Logo

Tudo sobre BIM

Redação Sienge
Redação Sienge
31 de janeiro de 2025
Tudo sobre BIM

Tempo estimado de leitura: 27 minutos

O BIM (Building Information Modeling) está transformando a Construção Civil ao permitir a criação de modelos digitais inteligentes que integram todas as fases de um projeto, desde o planejamento até a operação.

De fato, essa metodologia melhora a colaboração entre equipes, reduz erros, otimiza custos e torna a gestão de obras mais eficiente e previsível. Não por acaso, segundo dados do Cenário Construtivo, 70% das empresas de alto padrão já trabalham com BIM, demonstrando sua relevância no mercado.

Mas como escolher a melhor ferramenta? Como fazer a implementação da maneira correta? É isso, e muito mais, que você vai ver neste guia completo. Aqui, você vai entender de uma só vez tudo que precisa para implementar esse processo na sua construtora e incorporadora a fim de otimizar significativamente os projetos e a gestão das suas obras. 

Boa leitura!

O que é BIM?

O BIM (Building Information Modeling), ou Modelagem da Informação da Construção, é uma metodologia que envolve várias ferramentas, tecnologias e contratos para a geração e gestão de representações digitais das características físicas e funcionais de construções.

Ele é diferente do desenho tradicional em 2D, que é uma representação planificada do que será construído. A modelagem com BIM trabalha com modelos a partir de 3D, que são mais fáceis de assimilar e muito mais fiéis ao produto final.

Os Modelos de Informações de Construção (BIMs) são arquivos de computador que podem ser extraídos, trocados ou colocados em rede para apoiar a tomada de decisão em relação a um ativo construído.

Esses modelos vão além da representação visual. Eles contém também informações de cronograma que ajudam, por exemplo, no controle da quantidade necessária de operários, entre outros fatores que podem influenciar na programação do cronograma final da obra.

A plataforma BIM também desempenha um papel fundamental na estimativa de custos, permitindo a análise detalhada do orçamento em qualquer fase do projeto. Com ele, é possível prever despesas com maior precisão, ajustando valores conforme o desenvolvimento da obra.

5 níveis do BIM: 3D, 4D, 5D, 6D e 7D

Apesar de conhecido pelo nível “BIM 3D”, há diferentes profundidades de utilização, com diferentes objetivos. Conheça melhor os “D” do BIM:

BIM 3D 

Foca na visualização em aspecto espacial, permitindo que todos vejam as alterações realizadas no mesmo instante que são feitas. Também ajuda que o trabalho seja realizado de forma colaborativa através da integração de dados de diferentes áreas. Ou seja, integra desde arquitetos, passando pelos fornecedores de materiais até a área de engenharia.

BIM 4D

Utilizado na prevenção de riscos, permite uma visualização prática do planejamento da construção. Esse segundo nível de BIM auxilia na gestão de conflitos, antecipando análises que seriam feitas apenas no momento de execução.

BIM 5D

Utilizado no nível de orçamentação, mostra o impacto do custo ao longo do tempo, fazendo um trabalho análogo ao do Cronograma Físico-Financeiro. O benefício do BIM 5D? Um maior acerto na previsão do orçamento.

BIM 6D

Num mundo que preza cada vez mais o uso sustentável dos recursos naturais, o BIM 6D trabalha na análise do consumo de energia, que resultará em escolher equipamentos de alto desempenho (e que consumam menos energia proporcional). Esse nível é amplamente incentivado pela Green Building Council.

BIM 7D 

Nesse nível há um foco na manutenção das instalações, resultando em benefícios como a substituição mais rápida das peças. Tem grande serventia para os líderes de projetos que precisam gerenciar todo o tempo de vida de um empreendimento.

Usos do BIM na Construção

Como você deve prever, o BIM é uma tecnologia muito utilizada por profissionais da arquitetura e construção, especialmente para a gestão de projetos. De acordo com o engenheiro Eduardo Toledo Santos, professor doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), o BIM é mais que um software, é um processo.

Isso explica por que a transição do CAD para o BIM não é tão simples, exigindo alteração da forma de trabalhar dos escritórios e da forma de coordenar os projetos. “Simplesmente trocar um pelo outro é a receita para o fracasso”, alerta o profissional.

