Planta Hidráulica: o que é e como fazer

Gabriela Torres

Escrito por Gabriela Torres

24 de janeiro 2024| 14 min. de leitura

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Planta Hidráulica: o que é e como fazer

A planta hidráulica é um elemento fundamental na construção civil, desempenhando um papel crucial no funcionamento eficiente das instalações hidrossanitárias de edifícios. Ela não apenas mapeia a distribuição de água e esgoto, mas também desempenha um papel preventivo, evitando problemas como vazamentos e assegurando o adequado abastecimento de água em diversos pontos do imóvel.

Neste artigo, você vai compreender melhor as principais características de um bom projeto hidrossanitário, desde o entendimento básico até as considerações práticas para a elaboração de um projeto eficiente. Seja para uma residência, um escritório ou um complexo residencial, compreender a importância da planta hidráulica é o primeiro passo para garantir a funcionalidade e durabilidade das instalações.

Este conteúdo fornecerá insights valiosos sobre como criar uma planta hidráulica eficaz, prevenindo transtornos e garantindo a qualidade das instalações. Boa leitura! 

Planta hidráulica: o que é? 

A elaboração de uma planta hidráulica é um passo fundamental na Construção Civil, pois representa um guia preciso que detalha a disposição e as dimensões estratégicas de elementos essenciais para o funcionamento eficaz das instalações hidrossanitárias em edificações.

Nessa representação gráfica, são minuciosamente delineadas a posição e a interconexão de componentes como reservatórios, bombas, tubulações e redes de distribuição, abrangendo tanto o abastecimento de água quanto a coleta de esgoto, gestão de águas pluviais e tratamento de águas frias ou quentes.

Os condutores de entrada, provenientes da caixa d’água ou da rede pública, são representados, destacando-se os respectivos pontos de saída que incluem torneiras, chuveiros, vasos sanitários, piscinas, sistema de irrigação e até mesmo elementos como caixas de gordura e ralos internos ou pluviais.

A planta hidráulica não apenas visualiza a disposição física desses elementos, mas também indica estrategicamente a localização de registros intermediários, essenciais para facilitar futuras manutenções no sistema, promovendo assim a durabilidade e eficiência das instalações.

Um aspecto crucial desse projeto é a alocação estratégica da caixa d’água, que deve ser posicionada acima do restante do encanamento. Essa disposição garante a pressão necessária para um abastecimento eficiente em todos os ambientes da construção.

Tipos de instalações hidráulicas

Dentro da planta hidráulica, é crucial abranger todos os tipos de instalações hidrossanitárias necessárias para garantir o funcionamento eficaz e seguro da construção. Embora cada projeto possua suas particularidades, essas instalações geralmente se dividem em dois grupos distintos, cada um desempenhando um papel vital na infraestrutura do edifício.

São eles: 

  • Instalações de água fria/quente

As instalações de água fria e quente constituem a espinha dorsal do sistema hidráulico de uma edificação. A água fria é destinada ao abastecimento convencional, enquanto a água quente atende a demandas específicas, como chuveiros, pias de cozinha e sistemas de aquecimento. A planta hidráulica deve detalhar cuidadosamente a disposição das tubulações, pontos de distribuição e dimensionamento adequado para ambas as redes, garantindo uma oferta equilibrada e eficiente em todos os pontos de consumo.

  • Rede de esgoto

A rede de esgoto é responsável pela coleta e direcionamento adequado de águas residuais, protegendo a saúde pública e o meio ambiente. Na planta hidráulica, deve-se explicitar a disposição das tubulações de esgoto, indicando pontos de coleta em banheiros, cozinhas e outros ambientes. Detalhes como caixas de inspeção, ralos e a correta inclinação das tubulações são elementos essenciais para evitar obstruções e garantir a eficiente remoção dos resíduos.

Esses dois grupos de instalações hidráulicas são interdependentes e essenciais para o bom funcionamento de uma edificação, destacando a importância de uma abordagem detalhada e personalizada em cada projeto.

