Melhora a confiança do empresário do setor de construção
A Sondagem da Construção é uma pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE). O estudo permite o monitoramento e a antecipação de tendências econômicas para o setor.
O Índice de Confiança da Construção (ICST) é o indicador-síntese dessa pesquisa. É composto por quesitos que conjugam a situação atual dos negócios e as expectativas dos empresários sobre a demanda futura.
Na semana passada (26/janeiro) foi divulgado o resultado de janeiro de 2018 do ICST que subiu 1,5 pontos diante do mês anterior. Assim, atingiu o melhor resultado (82,6 pontos) desde de janeiro de 2015 (85,4 pontos).
Melhora a perspectiva de retomada do emprego
A confiança dos empresários do setor da construção, apontada pelo indicador, sinaliza a retomada da atividade nos meses anteriores e a percepção de otimismo em relação ao futuro. Isso, certamente, impacta positivamente o nível de recuperação do emprego no setor, que terminou 2017 com um déficit de 103,9 mil vagas.
Ainda sobre o quesito emprego, a pesquisa divulgou que passou de 26,2%, em dezembro, para 18,8%, em janeiro a proporção de empresas informando a diminuição do quadro de pessoal. Um sinal evidente de alento para o trabalhador do setor.
Mercado: Bolsa em queda e dólar em baixa
Ainda na semana passada, a perspectiva de otimismo do setor da construção alimentou-se também da reação positiva do mercado ao anúncio da condenação do ex-presidente Lula pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e a sua possível impugnação ao pleito presidencial de 2018.
Desde então, a bolsa de valores vem operando em alta, atingindo o patamar histórico de 85.000 pontos. E o dólar vem sendo comercializado a preço estável com tendência de queda. Ou seja, sinalizando a clara posição do mercado contrário às perspectivas estatizantes e antirreformas defendidas pelo ex-presidente e seu partido.
Logo, apostando na retomada do crescimento econômico com Lula fora do páreo.
A volatilidade do ânimo
Obviamente, o otimismo dos empresários do setor de construção, assim como o comportamento da bolsa e do câmbio são caracterizados pela subjetividade e pelo imediatismo. Por isso, estão sujeitas a extrema volatilidade.
Obviamente, ainda que sejam variáveis significativas do modelo, não serão apenas as apostas otimistas do mercado a alavancar a economia e a retomada de seu curso virtuoso. Tudo pode mudar ao sabor das repercussões de curto prazo dos próximos lances da política e seus reflexos na confiança dos investidores e nos demais fundamentos da economia.
Tal como na metáfora das paixões de carnaval, tudo pode acabar na quarta-feira.
2018 – desalento ou boas novas
Por essas e outras, o ano de 2018 ainda é, definitivamente, uma grande incógnita para o setor da construção.
Ainda no 1º trimestre ele poderá ser declarado natimorto, derrubando o ânimo do mercado e do setor, para desespero do trabalhador desempregado. Ou, quiçá, poderá recuperar os seus sinais vitais e revelar-se promissor à gradual recuperação do setor de forma sistêmica e sustentável.
A estrutura republicana nacional e a responsabilidade (ou falta dela) de representantes e instituições serão o fiel dessa balança a precipitar o desalento ou a declarar as boas novas sobre o ano recém iniciado.
Alonso Mazini Soler, Doutor em Engenharia de Produção POLI/USP e Professor da Pós Graduação do Insper – alonso.soler@schedio.com.br