“O BIM simplifica consideravelmente a tarefa de compatibilização de projetos ao detectar interferência entre eles, a partir dos modelos tridimensionais. É preciso, porém, saber identificar quando se trata realmente de interferência, porque o computador mostra inúmeras delas, e, na verdade, elas podem não passar de pequenos erros, nada relevantes”, explica.

O modelo tradicional de desenvolvimento de projetos engloba, na maioria dos casos, plantas e mais plantas em 2D, com detalhes complexos de verificar e com informações bem complicadas de localizar ou confirmar. Isso sem contar o trabalho não-integrado entre as diversas disciplinas envolvidas no todo do projeto (elétrica, hidráulica etc), o que gera inúmeras revisões.

Portanto, há uma necessidade cada vez mais crescente de tornar os processos em equipe mais rápidos, dinâmicos e sinérgicos, e com o auxílio do digital, isso é possível. Da mesma forma, o avanço tecnológico também propicia o desenvolvimento de projetos mais ágeis e corretos – mas tudo isso deve ser feito com cautela para que funcione da melhor maneira.

Como funciona a aplicação de tecnologia para BIM?

Como você já viu logo acima, o BIM vai muito além da modelagem tridimensional. Sua aplicação envolve diferentes tecnologias que integram dados, cronogramas e custos ao longo de todo o ciclo de vida da construção. Desde a criação do modelo digital até o planejamento e orçamento, as ferramentas BIM permitem um nível de precisão e eficiência que os métodos tradicionais não conseguem alcançar.

A seguir, veja como as tecnologias BIM são aplicadas em cada etapa do processo, desde a modelagem até a geração de orçamentos detalhados.

Passo 1: Modelagem

Um dos softwares mais conhecidos dentro da metodologia BIM é o Revit®, amplamente utilizado na fase inicial de elaboração do projeto. Mas ele faz o mesmo que um CAD 3D?

Segundo Fernando Silva Ramos, consultor para implementação de BIM da Softplan, a resposta é não: “Programas como o CAD 3D atualmente não operam em BIM porque não têm estrutura para armazenar informações de forma sistêmica e coordenada, permitindo o aproveitamento delas em outras etapas e processos.”

No Revit®, além da modelagem dos componentes, é possível incluir dados detalhados sobre cada elemento do projeto. Basta clicar sobre um item para acessar um painel com todas as suas informações registradas.

Por exemplo: no caso de uma parede de alvenaria, o software permite especificar camadas, espessuras e materiais. Além disso, o Revit® possibilita a importação de desenhos de outras ferramentas, assim como o CAD 3D, oferecendo maior flexibilidade no desenvolvimento do projeto.

Passo 2: Planejamento

Com o modelo estruturado e as especificações definidas, é possível integrar as três dimensões espaciais à variável tempo, criando o BIM 4D. Isso significa associar informações de cronograma, prazos e sequência de execução de atividades ao modelo digital.

Ferramentas como o Synchro auxiliam nessa integração, permitindo uma visualização mais realista da evolução da obra. Em vez de números e gráficos abstratos, o BIM 4D transforma o cronograma em uma simulação interativa, facilitando a análise do progresso e a comparação entre o planejado e o executado.

Além disso, prever e evitar conflitos entre atividades torna-se mais simples, pois a relação entre os serviços fica mais clara. Outra grande vantagem é a possibilidade de simular diferentes formas de executar a mesma etapa, permitindo que a construtora escolha a opção mais eficiente em custo-benefício e otimização do tempo.

Passo 3: Orçamento

Ao adicionar a variável custo ao conceito de BIM 4D, chegamos ao BIM 5D, que permite a geração de um cronograma físico-financeiro e um orçamento altamente detalhado.

Você deve saber que uma das maiores dificuldades no processo tradicional é analisar plantas e extrair quantitativos manualmente, o que pode ser demorado e suscetível a erros. Tecnologias BIM como o Navisworks® e o Vico Software automatizam esse processo, permitindo que os quantitativos sejam extraídos diretamente do modelo.

