Comunicação assertiva na construção: como falar melhor e influenciar pessoas

Grasiele Hoffmann

Escrito por Grasiele Hoffmann

26 de setembro 2022| 10 min. de leitura

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Comunicação assertiva na construção: como falar melhor e influenciar pessoas

A comunicação é uma ferramenta indispensável para a construção de relacionamentos fortes e engajamento das equipes de trabalho. Quando as ideias são transmitidas de forma transparente, empática e objetiva, os times ficam mais engajados e se obtém uma comunicação assertiva na construção civil.

Projetos de construção civil são trabalhos coletivos em que todos os elos são importantes para o sucesso. Por isso, não se deve subestimar a importância de uma comunicação assertiva, efetiva e acolhedora nos canteiros.

Imagine os impactos de um gestor de obras que tem dificuldades para se comunicar com sua equipe. Quando mensagens são transmitidas com ruídos, ficam difíceis de entender. No canteiro, isso pode comprometer o andamento da obra, impactando negativamente fatores como qualidade, prazo e orçamento do projeto. 

As relações interpessoais saudáveis e eficientes prezam pela boa comunicação. Por isso, quem lidera equipes precisa saber se comunicar bem. Nessa função, competência técnica não é suficiente.

Não basta ser bom, tem que parecer bom

Para uma comunicação assertiva na construção, não basta somente ter domínio do conteúdo que está em sendo discutido.

Com frequência, pessoas com amplos conhecimentos transmitem informações de forma confusa quando tentam se alongar demais. Por outro lado, o excesso de objetividade também pode ser um problema.

Dessa forma, os ruídos de comunicação são uma grande pedra no sapato no mundo corporativo. Algumas causas de ruídos na comunicação são:

  • Desalinhamento de informações
  • Reuniões improdutivas
  • Falta de clareza
  • Falta de comunicação entre equipes
  • Falta de feedback
  • Pressa e impaciência
  • Dificuldade em ouvir

Diante disso, a fonoaudiologia empresarial Débora Brum explica o que é a comunicação assertiva e indica maneiras de aprimorar a sua comunicação, tornando-a mais efetiva, compreensível e influente. Débora tem 17 anos de experiência na área e é sócia-diretora da Comunicativa. Confira as dicas a seguir, mas, antes, vamos entender como a comunicação lida com conflitos.

Como a comunicação lida com conflitos

As melhores equipes são compostas por pessoas diferentes entre si. Cada profissional tem o seu próprio jeito de ser. Com isso, os indivíduos levam a bagagem de vida, suas experiências e valores para o ambiente de trabalho. Essa diversidade é fundamental para times de alta performance.

Contudo, ao mesmo tempo em que é importante, a diversidade também é desafiadora. A convivência entre ideias divergentes nem sempre é fácil. Naturalmente, as diferenças vão gerar conflitos. Só que conflitos não são necessariamente negativos, pois criam inovações e encontram soluções.

A questão é: como lidar com esses conflitos? 

Tipos de comunicação

Há diferentes comportamentos referentes à comunicação. As pessoas transitam entre eles, a depender da situação em que se encontram. São:

  • Passividade: envolve preocupação excessiva com o interlocutor (o que ele pensa), o desejo excessivo de ser aceito, a dificuldade de impor limites e a postura omissa. 
  • Agressividade: impõe ideias, não exerce a empatia, falta consideração pelos outros, não escuta o que o interlocutor diz, usa palavras rudes e tom de voz agressivo. 
  • Passivo-agressiva: utiliza de ironia, sarcasmo, deboche, indiretas e cinismo.
  • Assertividade: sinceridade e transparência se aliam ao respeito e à empatia. Há atenção com os interlocutores. Clareza e objetividade eliminam ruídos. Há controle sobre palavras, tom de voz e linguagem corporal. 

6 dicas e estratégias de comunicação assertiva na construção

Confira, portanto, 6 dicas de Débora Brum para aplicar a comunicação assertiva na construção civil!

1. Exercite a inteligência emocional

O primeiro ponto para lidar com as emoções é aprofundar o autoconhecimento. Então, para isso, reflita: o que te tira do sério? Quais situações lhe causam desconforto? O que causa indignação, raiva e impaciência?

Assim, aprofundar esse conhecimento é imprescindível para reagir melhor a tais circunstâncias. Isso é executado pelo autocontrole.

Por isso, descubra suas estratégias para se acalmar e acionar o lado racional do cérebro. Cada pessoa terá seus próprios métodos. E lembre-se: não é necessário dizer tudo o que se pensa.

