Você já deve ter definido ou pelo menos pensado nos diferenciais competitivos da sua empresa para se destacar no mercado da construção civil. Afinal, especialistas em administração definem esta como uma questão crucial para os negócios, em todas as áreas da economia.
Entre as grandes construtoras, isso é mais importante ainda, pois estamos falando de um setor extremamente competitivo, com muitos gigantes disputando os grandes contratos do país. Além disso, é uma concorrência que acontece num ambiente nem sempre amigável para os empreendimentos.
É o que estamos vendo agora, pois se não bastassem as incertezas costumeiras da economia, a pandemia da Covid-19 tornou o cenário ainda mais complicado. Por conta disso, ano passado o PIB da indústria da construção sofreu uma queda de 7%.
Mas existe uma expectativa de recuperação nos próximos meses, apesar da escassez e da elevação dos preços dos insumos. Seja qual for a situação, somente as companhias realmente preparadas para competir conseguem avançar e cumprir suas metas de crescimento.
Necessitam, para isso, de ferramentas que estabeleçam vantagens competitivas muito claras sobre a concorrência. E quais seriam elas? Como as construtoras podem crescer, mesmo nas adversidades?
Vamos ver isso a seguir, você vai encontrar respostas objetivas prosseguindo na leitura.
Tenha diferenciais competitivos claros para crescer mais
“As empresas com diferenciais claros tendem a crescer mais do que outras e conseguem se perpetuar como pioneiras no mercado”, diz o Sebrae. São quesitos que fazem uma empresa colocar-se num patamar superior às concorrentes e ter a preferência dos consumidores.
E não se trata apenas da competência técnica na execução das obras, mas também de habilidades nos aspectos gerenciais, assim como a habilidade de criar empatia na relação com a clientela.
Diferenciais competitivos, resumindo, se traduzem na capacidade de trabalhar num nível de eficiência, produtividade e rentabilidade acima das outras organizações do mesmo ramo.
Neste sentido, Michael Porter, professor da Harvard Business School, apontou três estratégias competitivas que os empreendedores podem adotar para enfrentar seus concorrentes.
Estratégia de liderança de custo
É a mais óbvia, pois quando a empresa é capaz de produzir um mesmo produto de qualidade, mas consegue vendê-lo por menos, tem uma grande vantagem sobre a concorrência.
Porém, requer muita eficiência e produtividade das organizações, além dos cuidados extras para que a economia dos recursos não afete a qualidade dos empreendimentos.
Estratégia diferencial
Ela se desenvolve quando a companhia se empenha em oferecer produtos ou serviços de qualidade superior aos dos concorrentes, para consumidores que estão dispostos a pagar mais por esses benefícios.
Estratégia de foco ou segmentação
É uma estratégia que busca desenvolver os negócios em poucos mercados-alvo ao invés de tentar atingir todos, através de segmentações geográficas, demográficas, de comportamento e físicas.
Ao estreitar o mercado para segmentações menores, as empresas são mais capazes de satisfazer as necessidades específicas dessa clientela.
Diferenciais competitivos dependem da capacidade de investimento e reinvestimento
Se é verdade que a necessidade de diferenciais competitivos vale para empresas de todos os portes, também é verdade que as organizações maiores têm muito mais capacidade de investimento.
Além de maior acesso às linhas de crédito, companhias com bom planejamento sabem manter sempre uma margem dos lucros para reinvestimento na própria empresa. Essas inversões podem acontecer tanto em áreas como estrutura e inovação como em projetos de longo prazo.
Aliás, veja o que diz sobre isso o especialista em administração financeira Maurício Galhardo, na revista Exame:
“Pode-se dizer que é ‘obrigação’ de qualquer gestor manter parte do lucro de uma empresa reinvestido nela própria. É o ideal para empresas mais antigas, tradicionais, ou que atendam um público exigente por tendências.”
A economista Celina Ramalho, professora da FGV-EAESP, vai no mesmo sentido, afirmando que reinvestir os lucros na própria companhia é uma questão de sobrevivência no mercado.
Segundo ela, somente a reaplicação dos lucros consegue manter a empresa diferenciada e competitiva. De 15% a 30% do lucro líquido (mensal ou anual) deve voltar para o negócio, recomenda.
Então, este é um primeiro passo para estabelecer seus diferenciais competitivos, ou seja, reservar uma fatia dos lucros para reinvestimento nestas ferramentas.
Agora, vamos aos diferenciais competitivos, como você já deve estar esperando.
1. Inovação tecnológica
Comece sempre por fazer um exame do mercado e observar a concorrência, no que estão apostando para incrementar sua rentabilidade. Para isso, ajuda muito o acompanhamento atento do noticiário do setor, participar de encontros, feiras e outros eventos.