Isso significa que a quantidade total de materiais, mão de obra e equipamentos será calculada com base no modelo digital atualizado, reduzindo erros de digitação, interpretações equivocadas e falhas no levantamento de dados.

Dessa forma, a orçamentação se torna muito mais precisa e confiável, garantindo que os custos estejam alinhados com o formato exato em que o empreendimento foi projetado.

Benefícios do BIM para a Construção Civil

A verdade é que o Building Information Modeling (BIM) é uma tecnologia essencial para modernizar a Construção Civil, trazendo, de forma geral, mais eficiência, economia e qualidade para os projetos. Confira alguns dos principais benefícios:

  • Redução de erros e retrabalho: a modelagem virtual permite identificar falhas antes da execução, evitando incompatibilidades entre os sistemas da obra.
  • Melhoria na gestão de tempo: o planejamento detalhado e o controle rigoroso do cronograma ajudam a reduzir atrasos e garantir a entrega dentro do prazo.
  • Otimização de custos e desperdícios: a precisão do BIM permite prever custos com até 99% de acerto, além de minimizar o desperdício de materiais e melhorar a logística.
  • Maior colaboração entre equipes: diferentes profissionais, como arquitetos e engenheiros, trabalham em um único modelo digital, com toda a integração e eficiência necessárias.
  • Centralização e controle das informações: todos os dados ficam armazenados em uma única plataforma, o que facilita auditorias e tomadas de decisão baseadas em informações mais precisas.
  • Aumento da produtividade: o acesso digital aos projetos reduz retrabalhos e pode gerar um ganho de até 16% no tempo dos engenheiros durante a obra.
  • Sustentabilidade e responsabilidade ambiental: a tecnologia possibilita um melhor aproveitamento de materiais e energia, reduzindo impactos ambientais ao longo do ciclo de vida da construção.
  • Maximização do Retorno sobre Investimento (ROI): empresas que adotam o BIM se tornam mais competitivas, entregando obras com maior qualidade, menor custo e maior eficiência.

São benefícios como estes que mostram que cada vez mais o BIM vai além de ser uma simples inovação tecnológica. Atualmente ele é considerado um verdadeiro diferencial estratégico para quem deseja crescer e se destacar no setor da Construção Civil.

Metodologia BIM

Diferente do modelo tradicional, que se baseia em desenhos 2D e na fragmentação das informações entre diferentes disciplinas (arquitetura, engenharia estrutural, instalações, etc.) o BIM cobre todo o ciclo de vida da edificação, desde o planejamento até a operação e manutenção.

Abaixo, vamos elencar cada uma das fases que compõem este processo. 

  • Planejamento: definição de objetivos, orçamento, prazos e requisitos técnicos. Nessa fase, o BIM permite prever custos com alta precisão e analisar diferentes cenários antes da execução.
  • Design (Projeto): desenvolvimento do modelo digital detalhado, integrando disciplinas como arquitetura, engenharia estrutural e instalações. Simulações e detecção de conflitos (clash detection) evitam erros antes da obra.
  • Construção: aqui, o uso do BIM é para acompanhar e otimizar a execução da obra. A tecnologia melhora a comunicação entre equipes, reduz erros e facilita ajustes durante a construção.
  • Operação: após a entrega, o modelo BIM continua sendo uma fonte de dados essencial, auxiliando na gestão eficiente da edificação, controle de sistemas e monitoramento do desempenho.
  • Manutenção: o BIM também facilita as inspeções e manutenções preventivas, permitindo acesso rápido a informações sobre instalações elétricas, hidráulicas e estruturais, reduzindo custos com reparos inesperados.

A metodologia já se consolidou como indispensável para projetos mais eficientes, sustentáveis e rentáveis. No entanto, apesar de todas essas funcionalidades, a adoção do BIM ainda enfrenta desafios no Brasil, que nós veremos no próximo tópico.

BIM no Brasil: as ações do poder público para o fortalecimento

Já é comprovado que empresas com maior maturidade em BIM tendem a entregar até 12% mais obras dentro ou até mesmo antes do prazo em comparação àquelas que não utilizam a tecnologia. No entanto, ainda existem algumas dificuldades que precisam ser resolvidas.

