Construsummit reforça a importância do BIM e da integração da cadeia

Taiana Silveira

Escrito por Taiana Silveira

11 de outubro 2022| 11 min. de leitura

Compartilhe
Construsummit reforça a importância do BIM e da integração da cadeia

Dois dias intensos, com muito conteúdo, insights, experiências e networking. Assim foi o Construsummit 2022 e já estamos com saudades. O evento, promovido pelo Sienge e pelo CVCRM – Construtor de Vendas, movimentou o mercado e destacou a integração da cadeia da construção civil como oportunidade de alavancar o crescimento, a evolução e a transformação do setor.

Afinal, um relacionamento conectado em todos os pontos está diretamente ligado à eficiência, produtividade e ganhos financeiros. Confira a seguir os principais destaques do primeiro dia do Construsummit 2022. Boa leitura!

Cenário econômico e influência de fatores externos

O atual cenário da construção civil brasileira foi o tema de abertura da plenária, abordado pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. Custos de materiais, capacidade de venda,  incertezas políticas além da conjuntura internacional foram apontados como os principais desafios atuais e que influenciam as perspectivas do setor. 

Apesar desse contexto, o executivo elogiou a capacidade de adaptação das empresas frente às adversidades impostas pela pandemia e como o setor conseguiu se manter em crescimento mesmo em meio à crise. Também elencou características importantes para as construtoras e incorporadoras enfrentarem o que está por vir. 

“Profissionalização, melhoria tecnológica e investimento na gestão. As coisas mudaram e quem não perceber vai acabar o mundo para elas. Estamos em uma transição geracional”, frisou Martins. 

Na sequência, em painel que contou com as presenças de CBIC, Abecip e Abramat, os executivos discutiram formas das empresas de se planejarem em meio ao cenário macroeconômico incerto.

“Um dos efeitos dessa pandemia foi a capacidade de juntar todos os elos da cadeia do setor e isso facilitou o engajamento para mudanças. Vamos aproveitar isso para fazer um diagnóstico baseado em dados, discutir ideias e cobrar mudanças”, destacou Rodrigo Navarro, Presidente da Abramat.

Cenário econômico e integração da cadeia da construção civil em destaque no Construsummit 2022
Ieda Vasconcelos, Economista-Chefe da CBIC

A plenária também abordou análises e perspectivas econômicas do setor com a palestra de Ieda Vasconcelos, Economista-Chefe da CBIC; e o funding no mercado imobiliário sob a perspectiva de Sandro Gamba, Diretor de Negócios Imobiliários do Banco Santander.

A importância da integração da cadeia da construção civil

De que forma o setor da construção pode se renovar e se impulsionar para o aumento da produtividade com o apoio da tecnologia? Como a inovação pode ser um caminho para a transformação? E como começar essa jornada, sabendo que o setor ainda possui problemas históricos e estruturais que afetam essa virada de chave? 

De acordo com Guilherme Quandt, CMO do Sienge, é essencial que o setor deixe de ver as ferramentas e processos de formas isoladas e comece a entender como integrar o fluxo inteiro, do pré ao pós obra.

Guilherme Quandt destacou a importância da integração da cadeia da construção civil
Guilherme Quandt destacou a importância da integração da cadeia da construção civil

“É preciso uma transformação cultural. Discutir melhor os processos, trazer a indústria e o financeiro para dentro do jogo também. Ao plugar soluções específicas para cada demanda no sistema de gestão, a empresa começa a perceber os benefícios de fazer parte de um ecossistema de negócios”, disse Quandt.  

Painel destaca a integração da cadeia de suprimentos na construção

A integração da cadeia da construção civil também foi tema de debate mediado pelo próprio Quandt, que contou com as participações de:

  • Luiz Gripp, Diretor de Operações da Collabo
  • Roni Branco, Diretor Comercial e Marketing do Grupo Linear
  • Igor Santana, Engenheiro de Aplicação na Tupy

Entre os principais desafios da indústria da construção e que causam baixa eficiência operacional, os participantes destacaram:

  • Mais de 70% da compra de insumos ainda acontece no varejo; 
  • Não há padronização nas informações técnicas dos projetos;
  • As bases de informação não são integradas;
  • Há pouco contato entre os atores envolvidos na cadeia;
  • Falta uma projeção real sobre a demanda da construção civil.

“Ao promover os mesmos contratos diretos entre indústria e compradores e permitir que exista uma projeção melhor sobre os projetos em andamento, garantindo que as bases de informações estejam integradas e que os componentes sejam todos chamados do mesmo nome, a gente começa a produzir um ambiente capaz de gerar resultados expressivos”, enfatizou Luiz Gripp, da Collabo. 

