A mobilização e desmobilização de obra são aqueles processos referentes à alocação e/ou  remoção de recursos, seja de materiais ou mão de obra, nos canteiros de obras. A mobilização se dá no início da construção, englobando a instalação da infraestrutura para a execução dos serviços, a contratação de equipes e o transporte de equipamentos. 

Já a desmobilização ocorre no encerramento da obra, quando a estrutura temporária é desmontada, os recursos são realocados e o canteiro é liberado conforme as exigências contratuais e ambientais. Para que esses processos ocorram sem interferências, é preciso um planejamento detalhado, já que impacta diretamente os custos e prazos da obra. 

Além disso, a falta de organização na mobilização pode resultar em atrasos e desperdícios, por exemplo, enquanto uma desmobilização inadequada pode gerar custos extras e problemas legais. Ou seja – melhor evitar, certo? 

Neste artigo, abordaremos as principais atividades envolvidas na mobilização e desmobilização, como calcular seus custos e prazos e quais as melhores práticas para garantir que esses processos ocorram da melhor forma possível. 

O que é mobilização e desmobilização de obra? 

Mobilização e desmobilização de obra são processos necessários para toda organização e execução de empreendimentos na Construção Civil. Eles determinam como os recursos – sejam materiais ou humanos – serão alocados no início da obra e retirados no final, de modo que todas as fases ocorram da forma correta e evitando desperdícios.

A mobilização é a primeira etapa do processo executivo e envolve todas as ações necessárias para que a obra possa ser iniciada. Isso inclui desde a instalação do canteiro até a contratação de mão de obra e de materiais. Um planejamento eficiente nessa fase reduz riscos de atrasos e garante que os trabalhos comecem dentro do cronograma.

Por outro lado, a desmobilização ocorre quando a obra está concluída e há a necessidade de desmontar estruturas provisórias, retirar equipamentos e reinstalar equipes em novos projetos. Além disso, essa fase deve considerar o cumprimento de exigências legais e ambientais, como os que veremos mais adiante.

Tanto a mobilização quanto a desmobilização exigem um planejamento estratégico para evitar custos desnecessários, atrasos e impactos negativos no andamento dos projetos. Afinal, uma obra que demora a ser mobilizada já começa com problemas de prazo, e uma desmobilização mal executada pode gerar gastos extras e complicações logísticas para a construtora.

Esses processos são previstos em alguma norma?

Não existe uma norma ou lei específica que regulamente exclusivamente a mobilização e desmobilização de obra, mas esses processos estão diretamente relacionados a algumas outras exigências legais e normativas da Construção Civil.

Por exemplo, a NR-18 (Norma Regulamentadora de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção) exige que a montagem do canteiro de obras atenda a requisitos mínimos de segurança, saúde e conforto para os trabalhadores. Isso significa que, na mobilização, é obrigatório planejar instalações sanitárias, vestiários, áreas de vivência e medidas de proteção coletiva, como sinalização e controle de acessos.

Além disso, a desmobilização precisa seguir normas ambientais e urbanísticas para que a área seja devolvida sem impactos negativos. Dependendo do empreendimento, pode haver exigências específicas nos contratos, como a recomposição ambiental da área utilizada ou a retirada de resíduos conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010).

Portanto, embora a mobilização e desmobilização não sejam reguladas por uma única norma, elas precisam estar alinhadas a algumas exigências específicas para garantir segurança, sustentabilidade e conformidade com os órgãos fiscalizadores.

Composição da mobilização e desmobilização de obra 

A mobilização e a desmobilização de uma obra envolvem diversas atividades operacionais, logísticas e administrativas, essenciais para que o empreendimento comece e termine seu ciclo construtivo de forma organizada e com menos impactos possíveis

A seguir, detalhamos os principais processos que compõem cada uma dessas etapas.

