O caminho crítico ou CPM (Critical Path Method) é uma metodologia que organiza as atividades em uma sequência que determina o prazo final de um projeto. Confira características, vantagens e como aplicar! 

O método do caminho crítico ou simplesmente CPM (Critical Path Method) é uma das técnicas utilizadas na gestão de projetos, com o objetivo de organizar, de forma prática e de acordo com a prioridade, todas as atividades que precisam ser realizadas.  

Normalmente, o CPM é aplicado junto ao PERT, outra metodologia para a gestão de projetos, mas com a finalidade de identificar o tempo estimado para cada tipo de tarefa. Juntas, as técnicas proporcionam mais eficiência para o gestor e facilitam a criação de um cronograma mais realista. 

Quer entender como o método do caminho crítico pode otimizar a gestão dos seus projetos? A gente te explica todos os passos, acompanhe nos próximos tópicos!  

Entenda o método do caminho crítico 

Mais conhecido como CPM, o método do caminho crítico é uma técnica de gerenciamento de projetos que visa trazer mais organização para o gestor e toda a sua equipe, tendo em vista o menor tempo possível para a conclusão de um projeto.   

Segundo o livro “Gerenciamento de Projetos na Construção Civil” escrito por Maurício Bernardes, o caminho crítico pode ser definido como “a sequência de atividades que determina o prazo final de um projeto.

Qualquer atraso em uma atividade crítica irá atrasar o projeto como um todo”. Normalmente isso acontece quando o cronograma e o planejamento são desenhados sem levar em consideração a previsão de respiros entre um pacote de serviços e outro, de modo que o atraso de um item impacta diretamente no seguinte. 

Alguns imprevistos podem acabar acontecendo na obra, como, por exemplo: atraso na entrega de um material, chuvas, falhas na execução etc. E é justamente para identificar os impactos dos imprevistos é que o caminho crítico foi criado. 

Com essa metodologia, é possível identificar o sequenciamento de tarefas, assim como os seus respectivos prazos. De acordo com o CPM, praticamente não há períodos de folga entre uma atividade e outra, por isso o cronograma definido precisa ser seguido à risca, caso contrário, todo o planejamento é afetado.    

O método do caminho crítico normalmente é utilizado como uma extensão da técnica PERT, para que assim o gestor consiga não apenas saber organizar melhor os ciclos de vida de um projeto, mas também definir de modo mais assertivo a duração de todas as etapas a serem seguidas.  

O conceito de um “caminho crítico” consiste em sequenciar todas as atividades de maior prioridade e que devem ser realizadas sem um período de folga. Por outro lado, as tarefas de menor prioridade, ou seja, que não são consideradas críticas, podem ter um período de folga desde que não comprometa os demais prazos.   

Ele é utilizado na Construção Civil principalmente por meio da metodologia de Gantt, onde são traçadas as sequências de atividades e cada ponto crítico é sinalizado com uma cor vermelha e um alerta emitido. Assim, os gestores do projeto conseguem saber se aquele ponto está ou não atrasado e qual o impacto que isso pode ter na obra como um todo.   

Mas como tudo isso é feito? O método do caminho crítico utiliza o Diagrama de Redes para o sequenciamento de tarefas. Porém, antes de explicarmos como é feito esse diagrama, é importante que você entenda quais são as vantagens dessa metodologia.   

Diferença entre CPM e PERT 

Especialista no assunto, Jungles conta que o Program Evaluation and Review Technique (PERT, em português Programa de Avaliação e Técnica de Revisão) e o Critical Path Method (CPM, Método do Caminho Crítico) surgiram em meados da década de 50 e 60, durante a Guerra Fria, para otimizar o uso de recurso e de tempo pelas empresas, que precisavam cooperar do modo mais eficiente e sinérgico possível. 

De acordo com o professor, a diferença entre as duas ferramentas está na atribuição de durações aos processos. Enquanto no PERT a duração é determinada de forma probabilística, no CPM ela deve ser definida de modo determinístico. 

Porém, como ambas têm os mesmos objetivos e possuem muitas características em comum, ficaram popularmente conhecidas como PERT/CPM. 

“Esses métodos de gestão tinham como objetivo o planejamento, o controle e o acompanhamento dos diversos contratos estabelecidos entre o governo americano e as indústrias tecnológicas. 

As premissas envolviam o conceito de que, se as atividades fossem sequenciais, ou em série, bastaria somar a duração de cada atividade. Contudo, no desenvolvimento de um projeto, existem algumas atividades que são executadas simultaneamente, sendo necessário o uso da técnica da rede PERT/CPM para a definição de prazos e de sua duração”, ensina Jungles. 

A rede PERT/CPM permite a noção de folga, dando elasticidade na alocação de recursos” – Antônio Edésio Jungles 

Ao desenvolver o método, tinha-se em mente que reduzir o prazo de todas as atividades não era o modo mais eficiente e acreditava-se que a solução era achar as atividades ‘certas’ para acelerar o projeto, sem incorrer em significativo aumento de custo. 

Essas atividades ‘certas’ foram batizadas de ‘cadeia principal’, que ficou conhecida como caminho crítico, ou seja, conjunto de atividades que possuem a menor folga e determinam a duração total do projeto, sendo que as modificações das datas dessas atividades repercutem no projeto como um todo. 

Por que utilizar o CPM em projetos de construção civil? 

