- Bruno Vieira Thomaz é gerente administrativo-financeiro da EBM Desenvolvimento Imobiliário
- EBM investiu em diversificação de portfólio e novas tecnologias
- Thomaz destaca importância de equilíbrio macroeconômico e estabilidade política para melhorar ambiente de negócios no Brasil
Bruno Vieira Thomaz é gerente administrativo-financeiro e de controladoria da EBM Desenvolvimento Imobiliário, uma das maiores empresas do setor de Construção Civil do Centro-Oeste. Sediada em Goiânia, Goiás, a empresa é líder no segmento de alto padrão e, há alguns anos, começou a investir também em empreendimentos econômicos.
Thomaz é graduado em Administração de Empresas, com especialização em Finanças, Gestão Empresarial e Controladoria. Nesta entrevista, ele conversa com o blog do Sienge sobre a expansão da EBM, que envolve diversificação de portfólio, mudanças na cultura organizacional e adoção de novas tecnologias. Também compartilha conosco um pouco de sua visão do mercado da construção.
Acompanhe!
Perfil da Construção – Bruno Vieira Thomaz

Em 2009, na mesma época em que entrei na EBM.
Você está desenvolvendo algum projeto prioritário atualmente?
Hoje estou mais focado nas áreas de Tecnologia da Informação e Controladoria, implementando projetos de melhoria e inovação para maior produtividade das áreas de backoffice.
Na sua opinião, o que deveria ser feito para melhorar o ambiente de negócios no Brasil?
Estabelecer um equilíbrio macroeconômico e implementar reformas que criem ambientes mais competitivos. Para isso, precisamos de estabilidade política.
A EBM adotou alguma estratégia para enfrentar a crise?
Sim, a diversificação de portfólio de produtos, tanto em termos de segmento quanto geograficamente. Essa é nossa filosofia para minimizar riscos de mercado.
Como ocorreu essa diversificação de portfólio? Quais formam os investimentos realizados?
Em 2013, criamos a EA3 Urbanismo, loteadora formada por meio de uma joint venture entre a EBM Desenvolvimento Imobiliário e a empresa Água Santa. Lançaremos 12 projetos, entre condomínios fechados e loteamentos, em várias cidades brasileiras. Serão 15.933 lotes com VGV [Valor Geral de Vendas] previsto de R$ 2,140 bilhões.
Também constituímos um braço patrimonialista, a EBM Propriedades. Ele é focado em imóveis para locação. Um dos seus investimentos é o Complexo Metropolitan, que tem mall com 4.500 m² de ABL [Área Bruta Locável]. O empreendimento já conta com 25 lojas prontas e grandes operações em andamento.
A EBM Propriedades também tem participação no Shopping Mega Polo, em Goiânia, complexo atacadista lançado em 2017, com inauguração prevista para o segundo semestre deste ano.

No segmento econômico, tivemos o primeiro lançamento Minha Casa Minha Vida em 2017, com a linha de crédito imobiliário Apoio à Produção, da Caixa Econômica Federal. Agora, a EBM tem mais de R$ 200 milhões em VGV para lançamento nos próximos 12 meses, com empreendimentos previstos em Goiás e São Paulo.
A incorporadora também voltou a atenção para o interior de São Paulo, após oito anos sem investir na região. Em 2017, lançamos um empreendimento em São Carlos. Neste ano, lançaremos projetos em Araraquara e Campinas. Além disso, temos negócios em andamento nas cidades de Piracicaba e São José do Rio Preto.
A EBM é uma empresa tradicional no segmento de alto padrão. Quais os próximos empreendimentos direcionados a esse público?
Em Goiânia, tivemos o lançamento, em 2017, do Miami One LifeStyle, no Setor Marista. O VGV [Valor Geral de Vendas] do empreendimento foi de R$ 75 milhões.

Também estamos desenvolvendo um empreendimento na localização mais nobre da cidade, em frente à Praça do Sol, com VGV de R$ 76 milhões. Além disso, adquirimos mais três terrenos para implantação de outros projetos.
Em Anápolis [Goiás] lançamos o Residencial Garden, que já está na primeira fase. O VGV do empreendimento é R$ 100 milhões.