Segundo dados do Cenário Construtivo, dentre os principais desafios para o BIM na Construção Civil brasileira estão a falta de experiência técnica, valores altos das licenças dos softwares e dificuldades para encontrar projetistas. Além disso, treinamento dos trabalhadores e mudança na cultura da empresa também aparecem como empecilhos no ranking.

Por este motivo, o governo federal tem implementado uma série de estratégias para incentivar o uso da metodologia, especialmente em obras públicas. O intuito é justamente aumentar a eficiência das construções, ao mesmo tempo que reduz desperdícios e melhora a transparência dos investimentos em infraestrutura.

Estratégia Nacional de Disseminação do BIM

A principal iniciativa do poder público para a ampliação do BIM no Brasil é a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM (Estratégia BIM BR), instituída pelo Decreto nº 11.888, de 22 de janeiro de 2024. Essa estratégia tem como objetivo promover um ambiente adequado para investimentos em BIM e sua disseminação no país, incentivando a modernização da Construção Civil e tornando as obras públicas mais eficientes.

A implementação do BIM no setor público está sendo feita de forma progressiva, conforme planejado em três fases principais:

  • Desde 2021: uso obrigatório do BIM em projetos de arquitetura e engenharia contratados por órgãos públicos federais.
  • A partir de 2024: houve a expansão do BIM para todas as etapas das obras públicas, incluindo planejamento, execução e fiscalização.
  • Até 2028: aplicação integral do BIM ao longo de todo o ciclo de vida das edificações, abrangendo também operação e manutenção.

Essas fases estão descritas no Decreto nº 10.306/2020, que determina a adoção progressiva do BIM na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia, realizada pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal. 

Mas não para por aí. Além do governo, estados e municípios também estão avançando na exigência do BIM, e hoje já podemos ver diversos cases de sucesso em grandes construções, como: 

  • Projeto Proarte do DNIT;
  • Aeroporto de Florianópolis/SC;
  • Reforma da Ponte Rio-Niterói;
  • Reconstrução do Museu Nacional do Rio de Janeiro;
  • E muitos outros.

Dessa forma, a tendência é que o BIM se torne cada vez mais presente nos projetos públicos e privados, impulsionado pelas exigências governamentais e pelos benefícios comprovados da metodologia.

Com a digitalização dos processos construtivos, espera-se um setor mais eficiente, transparente e sustentável, o que trará uma melhor qualidade nas obras e a otimização dos investimentos públicos.

Construa Brasil

Para acompanhar as transformações tecnológicas e aumentar a eficiência do setor, a Construção Civil precisa se digitalizar, e o BIM (Building Information Modeling) é a porta de entrada para essa modernização. O Construa Brasil, iniciativa do Governo Federal, tem como objetivo reduzir desperdícios, aumentar a produtividade e trazer mais transparência para o setor, promovendo a adoção do BIM em larga escala.

O programa atua em diversas frentes para impulsionar essa transformação, estabelecendo metas estratégicas que ajudam a consolidar o BIM no Brasil. Entre elas, destacam-se:

  • Convergência dos Códigos de Obras e Edificações (COE);
  • Melhoria do processo de concessão de alvará para construção;
  • Difundir o BIM e seus benefícios;
  • Apoiar ações de estruturação do setor público para a adoção do BIM;
  • Criar condições favoráveis para o investimento público e privado em BIM;
  • Estimular o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias relacionadas ao BIM;
  • Identificar e adequar o regulamento técnico para incentivo à coordenação modular;
  • Incentivo à construção industrializada.

Com essas ações, o Construa Brasil vai fortalecer a digitalização da Construção Civil, ajudando a consolidar o BIM como padrão no mercado. Reduzindo burocracias, promovendo capacitação e incentivando investimentos, o programa acelera a transformação digital, tornando as obras mais produtivas, sustentáveis e alinhadas às melhores práticas internacionais.

Biblioteca BIM: o que é e como funciona?

A Biblioteca BIM é um repositório digital que contém modelos paramétricos de objetos e elementos construtivos em formato BIM. Esses objetos podem representar desde materiais simples, como blocos de concreto e tubos hidráulicos, até componentes mais complexos, como portas, janelas e sistemas estruturais.

