Qual era a ocupação do seu avô quando ele tinha a sua idade? Talvez você perceba que aquela atividade já ficou no passado, foi automatizada com o tempo. Ou então, como algumas profissões remanescentes, evoluiu a partir de novas técnicas e ferramentas mais modernas, enquanto antigos instrumentos viraram peças de museu.
Nem é preciso voltar gerações para perceber como a tecnologia mudou nossa relação com o trabalho. Com a realidade virtual e o metaverso batendo à porta, quem garante que amanhã um robô não tomará nossa cadeira?
O Fórum Econômico Mundial já alertou: metade da força de trabalho do mundo vai precisar de algum nível de requalificação até 2025.
Para manter posição no mercado e se reinventar diante das transformações, existe um conceito novo que pode te ajudar: Metaskills. Significa, numa tradução direta, meta-habilidades.
São como habilidades-chaves que abrem as portas para outras habilidades e ajudam em nosso desenvolvimento e adaptação aos novos cenários. Que fique claro: não se trata de diplomas que você conquista e apresenta no currículo. Estamos falando de elementos inerentemente humanos, como a capacidade de sentir, ver, sonhar, fazer e aprender, que podem ser aprimorados e não são substituídos por um computador.
Você vai entender melhor esse conceito a partir dos exemplos de cinco metaskills necessárias para o momento.
A importância das metaskills na era digital
Levantamento divulgado em abril de 2022 pela CBIC mostrou que tem crescido a dificuldade para contratar mão de obra qualificada na construção civil. Esse problema, como já vimos, não é exclusivo desta indústria.
Mas a era de mudanças, ensina o autor e palestrante norte-americano Marty Neumeier, favorece a criatividade. Neumeier é autor do livro “Metaskills: Five Talents for the Robotic Age” (Cinco Talentos para a Era Robótica).
Ele explica a tendência de que trabalhos especializados virem atividades mecânicas e terceirizadas na medida em que são melhor compreendidos. E os trabalhos mecânicos, por sua vez, viram robóticos quando podem ser automatizados por computadores e softwares.
Em palestras, o autor também defende que a senha para a felicidade no trabalho é entender o que o mundo precisa na era robótica. Saber quem somos e o que nos faz felizes, avisa Neumeier, é nossa maior chance de sucesso. “O sucesso, na era robótica, é uma jornada para você mesmo”, diz.
5 metaskills que você precisa desenvolver
Existem outras meta-habilidades além das cinco metaskills abordadas por Neumeier em seu livro, como as que estão listadas neste artigo. Mas abaixo estão as cinco principais que você precisa conhecer para desenvolver e acompanhar o ritmo acelerado das inovações.
1. Sentir
É sobre ter intuição e empatia. A intuição nos leva a conclusões e soluções sem o uso da lógica.
Por exemplo: quem compra um carro baseado apenas no preço, consumo de combustível e quilometragem? Talvez você saia da loja dirigindo um conversível vermelho simplesmente porque sempre quis ter um. Somos assim porque a parte consciente do nosso cérebro ocupa apenas uma fração de sua capacidade, o que faz a intuição tão importante.
A empatia, por sua vez, é a meta-habilidade que nos permite experimentar pensamentos e emoções de terceiros indiretamente. Se alguém está triste ou feliz, podemos observar e assimilar estas sensações. A empatia “vem de fábrica”, mas também podemos desenvolvê-la.
Portanto, intuição e empatia são elementos do sentimento. Consegue imaginar a importância desta metaskill por quem ocupa ou almeja ocupar posições de liderança? Haverá uma barreira enorme diante da capacidade de se comunicar e negociar sem esta habilidade.
2. Ver
Aqui, estamos falando sobre enxergar as coisas em sua totalidade. Isto significa superar preconceitos, crenças e modelos pré-concebidos para avaliar as situações do jeito que elas realmente são. Não parece fácil? Mas a verdade é que somos praticamente formatados a fazer escolhas simples e binárias: bonito ou prático, bom ou barato, novo ou ultrapassado. Só que o mundo real não se resume a escolher entre A ou B.
