Arquitetura verde: aumentando a eficiência energética das edificações

Tomás Lima

Escrito por Tomás Lima

7 de dezembro 2017| 10 min. de leitura

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Arquitetura verde: aumentando a eficiência energética das edificações

A arquitetura verde tem grande importância para a sustentabilidade do planeta. Para entender por quê, veja agora o impacto ambiental da Construção Civil:

Em âmbito mundial, esse setor da economia é responsável*:

  • pelo consumo de 40% da energia;
  • pela extração de 1/3 dos recursos naturais;
  • pela emissão de 1/3 dos gases de efeito estufa;
  • pela utilização de 12% da água potável;
  • pela geração de 40% dos resíduos sólidos.*Dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente, Iniciativa para Edifícios Sustentáveis e Clima – SBCI (Sustainable Building and Climate Initiative -SBCI)Dessa forma, a relevância de projetos arquitetônicos que apresentam soluções sustentáveis para as edificações novas e antigas fica evidente. Neste post, conheceremos algumas dessas soluções. Acompanhe!

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O que é arquitetura verde?

A arquitetura verde, também chamada de arquitetura sustentável, busca projetar edificações integradas da melhor forma possível ao meio ambiente. Ela apresenta alternativas para reduzir o impacto ambiental dos empreendimentos com base nos seguintes princípios:

  • diminuição da extração de recursos naturais;
  • redução do consumo de energia elétrica;
  • utilização de fontes alternativas de energia (solar, eólica, biomassa, etc);
  • uso de materiais ecológicos e reciclados;
  • redução, reutilização e reciclagem dos resíduos sólidos;
  • preservação e cultivo de áreas vegetadas e permeáveis;
  • uso racional, captação e reutilização da água da chuva e das águas servidas;
  • sistemas elétrico e hidráulico-sanitário ecoeficientes para diminuir os custos operacionais e de manutenção.

A seguir, conheceremos dois conceitos que podem ser enquadrados na arquitetura verde: a norma Passivhaus e a arquitetura bioclimática. Ambos visam aumentar a eficiência energética das edificações.

 Casa Passiva

A norma Passivhaus, ou Casa Passiva, é uma estratégia para a construção de casas sustentáveis. Foi criada em 1988, pelo sueco Bo Adamson e pelo alemão Wolfgang Feist. Tem como princípios o aproveitamento da climatização natural para proporcionar conforto térmico e geração de energia por meio de fontes alternativas. Em climas frios, as casas passivas podem reduzir em até 85% o consumo energético.

Em princípio, uma casa passiva não necessita de sistemas de refrigeração ou aquecimento. A razão disso é a utilização de materiais de alta qualidade térmica, o aproveitamento das fontes de calor dos aparelhos eletrodomésticos e o controle da ventilação.

A primeira casa passiva foi construída em 1991 (foto abaixo), na cidade de Darmstadt, na Alemanha.

(Fonte: GenitronSviluppo)

 

 

 

 

Criada inicialmente para países de clima frio, a norma Passivhaus foi expandida para países de clima temperado e quente.

5 princípios básicos da Casa Passiva (Passivhaus):


1-
Isolamento térmico: o isolamento térmico exigido em uma casa passiva é muito maior do que o das construções tradicionais. Paredes, telhado, piso e esquadrias bem isolados evitam a perda de energia, contribuindo para o conforto térmico dos usuários e evitando gastos com sistemas de climatização.

Transmitância térmica da envolvente opaca (paredes, pisos e coberturas)

Climas frios – U de 0,15 W/(m²K)

Climas  quentes – U de 0,30 W/m²K


2 – Esquadrias eficientes:
a norma indica a instalação de janelas com vidros duplos ou triplos, além de portas com bom isolamento térmico e acústico.

Vidros triplos – U de 0,8 W/m²K (0.85W / m2K instalado).

Climas quentes – vidros duplos


3 – Ventilação mecânica:
o conceito de casa passiva prevê sistemas de ventilação que possibilitem a recuperação de até 75% do calor do ar de exaustão.

Ventilação mecânica controlada (VMC) com  eficiência de recuperação de, no mínimo, 75% do calor.