Essas bibliotecas são fundamentais para os projetistas, pois oferecem modelos prontos e otimizados, reduzindo o tempo de desenvolvimento dos projetos e trazendo mais precisão nas especificações técnicas.

Além disso, os arquivos BIM contêm informações detalhadas, como dimensões, propriedades físicas, compras de materiais e desempenho dos componentes, facilitando a compatibilização e simulação do projeto.

Biblioteca Nacional BIM (BIMBR)

Ainda no intuito de impulsionar a adoção do BIM no Brasil, o governo federal também lançou a Biblioteca Nacional BIM (BIMBR), um projeto desenvolvido pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

A BIMBR disponibiliza gratuitamente um acervo de objetos BIM padronizados, voltados especialmente para obras públicas. Assim, órgãos governamentais e empresas contratadas podem fazer uso de modelos confiáveis e compatíveis com as exigências das licitações.

Bibliotecas BIM de Empresas Privadas

Além da iniciativa pública, diversas empresas do setor da Construção Civil disponibilizam bibliotecas BIM próprias, facilitando a especificação de seus produtos nos projetos. Algumas das principais bibliotecas do mercado são:

  • Biblioteca BIM da Gerdau: oferece modelos detalhados de soluções estruturais em aço, como perfis metálicos e armaduras para concreto. 
  • Biblioteca BIM da Amanco: disponibiliza objetos BIM de sistemas hidráulicos e sanitários, garantindo precisão na escolha dos materiais para instalações prediais.
  • Tigre, Deca, Viapol e outras marcas: empresas de materiais de construção também oferecem bibliotecas BIM para otimizar o trabalho de engenheiros e arquitetos.

Essas bibliotecas facilitam consideravelmente o processo, já que aceleram o desenvolvimento dos projetos, eliminando a necessidade de modelagem manual de componentes. Além disso, por meio dos modelos prontos, você alcança maior precisão técnica e compatibilização entre disciplinas, além de melhorar a previsibilidade de custos. 

Com a expansão do BIM no Brasil, a tendência é que a cada dia mais empresas e órgãos públicos invistam em bibliotecas para padronizar e facilitar projetos e construções. Assim, a metodologia se torna cada vez mais acessível e produtiva para as construtoras e incorporadoras.

Tecnologias e ferramentas relacionadas ao BIM

A adoção do BIM (Building Information Modeling) na Construção Civil exige o uso de softwares especializados, que permitem criar, gerenciar e analisar modelos digitais detalhados de edificações e infraestruturas. São essas ferramentas que irão possibilitar a colaboração entre diferentes disciplinas a fim de buscar mais precisão no planejamento e execução das obras.

Entre os softwares BIM mais populares, destacam-se:

  • Autodesk Revit – Um dos mais utilizados no mundo, permite modelagem paramétrica e integração entre arquitetura, estrutura e instalações.
  • ArchiCAD – Desenvolvido pela Graphisoft, é conhecido por sua interface intuitiva e alto desempenho na modelagem 3D.
  • Bentley Systems (OpenBuildings e OpenRoads) – Voltado para projetos complexos de infraestrutura, amplamente adotado em obras viárias e ferroviárias.
  • Tekla Structures – Especializado em estruturas metálicas e concreto, muito usado para detalhamento e compatibilização de projetos estruturais.

Cada uma dessas ferramentas atende a diferentes necessidades, mas todas compartilham o objetivo de aumentar a eficiência e reduzir erros no desenvolvimento de projetos e na execução de obras.

Construmanager

Uma plataforma que merece destaque no cenário nacional é o Construmanager, a solução BIM do Ecossistema Sienge. Essa ferramenta facilita a gestão de projetos BIM, permitindo que as empresas controlem melhor o fluxo de informações e integrem dados de diferentes softwares. O Construmanager foi desenvolvido justamente para tornar o BIM mais acessível, ajudando construtoras a gerenciar suas obras de forma mais organizada.