É um erro lógico considerar apenas duas opções quando há múltiplas alternativas. Alguém não está contra mim apenas porque discorda de mim, certo? É possível enxergar diferentes ângulos da mesma questão.
Imagine que você adquiriu uma nova ferramenta de gestão para sua empresa e os resultados não saíram como esperado. Talvez a equipe não tenha sido capacitada, não se adaptou ou insistiu em procedimentos errados. Você ou o gestor responsável precisaria avaliar o quadro inteiro antes de concluir que a ferramenta não presta. Ver é justamente esta capacidade de pensar, tomar decisões e entender a complexidade.
3. Sonhar
Significa colocar a imaginação em prática. Parte desta receita está associada à originalidade. No meio corporativo, ser original é o que diferencia o seu negócio da concorrência. Se alguém o copia e entrega o mesmo resultado ao cliente, é preciso inovar para voltar a oferecer algo diferente.
E como ser original?
O autor Marty Neumeier nos apresenta uma fórmula no seu livro sobre as metaskills: conhecimento multiplicado pela imaginação. Isto significa que, sem muito conhecimento e imaginação, seremos pouco originais.
Com muita imaginação e pouco conhecimento, há risco de criar algo ultrapassado sem saber que aquilo já existia. Muito conhecimento e pouca imaginação, por outro lado, talvez só resulte em referências sobre o que copiar.
E o que alcançamos com muita imaginação e muito conhecimento? A capacidade de apresentar algo novo ao mundo! O medo de errar, no entanto, nos impede de imaginar. Assim como nossa tendência a fazer tudo do mesmo jeito porque foi como aprendemos. Também limitamos o imaginário ao buscar soluções como quem vai ao supermercado. Inovar não é comprar algo que já existe, mas perseguir o novo. Isso é sonhar!
4. Fazer
Você já deve saber o que é design. E design thinking? Trata-se de um método que aproveita os processos dos designers para explorar novos ângulos e perspectivas na resolução de problemas. É como criar uma solução em vez de buscar uma alternativa já existente. Pois a combinação do design como o design thinking serve a esta metaskill.
Fazer, portanto, consiste em trazer à tona e testar ideias que ainda não existiam. O que faz esta habilidade tão única? É que, a exemplo da nossa limitação em sonhar, temos a tendência de seguir protocolos e processos padronizados por conforto e segurança. O caos criativo nem sempre é bem-vindo no mundo dos negócios. Ao menos até que se prove efetivo e seja vendido como solução.
5. Aprender
Esta talvez seja a chave para o cadeado de todas as outras metaskills. Se você é capaz de aprender, logo terá condições de aprimorar as demais habilidades.
Estamos falando de autoaprendizagem e autodidatismo, ou seja, da autonomia em estudar e aprender por si mesmo. Claro que não se trata de uma receita de bolo. Todos nós temos um modo próprio de aprender a aprender. E identificar o seu lugar nesse processo é essencial para o desenvolvimento das metaskills.
Conclusão
O que sempre vai diferenciá-lo da tela do computador ou do celular onde você lê este artigo são nossas habilidades humanas por essência, agora mapeadas como metaskills.
Quando quase todo o processo de criação e produção é automatizado em movimentos padronizados, o que torna nosso negócio (e a nós mesmos) mais atrativo é o nosso conjunto de subjetividades. Já é hora, portanto, de entendê-las e aprimorá-las!
Dica final: Antes de sair, o que acha de conferir essa discussão na Comunidade Sienge sobre a importância das habilidades humanas em um mundo digital?
Lá no post, você vai ainda pode assistir a um bate-papo de alto nível com três especialistas: Francielly Miranda, Lucas Lima e Daniela Lima. Acesse agora mesmo!