4 –
Estanqueidade:  a falta de estanqueidade ocasiona a infiltração de ar por rachaduras ou lacunas na construção. Esse problema é responsável por grande parte da perda de calor de um edifício, pois permite que o ar quente seja sugado para fora e o ar frio entre, ou vice-versa. A Passivhaus prevê que, desde a concepção até a construção da obra, sejam adotadas medidas para garantir o isolamento eficiente da edificação.

Para garantir a estaqueidade, o resultado do teste de pressão deve ser inferior a 0,6 h-1, a uma pressão de 50 Pascais.  


5- Correção de “pontes térmicas”
: as pontes térmicas são pontos da edificação nos quais, a devido à capacidade de isolamento térmico deficiente, ocorre troca de frio ou calor do ambiente externo para o interno. Isso geralmente acontece quando a camada de isolamento das paredes, telhados, piso e esquadrias é penetrada por materiais condutores de calor. A norma Passivhaus prevê que essas pontes térmicas sejam eliminadas com o uso de materiais com bom isolamento térmico. 

Devem ser evitadas ou minimizadas na medida do possível.

Psi (Ψ) de ≤ 0,01 W/m²K


Veja o vídeo produzido pelo Passive House Portugal sobre os princípios para a construção de uma casa passiva (áudio em inglês, legendado em português)

Arquitetura bioclimática

A arquitetura bioclimática visa adequar o projeto arquitetônico às condições climáticas de cada local. A ideia é aproveitar a luz solar, os ventos, a chuva e a vegetação como forma de diminuir o consumo de energia elétrica e aumentar o conforto térmico dos usuários.

A orientação espacial do projeto arquitetônico de uma casa bioclimática é definida de acordo com a incidência da luz do Sol e dos ventos.

Veja alguns dos princípios da arquitetura bioclimática:

Luz do Sol

Em locais frios, o calor do Sol é utilizado para aquecer o ambiente. Já em locais quentes, as altas temperaturas podem ser amenizadas posicionando a construção de forma que a incidência solar seja menor. Além disso, as janelas necessitam ter a posição, o tamanho e a transparência adequados para aproveitar ao máximo a iluminação natural.

Ventilação

As casas bioclimáticas aproveitam a direção e a ação dos ventos, bem como a posição de janelas e corredores, para promover a circulação de ar. 

Vegetação

A existência de áreas vegetadas, além de diminuir alagamentos e melhorar a qualidade do ar, combate as ilhas de calor urbanas. Áreas arborizadas podem apresentar temperatura até 10 graus Celsius menor do que áreas sem vegetação.

Materiais 

Os materiais para paredes, pisos, vedações e cobertura devem possui inércia térmica, isto é, capacidade de transferir o calor entre o ambiente externo e o interno.

Além disso, é recomendado utilizar cores claras nas fachadas e coberturas. Telhados brancos refletem até 90% do calor do Sol, reduzindo em até  6ºC a temperatura dos edifícios (fonte: Laboratório Lawrence Berkeley).

Outro benefícios dos telhados brancos é aumentar o tempo de vida útil da cobertura.

Assista ao vídeo produzido pelo canal Casa Report sobre o projeto de uma casa bioclimática em Portugal:

Edifícios doentes

Os princípios da arquitetura bioclimática são um ótimo aliado para combater a Síndrome do Edifício Doente (SED), conceito reconhecido pela  Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1982. Ao criar edificações naturalmente bem iluminadas e ventiladas, a arquitetura bioclimática contribui para garantir a salubridade da construção.

Em edifício novos, a SDE pode ser temporária. Nesse caso, pode ser causada pelo material particulado oriundo dos trabalhos de construção ainda estar suspenso no ar.

Em edifícios antigo, o problema pode ocorrer em função da proliferação de bactérias, fungos, vírus e protozoários. Entre as causas, encontram-se má ventilação, erros no projeto, falta de manutenção do sistema de climatização ou uso de filtros ineficientes. 

A SDE pode provocar alergias, tosse seca, coriza, dor de cabeça e garganta, irritação nos olhos e até insuficiência respiratória.

Conclusão

Neste post, vimos algumas formas de diminuir o consumo energético nas edificações com base na arquitetura verde. Podemos perceber que a busca do equilíbrio com a natureza gera soluções viáveis e extremamente econômicas em longo prazo.

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