera o escopo do estoque com base em obras já finalizadas.
  3. Produtos de consumo: a prioridade desse controle são os bens não duráveis. Por isso, esse modelo é pouco usado na construção civil, exceto por obras em que a logística de cargas é muito alta e o gasto com combustível é elevado.
  4. Matéria-prima e componentes prontos: esse é o melhor modelo para a construção civil, pois 50% dos custos de uma obra têm a ver com esse tipo de armazenagem.

Ainda dentro desse modelo de controle, existem alguns sistemas, ou metodologias, que você pode aplicar ao sistema de matéria prima e componentes prontos. Vamos falar sobre eles a seguir.

Veja 3 sistemas de controle de estoque que você precisa conhecer para controlar a entrada e saída de materiais

Os 3 sistemas para controlar a entrada e saída de materiais e priorizar a compra de insumos são:

1. Estoque mínimo

Se você precisa aumentar a produção ao mesmo tempo em que precisa manter o capital de giro alto, talvez o estoque mínimo seja para você. A grande vantagem é o baixo custo para guardar as matérias-primas, por conta do estoque limitado.

Além disso, a construtora recebe só o que precisa na hora certa, o que dá tranquilidade e reduz muito a complexidade da logística. Isso traz um grande ganho de produtividade quando comparado com modelos que contam com um estoque mais robusto.

Por fim, o estoque mínimo ainda oferece a flexibilidade que a construtora precisa para se dedicar a outros projetos e para aproveitar novas oportunidades de mercado.

Por outro lado, é preciso tomar vários cuidados antes de trabalhar com esse tipo de estoque, pois ele exige dois elementos essenciais:

  • um fornecedor que não falha;
  • controle absoluto da entrada e saída de materiais.

Pode ser bem caro e complexo ganhar a consciência necessária do estoque a ponto de manter só o mínimo com precisão. Além disso, usar planilhas ou outras ferramentas manuais é um risco muito alto, pois qualquer erro de preenchimento pode parar a obra por falta de materiais.

2. Curva ABC

O método da Curva ABC (Always Better Control) é a forma mais usada de controlar a entrada e saída de materiais com precisão. Ela usa uma lógica de dividir os itens em grupos para definir quais são as matérias-primas essenciais. A divisão é feita em 3 grupos:

  • A: entre 5% e 10% dos materiais que dominam 70% ou mais do orçamento;
  • B: itens que somam entre 15% e 20% da quantidade do inventário e consomem a mesma porcentagem do orçamento;
  • C: itens que compõem entre 5% e 10% do valor gasto com o inventário.

A partir dessa lista de itens mais importantes, é possível adotar um controle mais restrito nos materiais que são prioridade e adotar a lógica do estoque mínimo nos demais. Afinal, de todos os materiais de uma obra, alguns têm maior importância para o andamento da construção e para a fidelidade do orçamento.

A vantagem desse método é que ele facilita na hora de priorizar a compra de insumos e fazer isso de forma estratégica. Por outro lado, é preciso tomar cuidado para não ignorar os itens menos importantes, porque eles também dão suporte aos materiais do grupo A.

Por exemplo, sem um bom controle, é possível ter um item importante no estoque e ainda assim não poder usá-lo porque é preciso também um material secundário, não disponível.

3. EOQ

O método EOQ (Economic Order Quantity, ou Lote Econômico de Compras) concentra todos os pedidos em um único lote para economizar na parte logística.

Por conta disso, a construtora que seguir o método EOQ prioriza apenas um fornecedor, em vez de comprar de forma “picada”. A vantagem disso é um processo mais simples e que pode render bons descontos.

Por outro lado, é preciso avaliar bem se a economia logística compensa a compra com um único fornecedor. Além disso, o parceiro precisa ser muito confiável e capaz de suprir toda a demanda da obra.

Por fim, construtoras menores, com menor poder de negociação e menor necessidade de materiais em grande quantidade, talvez não tenham vantagem trabalhando com EOQ.

Como trabalhar a entrada e saída de materiais seguindo os princípios do Lean Construction

Lean Construction é uma metodologia de construção focada em reduzir o desperdício e aumentar a produtividade da obra, e tem ganhado espaço com bons motivos. Um deles é acompanhar o fluxo dos materiais na obra para controlar o prazo e os custos.

Para garantir que a entrada e saída de materiais contribua para o maior valor agregado possível ao produto final, a metodologia leva em conta toda a construtora. Assim, não se acompanha apenas o estoque ou o processo de compra dos materiais, mas como isso se encaixa no contexto geral da obra e das decisões da empresa.