Da mesma forma, ficar atento às novas tendências, às novas frentes de expansão dos negócios, a fim de saber para quais nichos é preciso direcionar sua empresa. E, assim, estruturar-se com os meios necessários para atender às demandas dos novos projetos.
É decisivo, neste sentido, não ficar defasado em relação às inovações tecnológicas, o que não quer dizer abraçar logo toda e qualquer novidade que surja. Mas, também, não deixar de incorporar as soluções em tecnologia que já estão consolidadas como vantagens competitivas.
Temos exemplos de diferenciais nesta e outras áreas para os quais as grandes empresas precisam se voltar, sem mais demora. Se não tiverem ainda uma dessas ferramentas, precisam se planejar para tê-las, a curto ou médio prazo.
Digitalização
Além disso, a digitalização é uma tendência inevitável da construção civil. Aliás, é a sua principal marca no Século XXI, mas já deveria estar muito mais avançada. Ainda há uma quantidade enorme de construtoras que realiza os seus processos de forma tradicional, com planilhas manuais e pilhas de papelada.
As obras, no entanto, estão mais complexas, com uma legislação rigorosa e exigências ambientais, de segurança e conforto cada vez maiores. Além de consumidores mais conscientes e exigentes, sem contar a variação enorme de tipos e preços dos insumos, entre outros fatores.
Tudo isso exige construtoras mais ágeis e produtivas, capazes de entregar obras de qualidade com maior eficiência e redução de custos.
Os aparelhos digitais representam um enorme avanço neste sentido, uma vez que os smartphones, computadores, tablets, drones e outras soluções permitem organizar e transmitir facilmente as informações referentes à administração e execução das obras.
A conferência, edição e transmissão dos dados é feita de maneira mais prática, segura e em qualquer lugar, o que torna o trabalho bem menos burocrático e muito mais rápido. Sendo assim, é hora dos empreendedores acelerarem de vez a digitalização dos seus negócios, entrando para valer na Indústria 4.0.
2. Plataforma BIM
É quase impensável imaginar uma grande construtora, que seja ou queira ser realmente de ponta, sem conhecer essa solução. Hoje já se recomenda que até mesmo pequenas e médias construtoras façam um esforço no sentido de dispor de uma plataforma BIM.
A Plataforma BIM ou Building Information Modeling (Modelagem da Informação da Construção) é uma inovação revolucionária da construção civil. Com ela é possível criar digitalmente modelos virtuais extremamente precisos das construções.
Estes modelos oferecem suporte ao projeto em todas as suas fases, permitindo uma análise e controle muito superior do que os processos manuais. A diferença é enorme, pois a modelagem pelo conceito BIM trabalha com modelos 3D, mais fáceis de assimilar e mais fiéis ao produto final.
Para saber muito mais sobre isso, sugiro a você o e-book abaixo, clicando no link. Ele traz todos os conceitos da metodologia BIM que você precisa saber para entender essa tecnologia.
3. Sistema integrado de gestão (ERP)
Assim como o BIM, este é um diferencial definitivo e uma marca registrada das empresas que realmente se destacam no mercado. Não há construtora ou incorporadora vencedora que não tenha um sistema integrado de gestão robusto.
É um software que coordena e agiliza a transmissão de dados, colocando todos os setores da organização em sintonia, da administração ao canteiro de obras. Com isso, trabalham todos alinhados, como uma engrenagem precisa.
Sempre que ocorrer alguma novidade importante, como uma alteração de projeto, um novo prazo, uma troca de material ou um equipamento novo que é incorporado à obra, esse dado é lançado no sistema pelo setor responsável.
Na mesma hora, a informação é replicada nas demais áreas e se torna acessível a qualquer um dos interessados, bastando ter à mão um smartphone ou tablet.
Da forma tradicional, uma informação dessas pode demorar para chegar de uma ponta a outra do processo, pode chegar com ruído ou mesmo nunca chegar. Daí as consequências que são bem conhecidas: os transtornos, desperdícios e inevitáveis prejuízos.
Já com sistemas de gestão como o Sienge Plataforma, as informações são compartilhadas entre todos com agilidade, sem maiores erros, distorções ou redundâncias, para tomadas de decisão seguras pelos gestores.
4. Visita virtual
Esta é uma das ferramentas que mais ganhou impulso na pandemia da Covid-19 e está recebendo enorme aceitação dos consumidores pois, muitas vezes, ficam impossibilitados de se deslocar até os imóveis devido às restrições do isolamento social.
A visita virtual resolve isso, permitindo ao cliente conhecer prédios, casas, apartamentos, a qualquer hora, sem precisar sair de casa, e de qualquer parte do mundo. Os tradicionais sites munidos somente de mostruários de fotos, com isso, estão ficando defasados.
Já são muitas as empresas do mercado imobiliário que oferecem passeios virtuais e encantam sua clientela. Quem é do ramo, portanto, precisa usar logo essa ferramenta que está revolucionando as vendas do setor.
