Você já deve ter lido bastante sobre o BIM (Building Information Modeling), uma das tecnologias mais discutidas nos últimos anos. É provável que você também já conheça muito bem todos os desafios intrínsecos à implantação dessa inovação e seus impactos na construção brasileira.
A exigência do Governo Federal de que as novas licitações utilizem o BIM a partir de 2021 deve dar um impulso extra para quem ainda não utiliza essa plataforma. Com essa ação, a expectativa é de que haja um aumento de 10% na produtividade do setor e uma redução de custo que pode chegar a 20%, de acordo com estudos contratados pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Embora o número de empresas que utilizam o BIM ainda seja pequeno, já é possível encontrar exemplos de quem está obtendo ganhos de produtividade e de lucratividade graças à modelagem 3D.
Quer saber mais sobre essas aplicações práticas de BIM? Siga com a gente:
Integração na gestão de projetos – CCDI
A Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) investiu cerca de R$ 2 milhões no desenvolvimento do SigPro (Sistema Integrado de Gestão de Projetos). Pode parecer muito. Mas pense nos prejuízos que uma empresa desse porte pode ter por conta de desvios em custos e atrasos em cronogramas.
De forma resumida, o SigPro prevê a integração de todas as atividades de planejamento e controle em um modelo BIM. Com isso, todas as informações necessárias para a execução dos serviços passaram a estar disponíveis nos tablets da equipe de campo, onde são registrados os avanços realizados, o controle de qualidade e eventuais problemas que demandem soluções de outras áreas da empresa.
Entre os ganhos obtidos com a modelagem 3D, de acordo com os executivos da CCDI, destacam-se:
- As tomadas de decisão tornaram-se mais participativas, assertivas e rápidas
- Os planejamentos passaram a contar com mais de 90% de aderência
- Assertividade de 99% no orçamento
Se quiser saber mais sobre como esse sistema foi implantado e funciona, confira entrevista com o engenheiro Luis Augusto Iervolino Pereira, diretor de engenharia da CCDI.
BIM 4D na Sinco Engenharia
A utilização do BIM pelas construtoras brasileiras vai além de funcionalidades como a geração de modelos virtuais tridimensionais e a possibilidade de verificação de interferências nos projetos (clash detection).
A evolução aponta principalmente para a integração com as ferramentas de planejamento, ou seja, para o chamado BIM 4D. Nele, às três dimensões espaciais que compõem o modelo 3D, é acrescida a variável tempo, tornando-se possível incorporar ao modelo informações sobre cronograma, sequência de obra e fases de implantação.
A Sinco Engenharia é uma das empresas que vem se aproveitando dessa tecnologia. Por causa de sua experiência, a construtora, inclusive, ganhou o prêmio Master Imobiliário em 2017 na categoria Boas Práticas na Aplicação de Recursos Tecnológicos.
Vamos te explicar como a empresa trabalha.
A Sinco utiliza o BIM desde 2011 e, hoje, tem todas as suas obras modeladas e acompanhadas com o auxílio da ferramenta.
Na construtora sediada em São Paulo, os modelos são desenvolvidos no início do projeto e são utilizados para:
- Compatibilização das disciplinas;
- Identificação de interferências;
- Levantamento de quantidades;
- Planos de ataque;
- Planos logísticos;
- Planejamento e acompanhamento periódico ao longo da obra.
De acordo com o diretor de engenharia da empresa, Paulo Sanchez, investir em tecnologia trouxe rentabilidade para os negócios. Segundo ele, o BIM é economicamente importante, uma vez que: reduz gastos, proporciona a visão precisa de orçamento e concede maior controle sobre o progresso da construção.
Mais assertividade na Edalco
Quer conhecer mais um case de sucesso? Então vamos lá:
Outra construtora que tem colhido bons frutos com o uso avançado do BIM é a Edalco. Desde 2015, a empresa utiliza a modelagem integrando não apenas os projetos, mas também o planejamento e o orçamento (chamado BIM 5D).