Mas isso não funciona só com planilhas. É preciso ter uma solução completa e integrada de gestão, que permita olhar o negócio com visão 360° e tomar decisões assertivas de acordo com isso.

Ou seja, controlar a entrada e saída de materiais é uma missão estratégica de grande valor. Agora, iremos mostrar a você algumas estratégias bem simples para uma boa gestão de estoque na sua construtora.

Gestão de Suprimentos: Insumos das Obras Sob Controle

GESTÃO DE SUPRIMENTOS: MANTENHA OS INSUMOS DAS OBRAS SOB CONTROLE

Canteiro de obras, etapa de acabamentos. O instalador de azulejos vai até o almoxarifado da incorporadora e solicita a quantidade necessária para começar o serviço no edifício residencial.

Contando os segundos para receber logo os materiais e iniciar a colocação naquele dia mesmo, não deixa nem o funcionário que está tomando conta do centro de distribuição de materiais registrar a saída dos itens. 

O almoxarife, então, é obrigado a deixar essa atividade para depois – o que acaba não acontecendo – ou, pior: ele dá baixa no produto errado na lista de insumos cadastrados.

Uma cena como essa, muito comum no dia a dia das empresas de construção civil, também é responsável por uma das maiores dores de cabeça dos gerentes de suprimentos

Isso porque não ter o gerenciamento de suprimentos pode gerar os mais diversos problemas, como a falta de materiais para as etapas seguintes da obra e de informações importantes para a elaboração de orçamentos com assertividade.

Em agosto de 2015, o custo nacional da construção por metro quadrado fechou em R$ 955,12. Deste valor, R$ 510,89 – ou seja, 53,5% – são referentes aos insumos, de acordo com informações do IBGE em parceria com a Caixa. 

Apesar de os materiais representarem mais da metade dos custos no orçamento de uma obra, dados divulgados pelo Instituto da Construção afirmam que o valor dos itens desperdiçados pode chegar a 30% do valor gasto com os materiais.

Construtoras e incorporadoras precisam lidar com uma variedade e quantidade muito grande de insumos para cada empreendimento, que vão desde sacos de cimento a torneiras. E os funcionários que tomam conta desses materiais nem sempre têm preparo e tempo para fazer esse controle de forma eficiente.

E o que fazer?

Situações como essa não podem (nem devem) impedir sua incorporadora de fazer uma boa gestão de suprimentos e colher os bons frutos dela. 

Existem estratégias para manter essa área sempre sob controle sem abrir mão da agilidade e produtividade tão necessárias à construção civil

Confira algumas delas:

  • Conheça as demandas dos projetos consultando orçamentos e planejamentos de compras. Assim, o estoque estará preparado para atendê-las em todas as etapas de execução da obra e compras em duplicidade e emergenciais serão evitadas;
  • Confira os itens assim que recebê-los, pois no caso de produtos danificados ou incorretos a construtora poderá solicitar a substituição ao fornecedor;
  • Garanta condições de armazenamento ideais para cada tipo de material, assegurando que estejam sempre prontos para uso. O ideal é que peças frágeis como louças sanitárias, por exemplo, não sejam muito manuseadas enquanto estiverem estocadas, pois correm o risco de cair e quebrar;
  • Mantenha sempre em estoque uma quantidade mínima de itens de consumo constante, como areia, cimento e cal;
  • Realize o inventário periodicamente, emitindo relatórios para fazer a conferência dos produtos disponíveis e checar se os dados registrados estão de acordo com a realidade;
  • Utilize uma solução tecnológica para integrar informações dos diversos canteiros de obras e áreas administrativas e ter acesso a dados de consumo precisos em tempo real;
  • Adote a tecnologia do código de barras para tornar a entrada e saída de itens mais ágil e assertiva.

Conclusão

Ter controle da movimentação do consumo garante benefícios como cumprimento de prazo nas entregas de obras, redução de custos com compras mais assertivas, disponibilização de produtos certos com agilidade para quem trabalha na obra e dados para os orçamentos serem mais eficientes e próximos da realidade. 

Sem contar que ter uma gestão de suprimentos organizada ajuda a poupar o tempo de quem trabalha nessa atividade, seja no cadastro, localização ou movimentação de materiais.

Na construção civil, essa precisão na gestão de suprimentos significa fazer um melhor planejamento e ampliar a rentabilidade de cada empreendimento, alavancando os resultados da empresa!

Com as dicas que você encontrou aqui, pode agora escolher a melhor forma de priorizar a compra dos seus insumos e definir qual sistema se encaixa melhor nas suas prioridades de negócio.

E se quiser se aprofundar mais no assunto, baixe agora o nosso guia do controle de estoque na entrada e saída de materiais da construção civil!