Como gerar mais competitividade no mercado de média e pequena construtora por meio de práticas de sustentabilidade

De tempos em tempos, as empresas têm que se reinventar e, nessa onda de melhorias, a sustentabilidade na construção civil como vantagem competitiva veio para ficar. A sustentabilidade corporativa, se trabalhada de forma a gerar valor para as pequenas empresas de construção civil, pode ser uma nova forma de estimular a inovação e, mesmo, de se manter no mercado. Segundo relatório do Sebrae Nacional, existem aproximadamente 12 milhões de micros e pequenas empresas (MPEs), que empregam 15,6 milhões de trabalhadores no Brasil. A taxa de sobrevivência desses empreendimentos com até dois anos passou de 73,6% para 75,6%. Com este tímido crescimento, o setor ainda enfrenta muitas baixas e cerca de 25% das empresas ainda não conseguem ser autossustentáveis.

Mais do que nunca, é interessante avaliar o interesse cada vez maior do cliente pelo assunto sustentabilidade e ficar atento a este novo perfil de consumo. Já é um fato que muitas pessoas têm dado preferência por produtos e serviços feitos a partir de práticas economicamente viáveis, com preocupação social e ambiental. Em decorrência desse consumo consciente, as médias e pequenas empresas já  estão se adaptando  de forma a atender a legislação e a demanda do mercado. É o que confirma a sondagem feita pelo Sebrae com cerca de 3,9 mil empresários desse segmento.

Os serviços de construção civil não estão imunes a essa mudança no mercado. Conforme pesquisa realizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), é possível notar que o consumidor brasileiro está cada vez mais exigente sobre as inovações nos serviços de construção civil e disposto a pagar mais desde que o produto beneficie o consumo consciente.

Outro levantamento feito pelo Instituto Akatu aponta que 89% dos brasileiros que responderam a pesquisa, preferem empresas cujos produtos tenham selo de produção ambiental.

Isso porque, a humanidade já consome, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, cerca de  30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da Terra. Se os padrões de consumo e produção se mantiverem nesse ritmo, em menos de 50 anos serão necessários dois planetas para atender nossas necessidades de água, energia e alimentos. Não é preciso dizer que esta situação certamente ameaçará a vida no planeta e se torna papel do ser humano, tanto como fornecedor de serviços ou enquanto cliente.

Competitividade por meio da sustentabilidade na construção civil

Além dos aspectos socioambientais, a sustentabilidade na construção civil é um assunto com grande relevância também financeira. O desafio é competir em um cenário de transformações onde é preciso gerar de forma consistente a percepção de oferta de produtos e serviços sustentáveis e competitivos, de forma a atrair investidores e clientes.

A dimensão econômica da atuação sustentável consiste em que as médias e pequenas empresas de construção possam gerar lucros ao mesmo tempo em que seguem um planejamento identificando pontos fortes e corrigindo pontos fracos, com o objetivo de crescimento da lucratividade, mas sempre considerando as questões sociais e ambientais.

O Portal Jus Brasil apresenta indicadores como o Ethos, GRI ou o Ise que relatam os índices que a empresa registra em seu balanço sustentável. E o que esse balanço faz é validar esses indicadores. Custos com mão de obra, carga tributária (simples nacional) sobre as operações da empresa, demanda pelos produtos/serviços, importância da concorrência nas atividades da empresa e os investimentos para o desenvolvimento da comunidade são alguns dos vários pontos analisados e que ilustram a necessidade das médias e pequenas empresas de construção adotarem uma política sustentável em seu negócio.

Como tornar sustentável minha empresa de construção?

É importante repensar os processos da média e pequena empresa a todo instante e procurar caminhos para tornar o negócio mais sustentável. Nesse sentido, é possível conseguir certificações sustentáveis para os projetos. Para alcançar este objetivo devem ser levadas em consideração algumas ações no canteiro de obras. A implementação de soluções eficientes como reaproveitamento de materiais e reciclagem de resíduos, você pode ler no ebook 6 passos para tornar pequenas empresas de construção mais competitivas

Mas também é importante estar atento a outras formas de diferenciar sua construtora das demais pensando e pondo em prática aspectos ecologicamente sustentáveis, segundo orientações do Ministério do Meio Ambiente:

  • Edificação: É importante fazer a adequação do projeto ao clima do local, minimizando o consumo de energia e otimizando as condições de ventilação, iluminação e aquecimento naturais. Além disso, voltar a atenção para a orientação solar adequada, evitando a repetição do mesmo projeto em situações diferentes, utilização de coberturas verdes e a suspensão da construção do solo, a depender do clima.
  • Energia: A recomendação é o uso do coletor solar térmico para aquecimento de água, de energia eólica para bombeamento de água e de energia solar com possibilidade de levar o excedente para a rede pública.
  • Água e esgoto: É interessante levar em consideração a coleta e utilização de águas pluviais, assim como a possibilidade de dispositivos que gerem economia e reuso de água, tratamento adequado de esgoto no local e, quando possível, o uso de banheiro seco.
  • Áreas externas: Pensar em estratégias a fim de valorizar os elementos naturais e o uso de espécies nativas, assim como incluir no projeto alguns espaços para produção de alimentos e compostagem de resíduos orgânicos. No processo de construção, vale pensar no uso de reciclados para a pavimentação.

Serviços de construção civil sustentáveis trazem mais destaque

Diante do notável crescimento deste cenário, é inevitável o aumento no número de empresas que está reconhecendo que há oportunidades a serem exploradas com a implementação de projetos de responsabilidade socioambiental e que isso vai além dos resultados no faturamento da empresa. Ao melhorar esses processos, ganhar eficiência, gerenciar riscos e trabalhar em busca de inovação, as pequenas empresas de construção, além de contribuir com a sociedade, poderão gerar valor frente ao mercado, investidores e acionistas, ou seja, mais competitividade no mercado.

Também há incentivo por parte do Governo. Em São Paulo, por exemplo, o entulho gerado por construções, demolições e pequenas reformas em prédios ou residências, que são jogados de maneira ilegal em avenidas, ruas e praças, têm gerado sérios problemas ambientais para a cidade. Para combater esse problema, a Prefeitura de São Paulo está aumentando a oferta de áreas nomeadas Ecopontos para o descarte regular dos resíduos da construção e demolição de pequenos geradores, além de facilitar e incentivar a reciclagem desses materiais.

Além disso, o Governo Federal tem trabalhado com incentivos fiscais para empresas que adotarem projetos sustentáveis. Os benefícios podem ser aplicados no formato de redução ou isenção de impostos, doação de terrenos, tributação aplicada conforme critérios ambientais e maior repasse de verba para municípios que investem em sustentabilidade.  

Com base nisso, é possível afirmar que construir com foco na preservação do meio ambiente e na responsabilidade social é uma prática que pode agregar valor aos produtos e serviços das médias e pequenas empresas de construção civil e ajudá-las a se destacar por trabalhar de forma sustentável entregando qualidade para o cliente, para a natureza e para a sociedade. Os novos padrões sustentáveis de produção adquirirem status de diferenciais competitivos com grandes chances de crescimento para as empresas que os adotarem.