5. Certificações ambientais
Há várias opções no mercado, como o Selo Azul da Caixa, destinado a empreendimentos habitacionais que adotem soluções eficientes na concepção, execução, uso, ocupação e manutenção das edificações.
Organize sua empresa para isso e tenha todos os certificados ambientais que puder, pois a sustentabilidade socioambiental é um dos diferenciais competitivos mais importantes hoje em dia.
Basta ver o quanto é discutida a preservação do meio ambiente, que aparece diariamente com destaque no noticiário. É um tema de enorme sensibilidade na opinião pública e os consumidores veem no compromisso com a sustentabilidade um quesito indispensável nos produtos que compram.
É preciso considerar ainda que existem vários incentivos públicos para as construções sustentáveis ambientalmente.
Atenção para mais este detalhe:
Segundo o Sebrae, um projeto de construção sustentável pode ter um acréscimo de 1% a 7% no seu custo de implantação, mas valoriza o preço do imóvel em cerca de 10%.
6. Compliance
Compliance, no mundo empresarial, representa o conjunto de medidas, procedimentos, rotinas, definidos pelas organizações para fazer cumprir a legislação, as políticas e as diretrizes estabelecidas para os negócios.
Com isso, os programas de compliance visam evitar, identificar e punir desvios e ilegalidades que possam ocorrer nas empresas. Em síntese, é um instrumento de prevenção e combate à corrupção, que tem como norma a Lei 12.846 de 2013 .
Isso é ainda mais importante levando-se em consideração casos retumbantes envolvendo grandes companhias que tivemos no país. Eles geraram uma desconfiança e uma cobrança muito forte sobre o setor em relação à compliance.
É preciso, portanto, que as grandes empresas sejam bastante transparentes neste aspecto, definindo seus procedimentos e deixando isto muito claro para o mercado. Assim, recomenda-se:
- Elaborar um código de ética e conduta;
- Criar canais de denúncia;
- Manter processos periódicos de mapeamento e análise de riscos;
- Revisar e auditar os processos organizacionais com relação ao cumprimento das normas legais e éticas;
- Elaborar mecanismos de due diligence, para avaliar os riscos no relacionamento com colaboradores, fornecedores, clientes, órgãos públicos, entre outros.
7. Marketing arrojado
Ainda há grandes empresas que vacilam e adotam estratégias de marketing muito tímidas, que não valorizam o produto e não seduzem o consumidor como deveriam. É uma falha grave, que compromete a lucratividade e limita o crescimento de construtoras que se esmeram nas obras, mas falham na promoção das vendas.
Para não cair neste erro, após definir o posicionamento da empresa, alinhar sua marca, definir seus nichos de mercado, o empreendedor deve lançar mão das ferramentas necessárias para um marketing arrojado.
Ele deve transmitir ao meio externo todos os valores inerentes à sua organização e os principais diferenciais do seus produtos.
Há muitos meios para isso, a começar pelos tradicionais, como participação em feiras e workshops, e a mídia convencional, incluindo rádios, TVs, jornais, outdoors e outros instrumentos de propaganda.
Mas tão importante quanto isso, hoje em dia, é ter uma presença marcante nas redes sociais e ótimo marketing de conteúdo. Isso significa investir fortemente no marketing digital e ter conteúdos relevantes da sua construtora nas novas mídias.
Entre elas, site e blog próprios da construtora, divulgação no Facebook, Instagram e YouTube, anúncios no mecanismo de pesquisa do Google, entre outros. Além de anunciar o produto, também usar esses meios para estabelecer uma relação de confiança, sólida e duradoura, com sua clientela.
Cabe à equipe do marketing definir, conforme seu público-alvo, personas e metas, quais devem ser a prioridade e receber os maiores aportes de recursos.
Novos diferenciais competitivos
Certamente há outros diferenciais que podem ser implementados, mas os citados são indispensáveis como ponto de partida.
Você já deve ter percebido, aliás, a velocidade como mudam as tecnologias, como a economia às vezes parece uma montanha russa, a própria concorrência que se modifica frequentemente, entre outras variáveis.
Tudo isso gera necessidades novas, assim como pode exigir novos diferenciais competitivos. Por isso, é preciso muita atenção dos empreendedores para outras ferramentas que sejam necessárias, mais adequadas às circunstâncias que se apresentam.
Não pode faltar também o cuidado para que os diferenciais sejam relevantes para todas as áreas das empresas. Isto é, são elementos que não podem faltar na elaboração e nas avaliações do seu planejamento estratégico global.
Com as suas ferramentas bem estruturadas, trabalhando em sincronia, a companhia acumula forças para vencer seus desafios e conquistar novos espaços no disputado mercado da construção civil.
Espero que este conteúdo tenha sido útil para você. Obrigado pela leitura, até o próximo artigo!