Orçamento analítico de obras: o que é e suas diferenças

Ricardo Nacarato

Escrito por Ricardo Nacarato

4 de abril 2024| 13 min. de leitura

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Orçamento analítico de obras: o que é e suas diferenças

Na gestão de projetos de Construção Civil, a precisão orçamentária não é apenas uma vantagem competitiva; é uma necessidade absoluta. Entre as ferramentas mais eficazes para alcançar essa precisão está o orçamento analítico de obras. Esse método detalha meticulosamente cada componente do projeto, desde a quantidade de materiais até a mão de obra e equipamentos necessários, fornecendo uma visão abrangente dos custos envolvidos.

Muitas pessoas ficam em dúvida entre este modelo e o orçamento sintético, que oferece uma visão mais agregada e menos detalhada dos custos. Enquanto o orçamento sintético pode ser útil nas fases iniciais de planejamento para uma estimativa rápida e geral, o orçamento analítico entra em cena para garantir a precisão e o controle rigoroso dos custos, aspectos fundamentais para o sucesso de qualquer projeto de construção.

Se você tem interesse no assunto, continue sua leitura. Neste artigo você vai conhecer mais sobre o orçamento analítico de obras, como ele funciona, suas diferenças em relação ao orçamento sintético, e muito mais. Aproveite!

O que é orçamento analítico de obras?

O orçamento analítico é uma ferramenta de extrema importância na indústria da Construção Civil, representando a espinha dorsal do planejamento financeiro de um projeto. Diferente de estimativas rápidas ou superficiais, o orçamento analítico desdobra o projeto em todas as suas partes, oferecendo uma visão detalhada e precisa dos custos envolvidos. 

Assim, este método envolve a análise minuciosa de cada item, desde a quantidade de materiais necessários até a mão de obra, equipamentos e serviços especializados, organizando-os de forma sistemática para uma avaliação precisa do investimento total.

A elaboração de um orçamento analítico começa com a identificação e catalogação de todos os recursos necessários para a realização da obra. Isso engloba desde os materiais básicos, como cimento e aço, passando pela mão de obra especializada, até os equipamentos e os serviços terceirizados essenciais ao projeto. Para cada um desses itens, o orçamento detalha quantidades, custos unitários e totais, permitindo uma visão clara do investimento necessário.

Uma das maiores vantagens do orçamento analítico é a capacidade de proporcionar um controle rigoroso sobre os custos do projeto. Ao detalhar cada aspecto do orçamento, os gestores podem monitorar com precisão o fluxo de caixa, identificar rapidamente quaisquer desvios do planejado e fazer os ajustes necessários para manter o projeto dentro do esperado. Essa precisão e controle ajudam a minimizar os riscos de excesso de gastos, garantindo que o orçamento não seja extrapolado.

A transparência e a riqueza de informações proporcionadas por esse tipo de orçamento também promovem uma maior confiança entre todos os envolvidos no projeto, desde a equipe de construção até investidores e clientes, criando um ambiente de trabalho mais colaborativo e eficiente.

Como funciona o orçamento analítico de obras? 

O orçamento analítico de obras é um processo detalhado e sistemático que visa determinar com precisão o custo total de um projeto de Construção Civil. Essa metodologia se distingue por sua abordagem minuciosa, examinando cada elemento do projeto para assegurar uma estimativa financeira exata e confiável. Vejamos como esse orçamento é elaborado e quais são os seus componentes chave.

Insumos e Composição

Insumos são os recursos necessários para a realização da obra, que incluem materiais, mão de obra e equipamentos. Cada um desses insumos é cuidadosamente quantificado e avaliado no contexto das atividades específicas do projeto. A partir daí, desenvolve-se a composição de custo unitário, que é a agregação desses insumos para formar o custo de execução de uma unidade de serviço específica, como por exemplo, 1m² de alvenaria. Essa composição detalha quantos blocos são necessários, a quantidade de mão de obra (horas-homem) e os equipamentos a serem utilizados, proporcionando uma base sólida para o cálculo do custo total.

Referências de Preço

Para atribuir valores aos insumos e composições, os orçamentistas recorrem a tabelas de referência ou realizam pesquisas de mercado. Dentre as tabelas de referência mais utilizadas no Brasil estão a SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), que é amplamente referenciada para obras públicas, e a SICRO (Sistema de Custos Rodoviários), específica para projetos de infraestrutura rodoviária. Essas tabelas oferecem uma média dos preços praticados no mercado, atualizados periodicamente, garantindo que o orçamento reflita as condições econômicas atuais. Além disso, empresas podem optar por realizar suas próprias pesquisas de mercado, buscando preços mais específicos ou vantajosos, conforme a localidade e a disponibilidade dos insumos.

Diferença entre orçamento analítico e sintético

Ao adentrar o mundo da Construção Civil, profissionais e gestores se deparam com dois métodos principais para a elaboração de orçamentos de obras: o analítico e o sintético. Ambos são fundamentais em diferentes etapas do projeto, mas servem a propósitos distintos, refletindo abordagens variadas ao planejamento e controle de custos. Entender as diferenças entre eles é crucial para aplicar cada um de forma eficaz, maximizando sua utilidade no gerenciamento de projetos de construção.

