Você já sabe que inovação na engenharia civil é questão de sobrevivência para as empresas. Logo, muitas companhias estão se mobilizando para incorporar inovação e novas técnicas.
Há uma série de programas dedicados à seleção de startups da construção.
A pergunta que fica é: qual o melhor caminho para gerar inovação na engenharia civil?
Como a indústria da construção ainda é tida como pouco inovadora, escolher a rota mais assertiva não é fácil.
O sucesso passa por um processo estruturado para gerenciamento da inovação. Ou seja, que contemple uma nova cultura e métricas adequadas.
Cada vez mais é preciso ter claro os benefícios da inovação na engenharia civil. Ou seja, como a tecnologia pode modificar positivamente o canteiro de obras, o meio ambiente ou mesmo as condições da mão de obra.
Assim, é esse tema que abordaremos. Afinal, a ideia é mostrar como implantar inovação na engenharia civil.
Inovação fechada
Na inovação fechada a empresa mantém controle sobre o sistema de inovação. Assim, volta-se à capacidade interna da organização baseada em dois conceitos:
- Para ter lucro por meio de pesquisa e desenvolvimento a empresa deve fazer descobertas, desenvolvê-las e comercializá-las ela mesma
- A empresa tem que controlar sua propriedade intelectual, de modo que seus competidores não lucrem com suas ideias
Inovação aberta
Enquanto isso, o conceito de “Open Innovation” (Inovação Aberta) é praticamente o oposto. Ou seja, se baseia na utilização de caminhos internos e externos para avançar no desenvolvimento de novas tecnologias.
Logo, essa abordagem requer um modo de pensar diferente.
“Para inovar de forma aberta precisamos nos desprender de paradigmas que nos amarram a um modelo mental limitado. Mais do que manusear tecnologias exponenciais, inovar de forma aberta nas organizações passa por repensar a forma como as relações são construídas. Ou seja, mergulhar de cabeça na construção de uma cultura mais ágil e flexível”, resume a engenheira Clarisse Gomes, executiva de inovação da Andrade Gutierrez.
Diferente da inovação fechada, a inovação aberta parte do princípio de que:
- A pesquisa e o desenvolvimento de origem externa pode criar valor significativo para a empresa;
- A empresa não precisa necessariamente originar a pesquisa para lucrar com ela;
- É possível adquirir outras propriedades intelectuais desde que contribuam para avançar o modelo de negócio.
Inovação aberta na engenharia civil
Na construção civil, é crescente o interesse pela inovação aberta promovida por programas de aceleração de construtechs e proptechs.
Esse tipo de programa é feito em parceria com consultorias especializadas em conectar empresas a startups. Assim, costumam ser compostos por processo de seleção e oferta de monitoria.
Além disso, as empresas disponibilizam a estrutura e também sua rede de contatos. Em alguns casos, há aporte financeiro.
Vou citar três exemplos bem breves só para ilustrar:
- Vedacit Labs – O programa de aceleração da fabricante de impermeabilizantes foi desenvolvido para fomentar startups capazes de auxiliar a empresa a elevar sua eficiência, diminuir desperdícios e ofertar novos serviços.
- Alphainova – O programa da Alphaville Urbanismo quer selecionar startups que possam se tornar futuras fornecedoras da empresa de desenvolvimento imobiliário.
- Vetor AG – O programa se dedica à seleção de startups para participar da residência. A ideia é melhorar a produtividade das obras construtora e acelerar a construção de uma cultura mais inovadora na empresa.
Inovação incremental versus inovação radical
A inovação pode ser classificada de duas maneiras, conforme o seu alcance.
- Incremental: quando apenas acarreta uma melhoria nos produtos existentes. Essa melhoria pode envolver processos ou sistemas;
- Radical: consiste na criação de um novo produto. As inovações radicais tendem a criar mercados e indústrias totalmente novos. Por isso mesmo, são mais escassas.