Na construtora, tudo o que é modelado é quantificado automaticamente. Com isso, as revisões de orçamento que são tão constantes ficaram mais dinâmicas.
Outro benefício detectado foi a retroalimentação automática do orçamento, viabilizada com a padronização dos levantamentos quantitativos e dos critérios de medição.
De acordo com os engenheiros e orçamentistas da construtora, o BIM agregou maior confiabilidade na extração das quantidades, uma vez que passou a permitir a visualização da obra como um todo.
Se você quiser saber mais sobre a experiência dessa construtora com o BIM, veja esse vídeo.
BIM também no gerenciamento de obras de saneamento
Responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 368 municípios do Estado de São Paulo, a Sabesp vem exigindo que suas obras de estações elevatórias de esgoto sejam gerenciadas e fiscalizadas utilizando a modelagem 3D.
Dois projetos executados na região de Santana do Parnaíba gerenciados pela JHE Engenharia, exemplificam a utilização do BIM nessas obras de infraestrutura.
Em um primeiro momento, os projetos foram modelados em 3D. Nessa etapa foram estabelecidos modelos interativos com informações inseridas em cada propriedade do projeto, como estrutura, arquitetura, hidráulica e elétrica.
Concluída essa etapa, passou-se para a fase 4D, na qual foi realizada a integração dos modelos 3D com o planejamento e cronograma da obra por meio de vídeos que retratam o avanço da construção ao longo do tempo. Por fim, entrou-se finalmente no BIM 5D, que se refere à extração de quantitativos e vínculo com o orçamento.
Os principais ganhos obtidos com a modelagem nesse caso da Sabesp foram:
- Melhor compreensão do objeto a ser construído por parte dos envolvidos;
- Redução de erros e omissões em projetos;
- Integração do gerenciamento da obra, facilitando a troca de informações;
- Maior compatibilidade entre o projetado e o executado com relação à qualidade, prazo e custos.
Quebra de paradigma
Ao longo desse artigo, você pôde notar que, embora ainda seja incipiente, o BIM já vem sendo explorado por várias construtoras, de maneiras diferentes, mas sempre com resultados positivos.
Resumidamente, a modelagem vem sendo utilizada, nesses casos práticos, para:
- Subsidiar o planejamento, combinando o modelo 3D com sua evolução ao longo do tempo.
- Apoiar a logística do canteiro – O modelo permite prever as melhores áreas de armazenamento de materiais, acessos ao canteiro, posicionamento de grandes equipamentos, etc.
- Coordenação da mão de obra – O modelo facilita o dimensionamento e a coordenação do fluxo de trabalho das equipes de mão de obra, inclusive em espaços pequenos.
- Plano de ataque – O modelo permite avaliar e comparar os diferentes cenários e programações de serviço. Durante a execução, permite controlar melhor se o projeto está em dia ou atrasado.
- Orçamento – O BIM agrega mais dinamismo no caso de eventuais ajustes nos orçamentos e dá mais assertividade nas extrações de quantitativos.
É claro que antes de colher tantos ganhos, essas empresas tiveram que dedicar recursos financeiros e humanos para inserir o BIM em suas rotinas. Mas apesar de tanto esforço, os resultados deixam poucas dúvidas de que a opção de inovar foi acertada. Essas empresas, por serem mais eficientes, tendem a estar à frente de seus concorrentes que ainda não utilizam essa tecnologia inovadora.
Conseguiu enxergar possibilidades de aplicação do BIM na sua empresa?
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Antes de encerrar, deixo duas dicas para quem quer aprofundar seus conhecimentos. Não deixe de ler o Guia Completo sobre a Tecnologia BIM que o Buildin preparou. Ele está imperdível. Outro conteúdo rico é o e-book “Como evitar erros em orçamentos de obras”, de Aldo Dórea Mattos. Não deixe de ler.