Abordagem e Detalhamento

O orçamento analítico é caracterizado por seu alto nível de detalhamento. Esse método desdobra o projeto em seus elementos mais básicos, especificando quantidades, custos unitários e totais para materiais, mão de obra, equipamentos e serviços. Essa abordagem minuciosa permite uma compreensão profunda dos custos envolvidos, facilitando a gestão precisa do orçamento durante a execução do projeto.

Em contraste, o orçamento sintético apresenta uma visão consolidada dos custos. Ao invés de detalhar cada item, este método agrupa custos em categorias maiores, como Construção Civil, instalações elétricas e hidráulicas, acabamentos, entre outros. Essa visão agregada é especialmente útil nas fases iniciais do projeto, quando se busca uma estimativa rápida do custo total, ainda que com menos precisão.

Finalidade e Aplicação

A finalidade do orçamento analítico vai além da mera estimativa de custos; ele é uma ferramenta de gestão, essencial para o controle orçamentário detalhado e a tomada de decisão baseada em dados concretos durante a execução do projeto. Sua aplicação é indicada quando o projeto já foi aprovado, e uma gestão financeira precisa se faz necessária para garantir a viabilidade econômica e a entrega dentro do orçamento previsto.

Por outro lado, o orçamento sintético é frequentemente utilizado na etapa de concepção ou viabilidade do projeto, ajudando investidores e gestores a tomarem decisões preliminares sobre a execução ou ajustes necessários. Ele oferece uma perspectiva geral dos custos, suficiente para avaliações iniciais e tomadas de decisão de alto nível, sem necessariamente entrar nos detalhes de cada componente do projeto.

Precisão e Agilidade

Enquanto o orçamento analítico prima pela precisão e pelo controle rigoroso, exigindo tempo e recursos consideráveis para sua elaboração, o orçamento sintético destaca-se pela agilidade, oferecendo uma estimativa rápida que facilita decisões iniciais. A escolha entre um e outro depende do estágio do projeto, dos recursos disponíveis e do nível de precisão desejado para a tomada de decisão.

Compreender as diferenças entre o orçamento analítico e o sintético permite aos profissionais da Construção Civil utilizar essas ferramentas de maneira estratégica, otimizando o planejamento, a execução e o controle financeiro de seus projetos, alinhando expectativas e realidade financeira desde a concepção até a entrega final da obra.

Outros tipos de orçamento de obras

Além do orçamento analítico de obras e do orçamento sintético, ainda existem outros modelos que também possuem suas vantagens e desvantagens. Vamos ver mais sobre eles abaixo:

Estimativa Simples

A estimativa simples funciona como o passo inicial na avaliação de custos de uma obra. Ela envolve a comparação entre o projeto em questão e outros semelhantes, fornecendo uma visão geral do capital necessário. Utilizando índices como o Custo Unitário Básico (CUB), esta modalidade estima o custo baseando-se em padrões médios do mercado. Apesar de sua utilidade para uma avaliação inicial, o orçamento resultante dessa estimativa tende a apresentar uma margem de erro significativa, motivando o uso de abordagens mais detalhadas para precisão aumentada.

Estudo de Viabilidade Financeira (EVF)

Mais elaborado que a estimativa simples, o Estudo de Viabilidade Financeira guia o planejamento inicial de novos empreendimentos, avaliando a viabilidade técnica e financeira. Esse estudo é essencial antes do desenvolvimento do projeto construtivo, orientando a escolha entre diferentes opções de edificações com base em análises de mercado, localização e outras variáveis relevantes. O EVF atua como um pré-orçamento, estabelecendo se o projeto está alinhado aos limites financeiros estipulados, sendo fundamental para o planejamento estratégico inicial.

Orçamento Paramétrico

Este tipo de orçamento oferece uma estimativa simplificada, ideal para as fases preliminares de um projeto. O orçamento paramétrico baseia-se em indicadores, índices e históricos de obras anteriores para proporcionar uma avaliação de custo por metro quadrado, facilitando comparações com empreendimentos similares e servindo como ferramenta para estudos de viabilidade e checklists orçamentários. Embora menos detalhado que o orçamento analítico de obras e o executivo (veremos a seguir), ele permite uma análise inicial eficaz sobre o custo global da obra, sendo particularmente útil para investidores e gestores na fase de concepção.

Orçamento Executivo

Considerado por muitos como o principal modelo de orçamento de obras, o orçamento executivo é indispensável especialmente aquelas que envolvem licitações públicas. Ele contempla todos os detalhes do projeto, incluindo os serviços auxiliares necessários para a entrega final da construção. Diferentemente de abordagens mais genéricas, o orçamento executivo acompanha o desenvolvimento da obra, permitindo ajustes e otimizações em recursos, finanças e tempo. Com uma margem de erro reduzida, oferece insights valiosos para o planejamento, como o cronograma físico-financeiro, e ajuda na identificação e correção de problemas durante a execução, assegurando que o projeto seja concluído conforme o planejado.

Cada um desses orçamentos desempenha um papel crucial em diferentes estágios de um projeto de Construção Civil, desde a concepção inicial até a execução e conclusão, facilitando decisões estratégicas e garantindo que os empreendimentos sejam realizados de forma eficiente e econômica.