Como a Cyrela inova: conheça a construtora que está se aproximando de startups para acelerar seu processo de inovação

Vanessa Farias

Escrito por Vanessa Farias

29 de outubro 2018| 11 min. de leitura

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Nos últimos anos, os profissionais da construção civil têm visto o setor caminhar a passos lentos quando o assunto é inovação. Não à toa, é considerado um dos mais atrasados no uso da tecnologia, segundo uma pesquisa da McKinsey.
Em contrapartida, há empresas que estão caminhando mais rápido. Esse é o caso da Cyrela, incorporadora e construtora de imóveis residenciais sediada no estado de São Paulo.

Com mais de meio século de história, a empresa busca sempre se diferenciar no mercado. Por isso, em 2016, passou a procurar parceiros para alavancar seus negócios. A Cyrela foi atrás de startups, dando início à uma área dedicada exclusivamente a pensar inovação na empresa. O responsável pela área é o engenheiro civil Frederico Mattos. Inicialmente especializado em grandes projetos de infraestrutura em mobilidade urbana como VLTs e Monotrilhos, redirecionou sua carreira para projetos de inovação no mercado imobiliário e de construção. Desenvolveu o projeto de intraempreendedorismo da startup CashMe dentro da empresa e é o representante da Cyrela no MITHub. Ele está na construtora efetivamente há 1 ano.

Confira abaixo a entrevista que fizemos com Frederico Mattos, PMO de Inovação da Cyrela! Essa é uma prévia do que você vai descobrir no Construsummit, evento que terá a presença da Cyrela, para falar de contratação de startups, intraempreendedorismo e codesenvolvimento de tecnologias.

Pode parecer óbvio, mas muitas pessoas não sabem o que é inovar. Na sua visão como responsável pelo setor de inovação da empresa, o que é inovação?

Muita gente acredita que inovar é colocar tecnologia. Mas não é só isso. Eu penso que você pode inovar a partir de 4 maneiras principais:

  1. Produto – Entregar um produto diferenciado, ou seja, que o mercado não oferece;
  2. Performance – Na linha de aplicação de tecnologia, é fazer mais com menos. Pode também ser uma revisão de processos;
  3. Novos negócios – Gerar business paralelo ao core da empresa. A CashMe é um exemplo disso aqui dentro;
  4. Entrega – Há muitas formas de você entregar mais para o seu cliente. Aqui, nós temos um portal do cliente com parcerias com diversas outras empresas que melhoram o nosso relacionamento com eles, o que proporciona uma boa experiência.

É certo que se a empresa decidiu investir na área de inovação é porque sentiu necessidade disso. A partir de qual momento essa necessidade veio à tona?

A Cyrela sempre foi inovadora no produto. Nossos lançamentos em São Paulo, por exemplo, tornam-se símbolos na cidade. Além disso, buscamos trazer vários grandes designers que nos ajudam a criar cases de sucesso, mesmo com a crise no mercado.
Esse incômodo por inovação a Cyrela sempre teve. Não é uma novidade. Mas o start de inovar mesmo começou em 2016 aqui. A startup Nuveo foi a primeira a ficar incubada dentro da nossa operação, com o objetivo de buscar oportunidades tanto para ela, quanto para nós.
A Nuveo desenvolveu uma solução para pagamento de IPTUs dos imóveis da incorporadora, gerando economia para a empresa. Com isso, a Cyrela criou bastante gosto por ampliar esse contato e hoje contamos com mais de 30 startups com quem criamos diversos tipos de relacionamentos.

Como vocês têm criado um ambiente de inovação?

Em primeiro lugar, criamos uma área voltada para pensar inovação, para, de fato, posicionar a Cyrela como uma empresa inovadora. O que fazemos é pesquisar o mercado, o que há de novo, como implementar e apresentamos o resultado na nossa pesquisa aos gerentes das áreas da empresa.
Além disso, nós conseguimos desenvolver uma boa cultura aqui dentro. As pessoas começaram a ficar incomodadas em fazer mais do mesmo. Nunca foi algo cobrado, mas inovar sempre foi uma atitude incentivada na Cyrela.

Um grande desafio é inserir todos os colaboradores da empresa no processo de inovação. De nada adianta pensar em inovar se nem todos os membros estão dispostos a isso. Existe uma resistência interna à inovação em empresas tradicionais. Como incluir os funcionários nessa tarefa?

