No primeiro semestre de 2021, foram vendidos 46,1% a mais imóveis novos do que no mesmo período de 2020, considerando todo o mercado imobiliário nacional. Com relação a lançamentos, o crescimento foi de 57,2% na comparação entre os períodos. Apesar de os lançamentos terem crescido mais do que as vendas de imóveis, a oferta final de unidades está em um dos pontos mais baixos da série histórica, com estoque para apenas 8,3 meses, o que prevê a alta no preço dos imóveis.
Casa Verde e Amarela
No caso específico dos imóveis enquadrados no programa Casa Verde e Amarela (CVA), foram 29,6% mais lançamentos no 2º trimestre de 2021 do que no 1º trimestre do ano. Na comparação entre o 2º trimestre de 2021 com o mesmo período de 2020, o aumento foi de 83,8%. No caso das vendas, o crescimento foi de 2,1% na comparação com os três meses anteriores e de 40,7% entre o 2º trimestre de 2021 o de 2020. Também nesse segmento a oferta final caiu, sendo -8,2% entre o primeiro e o segundo trimestres de 2021 e -5,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Índice de Confiança da Construção
O estoque em baixa não é, necessariamente, ruim. Afinal, o ICST (Índice de Confiança da Construção) medido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) chegou a 96,3 pontos (em uma escala de 200) depois de subir 0,6 pontos entre julho e agosto. É a quarta alta consecutiva, o que coloca a confiança do empresário da construção no patamar mais alto desde março de 2014.
“Vale notar que a percepção predominante voltou a ser de que o cenário atual é melhor que o de antes da pandemia, corroborando as projeções de retomada do setor”, afirma Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos no FGV/IBRE e palestrante do Construsummit 2021.
Além disso, um dos principais fatores contrários à aceleração da construção vinha sendo a forte subida dos preços dos materiais de construção, cujo indicador, o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), chegou a 17,35% de alta em 12 meses, em julho. Entretanto, a boa notícia é que a inflação dos materiais perdeu força e os preços subiram 0,56% entre julho e agosto perante crescimento de 1,24% na comparação entre junho e julho. É a menor alta mensal desde julho de 2020, o que leva a uma perspectiva de mais controle sobre os aumentos dos insumos.
Alta no preço dos imóveis
A demanda por imóveis deve permanecer em alta mesmo com as seguidas subidas da Selic, a taxa básica de juros da economia nacional. A economista Ieda Vasconcelos, da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e do Sinduscon-MG (Sindicato da Indústria da Construção do Estado e Minas Gerais), entende que não temos perspectivas que a Selic volte a patamares de dois dígitos.
Além disso, acredita ela, as instituições financeiras não vão repassar toda a subida dos juros para as taxas de financiamento imobiliário, o que mantém o cenário financeiro atrativo para o comprador de imóveis e a alta no preço dos imóveis. Ajuda nesta previsão o fato de a captação de recursos por parte da poupança continuar em alta. Em julho, o saldo da caderneta de poupança, principal fonte de recursos para financiamentos de médio e alto padrão, foi de R$ 6,37 bilhões.
Dado este contexto composto por juros em ascensão, mas sob controle, desaceleração da inflação setorial e confiança em alta por parte do empresariado da construção, a expectativa é de que a construção civil continue a crescer até o final, do ano. Ou seja, de que os lançamentos voltem a ocorrer.
Até mesmo porque a quantidade de trabalhadores com carteira assinada no setor já se recuperou e ultrapassou os patamares pré-pandemia. Atualmente, o setor conta com uma força de trabalho de
2,452 milhões de pessoas. Esse número representa uma alta de 15,15% na comparação com o mesmo ano de 2020.
Juros ainda baixos no preço dos imóveis
Da mesma maneira, no entanto, o economista-chefe do Secovi (Sindicato da Habitação), Celso Petrucci, acredita que haverá uma recuperação das margens decorrente da elevação dos preços dos imóveis. Isso porque, com os juros ainda nos patamares mais baixos da história, há espaço para que construtoras e incorporadoras repassem os custos mais altos com materiais que afetaram a indústria em especial no primeiro semestre do ano.
Nem todo o aumento, no entanto, deverá ser repassado, pois, como lembra Ana Maria Castelo, os materiais representam apenas uma parte – embora muito relevante – da composição dos custos dos imóveis. Além disso, nem todas as praças se comportam da mesma maneira. “Se a demanda está aquecida em uma região, isso pode levar a um aumento de preços. Numa conjuntura menos aquecida, o repasse não é tão automático”, explica ela. “Há mercados que estão mais favoráveis a esse repasse enquanto outros ainda estão engatilhando o movimento de retomada”, completa.
Em todo caso, as perspectivas dos especialistas do setor é que ao longo do restante do ano de 2021 ainda teremos um cenário bastante favorável à tomada de crédito para a compra de imóveis.
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