Tendências da indústria da construção discutidas no Construsummit 2022

Gabriela Torres

Escrito por Gabriela Torres

13 de outubro 2022| 11 min. de leitura

Compartilhe
Tendências da indústria da construção discutidas no Construsummit 2022

Como a urbanização pode mudar o futuro dos empreendimentos? De que forma a industrialização eleva o patamar da construção civil? Qual é o novo perfil do cliente imobiliário? Essas e outras questões nortearam o segundo dia do Construsummit 2022, que focou nas principais tendências da indústria da construção e como o setor vai conviver com uma sociedade cada vez mais digitalizada.

Quer ver os principais destaques do primeiro dia do Construsummit 2022, então clica aqui!

A cidade do futuro

Começamos o segundo dia do evento com uma palestra muito especial sobre: “Urbanização: a construção da cidade do amanhã”, apresentada por Raul Juste Lores, jornalista, escritor e criador do canal “São Paulo nas Alturas”.

Lores trouxe diversas provocações e reflexões sobre o futuro das cidades no Brasil, por meio de exemplos de projetos “fora da caixa” em prédios históricos e universidades de locais como Pequim, Seul, Porto e Barcelona. 

Segundo Lores, para que os temas urbanização e planejamento das cidades tenham avanço no país, é preciso discutir e reconsiderar as leis de otimização dos espaços, uma vez que elas privilegiam a construção de condomínios fechados em locais onde deveria ter agricultura ou áreas verdes, enquanto outros espaços pequenos das cidades ficam inutilizados ou são transformados em estacionamentos, por exemplo.

“A gente já sabe fazer cidades compactas e com pouco consumo de CO2. Perdemos dinheiro por fazer cidades mais espraiadas horizontalmente. Quem está ousando está tendo resultados, pois a arquitetura, a estética e a ousadia, vendem”, disse Lores.

Imóveis como serviço surgem como uma forte tendência da indústria da construção

Complementando as discussões sobre urbanismo e arquitetura, a programação abordou a revolução digital como futuro da moradia. O foco foi no conceito de imóveis como serviço, no qual o consumidor abre mão do sonho de adquirir a casa própria para viver em localizações privilegiadas a baixos custos e sem a burocracia dos aluguéis convencionais. 

Nesse contexto, Alexandre Frankel, CEO da Housi e Presidente do Conselho da Vitacon, mostrou como os empreendimentos podem ir além do que apenas uma moradia, agregando conveniências aos espaços como o aluguel de bicicletas, facilidades em compras por aplicativo ou, ainda, atividades rotineiras como lavar suas roupas, em um único lugar.

A startup criou um ecossistema de serviços em seus prédios, que conecta os moradores a todas as suas necessidades, gerando uma experiência completa para quem vai morar, maior ocupação e rentabilidade para o proprietário investidor e mais argumentos de vendas para o incorporador. 

“O mercado imobiliário não pode mais ser desassociado de serviços e tecnologia. Não dá pra pensar só o teto, a arquitetura ou a tipologia. A gente começa a falar de serviços e de facilidades. Conectamos os prédios a uma infinidade de aplicativos que são serviços reais e tudo isso se torna uma grande comunidade”, ressaltou Frankel. 

Industrialização da construção civil

Não tem como falar de tendências na indústria da construção sem falar de industrialização. Ou melhor: em como transformar o canteiro de obras em linhas de montagem. Esse é o principal princípio da industrialização da construção civil, uma tendência mundial que visa aumentar a produtividade e a otimização do tempo nas obras.

Isso porque utiliza materiais pré-fabricados, automatização e sequenciamento de processos e especialização da mão de obra, como se fosse uma linha de montagem de fato. No Brasil, já vemos um movimento do setor em direção a essa inovação e o Construsummit trouxe um caso real dessa nova forma de construir.

A Brasil ao Cubo, que atua com soluções construtivas ágeis nos segmentos industrial, hospitalar, residencial e de edifícios, apresentou como a industrialização do setor pode reduzir prazos em diferentes tipologias de obra e o que envolve essa metodologia.

Para se ter uma ideia, a execução de um projeto residencial de 1500 m² – que no método construtivo convencional levaria em torno de 24 meses – leva cerca de seis meses com a Brasil ao Cubo. 

Segundo Ricardo Mateus, fundador da empresa, a grande inovação e sucesso desse modelo se deve à gestão horizontalizada e a digitalização e inteligência de projeto das obras. “Integrar toda a engenharia na pré-construção e planejar a modelagem perfeita da obra virtualmente faz com que a gente antecipe muitos problemas que eventualmente podemos ter”, explicou.

