• A maturidade de gestão na Construção Civil impacta diretamente nos resultados da empresa, trazendo controle de prazos, redução de desperdícios e maior sucesso nas entregas.
  • Os quatro elementos essenciais para evoluir a maturidade da gestão são: Pessoas, Processos, Ferramentas e Estratégia.
  • Investir em capacitação da equipe, priorizar processos antes da tecnologia e escolher ferramentas que integrem áreas-chave são passos importantes para evoluir a gestão na Construção Civil.

A maturidade de gestão em empresas da Construção Civil representa o quanto os processos, as pessoas, as ferramentas e a estratégia da construtora estão estruturados e integrados para garantir eficiência e o sucesso das operações. Empresas mais maduras operam com métodos bem definidos, tomam decisões com base em dados e conseguem alinhar as frentes estratégica, tática e operacional com mais clareza que as demais. 

No período de 2023 a 2025, a Construção Civil deixou de ganhar cerca de R$ 59 bilhões devido aos atrasos nos projetos — o equivalente a aproximadamente 8% dos investimentos previstos no setor nesse período. Entre os principais motivos dos atrasos estão diversos problemas relacionados à baixa maturidade da gestão.

Isso mostra que esse nível de organização impacta diretamente os resultados, trazendo mais controle de prazos, redução de desperdícios, previsibilidade orçamentária e maior taxa de sucesso nas entregas. Se você tem dúvidas neste assunto, ou deseja saber como ampliar a maturidade da sua construtora ou incorporadora, chegou ao lugar certo.

Neste artigo, você vai conhecer os quatro principais elementos que sustentam esse amadurecimento e como aplicá-los para evoluir a gestão da sua empresa.

Os 4 elementos essenciais para evoluir a maturidade da sua gestão

Para alcançar um alto grau de maturidade de gestão, é necessário muito mais do que boas intenções ou tecnologias pontuais. A evolução exige uma transformação real baseada em quatro pilares fundamentais: Pessoas, Processos, Ferramentas e Estratégia

A integração desses elementos é o que permite à sua construtora ou incorporadora alcançar benefícios como maior controle, eficiência operacional e capacidade de escalar a operação com previsibilidade. Vamos entender melhor a seguir. 

1. Pessoas: capacitação, cultura e engajamento

O primeiro pilar da maturidade é o time. Nenhuma metodologia ou sistema funciona sem pessoas engajadas, capacitadas e com um propósito claro. A evolução da gestão passa pela valorização dos profissionais em diferentes frentes da operação, cada um com suas expertises: produção, qualidade, suprimentos, planejamento e controle.

Nas empresas mais maduras, é comum que o planejamento, por exemplo, seja tratado como uma função central, com profissionais dedicados à tarefa e até mesmo com o apoio de consultorias especializadas. Em contrapartida, em construtoras menos estruturadas, ainda é comum ver essa área sendo acumulada pelo engenheiro de obras ou gestor da obra, o que reduz o foco e a efetividade dessa atividade. 

Vamos ver abaixo dois cargos indispensáveis para uma boa gestão de obras: 

Responsável pela gestão

O gestor do contrato ou empreendimento atua como peça-chave para o alinhamento entre setores e a condução da obra com previsibilidade. Nas empresas mais maduras, ele está presente no dia a dia, acompanha indicadores, participa de reuniões intersetoriais e contribui para decisões que envolvem prazos, custos e produtividade. 

A atuação estratégica desse profissional serve também para aproximar os setores e favorecer uma resposta mais rápida a qualquer desvio de rota.

Supervisão da qualidade

Outro exemplo essencial é o profissional responsável por garantir o padrão de execução. Em empresas com maior grau de maturidade, o controle da qualidade é realizado de forma sistemática, com checklists, registros de não conformidades e acompanhamento contínuo dos processos. Isso vai reduzir retrabalhos e fortalecer entregas com mais eficiência e regularidade.

Cultura

A cultura voltada para a inovação tem o importante papel de quebrar as barreiras de um setor que tem fama de ser muito tradicional. Para criar um ambiente onde todos se sintam motivados a implementar mudanças positivas, a cultura da empresa deve ser aberta ao diálogo e os líderes devem incentivar a participação da equipe na criação e na busca de novas soluções.

Empresas que já perceberam os benefícios da inovação para o setor criaram uma área voltada para a inovação e tecnologia. No entanto, quando a construtora ainda não possui estrutura para a criação dessa área, vale analisar se outras soluções tecnológicas são adotadas.

