Conheça os tipos de argamassa e saiba quando utilizá-los

Giseli Barbosa Anversa

Escrito por Giseli Barbosa Anversa

20 de janeiro 2020| 10 min. de leitura

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Conheça os tipos de argamassa e saiba quando utilizá-los

(conteúdo atualizado 05/04/2023)

A cada dia a construção civil se reinventa de alguma forma. Materiais inovadores, métodos de trabalho e tecnologias de gestão movimentam o setor. Mas, em muitos casos, as soluções clássicas ainda são as mais viáveis, devido às condições de uma obra, desde o preço até o custo-benefício.

Um dos materiais que continuam intactos na maioria dos canteiros é a argamassa. É claro que esse produto também evoluiu com o tempo. Aliás, existem vários tipos de argamassa no mercado.

Neste artigo vou te mostrar quais são eles e quando você deve usar cada um no andamento das suas obras.

Tipos de argamassas e suas aplicações

A função da argamassa é bem conhecida pelos profissionais da construção, ainda mais levando-se em conta que a alvenaria é o método construtivo mais usado no Brasil até hoje. Apesar disso, muitos não sabem que existem tipos de argamassa específicos para diferentes funções dentro da obra.

A lista a seguir mostra os 4 tipos mais comuns de argamassa e quais são suas principais utilidades. Vale lembrar também que dentro dessas categorias, existem outras formas de dividir as argamassas. As 4 variedades principais e mais comuns são:

Argamassa de assentamento

A argamassa de assentamento é a mais comum e mais usada entre todas. O papel dela é unir blocos de alvenaria ou tijolos entre si. A forma de aplicação mais normal é com uma colher de pedreiro. 

Dependendo da necessidade e do local da aplicação, ela pode ser feita também com o uso de uma bisnaga para facilitar o trabalho do profissional responsável.

tipos de argamassa 1

Argamassa de revestimento (antiga argamassa colante)

Como o nome diz, é uma argamassa usada para executar revestimentos. Mais especificamente, na aplicação de materiais  como azulejos, porcelanatos, vidro, mármore, granito – entre outros – em pisos e paredes, promovendo sua aderência.

Mas aqui vai um alerta:

Apesar de esse tipo de argamassa ser usado para assentar os revestimentos, não confunda com o tipo anterior, que é a argamassa de assentamento. Enquanto uma tem função de unir blocos, a outra serve para revestir o ambiente.

tipos de argamassa 2

É importante lembrar disso, porque usar o tipo errado de argamassa para essa função poderia arruinar o serviço em pouco tempo. Os pisos logo poderiam descolar da superfície, causando sérios prejuízos.

Argamassa de emboço

Mais uma vez é importante não confundir este terceiro tipo de argamassa com o anterior, feito para assentar revestimentos e pisos. Neste caso, a ideia de revestimento tem um sentido mais amplo.

Aliás, ele é tão amplo que o serviço feito com esta argamassa costuma ser realizado em 3 etapas:

  • Chapisco: assim que a parede é erguida, é comum usar uma parte de cimento e 4 partes de areia grossa para revestir a parede com essa massa mais “grosseira”;
  • Emboço: a segunda camada vai nivelar a superfície da parede de prepará-la para a última fase;
  • Reboco: o acabamento da argamassa na parede, com o nivelamento total. Dependendo do objetivo da obra, essa parte é deixada de lado.

Argamassa impermeabilizante

Alguns ambientes precisam de um reforço maior com respeito a umidade. Por isso, há um quarto tipo de argamassa, que é impermeabilizante. Ela é usada principalmente em paredes e tetos para evitar problemas com infiltrações.

Em resumo, cada tipo de argamassa tem um propósito definido, e não existe uma que seja melhor que os outras. Dependendo da função e do local da aplicação vale a pena escolher a que mais se encaixa no contexto.

Vantagens do uso da argamassa

A questão de trabalhar ou não com argamassa é muito simples. Se a obra é de alvenaria, a melhor maneira de revestir as paredes e deixá-las niveladas. 

tipos de argamassa 3

Além disso, existem várias vantagens que o uso da argamassa oferece para a sua obra, tais como:

Bom custo-benefício

Dependendo do tipo de construção e do nível de acabamento do projeto, usar pisos de cerâmica, que levam argamassa no assentamento, traz o melhor custo-benefício. Tanto pela questão de custo inicial, quanto de mão de obra qualificada e, por fim, do que está envolvido na manutenção desse tipo de revestimento.