Conteúdos simultâneos

O primeiro dia do Construsummit 2022 também contou com conteúdos simultâneos, distribuídos na Sala Sienge (com temas relacionados à construção e engenharia) e na Sala CV (dedicada ao mercado imobiliário). Os principais temas nessas trilhas foram:

  • Ambiente regulatório: preparações necessárias para as novas legislações que entram em vigor em 2023, como o Marco Legal das Garantias e Resolução 4909.
  • Futuro do mercado imobiliário: reflexões sobre o Projeto Construção 2030, além de mudanças no Programa Casa Verde e Amarela e o novo perfil do cliente pós pandemia.
  • Inovação no canteiro de obras: a realidade de construtoras que utilizam gestão de dados para tomadas de decisões e debate sobre canteiros digitais e integrados.
  • Inovação no mercado imobiliário: tendências que vieram para ficar, como metaverso, tokenização de ativos, além de discussões sobre o perfil do cliente imobiliário do futuro. 
  • BIM: espaço para debate e divulgação de duas pesquisas inéditas sobre o tema: o Mapeamento de Maturidade BIM, uma iniciativa do Sienge em parceria com a Grant Thornton e ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial); e a Pesquisa de Digitalização na Engenharia e Arquitetura Nacional, conduzida pelo BIM Fórum Brasil.

Cenário do BIM no Brasil

O uso da metodologia BIM em obras públicas no Brasil se tornou obrigatório. Assim, a implementação de modelos virtuais que permitem visualizar e entender melhor o projeto antes do início da execução está acontecendo de forma gradual nas empresas do setor. O potencial da metodologia para impulsionar a modernização do setor, inclusive como elemento de apoio à integração da cadeia da construção civil, foi destaque na programação. 

Segundo a pesquisa conduzida pelo BIM Fórum Brasil, ainda temos três grandes desafios no que diz respeito aos processos e tecnologias digitais: 

  • Mais de 30% dos profissionais respondentes não costumam empregar ferramentas e/ou métodos específicos para o planejamento das atividades ao início dos projetos;
  • Sobre soluções tecnológicas 3.0 e 4.0, apenas uma minoria dos profissionais (37,9% e 25,5%, respectivamente) afirma ter conhecimentos específicos sobre usos dessas tecnologias na atividade do setor;
  • Falta de adoção de tecnologias digitais no dia a dia das atividades dos profissionais do setor. 

“Existem barreiras muito comuns, especialmente relacionadas ao nível de maturidade e à própria tecnologia. Existe muita oportunidade de capacitação e necessidade de conscientização junto ao trabalho a ser feito, de maneira colaborativa e por equipes multidisciplinares. O BIM ainda está sendo visto como uma modelagem da minha disciplina. Essa é ainda uma visão limitada do que o BIM é verdadeiramente”, explicou Rodrigo Koerich, Presidente do BIM Fórum Brasil.

Mapeamento Maturidade BIM

O debate com Leonardo Santana, da ABDI, Erico Giovanetti, da Grant Thornton, e Rogério Suzuki, do BIM Fórum Brasil, divulgou em primeira mão a segunda edição do mapeamento de Maturidade BIM no país. 

Mais de 470 profissionais de escritórios de projetos, construtoras, gerenciadoras e incorporadoras de todo o país participaram da pesquisa. Os resultados ainda apontam para um cenário de pouca adoção da tecnologia e falta de incentivos financeiros para a capacitação dos funcionários como uma das principais barreiras na implantação do BIM. 

Entre as principais conclusões do estudo estão: 

  • 59% das organizações se autoavaliaram em níveis iniciais de maturidade; 
  • 48% apontam a capacitação dos profissionais como principal desafio na utilização do BIM; 
  • 63% avaliam ter o hardware adequado para utilização do BIM; 
  • 12% possuem procedimentos acessíveis aos funcionários, que os aplicam no dia a dia; 
  • 70% se veem trabalhando com BIM nos próximos anos; 
  • 73% das organizações que utilizam a metodologia estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste.

“A maioria das empresas ainda está em estágio inicial da adoção do BIM e estão focadas mais no eixo de tecnologia e menos em pessoas e planejamento”, ressaltou Leonardo Santana, Analista de Produtividade e Inovação da ABDI.

A respeito das oportunidades e insights que o levantamento pode gerar, Erico Giovanetti, sócio da Grant Thornton, enfatizou o esforço em termos de capacitação de pessoas, disponibilidade e incentivo à metodologia e processos.

“Como chegar lá? Qual uso adequado você vai fazer do BIM no processo de implementação? Há muito espaço nesse assunto e muita oportunidade no mercado. As empresas enxergam em um horizonte de talvez dois ou três anos para chegar no nível de maturidade e o uso de tecnologia 4.0”, acrescentou. 

Conclusão

Ficou curioso para conhecer o atual cenário da transformação digital na indústria da construção brasileira?

Pois não deixe de conferir a Pesquisa sobre Digitalização das Engenharias no Brasil, conduzida pelo BIM Fórum Brasil. E também descubra todos os resultados, análises e recomendações do Mapeamento de Maturidade BIM no Brasil, realizado por Sienge, ABDI e Grant Thornton.

Quer se aprofundar ou discutir mais sobre a importância do BIM e da integração da cadeia da construção civil? Então acesse agora mesmo o Sienge Comunidade!