Vale ressaltar que a inovação pode ser um processo interno, no qual a construtora busca criar suas próprias soluções, ou pode ser aberto, em que se adotam soluções já existentes no mercado.

Nesse sentido, todo ano a Terracotta publica seu Mapa das Construtechs & Proptechs — levantamento das startups brasileiras que inovam nos setores de Construção Civil e mercado imobiliário. Em 2024, foram contabilizadas 1.209 startups ativas, com crescimento de 13,5% em relação a 2023.

2. Processos: padronização, métodos e replanejamento

Empresas com processos padronizados conseguem reduzir a variabilidade e aumentar a eficiência da obra. Isso envolve desde o uso de metodologias até a definição clara de rotinas de planejamento e acompanhamento. 

Toda essa padronização permite que as atividades sejam executadas com menos retrabalho, maior previsibilidade e melhor integração entre setores. Com processos claros, cada profissional sabe o que deve fazer, como e quando, o que contribui para uma operação mais fluida e menos dependente de soluções improvisadas.

Lean Construction e Linha de Balanço

Nesse cenário, metodologias como o Lean Construction ganham destaque por promoverem a eliminação de desperdícios e a busca contínua por eficiência. 

Um exemplo prático dessa filosofia é a Linha de Balanço (LOB), técnica que oferece uma visão sequencial e integrada do cronograma de execução. A LOB tem se mostrado especialmente útil em obras complexas, onde as interferências entre etapas precisam ser visualizadas e compreendidas para evitar conflitos na frente de trabalho.

Os estudos têm demonstrado essas vantagens do método da Linha de Balanço, como a troca de informações entre gestores e equipes operacionais, além de tornar mais evidentes as interferências no cronograma.

No nosso dia a dia, percebemos que muitas construtoras conhecem a metodologia da Linha de Balanço, mas a sua adoção ainda é limitada. Isso se deve, em parte, à falta de familiaridade com as tecnologias que utilizam essa técnica. Algumas empresas, inclusive, recorrem a soluções manuais, como a elaboração da Linha de Balanço no Excel, o que pode restringir os benefícios que essa abordagem pode oferecer.

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Replanejamento

Outro ponto fundamental no avanço da maturidade é a capacidade de replanejamento. Todo mundo sabe que obras estão sujeitas a imprevistos, e o que diferencia uma gestão madura é a habilidade de revisar o planejamento sem comprometer o projeto como um todo. 

Simulações de cenários e reprogramações feitas em conjunto com os times de campo são práticas que ajudam a mitigar impactos no prazo e no custo final.

Investir na melhoria contínua dos processos exige disciplina, envolvimento da equipe e abertura para revisar padrões. Mas é esse esforço que sustenta o crescimento estruturado da empresa e sua capacidade de entregar obras com mais controle e eficiência.

3. Ferramentas: tecnologia para integrar e acelerar

Este degrau visa centralizar, integrar e compilar de maneira clara e instantânea as informações do projeto. As tecnologias são ferramentas que auxiliam pessoas a concretizar a eficácia nos processos e, portanto, aumentar a maturidade de gestão.

Se implantadas sem o desenvolvimento de pessoas e processos, as tecnologias podem evidenciar a ineficiência. Portanto, é preciso treinar e motivar as pessoas para que se integrem e compreendam plenamente os processos, buscando a melhoria contínua e fazendo uso da tecnologia mais adequada para tal.

Planejamento Financeiro e ERP

O sistema de gestão empresarial (ERP) é uma das principais tecnologias que avaliamos na maturidade do planejamento de obras. Sem um ERP, por exemplo o Sienge Plataforma, muito dificilmente uma construtora com mais de 2 obras consiga ter um controle preciso de custos.

Um passo além do ERP é ter o planejamento financeiro conectado ao físico, permitindo que sejam feitas análises físico-financeiras de forma integrada e garantindo que as decisões sejam tomadas ponderando-se a melhor escolha para a entrega no prazo, com desvio de custos dentro do esperado e com conhecimento do fluxo de caixa mensal da obra.

Observamos que, apesar de algumas construtoras terem ERP, a conexão entre o planejamento físico e o financeiro não é realidade para muitas delas. Ainda, por desconhecerem softwares de planejamento que integrem com ERPs, algumas empresas tentam realizar essas análises via planilhas, o que torna a atividade excessivamente manual e exige muito tempo operacional.