Uma boa maneira de incluir os funcionários nessa tarefa é por meio de metas. O funcionário precisa ver seu bônus ali, por isso a única maneira de tirar a pessoa da rotina operacional e fazer com que preste atenção em inovação é colocar isso como meta dela, mesmo.
É claro que nem toda inovação é possível de ser medida. Nem sempre o ROI (Retorno Sobre o Investimento) e os benefícios são algo palpáveis e possíveis de serem medidos. Mas outra estratégia é medir através do número de inovações. Há empresas que vejo fazendo isso e tem dado resultado.

Como elegem os projetos ou temas que necessitam do apoio da área de inovação?

Depende do caminho. Se foi a área de inovação quem trouxe a ideia, nós apresentamos aos gestores e eles é quem vão decidir se querem ou não, se a ideia faz sentido ou não. Esse é um caminho.
O outro é quando a ideia vem do gestor e chega como demanda para a área de inovação. Então, nesse caso, nós vamos buscar no mercado uma solução e trazemos para o gestor. Assim, ele define se atende a demanda dele.

Que métricas vocês utilizam para medir se conseguiram ou não atingir um objetivo?

Varia de acordo com a inovação. Quando criamos a CashMe, fintech que oferece empréstimo com imóvel em garantia (home equity), nós conseguimos metrificar mais facilmente, com a validação da proposta.
Outra métrica que utilizamos é o NPS. Assim, medimos o grau de satisfação que uma inovação melhora a experiência do nosso cliente.
Mas há objetivos difíceis de serem mensurados. Por exemplo, quando há uma melhora de clima dentro da empresa.
Em resumo, as métricas existem mas, muitas vezes, não são financeiras.

De que maneira a adoção da inovação impacta na relação com os clientes da empresa?

Em relação aos nossos produtos o impacto é direto. Um bom exemplo de como a inovação atinge a relação com o cliente é quando entregamos nossos produtos todos com ponto exato de melhor local do imóvel para sinal de internet. Esse é um baita diferencial.
Nós também temos parcerias com diversas empresas, o que aumenta muito a chance de recompra por parte dos nossos clientes. Procuramos fazer com que eles se sintam cuidados. Queremos que o cliente tenha certeza de que a Cyrela é o melhor lugar para ele comprar. Tentamos tornar tudo o mais confortável possível para ele, e a inovação precisa andar lado a lado nessa jornada com o cliente.

Você poderia citar alguma iniciativa de inovação específica da Cyrela?

A CashMe foi meu primeiro projeto na Cyrela. Quando eu entrei, em 2017, era apenas uma ideia. Um dos meus jobs era tirar isso do papel. Então, começamos a trabalhar o conceito da marca, público alvo…
Nós percebemos que o mercado era bem maior do que imaginávamos. O objetivo era explorar basicamente São Paulo. Hoje, estamos com propostas em várias regiões do Brasil.

Como a ideia da CashMe surgiu?

Olhamos para o mercado de home equity e vimos que tinha muita oportunidade. Mais de 70% dos brasileiros estão endividados e quase todo mundo tem uma casa própria. Então enxergamos mercado nisso.
Começamos a operar efetivamente em abril de 2018 e hoje oferecemos um produto que o nosso mercado não faz que é capital de giro. Pouquíssimas empresas de home equity fazem isso.
Somos plugados a dezenas de outras startups. Processos inteiros que outras empresas que entregam bem levam mais de 50 dias, nós já conseguimos fazer em menos de 10. Por isso, começamos a ser bastante procurados, tanto pela velocidade quanto pelos juros baixos.
Em 2 anos, queremos se a maior fintech de imóvel em garantia do Brasil.

Como o trabalho das startups influencia nos negócios da empresa? Como é a relação com elas?

O relacionamento com startups é um dos pilares mais fortes da Cyrela nesse momento. Nós criamos o MITHub para, inclusive, melhorar esse relacionamento.
Nós não conseguiremos deixar de ser um setor não inovador para inovador se não trouxermos para dentro de casa essas startups, e a ideia do MITHub é justamente essa.
Queremos pegar startups que já estão vendendo e acelerar o processo de fechamento de negócios delas. Toda startup do MITHub tem um padrinho, que auxilia o contato dela com o setor para fomentar novos negócios.

Como você vê a Cyrela do futuro?

Vejo a Cyrela como uma das empresas mais inovadoras no mercado de construção e uma empresa que contribui para o desenvolvimento das cidades, construindo grandes marcos.
Gostou da entrevista e quer conhecer mais sobre como a Cyrela inova? Então participe do Construsummit.