Sustentabilidade na Construção Civil: conceitos, dicas e mais
Imaginamos que você saiba que a sustentabilidade na construção civil é algo que os profissionais de todas as empresas do setor estão buscando. Talvez o que você não tenha notado é que cada dia mais conquistar tal objetivo exige uma abordagem ampla. Isso envolve desde o planejamento até a operação do prédio construído.
A ideia é te mostrar como a tecnologia pode trazer oportunidades interessantes para aplicar a sustentabilidade na construção civil. Confira o que é necessário desenvolver em curto, médio e longo prazo.
Vantagens e benefícios da sustentabilidade na Construção Civil
Os empreendedores estão acordando para a realidade de que precisam desenvolver uma nova cultura de negócios, onde as empresas também têm um papel socioambiental a cumprir.
Além de contribuir diretamente para o equilíbrio do meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas, as construtoras que assumem esse compromisso tornam-se mais competitivas.
Elas precisam ser mais eficientes para ser sustentáveis e, assim, todos os seus processos evoluem juntos. Pesquisas mostram que essa preocupação é muito valorizada pelos consumidores e atrai uma clientela disposta a pagar mais por isso.
A construção sustentável agrega valor à marca e fortalece a imagem das empresas no mercado.
1) Utilize plataformas digitais para ter economia
Nos últimos anos, nós vimos uma verdadeira transformação com o surgimento de uma série de tecnologias digitais.
Estou me referindo principalmente a soluções como digitalização de rotinas, computação na nuvem, marketplaces e integração de processos foram somados na rotina das empresas.
Além de economizar tempo e dinheiro, essas inovações permitiram reduzir a quantidade de recursos naturais utilizados nas atividades. Afinal, construtoras e escritórios de projeto puderam usar menos papel.
Além disso, nessas empresas os contratos são assinados em minutos, firmas são reconhecidas digitalmente, arquivos são localizados quase instantaneamente. Na prática, há aumento da produtividade e redução de custos e de uso do espaço físico. Ou seja, são atitudes que geram economia e proporcionam benefício ambiental embutido.
Não custa lembrar que a produção desse material envolve a derrubada de árvores e o uso de aditivos químicos que podem contaminar a água. Ou seja, quanto menor for a demanda de papel, menores tendem a ser os impactos ao meio ambiente.
2) Invista em soluções de eficiência energética
O uso de softwares mais avançados integrados ao BIM (Building Information Modeling) pode garantir projetos mais eficientes, inclusive do ponto de vista da eficiência energética. Sabe como?
Por exemplo, por meio de ferramentas de análises climáticas.
Softwares como o Energy Plus permitem identificar pontos críticos de consumo de energia em uma edificação. Ambientes que sobrecarregam o sistema de ar condicionado, por exemplo, ou que poderiam usufruir mais de iluminação natural. A partir disso, dá para determinar práticas para otimização do consumo de energia, como uso de isolante térmico adequado ou telhados verdes. Com isso, melhoram os indicadores de sustentabilidade da construção.
Isso significa que diferentes possibilidades de envelopamento, sombreamento e materiais podem ser comparados sob o ponto de vista energético.
Confira no vídeo como esse tipo de software funciona.
Estima-se que para cada US$ 1 investido em BIM, outros US$ 20 são economizados na construção e US$ 60 na gestão dos empreendimentos.
3) Faça uma gestão de resíduos realmente inteligente
Os novos desenvolvimentos tecnológicos, em especial a inteligência artificial, também têm causado impacto positivo na gestão de resíduos no canteiro de obras. Dois exemplos interessantes nesse sentido são a B2Blue e a Net Resíduos.
A B2Blue é uma ferramenta online desenvolvida para conectar indústrias e empresas que enxergam resíduos como matérias-primas. Já a Net Resíduos disponibiliza uma solução online para o gerenciamento e total controle dos dados de geração, transporte e destinação de resíduos.
Sobre o combate ao desperdício, recomendo a leitura do e-book gratuito Desperdício na Construção. Esse conteúdo traz dicas importantes para combater o desperdício nas obras.
4) Aposte na construção industrializada e modular
Você há de concordar de que não faz parte do conceito de sustentabilidade na construção civil o uso de sistemas construtivos que induzem ao desperdício ou são intensivos consumidores de água e geradores de entulho.
Só para você ter uma ideia, vamos dar um exemplo de obras residenciais que utilizam estrutura de concreto armado moldada in loco e alvenaria. Este tipo de construção gera entre 0,10 e 0,15 m³ de resíduos da construção civil (RCC) por metro quadrado de área construída.
Em compensação, sistemas industrializados de construção off-site geram desperdício perto de zero nos canteiros. Além disso, podem ser desmontados e remontados em outras edificações, promovendo a reciclabilidade.