Além dos softwares de modelagem, o BIM pode (e deve) ser integrado a outras tecnologias para otimizar ainda mais os processos. O próprio Sienge Plataforma, por exemplo, permite que informações do BIM sejam utilizadas na gestão de custos, orçamentos e planejamento de obras.

Já a Prevision é uma solução voltada para o planejamento e controle de obras, que também se integra perfeitamente para ajudar na simulação de cenários e no cumprimento de prazos.

Portanto, a evolução do BIM está diretamente ligada à sua capacidade de se conectar a outras ferramentas, criando um ambiente colaborativo e inteligente. Quanto mais integradas essas soluções estiverem, mais benefícios poderão trazer para o setor da Construção Civil, tornando os projetos mais certeiros, sustentáveis e rentáveis.

Dicas sobre como implementar BIM na sua construtora

A adoção do BIM (Building Information Modeling) pode transformar a forma como as construtoras gerenciam projetos, trazendo uma infinidade de benefícios que você já leu até aqui. No entanto, a implementação exige planejamento, adaptação cultural, investimento em tecnologia e capacitação da equipe.

Vamos ver abaixo com mais detalhes os principais componentes para fazer a implementação da melhor forma.

Modelagem

Criar um modelo digital inteligente da edificação é o primeiro passo. Esse modelo não é apenas um desenho 3D, mas uma base de dados completa, permitindo análises detalhadas de materiais, estruturas e instalações. Definir o nível de detalhamento (LOD) adequado para cada fase do projeto evita modelagens excessivas que aumentam o tempo e o custo do processo.

Análises de Viabilidade 

O BIM permite realizar simulações financeiras e técnicas antes da execução, avaliando custos, impacto ambiental e consumo de materiais. Segundo o consultor Tiago Ricotta, um dos principais erros na adoção do BIM é não estabelecer objetivos claros sobre o que se espera da tecnologia, o que pode comprometer os resultados.

Simulações e Visualizações 

Uma das maiores vantagens do BIM é prever conflitos entre disciplinas (arquitetura, estrutura, instalações), reduzindo retrabalhos. Um bom software oferece funcionalidades como visualização de modelos federados, comparação de versões e auditorias de elementos, otimizando a gestão dos projetos. 

Documentação 

O BIM centraliza a documentação técnica, garantindo que todas as disciplinas trabalhem com informações atualizadas e padronizadas. Isso reduz erros, facilita auditorias e assegura maior precisão na construção. Com arquivos integrados, a compatibilização entre diferentes áreas do projeto se torna mais eficiente, minimizando falhas e retrabalho.

Gestão de Obras 

Com a documentação vinculada ao modelo digital, o acompanhamento da obra se torna mais preciso. O BIM permite monitorar a evolução do projeto, comparar o planejado com o executado e otimizar o uso de recursos. É nessa hora que entra a necessidade de integração com plataformas como Sienge e Prevision, a fim de aprimorar orçamentos, planejamentos e previsibilidade de prazos, o que amplia o controle sobre a execução.

Como escolher a melhor ferramenta BIM? 

A escolha de uma ferramenta BIM (Building Information Modeling) deve estar alinhada às necessidades específicas da sua construtora ou incorporadora. Não existe um software único que atenda a todas as demandas, por isso, a decisão deve ser baseada em critérios técnicos e operacionais, de modo que a ferramenta realmente facilite o fluxo de trabalho na realidade da sua empresa. Vamos ver abaixo alguns pontos importantes.

1) Definição de necessidades e compatibilidade

O primeiro passo é identificar quais problemas você deseja resolver com o BIM. A ferramenta escolhida deve ser capaz de atender às demandas do seu projeto, desde modelagem até gestão de informações e compatibilidade com outras soluções. 

Evite escolher um software apenas porque outras empresas ou colegas o utilizam. O ideal é realizar testes antes da adoção para garantir que a solução se encaixe na rotina da empresa.

Além disso, um aspecto essencial é a interoperabilidade da ferramenta. O BIM deve envolver diversas disciplinas (arquitetura, estrutura, instalações, orçamento), portanto o software deve permitir o compartilhamento de informações entre essas diferentes áreas. Algumas plataformas possuem integração direta, enquanto outras trabalham com formatos abertos, como o Open BIM.