Como fazer uma planta hidráulica

A elaboração de uma planta hidráulica é uma etapa crucial no planejamento de construções, exigindo um processo meticuloso e profissional. A seguir, descreveremos um guia passo a passo para criar uma planta hidráulica eficiente, garantindo o correto funcionamento das instalações hidrossanitárias.

Passo 1: análise de layout e distribuição espacial

Para iniciar o processo, é crucial realizar uma análise detalhada do layout existente, utilizando-o como ponto de partida para prever a disposição dos pontos hidráulicos. A planta original já oferece insights valiosos sobre a localização de elementos-chave, como pias e banheiros, permitindo uma abordagem estratégica na concepção da planta hidráulica.

Passo 2: planejamento de abastecimento e saneamento

Após identificar os pontos hidráulicos, o próximo passo envolve o posicionamento preciso dos pontos de abastecimento e esgoto. Essa fase é crucial para estabelecer a base do traçado do encanamento, garantindo uma distribuição eficiente dos recursos hídricos no interior da construção.

Passo 3: estratégia para posicionamento da caixa d’água

A definição da posição da caixa d’água é uma decisão estratégica que impacta diretamente as etapas subsequentes do projeto. Esta escolha determina os trajetos que os encanamentos devem seguir entre os pontos de consumo e a rede de abastecimento. Da mesma forma, a conexão com o sistema de esgoto deve ser meticulosamente planejada para assegurar um saneamento adequado.

Passo 4: seleção de materiais para instalações hidráulicas

Com a orientação de profissionais especializados, a escolha dos materiais é uma etapa crítica. A variedade de materiais, incluindo tubos de cobre, tubos de Polipropileno Copolímero Random, CPVC e PVC convencional, demanda uma análise detalhada das necessidades específicas do projeto. Além disso, é essencial considerar a pressão local da água, influenciando na escolha do diâmetro dos tubos e na possível instalação de dispositivos para otimização do fluxo.

Passo 5: elaboração gráfica e representação técnica

A fase de representação técnica é uma parte vital do processo. A clareza visual é alcançada por meio de símbolos e legendas, tornando a planta hidráulica compreensível. Em determinados casos, representações em 2D e 3D, incluindo perspectivas isométricas, são fundamentais para comunicar eficientemente o projeto entre os profissionais envolvidos na execução da obra.

Dica extra: anote o que não pode faltar

Para que a planta hidráulica seja completa e funcional, ela deve abordar diversos elementos essenciais que asseguram o correto funcionamento das instalações hidrossanitárias. Lembre-se dos principais pontos que não podem ficar de fora:

  • Indicação de passagens e caminhos de tubulação: a representação clara e precisa dos percursos das tubulações é fundamental. Isso inclui desde a entrada principal de água até os pontos de saída. Uma planta bem elaborada deve proporcionar uma visão intuitiva das vias que conduzem a água por todo o sistema.
  • Dimensões das tubulações: a especificação correta das dimensões das tubulações é crucial para garantir o fluxo adequado de água em todas as partes do sistema. Assegurar que as tubulações estejam dimensionadas corretamente contribui para a eficiência do abastecimento, evitando problemas como baixa pressão ou restrições no fluxo.
  • Identificação de registros: a planta hidráulica deve incluir uma identificação clara e precisa de registros ao longo do sistema. Isso envolve a localização estratégica de registros intermediários, permitindo intervenções para manutenção e controle do fluxo em diferentes seções da instalação.
  • Quantitativos: incluir informações quantitativas é fundamental para o planejamento e execução adequados. Isso envolve a quantidade de tubos necessários, a capacidade dos reservatórios, e outros elementos quantificáveis que garantem a adequada provisão de água e a eficiente coleta de esgoto.

Estes são pilares essenciais que, quando devidamente abordados em uma planta hidráulica, contribuem para a funcionalidade, durabilidade e eficiência do sistema hidrossanitário em qualquer construção.

