Construção civil caminha para crescer 5% em 2021: maior avanço em 10 anos

Bruno Loturco

Escrito por Bruno Loturco

26 de outubro 2021| 6 min. de leitura

Compartilhe
Construção civil caminha para crescer 5% em 2021: maior avanço em 10 anos

Ao apresentar os dados referentes ao Desempenho Econômico da Indústria da Construção Civil resultados no 3º trimestre de 2021, a CBIC afirmou que construção civil caminha para crescer 5% em 2021: maior avanço em 10 anos.

O otimismo da entidade se baseia no fato de a construção ter atingido, no trimestre, o maior nível médio de atividade desde 2010, tendo chegado a 50,4 pontos, além da forte geração de vagas formais, a maior desde 2012.

É importante salientar que o índice referente ao nível de atividade é composto por três segmentos produtivos da construção: construção de edifícios, obras de infraestrutura e serviços especializados para a construção.

O melhor ritmo está no segmento de Construção de Edifícios

Veja os resultados de setembro de 2021 na construção civil:

  • Construção de edifícios: 51 pontos sobre uma média histórica de 45,9 pontos
  • Obras de infraestrutura: 50,2 pontos sobre uma média histórica de 45,1 pontos
  • Serviços Especializados para a Construção: 46,8 pontos sobre uma média histórica de 44,8 pontos

Outro indicador que alimenta o otimismo do setor é o referente à Utilização da Capacidade Operacional (UCO), que encerrou setembro em 65%, patamar que é superior à sua média histórica, de 62%, e o maior para um mês de setembro desde 2014.

Parte desse otimismo se explica pela alta na contratação de financiamentos imobiliários com recursos da poupança, que somaram R$ 136,841 bilhões entre janeiro e agosto de 2021. Esse valor representa alta de 107,68% em relação ao mesmo período de 2020, quando foram contratados R$ 65,891 bilhões. Os financiamentos com recursos do FGTS, por sua vez, não apresentaram um bom resultado, com retração de 8,22% na comparação entre os oito primeiros meses dos anos de 2021 e 2020.

Em unidades, de acordo com a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), o crescimento foi de 148,68%, saltando de 237.020 para 589.419 unidades.

O setor da construção civil vem há oito meses registrando resultados positivos na geração de empregos

Como consequência do bom momento, o setor vem há oito meses registrando resultados positivos na geração de empregos. Entre janeiro e agosto, a construção gerou 237.985 vagas de emprego com carteira assinada, o melhor resultado para o período desde 2012. Na divisão por segmento, a evolução dos empregos fica da seguinte maneira:

  • Obras de infraestrutura: 56.010, equivalente a 23,54% das novas vagas geradas
  • Construção de Edifícios: 90.562, equivalente a 38,05% das novas vagas geradas
  • Serviços Especializados para a Construção: 91.413, equivalente a 38,41% das novas vagas geradas

Na divisão por Estado, São Paulo aparece na frente na geração de empregos, mas todos os Estados, com exceção de Roraima, apresentam índices positivos de geração de empregos na construção:

Com esses resultados, o número de trabalhadores formais na construção já voltou aos patamares de 2015, com 2,512 milhões de trabalhadores no setor. 

Pontos de atenção 

O bom momento do setor vem acompanhado o de alguns sinais de alerta. O principal deles já está na pauta do empresariado do setor há alguns meses e remete aos custos ou à falta de insumos. Para 54,2% dos empresários participantes da sondagem este é o principal problema do setor.  

O motivo para esta recorrência na preocupação dos empresários é a alta acumulada de 15,93% em 12 meses do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), da FGV, causada principalmente por vergalhões e arames de alo carbono, tubos e conexões de ferro e aço e tubos e conexões de PVC.

O contraponto para essa questão é que, apesar de o aumento ainda ser recorde para o setor, houve redução da pressão inflacionária nos últimos dois meses.

A elevação da taxa Selic

Além da alta no preço dos materiais, preocupa os empresários a elevação da taxa Selic. 

Enquanto, no 2º trimestre do ano, menos de 10% dos empresários manifestavam preocupação com a taxa de juros, na sondagem do terceiro trimestre 16% dos empresários já apontaram a Selic como motivo de atenção. 

 

Na ocasião da apresentação dos resultados, a CBIC aproveitou para lembrar que, mesmo com o crescimento de 5%, o setor ainda se encontra muito aquém de seu maior nível histórico de atividades, registrado em 2014.

De acordo com as projeções da entidade, o setor precisaria manter o ritmo de 5% de crescimento ao ano até 2028 para voltar ao mesmo patamar. Considerando um crescimento de 3% ao ano, a recuperação se daria apenas em 2033.

 

Leia mais:
Crescimento na construção civil: analistas econômicos renovam expectativas