Conheça a startup Kasita: Casas Sustentáveis de Jeff Wilson

Bruno Moreira

Escrito por Bruno Moreira

23 de setembro 2022| 9 min. de leitura

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Conheça a startup Kasita: Casas Sustentáveis de Jeff Wilson

Desenvolver casas de custo acessível, que sejam inteligentes, alinhadas a um estilo de vida contemporâneo, sustentáveis e que ocupem pouco espaço nas cidades. Por isso a Startup Kasita surgiu, criada por Jeff Wilson.

A sustentabilidade, vem sendo o foco do trabalho do professor Jeff Wilson, empresário, acadêmico e artista, fundador da Kasita. Sua empresa, criada em 2015, foi considerada uma das 25 companhias mais disruptivas do mundo em 2017.

Tudo começou com o estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e o filósofo grego Diógenes. O estudo mediu por vários dias o tempo gasto por membros de uma família californiana em uma casa.

Com isso, descobriu que as pessoas passavam a maior parte de seus dias em dois cômodos: a sala de televisão e a cozinha.

Já o pensador Diógenes é também conhecido por ter largado todos suas posses para morar em um barril. Assim levando a cabo a ideia de que era possível viver bem com muito menos.

Ante essas duas inspirações, o CEO e fundador da Kasita, Jeff Wilson, começou a se questionar. A dúvida era se as pessoas realmente precisavam de tanto espaço em suas casas para viver bem.

Assim, Wilson começou diminuindo o tamanho de seu escritório na universidade em que trabalhava como professor.

 

Depois, resolveu deixar o lugar em que morava no Texas, uma casa de 232 m², com quatro quartos e três banheiros. “Seria possível viver com 1% de espaço que as pessoas normalmente vivem, ter 1% do desperdício do americano médio, usando 1% das coisas?”, indagou o professor em sua palestra no Construsummit 2018.

Quem é o professor Jeff Wilson?

Saiba que a Kasita, assim como acontece com muitos negócios disruptivos, não surgiu de modo convencional.

Em 2014, Jeff Wilson, então professor de ciências ambientais na Universidade Huston-Tillotson, decidiu buscar resposta a uma pergunta bastante simples: “Quanto espaço as pessoas realmente precisam para viver confortavelmente?”.

Afinal, Wilson já havia concluído seu pós-doutorado em Harvard e estava determinado a explorar as possibilidades de um estilo de vida minimalista.

Sendo assim, ele então comprou um contêiner de 33 pés quadrados (o equivalente a pouco mais de 3 m²), do mesmo tipo usado como lixeira. 

Logo, com pequenas adaptações na estrutura, Wilson instalou o módulo no campus da universidade em Austin. E, assim, mudou-se para lá com pouquíssimos itens, incluindo alguns livros e roupas.

A experiência rendeu a Jeff Wilson mais do que o apelido de Professor Lixeira. Mostrou que, de fato, 33 pés quadrados são insuficientes para acomodar as conveniências básicas de uma residência. Afinal, o contêiner tinha cozinha, banheiro e eletrodomésticos.

Dessa maneira, o  tempo vivido na lixeira adaptada também ofereceu inspiração a Wilson! Tal experiência levou ao desenvolvimento de um modelo de habitação modular de baixo custo que passaria a ser comercializado pela startup Kasita.

Wilson resolveu então fazer um experimento. Foi morar em uma lixeira adaptada localizada no campus da universidade, com cerca de 3m². Surgiu assim o Professor Dumpster (Caçamba de lixo ou Lixeira) e o Projeto Dumpster.

A partir desse projeto, Wilson teve a ideia de criar a Kasita, startup que desenvolve e constrói micro casas modulares e inteligentes.

A lixeira adaptada onde morou por um ano contava com poucas coisas: ar condicionado, IoT para as condições climáticas e telhado deslizante.

Mas nela, Wilson tinha menos gastos, como água por exemplo, e gerava menos lixo. Além disso, o fato de viver na universidade, fez com que ele diminuísse o tempo e a distância para ir trabalhar. Logo, sobrava mais dinheiro e tempo para outras atividades. Em suma, Wilson tinha uma vida melhor.

Como são as mini casas produzidas pela Kasita?

As casas produzidas por Jeff Wilson são completas, com 350 pés quadrados (pouco mais de 32 m²). Projetadas para serem fabricadas industrialmente, podem ser transportadas em caminhões de 18 rodas.
A um custo de US$ 139 mil, as moradias contam com muito vidro para entrada de luz natural e pé-direito alto. Tais recursos ajudam a dar mais amplitude aos ambientes.
Da mesma maneira, as casas também dispõem de soluções inteligentes de armazenamento, equipamentos como lavadora e secadora de roupas, além de automação avançada.
Mais do que isso, os módulos podem ser instalados em quintais ou coberturas. Outra possibilidade é empilhar os módulos, formando apartamentos.
Se quiser saber mais sobre as casas produzidas pela Kasita no vídeo abaixo (em inglês).

Novo mercado imobiliário

Nos últimos anos, a aquisição de casas nos Estados Unidos vem caindo drasticamente. Assim, diferente do que aconteceu com seus pais e avós, os millennials (conhecidos também como geração Y) não estão comprando casas. Isso sobretudo por conta dos custos envolvidos.

Especialmente cidades densamente urbanizadas como São Francisco e Nova York vêm sofrendo com a especulação imobiliária. Logo, enfrentam um grave problema de acesso à moradia.

“Desenvolver casas de custo mais acessível é imperativo nesse cenário”, defende Wilson. Assim, ele reforça que com design, tecnologia e industrialização é possível atingir esse objetivo.

O fundador da Kasita destaca que, nessa ocasião, começou a pensar nas necessidades das pessoas nos EUA no que diz respeito à moradia. Assim, constatou que havia um mercado enorme a ser explorado.

“Nos EUA, metade de quase todos os aluguéis costuma representar mais de 30% da renda do locatório. Além disso, mais de 6 milhões de unidades habitacionais precisam ser construídas”, diz. Ao mesmo tempo, as inovações tecnológicas na construção e na engenharia civil quase inexistiram.

Wilson resolveu inovar de uma forma radical e pensou: “Por que não construímos casas como produtos?”. A inspiração para a Kasita veio da Apple, no sentido de fornecer para o usuário a melhor experiência possível. Wilson explica que a natureza da habitação tradicional é estática. As casas são feitas em torno do espaço e não do usuário. Já o produto é uma experiência.

Segundo o fundador da Kasita, o mundo está mudando e a startup quer aproveitar as novas tendências. Wilson destaca que o setor de serviços está se tornando preponderante na economia. Ou seja, que as pessoas estão mais nômades, que as informações estão sendo armazenadas na nuvem. Logo, o compartilhamento de moradias é uma tendência.

Nesse sentido, Wilson quis desenvolver uma casa com um sistema operacional interno chamado ORIENT. “A casa é inteiramente automatizada, projetada para ser exatamente como o usuário deseja e andar com ele o tempo todo, diz.

Construsummit 2019

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