BIM

A Modelagem da Informação da Construção (BIM) consiste em modelos que guardam e geram dados durante todo o ciclo de vida da construção. Essa é uma tecnologia que vem ganhando reconhecimento cada vez maior no mercado e no poder público. Em 2020, foi promulgado o Decreto Federal nº 10.306, que exige o uso dessa tecnologia em obras públicas federais.

Indicadores e dashboards

Apesar de não ser uma tecnologia propriamente dita, os indicadores são peças fundamentais para apontar se a obra está sendo executada conforme o planejado. Eles revelam a necessidade de mudanças de estratégias para corrigir e alcançar o objetivo final.

Muitas construtoras ainda deixam de analisar os indicadores. Outras, que já deram os primeiros passos nesse quesito, analisam os dados em planilhas. No entanto, a análise dos indicadores pode ser aprimorada por meio da tecnologia. 

Para mitigar tempo e esforço, e assim aumentar o grau de maturidade de gestão, a construtora pode utilizar softwares que proporcionam melhor visualização da informação e atualização dos dados de forma automática.

App para controle do avanço da obra

Acompanhar o andamento físico da obra por meio de sistemas ou aplicativos especializados permite que os gestores visualizem o progresso real das atividades com base em dados atualizados, muitas vezes em tempo real. 

Essa prática evita decisões baseadas em achismos e reduz o risco de desvios passarem despercebidos. Empresas mais maduras já utilizam essas soluções para apontar etapas concluídas, comparar com o planejado e gerar alertas automáticos em casos de atraso.

App para registro de ocorrências no canteiro

Gerenciar os imprevistos do dia a dia da obra é uma rotina inevitável, e quanto mais rápido eles são identificados e resolvidos, menor o impacto no cronograma e nos custos. 

Com apps que oferecem essa funcionalidade, é possível registrar ocorrências com fotos, comentários e responsáveis, organizando as informações em relatórios automáticos. Isso substitui os controles verbais ou feitos em papel, que acabam se perdendo, gerando desconforto ou até mesmo retrabalhos.

Checklists digitais para controle de qualidade

A maturidade em gestão também passa pelo rigor na execução. Nesse sentido, utilizar checklists digitais para inspecionar serviços, registrar não conformidades e acompanhar ações corretivas torna o processo de controle da qualidade mais eficiente e menos sujeito à subjetividade. Além disso, os registros fotográficos e o histórico digitalizado permitem rastreabilidade e contribuem para evitar que os problemas se repitam no futuro.

CRM para acompanhamento das propostas de venda

No contexto da incorporação, acompanhar o status das propostas de venda e o desempenho da equipe comercial é essencial para a previsibilidade do caixa. 

Sistemas de CRM integrados com áreas como financeiro e engenharia permitem centralizar as informações, definir responsáveis por cada etapa do funil e gerar relatórios automáticos. Isso ajuda a evitar uma perda de oportunidades por falha de comunicação.

App para vistoria e entrega de imóveis

A etapa final da obra também pode ser aprimorada com o uso da tecnologia. Aplicativos para vistoria e entrega de unidades permitem criar laudos digitais, incluir fotos e registrar a assinatura eletrônica dos clientes. Esse processo reduz a burocracia, melhora a experiência do comprador e gera um histórico confiável da entrega, facilitando o controle pós-obra.

Diário de obras digital

O diário de obra é uma ferramenta importante para consolidar as informações do canteiro e registrar o andamento das atividades. Digitalizando esse processo, a construtora consegue manter um histórico registrado, acessível e padronizado, com fotos, dados climáticos e observações diárias. Assim, você fortalece o controle interno e tem embasamento para casos de auditoria, disputas ou revisões contratuais.

4. Estratégia: visão, alinhamento e indicadores

Maturidade em gestão também exige visão de longo prazo. Não se trata apenas de executar bem a obra atual, mas de construir uma operação sólida, escalável e financeiramente sustentável.

Esse pilar está relacionado à capacidade da empresa de integrar diferentes áreas — engenharia, financeiro, comercial — para tomar decisões baseadas em dados e objetivos comuns. Também envolve o uso de indicadores estratégicos, como avanço físico versus orçamento, produtividade por equipe e previsibilidade do fluxo de caixa.

O amadurecimento da gestão exige comprometimento com a melhoria contínua. E isso só acontece quando a estratégia está clara e é sustentada por dados confiáveis, metas realistas e uma cultura voltada ao aprendizado e à evolução.

Quais pontos definem o nível de maturidade da sua gestão?

Antes de iniciar qualquer plano de melhoria, é fundamental entender o ponto de partida. Por isso, o diagnóstico de maturidade de gestão funciona como um termômetro da sua operação — ele revela o quanto sua empresa já evoluiu e quais aspectos ainda precisam de atenção.

