Já perceberam que vaticinam a extinção do engenheiro a cada ciclo tecnológico por que passa o mundo? Eu me lembro de ouvir profecias de que a calculadora programável iria extinguir o calculista e o AutoCad eliminaria o projetista, mas nada disso aconteceu.
Agora, com o advento da Indústria 4.0, ou nova Revolução Industrial, de novo o fantasma do aniquilamento dos engenheiros vem à tona. Mas será que a inovação vai tirar mesmo o emprego do engenheiro? Para mim, a resposta é não.
Em primeiro lugar, é preciso desmistificar o termo inovação: a raiz do vocábulo é NOVO e não tecnologia. Muitos colegas cinquentões creem piamente que inovação é coisa para rapazes barbudos de camisa de lenhador e mocinhas de cabelo azul e tatuadas que ficam inventando drones que trazer um chip para um operário com óculos de realidade aumentada.
Isso até pode acontecer, mas o que está no âmago de INOVAR é trazer ares novos à forma tradicional de produzir, e isso não necessariamente elimina a figura do bom e velho engenheiro com duas canetas espetadas no bolso da camisa. O que esse cinquentão pode fazer como ninguém é orientar a aplicação de tantas ferramentas — design thinking, SEO, realidade aumentada, realidade virtual, machine learning, blockchain — ao gerenciamento da obra, porque no fundo o que impera são os fundamentos da Engenharia.
Por mais que surjam ferramentas de programação, os fundamentos permanecem os mesmos. Quando, por exemplo, aparece uma startup trazendo um processo de apropriação de dados de campo, eu não vejo um engenheiro perdendo espaço. Eu vejo, sim, um engenheiro recebendo uma informação confiável, rastreável, quase instantaneamente, sem garranchos e sem mancha de café. Para quê? Para tomar decisão do que fazer com o planejamento da obra! Vai abrir mais uma frente de serviço? Autorizar hora extra para algumas equipes? Dobrar o turno? Mobilizar mais equipamentos? Por que tanta flutuação de produtividade nas últimas semanas? A decisão (ainda) é do homem. Se tem algo que o robô ainda não aprendeu é liderar pessoas.