Planta hidráulica para banheiro

A planta hidráulica para banheiro deve levar em consideração alguns detalhes importantes como as medidas das tubulações para cada saída de água e muito mais. Vamos ver abaixo algumas especificações que você pode utilizar para esta área do projeto.

Registro e tubulação

Na implementação do sistema hidráulico para banheiro, considerações precisas sobre a tubulação são essenciais. Algumas orientações úteis incluem:

  • Para vaso sanitário com caixa de descarga, recomenda-se o uso de uma tubulação de ¾ de polegada, conectada à caixa d’água;
  • Em casos de vasos com válvula de pressão, opta-se pelo tubo de 1 e ½ polegada;
  • Para outros componentes do sistema, como pia do banheiro, lavatório e bidê, a tubulação pode variar entre 3/4″ e 1/2″, proporcionando flexibilidade no dimensionamento;
  • No caso do chuveiro, pode ser necessária a redução da tubulação para garantir uma pressão adequada, permitindo que o equipamento atue tanto como chuveiro quanto como ducha.

Tubos de esgoto e ralos

Além da tubulação discutida anteriormente, é imprescindível abordar a tubulação de esgoto e os tipos de ralos para banheiro. A instalação desses tubos, especialmente os do piso, deve ocorrer antes do acabamento, assegurando uma integração adequada com pisos, porcelanatos e revestimentos.

  • A conexão desses tubos aos ralos sifonados é vital para evitar a propagação de odores indesejáveis provenientes do esgoto.
  • Recomenda-se uma camada de pelo menos 8 cm de concreto magro sobre o chão, formando o contrapiso.
  • O uso de tubos de 100 mm é apropriado para o vaso sanitário, enquanto o caimento correto deve ser garantido para o escoamento eficiente da água.

Alturas recomendadas para itens hidráulicos

No momento da instalação de itens hidráulicos, como pias e similares, respeitar regras específicas de altura em relação ao chão é essencial. Algumas destas recomendações incluem:

  • A altura sugerida para o vaso sanitário é de aproximadamente 30 cm, proporcionando uma disposição ergonômica e funcional em relação ao piso finalizado.
  • Em relação à banheira, recomenda-se uma altura de cerca de 50 cm, buscando conciliar conforto e acessibilidade no momento do uso.
  • Para o lavatório, a sugestão é de aproximadamente 60 cm de altura, visando uma disposição equilibrada e prática para as atividades cotidianas de higiene pessoal.
  • O bidê, por sua vez, é indicado a uma altura de aproximadamente 15 cm, promovendo uma posição adequada para seu uso eficiente e confortável.
  • Quanto ao chuveiro, as alturas recomendadas variam entre 210 e 239 cm, assegurando uma abrangência que se adapte às diferentes estaturas dos usuários, promovendo uma experiência de banho personalizada.
  • Por fim, a descarga comum é sugerida a uma altura de 120 cm, considerando o piso finalizado, para garantir uma acessibilidade eficaz e uma operação ergonômica deste elemento hidrossanitário.

Observação: essas alturas são consideradas levando em conta o piso já finalizado; ao realizar a instalação antes do acabamento do piso, é prudente adicionar 5 cm aos valores mencionados acima. A atenção especial às conexões das tubulações na parede é crucial para evitar infiltrações e garantir a durabilidade do sistema hidráulico.

Planta hidráulica para prevenir problemas

Sabemos que muitos dos problemas encontrados em construções, como o retorno de odores desagradáveis por exemplo, estão associadas a falhas nos sistemas de água e esgoto. Quando necessitam de reparos, acabam se tornando intervenções inconvenientes, dispendiosas e demoradas, acarretando potenciais riscos à saúde dos moradores.

A verdade é que corrigir as falhas no sistema hidráulico acaba saindo muito mais caro do que investir em um projeto bem executado, que envolva profissionais qualificados e a utilização de materiais de alta qualidade.

Possuir uma planta hidráulica bem elaborada não apenas aprimora a eficiência da residência no que diz respeito ao abastecimento de água e ao tratamento de resíduos, mas também serve como um mecanismo preventivo contra possíveis contratempos.