2) Open BIM e formatos de arquivo

O Open BIM é um conceito que permite que diferentes softwares troquem informações de maneira padronizada, utilizando formatos neutros como o IFC (Industry Foundation Classes). Esse tipo de arquivo possibilita a exportação e importação de modelos com todas as informações necessárias para que outras disciplinas possam continuar o trabalho de forma integrada.

Por esse motivo, optar por ferramentas que suportam Open BIM é essencial para garantir que o fluxo de informações não seja interrompido devido a limitações de compatibilidade. Existem certificações que validam se um software atende a esses padrões, para que ele possa ser utilizado dentro de um ecossistema BIM mais amplo.

3) Escolha parceiros pela competência, não pelo software

No ambiente BIM, o foco deve ser na competência dos profissionais e parceiros, e não apenas na ferramenta utilizada. Não existe um software que seja ideal para todas as atividades, e problemas específicos exigem soluções especializadas. O mais importante é que todos os envolvidos possam trabalhar com formatos compatíveis e manter o fluxo de informações ativo e produtivo.

4) Integração com outras ferramentas

Ao longo do desenvolvimento de um projeto, diferentes softwares podem ser utilizados, desde modelagem e cálculo estrutural até orçamento e planejamento. Para otimizar o fluxo de trabalho, a ferramenta BIM escolhida deve permitir a integração entre essas outras soluções utilizadas na empresa.

Por exemplo, um software BIM que permite importar planilhas do Excel para análise de cálculos pode facilitar verificações estruturais e quantitativas de materiais. Lembre-se que a  integração entre projetos, orçamento e gestão da obra é um dos pilares do BIM, fazendo com que todas as informações geradas sejam aproveitadas durante todo o ciclo de vida da construção.Por isso que a ferramenta BIM ideal não se resume a selecionar o software mais popular, mas sim a encontrar a solução que melhor atende às necessidades do seu projeto. O foco deve estar na interoperabilidade, no suporte a formatos abertos e na eficiência do fluxo de informações entre equipes e disciplinas.

O futuro do BIM na Indústria da Construção brasileira

O BIM já provou seu valor na Construção Civil, mas sua evolução não para. A cada ano, novas tecnologias vêm ampliando seu potencial, trazendo ainda mais eficiência, previsibilidade e integração ao setor.

Entre as principais tendências para o futuro do BIM no Brasil, destacam-se sua aplicação em infraestrutura, a adoção de Digital Twins (Gêmeos Digitais) e a integração com cidades inteligentes.

BIM para Infraestrutura

Embora o BIM já esteja consolidado em projetos de edificações, sua aplicação em infraestrutura ainda cresce lentamente no Brasil. Em países como Reino Unido e Estados Unidos, a metodologia já é amplamente utilizada em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, permitindo um controle mais preciso da execução e manutenção dessas obras.

No Brasil, órgãos como o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) vêm testando o uso do BIM em projetos rodoviários, buscando maior previsibilidade de custos e prazos principalmente. Além disso, a Estratégia BIM BR, que nós vimos anteriormente, prevê a adoção progressiva dessa tecnologia nas obras públicas de infraestrutura.

A tendência é que o BIM se torne um requisito obrigatório em projetos viários e urbanos, permitindo a análise detalhada do ciclo de vida das infraestruturas, reduzindo custos operacionais e facilitando manutenções preventivas.

Digital Twins (Gêmeos Digitais)

Uma das maiores inovações associadas ao BIM é o conceito de Digital Twins (Gêmeos Digitais), que consiste na criação de uma réplica digital exata de um edifício, infraestrutura ou até mesmo de uma cidade inteira.

Os gêmeos digitais utilizam dados em tempo real captados por sensores IoT (Internet das Coisas), permitindo que gestores monitorem estruturas físicas, simulem cenários e antecipem falhas antes mesmo que elas ocorram. Isso é especialmente útil para a manutenção preditiva de pontes, rodovias e sistemas urbanos, aumentando até mesmo a  durabilidade das infraestruturas.

Empresas e governos estão começando a explorar essa tecnologia no Brasil, e a expectativa é que sua adoção cresça nos próximos anos. Integrando BIM e inteligência artificial, certamente veremos uma otimização nas operações urbanas e industriais.

