Você sabe muito bem o quanto é complicado manter em dia as finanças de uma empresa, ainda mais num setor tão sensível a instabilidades como a Construção Civil. Devemos concordar, então, que é necessário usar todos indicadores possíveis, como a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), para manter o seu equilíbrio financeiro.
Juntamente com outras ferramentas de análise, a DRE mostra a situação das contas da construtora ou incorporadora e permite a tomada de decisões com mais segurança. Isto é ainda mais importante num momento em que qualquer passo em falso pode complicar a sustentabilidade dos empreendimentos.
Afinal , o cenário econômico ainda é muito instável no País. A recuperação da economia que se esperava ano passado não se concretizou e o PIB da Construção Civil não cresceu.
Mas há uma boa notícia: temos uma expectativa positiva, de leve crescimento em 2019, e sua empresa precisa estar ajustada para aproveitar essa onda positiva e crescer também.
Tenho mais algumas informações importantes para você sobre isso, veja a seguir.
Previsão do Sinduscon-SP
O Estado de São Paulo publicou que o Sinduscon-SP, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), prevê um crescimento de 2% do PIB do setor em 2019:
“Se a estimativa se confirmar, representará o fim de um ciclo de cinco anos de quedas consecutivas no nível de atividade do setor. O PIB da construção encolheu 28% entre os anos de 2014 e 2018. No acumulado dos últimos 12 meses até novembro de 2018, a baixa estava em 2,3%.”
Esta perspectiva tem como base uma projeção de crescimento de 2,5% do PIB do País neste ano. Na construção, a expectativa é de início das obras dos empreendimentos residenciais lançados ano passado, aquecendo o setor.
O setor vê também, como fatores positivos, a retomada dos lançamentos e vendas de imóveis, a redução dos distratos, a expansão dos financiamentos e o aumento na confiança de empresários e consumidores.
Agora, vamos ver como você pode avaliar com segurança a situação da sua empresa e se planejar para ganhar mercado neste cenário mais otimista.
Principais indicadores
Uma boa gestão financeira dos negócios começa pelo uso de indicadores estratégicos para controlar as finanças, tomar decisões, identificar e corrigir problemas.
Dentre eles, não perca nunca de vista os seguintes parâmetros:
1- Fluxo de caixa;
2- Balanço patrimonial;
3- Demonstração do Resultado do Exercício;
São ferramentas que se complementam e são indispensáveis para você ter um diagnóstico realista da sua empresa. Não deixe nunca de monitorar esses dados.
Vamos falar rapidamente dos dois primeiros indicadores:
Fluxo de Caixa
É o mais conhecido de todos, refere-se ao fluxo do dinheiro no caixa da empresa. Isto é, o montante de recursos recebido e gasto por uma empresa durante um período de tempo definido.
Algumas vezes ele está ligado a um projeto específico. Não há maiores dificuldades na sua elaboração para as empresas que possuem os controles financeiros bem organizados. Deve ser utilizado habitualmente para controle e, principalmente, como instrumento na tomada de decisões.
No entanto, o fluxo de caixa mal feito traz vários problemas, como o vencimento dos pagamentos quando o caixa da empresa está desfalcado. Quando isso ocorre, a empresa se vê, na maioria das vezes, obrigada a contrair empréstimos para não ficar em débito com fornecedores.
Patrimônio Líquido
Já o balanço patrimonial apresenta os ativos (bens e direitos), os passivos (exigibilidades e obrigações) e o Patrimônio Líquido, que é o resultado da diferença entre o total de ativos e o total de passivos.
O Patrimônio Líquido representa, em resumo, a liquidez da empresa e o valor contábil devido pela pessoa jurídica aos sócios ou acionistas.
Ou seja:
Patrimônio Líquido = Ativo – Passivo
Agora vamos à DRE, que você precisa conhecer mais detalhadamente e ficar mais atento aos seus números.
Ferramenta para análise da lucratividade
“O demonstrativo de resultados é uma importante ferramenta para analisar a lucratividade do empreendimento, cabe ao gestor saber entender e avaliar”, ressalta o analista do Sebrae Johnny Vanderson Leal Vasquez.
Em outras palavras, a DRE é fundamental porque oferece uma síntese financeira dos resultados operacionais e não operacionais de uma empresa em certo período.
Ela evidencia a formação do resultado líquido. Apresenta alterações num período que aparecem no confronto das receitas, custos e resultados, que são apurados segundo o Regime de Competência.
Regime de Competência x Regime de Caixa
Vale lembrar que no Regime de Competência o registro dos eventos (vendas, custos, despesas, etc) acontece na data em que aconteceram. Isto é, a contabilidade faz a sua anotação na data do fato gerador, não importando quando é pago ou recebido.
Para entender a diferença, no Regime de Caixa é o contrário, os documento são registrados apenas na sua data de pagamento ou recebimento, efetivamente.
Por exemplo:
Se uma empresa tem a receber R$ 100 mil em seis parcelas, de janeiro a junho, o Regime de Competência vai fazer um registro de R$ 100 mil em cada um desses meses. Já o Regime de Caixa só vai anotar as parcelas nos meses em que elas forem efetivamente pagas. Se o cliente atrasar algum mês, não vai constar registro nenhum do valor nessa data.
Reforçando, é com base no Regime de Competência que se elabora a DRE.
Agora, antes de continuar, deixe eu apresentar uma importante sugestão para você, o nosso ebook Guia de Contabilidade na Construção Civil. Ele contém um roteiro detalhado da contabilidade voltada para o setor e como construtoras e incorporadoras podem otimizar seus processos e tirar vantagem dela.