Em outras palavras, obras populares combinam bem com esse tipo de construção. Os clientes conhecem e aceitam, é fácil encontrar mão de obra para manter depois, e o custo de produção é menor.

Durabilidade

Essa vantagem é relevante, mas vale ressaltar que ela depende de dois fatores importantes para se concretizar: o uso do tipo certo e qualidade da mão de obra. 

Nem precisa pensar muito para concluir isso:

De nada adianta usar o produto certo para cada finalidade se a pessoa responsável pela aplicação não souber usá-lo.

Agora, se você tiver a combinação certa de bons profissionais com os produtos certos, algo 100% possível, com boa qualificação e planejamento de compras, o resultado pode ser ótimo.

Desvantagens do uso da argamassa

Em qualquer projeto de construção é preciso considerar todos os elementos envolvidos na obra, mas também pensar além dela, na vida útil do prédio em questão. E isso envolve considerar o custo por oportunidade que uma escolha traz. Como assim?

Limitação de métodos construtivos

A partir do momento em que você decidir usar alvenaria vai deixar de usar as muitas outras soluções disponíveis no mercado, como Steel Frame, por exemplo. Então a desvantagem de alguns tipos de argamassa é que elas impossibilitam aplicar métodos de construção mais modernos.

Restrição de opções de revestimentos

O mesmo vale para os revestimentos. Se você decidir usar argamassa com pisos de cerâmica vai eliminar da obra os pisos autocolantes de PVC ou outra opção. Uma escolha anula várias outras possibilidades. Assim, se o objetivo é inovar e modernizar a construção, a argamassa pode não ser a melhor escolha.

Especificação técnica das argamassas

Apesar de saber que há vários tipos de argamassa, cada um com um fim específico, ainda pode ser difícil escolher a especificação técnica de cada uma. A atualização da a atualização da norma NBR 13.281 – Argamassas inorgânicas traz as seguintes classificações para as argamassas de revestimento:

  • ARV-I: Essa argamassa inorgânica pode ser aplicada como revestimento interno de qualquer edificação. Nos revestimentos externos, podem ser aplicadas em edificações com menos que 10 m de altura;
  • ARV-II: Em revestimentos externos, são destinadas à aplicação em edificações de altura total intermediária entre 10 m e até 60m. Pode ser usada em revestimentos internos sem restrições.
  • ARV-III: Material de maior desempenho, deve ser usado em fachadas de edifícios com altura superior a 60 m do nível da rua. Também pode ser usado sem restrições em revestimentos internos.
  • AET (argamassa de emboço técnico): É definida como a argamassa inorgânica aplicada como primeira camada (aparente) do revestimento de edificações. Faz parte de um revestimento de ATD (argamassa técnica decorativa) multicamadas, estabelecido na NBR 16648:2018 – Argamassas inorgânicas decorativas para revestimento de edificações – Requisitos e métodos de ensaios.

Já as argamassas de assentamento são classificadas como:

  • AAV: é a argamassa para assentamento de alvenaria de vedação, com blocos de concreto, cerâmicos ou outros materiais.
  • AAE: é a argamassa destinada ao assentamento de blocos de alvenaria estrutural, inclusas as argamassas empregadas na junção da alvenaria.
  • AAF: argamassa para fixação horizontal de alvenaria, o famoso encunhamento da vedação.

Dicas para escolher a argamassa

Além da designação técnica, fique atento para escolher uma marca de confiança, que garanta a melhor qualidade do serviço. Afinal, a argamassa ruim vai se revelar em alguns anos, ou até meses, e isso poderia prejudicar muito a sua reputação no mercado a longo prazo.

Por fim, com essas dicas sobre os tipos de argamassa e quando usar cada um ficará mais fácil realizar suas obras com qualidade, de forma duradoura e sem problemas. 

Mas se quiser inovar e testar outros tipos de materiais, confira quais deles vale a pena ficar de olho e aplicar nas suas próximas obras!