Você sabe que uma edificação sustentável é projetada para ser duradoura. Mais que isso, de forma que possa ser desmontada com o menor impacto possível quando acabar o seu ciclo de vida. Além disso, o design prioriza a qualidade de vida dos ocupantes. Ou seja, é flexível para que o edifício possa ser reciclado e modificado sempre que necessário.
O engenheiro Jonas Medeiros, diretor técnico da Inovatec e CEO da Cubicon, tem falado bastante sobre a importância da industrialização e da construção modular. Há dados que indicam que a construção de casas modulares proporciona elevados índices de produtividade.
5) Utilize a tecnologia para tornar a operação dos edifícios mais racional
Os maiores custos no ciclo de vida útil das edificações acontecem na fase de operação e uso.
Você sabia que a operação de edifícios no Brasil representa a principal demanda de eletricidade do País, responsável pelo consumo de quase 50% do total produzido?
A boa notícia é que a indústria vem trabalhando para criar soluções e tecnologias que permitam uma operação mais inteligente dos edifícios.
Nos empreendimentos comerciais, alguns exemplos são notáveis. É o caso de elevadores eficientes, sistemas de refrigeração econômicos, iluminação led, energia solar fotovoltaica e sistemas para reuso de águas pluviais.
Há de se mencionar, também, os sistemas de automação. Estes permitem controlar o consumo de recursos e elevar os níveis de eficiência dos sistemas prediais.
Confira como é a operação de Edifícios inteligentes com uso de internet das coisas
Como podemos contribuir para melhorar esse cenário?
- Mudança nos conceitos de arquitetura convencional, na direção de projetos flexíveis com possibilidade de readequação para futuras mudanças. Isso facilita o uso e atendimento de novas necessidades, reduzindo as demolições.
- Busca de soluções que potencializam o uso racional de energia ou de energias renováveis.
- Gestão ecológica da água.
- Redução do uso de materiais com alto impacto ambiental.
- Redução dos resíduos da construção com modulação de componentes para diminuir perdas e especificações que permitam a reutilização de materiais.
Estimativas das perdas na construção civil
Uma estimativa antiga diz que de cada três prédios construídos poderia ser erguido um quarto com o material desperdiçado.
Outra pesquisa mais recente fala de uma perda média de 8% num levantamento em mais de 100 obras. Mas nos itens como a argamassa, os desperdícios chegam a 50% em algumas obras, apontou o mesmo estudo.
Quanto ao cimento, o desperdício varia de 8% a 288%, sem falar de outros itens.
Isto representa um prejuízo muito grande, sob todos os aspectos. A indústria da construção não pode continuar convivendo com tamanho impacto no meio ambiente e nas suas próprias finanças.
Desperdícios e geração de resíduos
Sem dúvida, é nos desperdícios e na geração de resíduos que está a maior dificuldade da construção civil para tornar-se sustentável.
Grande parte do problema está na falta de uma boa gestão, que previna as perdas dos materiais de construção que se tornam resíduos.
A redução dos desperdícios representa uma postura ambientalmente correta dos construtores, que se reflete em diminuição de custos e maior lucratividade das empresas.
Vamos ver um pouco mais sobre isso.
Conheça sugestões práticas contra os desperdícios
- Use um software ERP para acompanhar seus planejamentos que permita a compatibilização de projetos, assim sua obra terá menos custos com erros, retrabalho e perda de material.
- Prepare-se para dias de chuva. Tenha sempre um plano de ações em locais cobertos; se a obra for totalmente exposta a chuva considere no tempo uma margem de erro em caso de chuvas.
- Garanta que os materiais e equipamentos sejam transportados corretamente pelo canteiro; evite deslocamento de material em longos trajetos.
- Programe as compras necessárias para toda a obra; lembre-se de que comprar tudo de uma vez pode reduzir o custo de compra, mas que a compra em etapas pode reduzir o desperdício com mudanças de projeto.
- Trabalhe com a técnica Just in Time, onde o fornecedor entrega os materiais somente quando estiver prevista a utilização, assim evitando acúmulo de estoque;
- Defina o melhor local para armazenagem de materiais e reveja esse local sempre que necessário; sacos de cimento e argamassa devem ficar em locais sem umidade e protegidos tanto da chuva quando do sol forte. Materiais frágeis devem ser armazenados em pilhas e a compra, preferencialmente, deverá ocorrer próxima à data de utilização; Mantenha o canteiro de obras limpo e sempre bem arrumado;
- Cuidado com pontos de água parada que permitam a procriação do Aedes Aegypti.
Reaproveitamento de materiais
As sobras dos materiais da construção muitas vezes são jogadas no lixo comum ou em terrenos baldios. Significam poluição ambiental grave.
Os números indicam que nada menos que 60% do lixo sólido das cidades vêm da Construção Civil e 70% desse total poderiam ser reutilizados!