O grau de maturidade é medido a partir da análise de diferentes áreas e rotinas da empresa. Entre os principais pontos avaliados, estão:

  • Controle de orçamentos: sua equipe utiliza dados históricos e composições atualizadas, ou ainda se baseia em feeling e referências externas?
  • Avanço físico da obra: o acompanhamento é feito por sistemas com apontamentos por etapa ou por planilhas e controles manuais?
  • Planejamento e replanejamento: quando há mudanças na obra, você consegue medir o impacto no cronograma? E como essas alterações são comunicadas e validadas com a equipe de campo?
  • Uso de ferramentas digitais: desde o registro de problemas até a análise de indicadores, a gestão conta com soluções especializadas ou ainda depende de processos manuais?
  • Comunicação e registro de problemas: os imprevistos do canteiro são documentados com clareza ou só são discutidos quando já causaram impacto significativo?
  • Integração entre áreas: as decisões envolvem engenharia, financeiro e comercial de forma coordenada ou cada setor atua isoladamente?

Refletir sobre essas questões ajuda o gestor a perceber lacunas que muitas vezes passam despercebidas no dia a dia. E o melhor: essa análise já é o primeiro passo para evoluir.

Como evoluir sua maturidade em gestão de obras?

O amadurecimento da gestão não acontece de uma vez só. Ele é construído com ações práticas e consistentes ao longo do tempo. Se sua empresa está buscando mais controle, previsibilidade e organização nas operações, aqui vão alguns passos para começar essa transformação.

1) Faça uma análise da sua operação atual

Entender como sua gestão funciona hoje é o ponto de partida. Avalie as rotinas, os controles utilizados, os gargalos mais recorrentes e os níveis de participação das equipes. Essa análise ajuda a enxergar o que já funciona e o que precisa mudar.

2) Mapeie gargalos e falhas de comunicação

Problemas na obra muitas vezes não estão ligados à execução em si, mas à falta de alinhamento entre as equipes. Reúna os envolvidos, identifique onde ocorrem ruídos ou falhas no repasse de informações e documente os principais obstáculos à fluidez da operação.

3) Invista em capacitação da equipe

A evolução de processos e tecnologias depende diretamente do preparo das pessoas. Capacitar os times — da liderança ao canteiro — é essencial para garantir que todos compreendam os objetivos da empresa e saibam usar as ferramentas disponíveis de forma estratégica.

4) Priorize processos antes da tecnologia

Não adianta investir em ferramentas sofisticadas se os processos estiverem desalinhados. Primeiro, padronize rotinas, defina responsabilidades e crie uma cultura de acompanhamento. A tecnologia virá como suporte a esse sistema, e não como solução isolada.

5) Escolha ferramentas que integrem áreas-chave

Um bom ERP, conectado ao planejamento físico-financeiro, é um diferencial importante. Priorize soluções que integrem áreas como engenharia, compras, financeiro e comercial, garantindo maior fluidez nas decisões e melhor visibilidade sobre a operação.

6) Comece com indicadores simples e vá evoluindo

Não é preciso ter um painel sofisticado desde o início. Comece acompanhando indicadores básicos como avanço físico, variação de custos e cumprimento de prazos. Aos poucos, vá ampliando esse conjunto com métricas mais estratégicas e específicas da sua operação.

O amadurecimento “tardio” da Construção

O mercado da Construção Civil é reconhecido pelo seu baixo nível de produtividade. O setor se manteve estagnado no mesmo patamar de produtividade durante anos, enquanto outros mercados aumentaram sua eficiência.

No entanto, por muito tempo, a Construção foi pouco abastecida com tecnologias focadas em resolver seus problemas específicos. Adicionalmente, a Indústria possui características que a tornam mais complexas em relação às demais, como o fato de cada projeto ser único e de as equipes se renovarem a cada projeto. Por isso se torna tão importante a maturidade de gestão.

Embora as particularidades existam, elas não devem impedir que a Construção se mantenha estagnada nos próximos anos. Conforme mostra o mapeamento da Terracotta, a inovação e as soluções tecnológicas estão mais acessíveis para resolver as especificidades em toda a jornada.

As empresas de Construção devem compreender a responsabilidade que possuem e se fundamentar em seus propósitos para evoluírem. Afinal, o setor que ao mesmo tempo mais cresce e mais cria empregos no Brasil também é o que mais gera resíduos no mundo.

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