Obras que conseguem superar complicados desafios técnicos são sempre as mais interessantes para estudo. Assim, neste post nós vamos falar sobre a construção do edifício Grande Ufficiale Evaristo Comolatti, na cidade de São Paulo.
O empreendimento da incorporadora Stan foi erguido em uma área densamente ocupada, na avenida Paulista, e entregue no mês de fevereiro de 2018.
Trata-se de uma arrojada torre de vidro com lajes corporativas de 466 a 933 m². Além disso, conta com projeto de arquitetura concebido pelo escritório Botti Rubin.
O edifício homenageia o empresário italiano Evaristo Comolatti, que foi o fundador da empresa que leva o seu nome.
A título de curiosidade, o Grupo Comolatti é um dos maiores grupos empresariais de comércio e distribuidora autopeças da América do Sul. O grupo, que também controla o Restaurante Terraço Itália, símbolo da cidade de São Paulo, ganhou ainda mais força no setor de distribuição a partir do ano de 2015. Isso porque, naquele ano, adquiriu a Pellegrino Distribuidora de Autopeças.
Esta uma empresa fundada em 1941 e com relevante presença no setor automotivo. Com a aquisição, a Pellegrino juntou-se às demais unidades de negócio da Comolatti, que reúne as distribuidoras de peças para automóveis e veículos pesados Sama, Laguna, Matrix, além da Rede PitStop.
Fundações complexas sem interferências
A construção do Comolatti teve de superar alguns obstáculos técnicos significativos durante a sua concepção e a sua construção. Isso porque, além de estar em uma área muito movimentada, o prédio fica em cima de áreas técnicas da Linha Amarela do Metrô de São Paulo (SP).
Assim, tais características peculiares exigiram fundações bastante específicas. Portanto, era necessário evitar qualquer tipo de interferência com as estruturas do Metrô. Logo ficou evidente que não seria possível alinhar os pilares da torre às estacas.
A solução encontrada pelos projetistas, portanto, foi criar um bloco de coroamento de grandes dimensões.
Dessa maneira, o volume total deste elemento da fundação chega a cerca de 1.168m³. Tal elemento tem como finalidade fazer a devida distribuição dos esforços aplicados pelos pilares às estacas.
A complexidade foi bastante significativa. Tanto que a Associação Brasileira das Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia Geotécnica (ABEG) acabou por escolher esse projeto como o vencedor da primeira edição do Prêmio ABEG Sigmundo Golombek.
No entanto, apenas um projeto diferenciado não seria suficiente para atender às características do local de implantação da obra em questão.
Era preciso garantir que a construção do edifício Grande Ufficiale Evaristo Comolatti não visse a impactar nas operações diárias do metrô. Para tanto, equipamentos de medição de vibração e recalque foram instalados durante a execução das fundações.
A função destes equipamentos era a de monitorar continuamente os impactos da execução dos serviços realizados nos subsolos da torre do edifício Grande Ufficiale Evaristo Comolatti.
Tendo estas peculiaridades em vista, as fundações e as contenções da edificação foram projetadas pela Consultrix Engenheiros Associados. A execução ficou a cargo da Geofix.
No vídeo abaixo você vai poder ver como o as fundações foram executadas no edifício da Stan. Confira!
Certificação LEED para o edifício Grande Ufficiale Evaristo Comolatti
Com relação à sustentabilidade ambiental, o edifício Grande Ufficiale Evaristo Comolatti foi concebido visando a obtenção da certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) na categoria Silver.
Assim, para auxiliar a alcançar essa meta desafiadora, foi contratada uma consultoria especializadas. O trabalho dessa consultoria envolveu também o monitoramento de pontos específicos durante toda a concepção, o projeto e, sobretudo, ao longo da execução do prédio. Os pontos de atenção foram, principalmente:
- Prevenção e controle à poluição ambiental;
- Gestão de resíduos gerados durante a obra;
- Uso de conteúdos reciclados;
- Qualidade interna do ar;
- Controle da emissão de VOC (componentes orgânicos voláteis);
Além disso, o edifício Grande ufficiale Evaristo Comolatti conta com a tecnologia da roda entálpica.