2. Coloque-se no lugar do outro

Sem empatia, a comunicação se enche de ruído. Assim, o entendimento é fruto da sintonia entre os interlocutores. Por isso, a empatia deve ser exercitada diariamente.

Em resumo há três tipos de empatia:

  • Empatia cognitiva: capacidade de entender o pensamento e o ponto de vista do outro. Ao entender a motivação dos membros da equipe, o gestor poderá melhorar o engajamento.
  • Empatia afetiva: capacidade de identificar as emoções alheias. Entendendo qual é o estado emocional das pessoas, é possível dar uma resposta adequada à situação.
  • Empatia compassiva: é a sensibilização perante a situação que outra pessoa passa, de forma a oferecer suporte a ela. 

Então, para exercitar a empatia, é necessário ter interesse genuíno pelas pessoas. Afinal de contas, elas são fundamentais para o desenvolvimento dos projetos.

3. Mantenha uma escuta ativa

Na comunicação, deixe o seu interlocutor concluir o raciocínio antes de dar respostas ou argumentar. Escutar antes de falar ajuda a desvendar insatisfações e incompatibilidades e encontrar soluções para contorná-las. 

Antes de falar, assegure que você compreendeu bem a mensagem que o seu interlocutor está tentando transmitir. Por esse motivo, não finja que está ouvindo e evite interromper a fala de outras pessoas.

Mentalmente, também há cuidados a se tomar. Por exemplo: não tire conclusões antes de terminar de ouvir o que a outra pessoa tem a lhe dizer. Muito menos discorde mentalmente de antemão daquilo que está ouvindo.

Por fim, demonstre que está prestando atenção. Olhe nos olhos de quem está se comunicando e não mexa no celular ao mesmo tempo em que está ouvindo outra pessoa.

Para ser um bom ouvinte, tenha paciência, interesse e atenção pela mensagem. Além disso, exercite a interpretação do que foi dito. Isso pode ser feito por meio de perguntas a fim de elucidar dúvidas e eliminar chiados. Questões abertas dão maior margem para clareza nas respostas.

4. Comunique com clareza e objetividade

O cérebro tende a especular diante de informações incompletas. Dessa forma, pode gerar dissonâncias entre o que uma pessoa quer dizer e o que a outra, de fato, entende.

Ou seja, a dubiedade na comunicação resulta em interpretações imprecisas e abre margem para diferentes compreensões. 

Há três elementos que ajudam a evitar que isso aconteça. É a fórmula S.E.R. Esse princípio define que a comunicação tem que ser:

  • Sucinta: não seja prolixo. O excesso de informações e pormenores causa desinteresse nos interlocutores. Portanto, vá direto ao ponto e só entre em detalhes quando for necessário.
  • Específica: seja preciso na comunicação, a fim de evitar aberturas para interpretações equivocadas. Não use termos vagos e subjetivos. Ou seja: em vez de pedir algo “com urgência”, dê uma data específica para a conclusão da tarefa, por exemplo. Dados e fatos são aliados da comunicação assertiva.
  • Relevante: as pessoas se engajam quando enxergam a relevância dos projetos. Por isso, é importante apontar fatores como importância, impactos, benefícios, vantagens e propósitos de uma tarefa.

5. Use linguagem positiva

As palavras podem tanto ajudar quanto atrapalhar. Por isso, busque explorar os aspectos positivos da linguagem. Em vez de “resolver problemas”, opte por “buscar soluções”. 

A linguagem positiva auxilia a aumentar o engajamento das equipes, melhora a colaboração e, ainda, enfraquece resistências. Por isso, o conceito tem grande utilidade na hora de dar feedbacks. 

6. Domine a linguagem não-verbal

A linguagem corporal tem um impacto enorme na comunicação. As movimentações corporais e as expressões faciais são mais impactantes do que o sentido das palavras. Para demonstrar confiança, você precisa colocar o corpo para atuar em seu favor. 

Elementos que impactam a linguagem não-verbal são:

  • Gestos
  • Olhar
  • Postura 
  • Expressões
  • Movimentação
  • Aparência

Conclusão

A comunicação assertiva é uma habilidade imprescindível para as lideranças. Em um setor em que o trabalho em grupo é essencial, como a construção civil, a comunicação merece atenção e aprimoramento.

Portanto, com assertividade, as mensagens são transmitidas com clareza e sem ruídos. Isso deixa a execução dos projetos mais eficaz e produz um ambiente de trabalho saudável e receptivo. 

O workshop “Comunicação assertiva na construção civil: como falar e influenciar”, realizado pelo Sienge Comunidade, tratou de todos os pontos abordados neste texto. Participe da nossa comunidade e fique por dentro desta e outras discussões interessantes para o setor!