Seja no sonho da casa própria ou numa ambiciosa proposta de governo em infraestrutura, o meio do caminho entre uma intenção e uma construção passa pelo projeto de arquitetura.
O projeto arquitetônico é a representação gráfica da expectativa do cliente aplicada ao ambiente onde está inserida. Não se trata apenas de atender especificações e agregar funcionalidade a um determinado espaço, mas de combinar habilidades, criatividade, raciocínio e conceitos ao resultado final. Tudo isso sem comprometer as necessidades dos demais projetos.
Já fizemos um post explicativo do que é e para que serve um projeto arquitetônico, com a descrição de suas etapas e requisitos essenciais. Agora, você vai aprender mais sete coisas que não podem faltar em um projeto de arquitetura. Boa leitura!
1. Estudo do terreno
Um projeto de arquitetura não deve começar sem um estudo prévio do terreno. Afinal, o espaço planejado se relaciona com a paisagem urbana e o ambiente onde está inserido. As leis e normas também variam conforme cada região, por isso a importância de conhecer a legislação local.
O mesmo cuidado vale para os fatores ambientais e em relação à vegetação do terreno. Esta orientação é um dos destaques do Guia do Projeto Arquitetônico. A publicação lembra, por exemplo, que algumas espécies da flora não podem ser removidas ou têm restrições quanto a sua extração.
Vale anotar outras três dicas extras do guia:
Respeite o orçamento
O arquiteto não é o responsável pelo orçamento final da obra, mas o profissional que entender custos de obra e custos de materiais irá se destacar no mercado.
Analise o layout de interiores
O projeto arquitetônico necessita as informações da planta de layout de interiores para prever a posição dos equipamentos e tubulações.
Pare e planeje
Tudo o que você parar para organizar antes vai ser resolvido em menos tempo depois.
2. Acessibilidade e inclusão
O Brasil tem pelo menos 17,3 milhões de pessoas com alguma deficiência. A atenção a esse grupo da população não deve ser apenas uma obrigação legal, mas também um princípio norteador de qualquer projeto de arquitetura.
Ao proporcionar autonomia a todos que frequentam os espaços, seu projeto ainda passará uma imagem positiva ao mercado.
Garanta a inclusão daqueles que têm mobilidade reduzida e dificuldades de comunicação. Lembre-se que um item meramente decorativo pode representar um obstáculo para uma pessoa com deficiência (PCD)!
Este artigo da Revista Grandes Construções traz alguns exemplos de como adequar espaços a partir do projeto arquitetônico. Anote algumas opções:
- Rampas com inclinação específica
- Piso tátil
- Corrimão e patamares intermediários de descanso
- Campainhas e interfones com sinal luminoso
- Maçanetas e portas acionadas por sensores
- Equipamentos eletromecânicos (plataformas, elevadores, esteiras)
Todas essas soluções são viáveis sem comprometer os aspectos conceituais e estéticos do projeto, não é mesmo?
3. Aplicação do conceito de Design Universal
Você conhece a proposta do Design Universal? Esse conceito contempla padrões acessíveis a todos, a partir da criação de ambientes e produtos que possam ser usados por todas as pessoas na sua máxima extensão.
Não se trata de uma normativa de acessibilidade para pessoas com deficiência, mas de uma abordagem para conceber espaços que possam ser utilizadas por qualquer pessoa, em qualquer etapa da vida.
O Manual do Desenho Universal, elaborado pelo governo de São Paulo, traz os sete princípios deste conceito:
Uso equitativo: Propor espaços, objetos e produtos que possam ser utilizados por usuários com capacidades diferentes, evitando segregação ou estigmatização de qualquer usuário.
Uso flexível: Ambientes ou sistemas construtivos que permitam atender às necessidades de usuários com diferentes habilidades e preferências diversificadas, admitindo adequações e transformações.
Uso simples e intuitivo: Fácil compreensão e apreensão do espaço, independente da experiência do usuário, de seu grau de conhecimento, habilidade de linguagem ou nível de concentração.
Informação de fácil percepção: Utilizar diferentes meios de comunicação, como símbolos, informações sonoras, táteis, entre outras, para compreensão de usuários com dificuldade de audição, visão, cognição ou estrangeiros.
Tolerância ao erro (segurança): Considerar a segurança na concepção de ambientes e a escolha dos materiais de acabamento e demais produtos – como corrimãos, equipamentos eletromecânicos – a serem utilizados nas obras, visando minimizar os riscos de acidentes.