Trata-se de um dispositivo cujo funcionamento é muito inteligente. Afinal, a roda entálpica faz o reaproveitamento da energia térmica do ar de exaustão. Com isso, a roda entálpica consegue gerar economias significativas de energia no sistema de climatização do edifício Grande Ufficiante Evaristo Comolatti.
Fachada unitizada
A fachada de vidro do edifício Evaristo Comolatti foi executada a partir de um sistema unitizado. Ou seja, um sistema que une todos os componentes da fachada num único módulo.
Dessa maneira, as borrachas, os acessórios, os vidros e todos os demais elementos da fachada não são montados no canteiro, mas em uma fábrica. Depois disso, chegam ao canteiro de obras em forma de módulos. Estes, por sua vez, são içados até o andar da instalação.
Trata-se de uma aplicação prática e muito eficiente da industrialização na construção.
Em resumo, os módulos unitizados chegam ao canteiro prontos para serem fixados nas ancoragens dispostas ao longo de todo o perímetro da torre. Mais do que isso, cada um desses módulos do sistema unitizado de fachada é endereçado para seu pavimento de destino. Ou seja, não é possível instalar um módulo em outro local que não aquele para o qual foi originalmente projetado.
Como particularidade, para tornar este projeto ainda mais especial, esta fachada tem o uso de vidros curvos. Tal condição eliminou a necessidade de emparelhar vários vidros. O resultado é uma fachada visualmente mais limpa.
Entretanto, como era de se esperar, a instalação de vidros curvos exige cuidados redobrados. Até mesmo por se tratar de material de alto custo e de fabricação muito complexa.
Controle de custos e prazos de obra
A coordenação dos projetos executivos, a concorrência para contratação da empresa construtora e o gerenciamento dos serviços e obras de construção do edifício Comolatti foram feitas pela Dox.
Vinícius Brandão, engenheiro da empresa de gestão e planejamento, conta que o trabalho envolveu a aplicação da metodologia da Análise de Valor Agregado.
O objetivo da aplicação dessa metodologia era a análise da evolução de custos e prazos do empreendimento. Ou seja, de forma a integrar escopo, cronograma e orçamento. Tudo para medir o mais precisamente possível o progresso físico do que foi planejado.
Outra importante ferramenta de controle foi a Duração Agregada, que mede o desempenho de avanço da obra.
Para tanto, ela baseia-se em tempo, com atividades ponderadas por suas respectivas durações e não por seu custo. “Independentemente do valor do projeto, a variação de prazo de cada atividade foi refletida com bastante precisão em todos os meses da obra”, pontua Vinícius Brandão.
BIM no edifício Grande Ufficiale Evaristo Comolatti
O BIM (Building Information Modeling), por sua vez, também funcionou como uma ferramenta para gestão eficaz do edifício localizado na avenida Paulista.
“O BIM Mandate foi estruturado de forma a garantir que os dados e informações seguissem um fluxo contínuo. Além disso, foi usado para estabelecer de forma clara os procedimentos que serviriam de orientação à equipe na elaboração dos projetos executivos do empreendimento”, diz Brandão.
Assim, o BIM Mandate contou como recurso de apoio de um software próprio da Dox. Este, por sua vez, possui módulos integrados de gerenciamento da informação, escopo, recursos, tempo, riscos e sistemas.
Dessa forma, foi possível melhorar fluxos de trabalho e processos internos. “Tivemos maior assertividade e clareza das informações no processo de concorrência para contratação dos serviços e obras”, conclui Brandão.
Confira no vídeo abaixo uma apresentação comercial do Grande Ufficiale Evaristo Comolatti.