Integração com Cidades Inteligentes

O BIM também está se tornando um elemento essencial para o desenvolvimento das Smart Cities (Cidades Inteligentes), onde a tecnologia é usada para melhorar a gestão urbana e a qualidade de vida da população.

Fazendo a integração do BIM a sistemas urbanos conectados, é possível otimizar o uso de energia, reduzir desperdícios de água, aprimorar a mobilidade e planejar melhor a ocupação do solo. Modelos digitais detalhados de edificações e infraestruturas permitem simular e testar soluções antes da implementação, tornando o planejamento urbano mais útil para a população. Cidades como Curitiba e São Paulo já começaram a investir na digitalização de seus projetos urbanos. E a tendência é que o BIM seja cada vez mais utilizado em conjunto com Big Data, Inteligência Artificial e IoT na criação de ambientes urbanos mais sustentáveis e integrados.

Conclusão

O BIM está evoluindo rapidamente e se tornando mais do que uma ferramenta de modelagem de projetos. Sua aplicação em infraestrutura, a adoção de gêmeos digitais e a integração com cidades inteligentes representam o futuro da Construção Civil no Brasil.

Nos próximos anos, espera-se que mais órgãos públicos e empresas do setor adotem o BIM como padrão, impulsionando um mercado mais digitalizado, eficiente e sustentável. Para construtoras e profissionais, estar atualizado com essas inovações não é mais um diferencial, mas uma necessidade para se manter competitivo no setor.

Leitura recomendada

Como implementar BIM: passo a passo
Como implementar BIM: passo a passo
Software de gerenciamento de projetos de Construção Civil: simplifique e organize a gestão
Software de gerenciamento de projetos de Construção Civil: simplifique e organize a gestão
Construtibilidade é o caminho para o sucesso
Construtibilidade é o caminho para o sucesso

Ebook – Tudo sobre BIM

Redação Sienge
Redação Sienge
19 de maio de 2016
Ebook – Tudo sobre BIM

Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Confira neste ebook tudo que você precisa saber sobre BIM e como adequar a sua empresa a essa nova forma de fazer projetos!

Quando se trata de projetos, hoje só se fala em BIM, ou Modelagem da Informação da Construção. Mas você sabe o que isso quer dizer? BIM é uma nova forma de projetar, baseada em modelos 3D ao invés de projetos planificados. Com essa nova técnica, é possível integrar e agregar informações, tornando um projeto visível em um único modelo. Isso tudo aumenta a comunicação e a integração entre profissionais, reduz e confronta erros de projeto e agiliza as etapas de um empreendimento. Com BIM, é inclusive possível alcançar novas dimensões e etapas de projeto, resultando no 4D e o 5D, passando por todas as etapas do projeto: desde o estudo de viabilidade até a pós-entrega.

Nós explicamos para você todas as vantagens de se usar BIM na sua empresa, os conceitos que esse tipo de modelagem introduz, como por exemplo, o nível de detalhamento, ou LOD, na sigla em Inglês. Também falamos sobre o Gerente de BIM, ou BIM Manager, o profissional que é capaz de integrar e coordenar todas as informações que o BIM proporciona.

Nosso eBook mostra também os motivos e vantagens de usar BIM na sua empresa e recomenda os softwares mais utilizados para que isso se torne realidade. Confira algumas das vantagens de usar BIM:

  • Ajuda no cumprimento das datas estipuladas no cronograma de obra;
  • Oportunidade de testar soluções previamente;
  • Modelo atualizado em tempo real;
  • Intercâmbio de informações entre profissionais;
  • Um único arquivo reúne todas as etapas de uma construção em um só modelo;
  • Diminuição de erros de dados;
  • Compatibilização de projetos: evita erros de projeto.

Confira ainda a Integração Sienge BIM, que permite às empresas que já trabalham com BIM fazer orçamentos de forma mais rápida e prática.

Inicie a leitura agora mesmo e comece a colocar em prática, ou pelo menos planejar, as mudanças pequenas na forma de fazer e gerenciar projetos na sua empresa!