A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) reuniu em BH, nos primeiros dias de dezembro/2018, alguns dos mais importantes nomes da engenharia mineira e nacional.
O evento, chamado CEOs Engenharia 2019 – Os Desafios da Reconstrução, teve por objetivo instigar os participantes para uma análise sobre o cenário brasileiro frente aos resultados das últimas eleições. Mais que isso, sobre o papel das empresas na retomada dos investimentos no Estado de Minas Gerais e no Brasil.
Afirmo que o evento cumpriu fielmente suas intenções.
O primeiro palestrante do dia foi o engenheiro civil Rubens Menin, fundador e hoje presidente do Conselho de Administração da MRV. Menin defendeu que a permanência dos talentos nacionais, que atualmente migram para o exterior em busca de melhores oportunidades, pode ser a chave para fazer o País “andar para frente”.
É importante lembrar que Menin foi, em 2018, o primeiro sul-americano nomeado Empreendedor do Ano Global da EY, durante o World Entrepreneur of the Year.
Empreendedorismo: ponto fundamental à reconstrução
Em sua palestra, Menin enfatizou a importância do incentivo ao empreendedorismo nacional. Segundo ele, o empreendedorismo contribui para que o esforço concentrado da cadeia da construção civil alavanque o desenvolvimento generalizado.
Ele apontou que o empreendedorismo está diretamente ligado ao ambiente de negócios. Ainda assim, para ele, o importante neste momento não é ficar apontando culpados por erros passados.
O foco deve estar no momento oportuno para a ocupação de espaços e gaps. Afinal, as mensagens ouvidas nos road-shows internacionais indicam que é momento de aportar dinheiro nos países emergentes.
E nesse sentido, o Brasil é muito bem visto, sobretudo em relação aos BRICS.
Corrobora a visão de Menin notícia publicada em 7 de janeiro último que aponta o déficit habitacional batendo o recorde no Brasil em 2017. Atualmente, faltam 7,78 milhões de unidades habitacionais no Brasil.
Oportunidades à vista
Para as construtoras e incorporadoras, apesar dos resultados tímidos, é real a expectativa de que o mercado de trabalho mantenha uma trajetória de recuperação neste ano. Assim, a tendência é que cresça a busca por novos imóveis.
Os itens abaixo, numa primeira visão, podem levar o leitor a entender que se tratam de problemas. Porém, Menin os apresentou como dados que mostram as oportunidades brasileiras frente aos outros países:
- Formação de 1,5 milhão de novas famílias por ano, o que significam 30 milhões de novas famílias em 20 anos;
- Ocupa o 109º lugar na lista de melhores lugares para se fazer negócios;
- Brasil consome 2% do cimento e aço mundial, enquanto o ideal é elevar esse nível para 8-10%;
- Não existe a globalização da engenharia (empresas brasileiras, formada por brasileiros e para atender brasileiros);
- Existe mercado e a necessidade de novas tecnologias;
- A tecnologia brasileira na construção civil se equipara à americana, por exemplo. Atualmente o peso da construção é de 2 t/m². A projeção para 2025 é que chegue a 0,5 t/m².
Burocracia e produtividade como entraves
Foi destacada ainda a necessidade de uma mudança de paradigmas como os relacionados à burocracia, que atualmente custa cerca de 12% do negócio. Outro ponto de atenção são as altas taxas de juros, além da necessidade de melhoria do ambiente de negócios. Nesse sentido, ele destaca o incentivo ao mercado de capitais. Todos esses são pontos importantes e estruturantes para a retomada do crescimento brasileiro.
Menin concluiu sua fala citando, como não poderia passar despercebido, a baixa produtividade brasileira na construção civil. Ele afirma que a baixa produtividade da construção civil brasileira pode ser combatida com adoção de novas tecnologias, por exemplo.
Empresários alinhados à evolução da sociedade
Para o engenheiro Teodomiro Diniz, vice-Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e Presidente do Conselho do Sebrae/MG, é fundamental para o empresário, estar alinhado com o nicho onde ele atua na sociedade.
Na sua visão, o empresário precisa segmentar a sua área de atuação. Mais que isso, tem que entender que o empreendedorismo não deverá resolver um problema pessoal, mas mudar a realidade de toda uma sociedade.
Diniz citou que numa parceria recente entre a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Sebrae Minas Gerais foi realizado o evento CONECTA Gerais. O intuito era fomentar a participação social por meio da conexão entre diferentes atores da sociedade civil. Com isso, promover discussões sobre soluções efetivas e inovadoras para a correta aplicação e utilização de recursos públicos.
Além disso, visava a produzir ferramentas tecnológicas de empoderamento da sociedade para a participação ativa na gestão pública. Da mesma forma, promover a participação cidadã, a cultura de ética e integridade nas relações público-privadas. Por fim, estimular a participação colaborativa e voluntária dos atores sociais.
Em suas palavras, “nenhum Governo resolve nenhum ambiente de negócios. As empresas são sociais e têm que ser reconhecidas como sociais”.
Conclusão
Assim, é papel das empresas zelar pela governança, compliance e transparência. Isso requer mais clareza e entendimento por parte da sociedade. Esta, por sua vez, precisa respeitar as empresas para a condução das mudanças necessárias. Afinal, é o que levará a um crescimento do setor e da economia de uma forma geral.
O momento, no entanto, requer uma mudança de mindset para que o protagonismo floresça e se transforme em resultados positivos para todos. É tempo para que os profissionais procurem desenvolver novas competências!