E se eles tivessem nascido no Brasil?

Luiz Henrique Ceotto

Escrito por Luiz Henrique Ceotto

9 de junho 2017| 4 min. de leitura

Compartilhe
E se eles tivessem nascido no Brasil?

Essa semana tive um dos cursos mais inspiradores da minha vida. “The Innovator’s DNA” foi ministrado no MIT. Foram discutidos os fundamentos da formação de líderes em inovação, pauta prioritária das universidades e empresas americanas para a modernização da sua economia.
A discussão foca na “semente”, de como fazer os inovadores nascerem, crescerem e florescerem. A humanidade precisa que eles aconteçam, desde as mais simples ideias até as mais disruptivas, que acabam por se tornar fenômenos econômicos como a Apple, Microsoft, Google, Amazon, Skype, Uber, etc.
Embora essas sejam as estrelas, milhares de outras muito menores também inovadoras surgem e crescem todos os dias, gerando valor, emprego e dinamizando a economia.
Discutimos as “sementes” pois o ambiente em que elas irão crescer está naturalmente em boa evolução e cada vez mais fértil . Estudando aqui pude ver que fatores muito importantes e combinados formam um ambiente extremamente fértil para o florescimento de novas ideias e suas inovações. Capital humano, capital de risco, empresas, governo e universidades estão em sintonia para que boas ideias virem inovações. Aqui as sementes crescem e florescem!!!
Mas, e se Steve Jobs (Apple), Jeff Bezos (Amazon), Pierre Omidyar (e-Bay), Marc Benioff (Salesforce), Howard Schultz (Starbucks) e tantos outros tivessem nascido no Brasil?
Essa é uma questão que não tem me deixado em paz. Na lista de países onde floresceram nos últimos anos as ideias e inovações mais criativas, o Brasil sequer aparece.
É impossível para mim acreditar nisso…
Então o que acontece conosco?
Infelizmente a resposta é muito fácil de ser encontrada e ela está gritando em nossos ouvidos mas, não temos tido coragem de encara-lá de frente.
Como fazer florescer ideias num país com impostos que drenam 45 a 50% de todas as nossas economias para sustentar uma casta de privilegiados? Como financiar empresas iniciantes tendo um pais que gasta muito mais que arrecada e que para fechar as suas contas precisa devorar a maior parte da poupança disponível para investimento? Como pensarmos em capital de risco para startups inovadoras tendo juros de 50 a 100% ao ano porque não há competição no mercado de capitais onde o estado absorve tudo que poderia ser usado para financiamento? Como iniciarmos empresas tendo com uma burocracia regulatória imensa, extremamente cara, ineficiente e corrupta? Como fazer com que ideias possam se transformar em inovações numa cultura que acredita que para alguém ganhe e cresça, alguém tem que perder?
Somente com muito trabalho!!!
Vamos ter que amargar uma distância cada vez maior entre nós e o 1o mundo.
Às vezes não é fácil ter esperança…