Mobilização da obra

Como já mencionamos anteriormente, a mobilização é a fase preparatória da obra. É nessa fase que a construtora se certifica de que todos os recursos necessários estarão disponíveis para o início da execução. Entre as principais atividades desta etapa, podemos citar:

  • Instalação do canteiro de obras: montagem de escritórios administrativos, alojamentos (se necessário), vestiários, refeitórios, depósitos de materiais e demais estruturas temporárias exigidas pela NR-18;
  • Aquisição e transporte de materiais e equipamentos: compra, locação e logística de movimentação de insumos, máquinas e ferramentas para o canteiro;
  • Contratação e mobilização da equipe: recrutamento de profissionais, assinatura de contratos e deslocamento da equipe para o local da obra;
  • Planejamento de segurança e sinalização: implementação de medidas de segurança, como EPI, EPC, sinalização e delimitação de áreas de risco;
  • Regularizações e licenças: obtenção de alvarás e autorizações junto a órgãos públicos para garantir a legalidade do início das operações;
  • Infraestrutura provisória: instalação de redes de água, energia elétrica, esgoto e acessos temporários, se necessário.

Desmobilização da Obra

Já a desmobilização acontece ao final do projeto, sendo então a finalização da obra. É quando a estrutura temporária do canteiro é desmontada e os recursos são realocados ou descartados adequadamente. As principais atividades incluem:

  • Desmontagem do canteiro de obras: remoção de escritórios, almoxarifados, alojamentos e demais estruturas provisórias utilizadas na obra;
  • Desmobilização de equipamentos e materiais remanescentes: retorno de máquinas alugadas, venda ou realocação de equipamentos e descarte correto de materiais sobrantes;
  • Limpeza e recuperação da área: retirada de entulhos, desmonte de vias de acesso provisórias e recuperação ambiental da área ocupada, quando exigido;
  • Desligamento de infraestrutura provisória: encerramento do fornecimento de água, energia elétrica e outros serviços temporários contratados;
  • Baixa de licenças e contratos: formalização do encerramento das operações junto a órgãos públicos e fornecedores;
  • Entrega da obra ao cliente ou órgão responsável: vistoria final para garantir que todas as obrigações foram cumpridas antes da liberação do local.

Como calcular a mobilização e desmobilização de obra? 

Para entender como calcular a mobilização e desmobilização de obra é preciso primeiro elencar todos os custos envolvidos nesses processos, além do tempo necessário para a execução de cada etapa. Esses fatores impactam diretamente o orçamento e o cronograma do empreendimento, exigindo um planejamento para evitar imprevistos e atrasos na obra.

Assim, os custos de mobilização e desmobilização vão variar conforme o porte e a complexidade da obra. Para estimar esses valores, é necessário considerar:

  1. Infraestrutura do canteiro de obras: custos com montagem de estruturas temporárias, como escritórios, alojamentos, depósitos, instalações sanitárias e redes provisórias de água e energia;
  2. Aquisição e transporte de equipamentos e materiais: gastos com compra, locação, transporte e armazenamento de máquinas, ferramentas e insumos;
  3. Mão de obra inicial e final: custos com recrutamento, treinamentos, deslocamento e rescisões contratuais ao término da obra;
  4. Regularizações e licenças: taxas e despesas para obtenção de alvarás, licenças ambientais e outras autorizações necessárias;
  5. Desmobilização e descarte de resíduos: custos com desmontagem do canteiro, remoção de equipamentos e destinação adequada de materiais remanescentes e entulhos.

Para evitar surpresas no orçamento, inclua sempre uma margem de segurança de 5% a 10% sobre os valores estimados. Dessa forma, você consegue trabalhar com uma “sobrinha” em caso de imprevistos. 

E quanto aos prazos?

O tempo necessário para mobilização e desmobilização da obra também vai depender de alguns fatores, como a localização do empreendimento, a quantidade de recursos envolvidos e a eficiência da equipe de planejamento. Em geral:

  • A mobilização leva de algumas semanas a poucos meses, dependendo da complexidade do canteiro e da necessidade de infraestrutura temporária;
  • A desmobilização costuma ser mais rápida, variando de alguns dias a algumas semanas, desde que haja um plano estruturado para desmontagem e limpeza do local.