Qual é o perfil da EBM no mercado?
Somos uma empresa que, por um lado, é cautelosa e conservadora – tanto que estamos há 36 anos no mercado. Por outro, estamos promovendo constantes mudanças e implementando novas tecnologias e processos com a finalidade de sermos mais produtivos e competitivos. Por isso, estão sendo realizadas algumas mudanças culturais internas.
Você poderia falar um pouco mais sobre essas mudanças na cultura da empresa?
Precisamos estar mais voltados ao consumidor do que a processos e burocracias internas.
No decorrer dos anos, a empresa foi criando padrões e processos, organizando-os e desenhando fluxos. Quando vimos, tínhamos formado uma “prefeitura”, burocrática e rígida.
Hoje o perfil do consumidor mudou. Ele quer respostas rápidas e não está disposto a esperar até que suas solicitações passem por um fluxo hierárquico. Para mudar essa cultura engessada e padronizada, as equipes de frente e backoffice precisam de autonomia e flexibilidade para resolver as demandas que surgem. É isso que queremos proporcionar.
Como é trabalhar à frente tanto da área Administrativo-Financeira quando da Controladoria?
São áreas complementares e atuar em ambas ajuda a ter uma visão macro da empresa. Mas, para alinhar os dois setores, é preciso acompanhar o dinamismo dos novos tempos.
Muitas vezes, o pessoal da Controladoria cobra a execução de planos de ação que, posteriormente, precisam ser modificados. Isso acontece, por exemplo, quando surge a necessidade de adiar o lançamento de um empreendimento. Ao contrário de ficar somente reclamando do retrabalho, é preciso desenvolver a flexibilidade que estamos tentando incorporar à cultura da empresa.
Como a EBM faz para ter um controle de custos eficiente?
Por meio do alinhamento de informações e do controle orçamentário por projeto. Para isso, criamos comitês trimestrais para análise dos desvios orçamentários e projeção orçamentária futura. Esses comitês estão nos ajudando a ter uma orçamentação mais precisa.
Cite uma ferramenta gerencial que não pode faltar em uma construtora. Por quê?
Um ERP [Enterprise Resource Planning, ou Sistema de Gestão Empresarial] para automatizar processos backoffice e um CRM [Customer Relationship Management, ou Gestão de Relacionamento com o Cliente] para melhorar o relacionamento com o cliente.
Como você vê a absorção de novas tecnologias pelo setor da Construção Civil?
O setor da construção civil era bastante conservador em relação à adoção de novas tecnologias, principalmente nas áreas de backoffice e atendimentos ao cliente. Sei disso porque já fiz muito benchmarking, analisando as práticas inovadoras de grandes construtoras.
Mas a partir de 2015, isso começou a mudar. As empresas passaram a se preocupar em implantar aplicativos para os clientes e a implantar BI [Business Intelligence, ou Inteligência de Negócios, em português].
A EBM busca investir em inovação?
Há quase dois anos, a EBM adotou o BI [Business Intelligence] , sistema capaz de coletar, reunir e compartilhar dados gerais de todos softwares da empresa de forma padronizada e em tempo real. Desde então, obtivemos muitos ganhos com automação de processos e maior velocidade no recebimento de informações.
Recentemente, lançamos um portal e um aplicativo que permitirá aos colaboradores acessarem todo o conteúdo disponibilizado via BI de qualquer lugar que estiverem, inclusive pelo celular, bastando estarem conectados à internet.
Isso dará mais ferramentas para que os consumidores façam suas solicitações de forma direta e para que quem os atenda tenha mais autonomia na resolução das demandas.
Agora a EBM implantou o Business Analytics [Análise de Negócios], acessível no portal de gestão. Por enquanto, a ferramenta faz simulações do cenário atual e análises futuras apenas com dados internos, sem comparação com o mercado geral, algo que ainda buscamos.
Neste ano, a empresa também pretende implantar o Robotic Process Automation [Automação de Processos Robóticos], ou RPA, para executar atividades operacionais, como conciliação bancária e pagamento de despesas. Tudo deverá ser por caminhos tecnológicos, sem a demanda de intermediários.
Dessa forma, queremos obter maior produtividade e agilidade, assim como soluções inteligentes para os clientes.
Em sua opinião, por que as empresas de construção deveriam investir em um softwares de gestão?
Porque proporciona maior controle de prazos e de custos, agilidade na obtenção de informações e embasamento para a tomada de decisões assertivas e ágeis. Isso torna qualquer empresa mais produtiva, competitiva e, consequentemente, lucrativa.
Em breve, o Perfil da Construção trará nova entrevista com um profissional de destaque do setor. Não perca!