Na construção civil exemplo de inovação incremental é o uso de dispositivos móveis em canteiros de obra. Ou seja, não irão, necessariamente, modificar a forma de construir, mas promover melhorias para controle.
Por onde começar a inovação na engenharia civil
Marcelo Nakagawa, professor de Empreendedorismo e Inovação do Insper, explica que a inovação pode acontecer em uma empresa em três situações:
- Emergencial – Quando a empresa precisa inovar basicamente por questão de sobrevivência;
- Em resposta a alguma ameaça – A empresa inova porque o concorrente já está fazendo isso;
- Pela inovação, de fato – Nesse caso, a inovação é vista como uma oportunidade para a empresa se desenvolver, criando vantagens competitivas.
De acordo com Nakagawa, a inovação na engenharia civil deveria começar por meio da resolução de problemas de curto prazo. Logo, visando principalmente a redução de custos.
“As empresas têm dificuldade em inovar, porque buscam por inovações disruptivas. Só que isso envolve muito mais risco e o retorno sobre o investimento. Ou seja, se chegar, demora”, diz o professor.
Segundo ele, a inovação na construção civil deveria começar de forma simples e incremental. Ou seja, promovendo como redução de custo e aumento de produtividade para mostrar à empresa que isso traz retorno.
Há muitas novidades relacionadas a inovação na engenharia civil, como impressão 3D, realidade aumentada e Internet das Coisas (IoT). São possibilidades já existentes em outros países, como os Estados Unidos, e mesmo no Brasil.
O que fazer para evitar que a inovação fracasse?
Há uma série de motivos que podem levar a inovação na engenharia civil ao fracasso.
Gláucia Alves da Costa, diretora de inovação da Deloitte no Brasil, listou sete problemas. Estes, na visão dela, põem em risco o sucesso dos programas de inovação na engenharia civil. São eles:
- Falta de conhecimento e capacidades internas: Diferentemente de outras funções como finanças e jurídico, as organizações raramente valorizam heads de inovação;
- Aversão a risco: O risco é inerente ao processo de inovar e precisa ser encarado;
- Cultura anti-inovação: Uma cultura de inovação pressupõe abertura e valorização do erro, autonomia, experimentação, diversidade, menos comando e controle, valorização das melhores ideias e não das patentes.
- Falta de conexão com a estratégia da corporação: A inovação, quando não conectada à estratégia das corporações, se transforma em um conjunto de iniciativas desconexas. Ou seja, que não potencializam o resultado, nem geram aprendizagem organizacional;
- Falta de processos de gestão da inovação: É necessário um sistema de gestão da inovação que verifique iniciativas, potencialize, acelere, permita errar rápido e aprender rápido, é crucial;
- Heads de inovação centralizadores: O perfil ideal de um líder de inovação é ser o conector entre pontos do ecossistema e da empresa e um fomentador nato da cultura de inovação;
- Estrutura organizacional inadequada: Times orgânicos, voltados a resolver problemas, trabalhando em conjunto com o ecossistema são a forma organizacional que atualmente mais tem gerado resultados por meio da inovação.
Confira também o artigo completo da executiva da Deloitte.
Conclusão
Ao longo desse texto você pôde perceber que inovação na engenharia civil não é tarefa simples.
Assim, para inovar é preciso esforço, comprometimento e muito profissionalismo.
“No ambiente das construtoras e incorporadoras, estamos assistindo a uma mobilização das empresas, sem um modelo de sucesso definido”, diz o engenheiro Aldo Dórea Mattos.
Assim, segundo ele, “enquanto algumas empresas tratam inovação de forma estruturada — com consultoria externa e capacitação de pessoas, por exemplo —, outras buscam atabalhoadamente não perder o bonde da história — delegando a inovação a setores específicos e funcionais, como TI”.
Aliás, um bom começo para implantar inovação na engenharia civil é seguir nas redes sociais profissionais da construção civil inovadores!
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Antes de me despedir, gostaria de recomendar a leitura de um outro texto meu em que explico o que é inovação na construção e por que devemos investir nisso.
Até a próxima!