No post passado (Princípios da Lean Construction, por Aldo Mattos) explicamos em linhas gerais os conceitos fundamentais de lean construction. Ou seja, apresentamos as bases do pensamento enxuto em que a produtividade é o foco.

Como vimos um dos enfoques do lean construction – ou construção enxuta – é priorizar as atividades que agregam valor. Ou seja, que contribuem diretamente com a produtividade na construção civil.

Assim, cabe ao engenheiro eliminar as operações desnecessárias dentro de um canteiro de obras. Ou seja, aquelas que geram os desperdícios na construção civil.

Dessa maneira, os principais tipos de desperdício na construção são 9:

  1. Espera
  2. Movimentação
  3. Processos desnecessários
  4. Área inutilizada
  5. Transporte
  6. Estoque
  7. Produção excessiva
  8. Defeito
  9. Atraso
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Para explorarmos melhor cada um dos conceitos da lean construction apresentados, vamos analisar os tipos de desperdício separadamente.

Assim, neste primeiro artigo, vamos analisar os três primeiros:

  1. Espera
  2. Movimentação
  3. Processos desnecessários

Espera

Por espera, na ótica da lean construction, define-se qualquer tempo gasto por pessoas ou equipamentos aguardando algum tipo de ação por parte de terceiros. Durante o tempo de espera os funcionários não exercem uma atividade, o que representa improdutividade. É, pois, um desperdício de tempo, de mão de obra e não necessariamente acarreta em perdas de materiais.

Alguns exemplos e causas de espera no fluxo de trabalho:

  1. Falta de material: é uma interrupção no fluxo de materiais. Assim, acontece geralmente porque o estoque da obra era insuficiente no início do serviço ou porque o setor de Suprimento fez o pedido fora do prazo ideal;
  2. Falta de ferramenta ou equipamento: pode estar relacionada a mobilização tardia do equipamento – que não atende ao tempo de ciclo do sistema de produção – ou até mesmo pela ausência de equipamento de reserva (vibrador de concreto, por exemplo);
  3. Frota mal dimensionada: já viu fila de caminhões aguardando sua vez para serem carregados por uma escavadeira? Isso pode ser decorrente de um dimensionamento errado de caminhões. Existe também espera no caso de a quantidade de caminhões ser pequena — aí a espera é na escavadeira.
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Não é raro ver, do lado de fora dos canteiros, uma fila de caminhões esperando – consumindo tempo e recursos, portanto – sua vez de ser carregado. Isso decorre de problemas no dimensionamento dos equipamentos e mão de obra necessários ao fluxo de trabalho. É um dos pontos focais da lean construction

Movimentação

Os desperdícios por movimentação ocorrem, segundo a lean construction, quando operários ou equipamentos realizam movimentos dispensáveis na execução de determinadas atividades de fluxos. Ou seja, sem agregar valor ao produto final. Um exemplo é o deslocamento para buscar ferramentas e materiais.

Dessa maneira, uma das técnicas utilizadas para tentar reduzir desperdício por movimentação na lean construction é o estudo de tempos nas operações.

A figura abaixo mostra o deslocamento dos operários em uma central de armação. Nota-se claramente que o arranjo da central não é dos mais eficientes. Afinal, há muito deslocamento para um local afastado do centro de gravidade das operações. Isso precisa ser considerado ao planejar o armazenamento de materiais.

Pensando nos conceitos da lean construction, o que VOCÊ faria nesse caso? Comente abaixo! Queremos saber sua opinião.

Processos desnecessários

Os desperdícios por processos desnecessários se manifestam pela existência de processos intermediários. Ou seja, conforme os preceitos da lean construction, que acabam por não agregar valor e tornam as atividades complexas e até redundantes.

Um exemplo clássico é a dupla carga (“dois tombos”, como se diz no jargão da construção). Imagine que se faz uma escavação. Daí, leva-se o material para uma pilha de estoque e depois leva-se o material para o local de aterro.

Ora, as duas cargas poderiam ser reduzidas a apenas uma se o processo pudesse ser otimizado. A carga dupla é comum na descarga de material no canteiro de obra.

Ou seja, o fornecedor descarrega o material no chão. Depois, um operário transporta para o almoxarifado. Depois disso, o produto vai para uma pilha no monta-carga (ou cremalheira). Somente depois é que vai para uma pilha no pavimento de aplicação do produto.

Assim, a otimização do processo de entrega junto ao fornecedor, baseada em conceitos de entrega just in time, por exemplo, poderia evitar isso.

Conclusões sobre desperdícios na visão da lean construction

Será que você identifica algum desperdício no vídeo abaixo, de operários levando materiais para o alto de uma edificação na África?

https://www.youtube.com/watch?v=ezBqNhsPy_c

Como podemos ver, o processo é extremamente rudimentar e prejudica não apenas a produtividade, mas também o meio ambiente. Afinal, grande parte do material está sendo desperdiçada. Pense em como esse processo poderia se beneficiar com a lean construction.

A lean construction olha para todos esses aspectos com base na otimização de processos. Assim, contempla tempos de espera, processamento e inspeção, por exemplo.



Outras dicas de leitura sobre Lean Construction

Confira os outros dois posts:

Desperdício na construção na visão da Lean Construction – Parte 2

Desperdício na construção na visão da Lean Construction – Parte 3

Além disso, que tal baixar o e-book “Alavanque a produtividade no canteiro com o Lean Thinking – Os 5 princípios da mentalidade enxuta”, de André Quinderé, da Aval Engenharia?. Nele o autor mostra como aplicar os princípios da Lean Construction na prática para otimizar resultados.

Antes de terminar, gostaria de saber quais desses 9 aspectos foram relevantes para você? O que você aprendeu com essa série de posts?

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Até a próxima!