Além de utilizar BIM e softwares integrados no projeto, o empresário ressaltou a importância de um processo operacional padronizado e o desenvolvimento de pessoas como fatores importantes do modelo de construção ágil. 

Houve, ainda, um debate sobre a importância de repensar os empreendimentos e obras do futuro, que contou com as participações de Raul Juste Lores, Alexandre Frankel, Ricardo Mateus e Valério Gomes Neto, Presidente do Conselho de Administração da Pedra Branca Empreendimentos.

Painel de debates no Construsummit 2022
Painel de debates no Construsummit 2022

O diálogo reforçou a importância de estreitar relações com o poder público a fim de discutir estratégias e leis que estimulem a construção de endereços que promovam o morar, o trabalhar e o conviver em comunidade em um único bairro, considerando, inclusive, o retrofit de centros urbanos. 

Jornada do cliente 

Entender como a persona do mercado imobiliário se comporta durante a jornada de compra é fundamental para oferecer os estímulos necessários para fechar a venda. Hoje, os clientes já fazem uma compra de imóvel de forma totalmente digital, da visita até a assinatura do contrato. 

Diante disso, a importância da jornada do cliente também foi destaque na programação. O CEO do CVCRM – Construtor de Vendas, Fabio Garcez, frisou que o processo de venda de um empreendimento engloba a integração de todas as ações para que o cliente tenha a melhor experiência.

“É fundamental se adaptar para entender o perfil do cliente, de qual geração ele faz parte e quais são suas características para ter uma abordagem de sucesso. É preciso entender o cenário para traçar a jornada e a experiência, pensando sempre na ótica do cliente da incorporadora”, enfatizou. 

Fabio Garcez discute as tendências da indústria da construção
Fabio Garcez, CEO do CVCRM – Construtor de Vendas

Trilhas paralelas discutiram diversas tendências da indústria da construção

Além da plenária presencial, as salas online (Sala Sienge e Sala CV) apresentaram discussões sobre temas relevantes e diretamente ligados à toda cadeia da construção, do pré ao pós-obra. Por exemplo:

  • ESG: os desafios e oportunidades dessa tendência, com exemplos práticos de construtoras e incorporadoras que são referência no assunto, como MBigucci, Setin Incorporadora e Cury Construtora. Confira o post exclusivo sobre empresas ESG, que destaca as experiências dessas construtoras. 
  • Marketing: dicas práticas de como conhecer, engajar e converter leads em clientes;
  • Industrialização na construção civil: casos reais da revolução na construção civil por meio de construções modulares, além de debates para entender como os grandes fornecedores da indústria estão apoiando essa inovação;
  • Vendas: reflexões sobre a precificação de imóveis em um cenário incerto, além de exemplos de como escalar vendas com atendimento em tempo real.

Conclusões e insights

Tivemos muitos conteúdos e realmente fica difícil resumir tudo em único post. Mas, além das tendências da indústria da construção que destacamos neste post, podemos ressaltar quatro temas principais que nortearam a programação do Construsummit 2022:

  • o cenário macroeconômico e o quanto o setor precisa ganhar em eficiência e produtividade para superar as dificuldades;
  • o ambiente regulatório e como mercado vai ganhar uma nova dinâmica com o rearranjo de crédito, que pode impulsionar o setor; 
  • o futuro da construção, que envolve sustentabilidade, produtividade e integração da cadeia;
  • e, por fim, a inovação e como ela pode integrar todos esses itens.

“O mercado está em transformação e sabemos que há muitos desafios para a indústria da construção, e que serão superados com aumento na eficiência e produtividade. Imóveis como serviço, blockchain, tokenização, metaverso, são pontos que vão prosperar mediante mudanças culturais, transformando como se compra, vende e utiliza um imóvel. O futuro chegou e ele está aqui”, destacou Ionan Fernandes, CEO do Sienge. 

O Construsummit 2022 também marcou a retomada dos eventos presenciais do Sienge e reuniu conhecimento e tecnologia em mais de 58 horas de conteúdo, distribuídas entre a plenária presencial e as salas online de programação simultânea.

Ao todo, foram mais de 75 palestrantes, 23 patrocinadores e 15 apoiadores do evento que promoveu a integração, tecnologia e impulsionou a inovação em toda a cadeia da construção civil. Foi um sucesso e já estamos com saudades!

Nos vemos no Construsummit 2023! Até lá!

E não deixe de conferir os principais insights do primeiro dia do Construsummit 2022!