Para otimizar esses prazos, é essencial que essas etapas estejam previstas no cronograma macro do empreendimento e que as equipes responsáveis sigam um planejamento que inclua essas atividades. Desse modo, todos estarão cientes desde o início de que terão esses processos a serem cumpridos para que tudo ocorra bem.

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Boas práticas para garantir uma mobilização e desmobilização eficientes 

Já mencionamos que a eficiência na mobilização e desmobilização de uma obra depende de um planejamento bem estruturado, considerando prazos, custos, logística e conformidade com normas técnicas e ambientais. Mas como fazer isso da melhor forma? 

A seguir, destacamos as melhores práticas para garantir que esses processos ocorram de forma organizada e sem contratempos para sua construtora.

1. Planejamento macro dos empreendimentos

A mobilização e desmobilização devem ser parte do planejamento macro dos empreendimentos para que esses processos estejam alinhados com a estratégia global da construtora. Isso envolve:

  • Definição antecipada dos recursos necessários, como equipamentos, materiais e equipe;
  • Compatibilização das fases de mobilização e desmobilização com o cronograma geral das obras para evitar sobreposições ou gargalos logísticos;
  • Análise de riscos para prever possíveis dificuldades e desenvolver planos de contingência.

2. Cronogramas atualizados para cada projeto

Ter um cronograma de mobilização e desmobilização atualizado é essencial para que todas as etapas sejam executadas no tempo correto. Para isso, considere:

  • Estabelecer prazos realistas para cada fase, considerando o tempo de transporte de materiais, montagem do canteiro e obtenção de licenças;
  • Acompanhar o progresso da mobilização e desmobilização com revisões periódicas, ajustando as datas conforme necessário;
  • Certificar-se de que todas as equipes envolvidas tenham acesso ao cronograma atualizado e saibam suas responsabilidades.

3. Logística e gestão de recursos

Uma mobilização eficiente exige um planejamento logístico detalhado para otimizar o uso de recursos e reduzir custos operacionais. Algumas medidas importantes incluem:

  • Planejar previamente a distribuição dos equipamentos e materiais no canteiro para evitar movimentações desnecessárias;
  • Contratar fornecedores e transportadoras com antecedência para garantir disponibilidade e melhores custos;
  • Utilizar tecnologia, como um software de gestão, para monitorar estoques, entregas e realocação de materiais.

4. Conformidade com normas e sustentabilidade

Garantir que a mobilização e desmobilização atendam às exigências normativas e ambientais é essencial para evitar multas, atrasos e impactos negativos. Para isso, é importante:

  • Cumprir exigências da NR-18 para garantir a segurança dos trabalhadores na instalação e desmontagem do canteiro;
  • Atender às normas ambientais para correta destinação de resíduos e recuperação da área ao final da obra;
  • Planejar a reutilização ou revenda de materiais e equipamentos para reduzir custos e impactos ambientais.

Ao aplicar essas boas práticas, a mobilização e desmobilização ocorrem de forma mais eficiente, tornando os processos mais seguros, produtivos e sustentáveis.

Conclusão

A mobilização e desmobilização de obra são mais do que simples etapas operacionais, porque elas acabam influenciando diretamente o desempenho do empreendimento. Um bom planejamento, que inclua essas etapas fundamentais para a construção, colabora para evitar os desperdícios, atrasos e demais problemas que possam surgir.

Por isso, considere investir em um cronograma detalhado para uma gestão eficiente de recursos, e busque sempre o cumprimento das normas técnicas e ambientais para evitar contratempos. Além disso, a otimização da logística e a atualização constante do planejamento contribuem para maior previsibilidade e segurança nas operações. Ao adotar as boas práticas que mencionamos neste artigo, é possível tornar a execução da obra mais eficiente, minimizando os impactos negativos e agregando mais qualidade e profissionalismo ao setor da Construção Civil.