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Como fazer a DRE
Embora sejam elaboradas anualmente para fins legais de divulgação, em geral as demonstrações são feitas mensalmente para fins administrativos e, trimestralmente para fins fiscais.
A legislação que regula a DRE não deixa margem para personalização desse relatório contábil, ela aponta os vários tópicos que devem ser discriminados em tal demonstrativo.
Então, para se apurar o lucro que a empresa adquiriu no período, devem estar indicadas na DRE:
- As receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da, sua realização em moeda;
- Os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.
Vou especificar para você o que não pode faltar numa DRE, o que precisa ser bem detalhado. É bom lembrar sempre de que isso se trata de uma norma legal, são itens obrigatórios.
Itens que não podem faltar na DRE
De acordo com a Lei nº 6.404, de 15/12/1976 – a Lei das Sociedades por Ações, as empresas deverão discriminar na Demonstração do Resultado do Exercício:
- A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;
- A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias vendidas e serviços prestados e o lucro bruto;
- As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
- O lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;
- O resultado do exercício antes do Imposto de Renda e a provisão para tal imposto;
- As participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistências e previdência de empregados;
- O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.
Realidade financeira das construtoras
A correta elaboração e interpretação da DRE é uma decisiva para a vida financeira das construtoras e de qualquer empresa. Por meio da DRE podem ser diagnosticados muitos problemas, tão logo surjam, para que sejam tomadas as medidas necessárias.
Por isso, quanto mais detalhes sobre a operação, mais próximo estará esse documento da realidade financeira do negócio. Muito cuidado na apuração e transcrição dos dados que vão constar na sua elaboração.
Conforme o Sebrae, uma estrutura resumida da DRE seria a que segue:
Receita Bruta:
- (-) Deduções e abatimentos
- (=) Receita Líquida (1)
- (-) CMV (Custos de mercadorias vendidas)
- (=) Lucro Bruto (2)
- (-) Despesas com Vendas
- (-) Despesas Administrativas
- (-) Despesas Financeiras
- (=) Resultado Antes IRPJ CSLL (3)
- (-) Provisões IRPJ E CSLL
- (=) Resultado Líquido (4)
De forma simplificada, o resultado do exercício pode ser apurado em 4 etapas, sendo que o Resultado Líquido é o valor que deve ser identificado ao final do processo.
Passo 1: Obter a Receita Líquida
Na primeira linha da DRE é apresentada a Receita Bruta de Vendas e dela são deduzidas as devoluções de vendas, os abatimentos, os descontos comerciais cedidos e os impostos.
A esse resultado dá-se o nome de Receita Líquida de Vendas.
Passo 2: Obter o Lucro Bruto.
Dessa Receita Líquida, deduz-se o custo das mercadorias e dos serviços vendidos, chegando-se ao Lucro Bruto;
Passo 3: Obter o Resultado Operacional Antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro
Do Lucro Bruto, subtraem-se todas as despesas operacionais, financeiras, operacionais, gerais e administrativas. Inversamente, acrescentam-se aí as receitas operacionais e, então, chega-se ao Lucro (ou Prejuízo) Operacional Líquido.
Passo 4: Obter o Resultado Líquido do Exercício.
A partir deste resultado, serão acrescentados (ou dele deduzidos) os resultados não operacionais, tais como as participações de debenturistas, empregados, administradores, partes beneficiárias, etc.
Chega-se então ao Lucro Líquido do Exercício (LLE), que é o objetivo final de toda DRE.
Utilização da DRE na gestão da construtora
A DRE permite fazer a análise horizontal e vertical dos resultados da empresa.
Na análise horizontal, as receitas e as despesas são analisadas no tempo, no decorrer dos meses e períodos, para identificar como se deu sua evolução. Podem ser comparadas, por exemplo, receitas e despesas do primeiro trimestre deste ano com o mesmo período do ano passado.
Isto feito ao longo dos anos vai apontar padrões e pontos fora da curva que demonstram pontos fortes e fragilidades do seu negócio.
O interessante dessa análise é entender a evolução tanto dos ganhos quanto dos gastos.
Já na análise vertical são feitas comparações de contas de acordo com seus grupos de despesas e receitas. Assim, pode-se compreender quanto representa uma despesa com certos materiais ou serviços e o impacto no total de despesas.
Um determinado custo muito elevado ou uma receita abaixo do esperado requerem providências.
A combinação dessas análises, horizontal e vertical, mostra tendências e projeções que poderão auxiliar a empresa na sua organização e planejamento.
Como já foi referido, o DRE deve ser combinado com outros documentos, como o Balanço Patrimonial, para permitir uma análise completa do resultado econômico da empresa.
Documento gerencial
Portanto:
A correta elaboração e interpretação da Demonstração do Resultado do Exercício é um trabalho decisivo e fundamental para a vida financeira das empresas. Não subestime essa ferramenta.
Isto significa que ela não deve ser vista apenas como um relatório contábil ou uma mera obrigação legal. Ela deve ser principalmente um documento gerencial, tão importante ou mais que o contábil.
A DRE permite que você faça a leitura financeira do seu negócio de forma eficiente e rápida, fazendo as intervenções necessárias para a manutenção da sua sustentabilidade.
Espero que você tenha gostado do nosso conteúdo. Caso precise de mais esclarecimentos, faça contato conosco, será sempre um prazer ajudá-lo.
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