Esforço físico mínimo: Dimensionar elementos e equipamentos para que sejam utilizados de maneira eficiente, segura, confortável e com o mínimo de fadiga.
Dimensionamento de espaços para acesso e uso abrangente: Permitir acesso e uso confortáveis para os usuários, tanto sentados quanto em pé. Possibilitar o alcance visual dos ambientes e produtos a todos os usuários, sentados ou em pé.
A ideia é colocar isso em prática com cuidado estético, sem aparência clínica, com produtos disponíveis na indústria da construção!
4. Adaptação ao home office
A pandemia da Covid-19 forçou uma ampla adoção ao sistema de trabalho em home office. A combinação do ambiente profissional e do privado passou a ter outra configuração nos projetos de arquitetura residenciais. Isso significa que você terá de considerar essa nova forma de relação das pessoas com a casa e o local de trabalho.
Na prática, ambientes que primavam pelo conforto e aconchego agora também devem obedecer aspectos funcionais. O Boletim de Tendências da Arquitetura e Decoração Para 2022 do Sebrae exemplifica como a necessidade impulsionou adaptações:
- A casa passou a concentrar atividades e precisa oferecer soluções multifuncionais
- Núcleos residenciais/familiares que mal se viam passaram a conviver intensamente
- Banheiros, cozinhas, salas, quartos que tinham pouco uso tiveram de ser compartilhados
- Quartos viraram escritórios de trabalho
- Banheiros se transformaram em estúdios para lives
- Salas de jantar viraram espécies de ambiente de coworking
A publicação aponta algumas soluções para contornar os novos dilemas do trabalho em home office:
- Espaços que privilegiem a aproximação com a natureza para tornar o ambiente menos árido
- Inclusão de jardins e hortas próprias nos projetos
- Redesenho e/ou redimensionamento de móveis
- Adoção de soluções tecnológicas como extensão de redes de conexão
5. Promoção da sustentabilidade
Reduzir o impacto ambiental e poupar recursos naturais são regras para um projeto de arquitetura ser considerado “consciente”. A promoção da sustentabilidade passa pela adoção de ações como a geração própria de energia, redução de resíduos e o aproveitamento das energias naturais. Soluções tecnológicas já permitem projetos mais sustentáveis sem comprometer a comodidade do usuário. Por exemplo:
- Geração de energia a partir de placas fotovoltaicas
- Tetos verdes, jardins e sistemas de reaproveitamento de água
- Otimização da luz natural
- Aproveitamento das correntes de vento na climatização
Já ouviu falar em bioarquitetura? Neste artigo você vai entender o que é e como aplicá-la aos seus projetos para ter as vantagens de uma construção verde.
6. Adequação de estrutura, espaço e luz
Tecnicamente, todo bom projeto de arquitetura precisa considerar alguns aspectos essenciais, com atenção especial para a tríade estrutura, espaço e luz. A afirmação é do arquiteto Luciano Margotto, professor da Escola da Cidade e sócio do escritório República Arquitetos nesta entrevista ao portal Arquitetura e Urbanismo Para Todos do CAU/BR.
Estas três dimensões, ele explica, devem ser consideradas seja no projeto de uma prisão, escola ou hospital, por exemplo.
- Estrutura: Proporcione ambientes integrados, com ganho de amplitude em áreas subutilizadas, como na integração de sacadas com a sala de estar.
- Iluminação: Valorize a iluminação natural para deixar o ambiente mais acolhedor. Aposte em janelas grandes e elementos espelhados.
- Espaço: Aposte na aplicação de soluções de baixo custo como a automação wireless para reduzir o consumo material.
7. Uso de tecnologia (arquitetura digital)
O avanço da tecnologia permitiu que o arquiteto observe o resultado final do seu projeto antes de qualquer movimentação no canteiro de obras. Estamos falando da chamada arquitetura digital, que se apoia no uso de softwares para fazer a reprodução do projeto em 3D.
Isso também ajuda no processo de apresentar uma ideia ou propor escolhas ao cliente, inclusive com recursos de realidade virtual!
O Relatório de Inteligência do Sebrae, dedicado à arquitetura digital, aponta processos beneficiados por este conceito no controle administrativo:
- Cálculo de orçamentos
- Volume e especificação de materiais
- Redução de custos
- Mais tempo para a criação
E vale lembrar que o BIM pode ser um grande aliado para os projetos 3D. Confira neste artigo os benefícios da plataforma BIM para a sua empresa!
Gostou do artigo? Compartilhe nas redes sociais e ajude a disseminar esses conceitos nos projetos de arquitetura!