Corrupção em obras de infraestrutura: custo de oportunidade

Alonso Mazini Soler

Escrito por Alonso Mazini Soler

5 de agosto 2017| 3 min. de leitura

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Reportagem veiculada pelo Fantástico em 04 de Junho de 2017 calcula e denuncia o montante da corrupção em obras de infraestruturas do Brasil. Estima-se que, desde 1970, o valor da corrupção corresponda a 17% a 35% de tudo o que foi pago pelos governos nesse período. Ou seja, em unidades monetárias, teriam sido gastos de R$ 100 a R$ 300 bilhões nessa prática.
A magnitude absurda do número revelado induz à reflexão sobre o conceito econômico do custo de oportunidade renunciado em favor da opção pela alternativa da corrupção em obras de infraestrutura. Esse dinheiro, se tivesse sido aplicado em favor da sociedade e do país, poderia ter deixado milhares de escolas, creches, hospitais, casas populares etc.
Sem contar com a disposição de mais e melhor infraestrutura. Ou seja, estradas, ferrovias, portos, aeroportos, água, esgoto, etc. Elementos capazes de alavancar o crescimento econômico e o bem-estar da sociedade. Escolhas criminosas, dinheiro desperdiçado que não retorna mais, benefícios que são suprimidos da sociedade.

Origens da corrupção em obras de infraestrutura

Chama a atenção a extensão do período de tempo considerado no cálculo, desde 1970. Revela que o modelo de contratação e fiscalização de obras públicas de infraestrutura não se desviou e corrompeu recentemente.
Trata-se de um modelo historicamente viciado. E que faz uso de suposta incompetência técnica, aparelhamento estatal e interpretações subjetivas e ambíguas de legislações.
Contudo, nada disso é novo ou desconhecido. Este blog, recentemente, já apontou as principais causas de sobrecustos e atrasos nas obras de infraestrutura do país.
Enfim, a poucos interessa a continuidade do modelo corrupto. Assim como a ninguém interessa a paralisação das obras de infraestrutura do país.
Resta a proposição de um novo modelo. Um que passe pela descartelização do setor, internacionalização, abertura para atuação das médias e pequenas empresas nacionais, governança ampla, modernização e atenção às legislações (compliance), transparência, ética e redundância de fiscalização e controles. Um modelo pautado na inovação e na aproximação necessária com os fundamentos amplos da economia social.
Por: Alonso Mazini Soler, Doutor em Engenharia
Professor do Insper
amsol@j2da.com.br