Afinal, por que muitos gestores se identificam com essa metodologia? Apesar de parecer um pouco complexo para profissionais menos experientes, o CPM é uma excelente forma de ter mais assertividade quanto ao cronograma de um projeto, além do mais, facilita o planejamento de alocação de recursos, de prazos e até mesmo orçamentário. 

Por se tratar de uma técnica que prevê poucas ou nenhuma folga entre as atividades a serem realizadas, o método do caminho crítico consegue otimizar as tarefas e consequentemente reduzir o tempo de execução do projeto

Isso, além de ser um fator muito positivo para o gestor, também pode resultar em uma redução de custo com o projeto, sobretudo quanto à alocação de recursos. Por fim, com um cronograma eficiente, as chances de ter uma equipe engajada com o projeto são bem maiores, visto que as atividades mais burocráticas serão resolvidas mais rapidamente. 

Sem uma ferramenta como o CPM, muitos gestores acabam tendo uma visão limitada e até mesmo simplista do projeto como um todo. A visualização de atividades que se relacionam umas às outras acaba sendo prejudicada, bem como a distribuição de tarefas para os profissionais mais adequados. 

Ao realizar o Critical Path Map de um projeto, o gestor consegue identificar com mais facilidade quais atividades possuem maior e menor prioridade, podendo assim, realizar um planejamento mais assertivo e que esteja de acordo com o cronograma da obra.  

Imagine que, se as atividades mais críticas forem sendo adiadas ou prolongadas, estabelecer um prazo realista e eficiente para o seu projeto não será nada fácil. Portanto, utilizando CPM como ponto de partida, as chances de atrasos em todas as etapas do seu projeto acabam se tornando bem menores. 

Como aplicar o método do caminho crítico em projetos 

Como explicamos anteriormente, o CPM pode ser aplicado através de um Diagrama de Rede, que faz o sequenciamento de todas as tarefas a serem realizadas, de acordo com a prioridade de cada uma delas. Ao construir o caminho crítico da obra, você identifica os momentos em que não pode ocorrer nenhum imprevisto ou atraso, caso contrário a entrega final da obra será prejudicada. 

Siga o passo a passo abaixo.  

1) Defina atividades do escopo 

O primeiro passo, como você já deve imaginar, é identificar todas as atividades que serão executadas pela sua equipe, desde a mais simples até a mais complexa. Esse passo é importante para que você tenha uma visão geral do projeto e da complexidade do que será executado.   

2) Identifique dependências entre atividades 

Em seguida, é importante verificar quais atividades dependem umas das outras (isso é, o que precisa estar pronto para que outra tarefa comece) e qual será a prioridade de cada uma delas. Para entender essas relações de dependência, nada melhor do que criar um gráfico de rede. Com setas, conecte as atividades que estão relacionadas e estabeleça um caminho visual de tarefas a serem executadas na obra. 

3) Delimite o prazo de cada atividade 

Depois, é necessário estabelecer o prazo de cada uma das atividades enumeradas no passo anterior, assim, a organização dos materiais e trabalhadores envolvidos fica mais fácil e também possíveis pontos de atenção podem ser identificados no cronograma. Para isso, a técnica PERT poderá ser utilizada. Veja agora um exemplo de como você poderá organizar as suas tarefas: 

técnica PERT

4) Descubra o prazo mínimo e máximo de entrega 

Agora que você já definiu todos os passos do seu projeto, é importante saber o prazo mínimo e máximo de entrega de cada tarefa. Para isso, é necessário calcular o que chamamos de Early Start e Early Finish.  

Em português, esses termos seriam algo como Tempo Inicial Mais Cedo e Tempo Final Mais Cedo. E para calcular você deverá montar o seu diagrama de rede assim como mostra a imagem abaixo. Os números abaixo de cada atividade representam o Early Start e Early Finish, que são calculados da esquerda para direita.  

Veja bem: se a tarefa A possui um tempo inicial de 1 dia e um prazo final de 4 dias, a tarefa B, que depende da conclusão da tarefa A, só poderá ter início no 5º dia e seu prazo final será a soma do tempo máximo de A com a duração de dias estimada inicialmente para B (4+6=10). 

As tarefas que tiverem mais de uma predecessora, deverão ser calculadas com o prazo que for maior, como mostra o exemplo da atividade F, cuja execução dependia das tarefas D e E, no entanto, os cálculos de Early Start e Early Finish foram feitos com base na tarefa E, que possui um prazo maior.  

Modelo de diagrama CPM. Imagem: Artia 

5) Saiba como descobrir se uma tarefa possui folga 

Agora, para descobrir quais tarefas poderão ter uma folga, isto é, quais poderão se prolongar por um período maior de tempo e não são consideradas críticas, será preciso realizar o cálculo do Late Start e Late Finish. 

Basicamente, o processo é o mesmo que ocorre para o cálculo do Early Start e Early Finish, só que dessa vez deverá começar da direita para a esquerda, ou seja, fazendo o caminho contrário. Quando uma tarefa tiver mais de uma sucessora, deverá ser utilizada aquela com o menor prazo.   

Ao final do cálculo, basta subtrair os números do Late Finish Early Finish, assim você conseguirá descobrir quais tarefas possuem folga. Ao final, também será possível identificar o caminho crítico do seu projeto, ou seja, o trajeto com o maior prazo para a execução.     

Agora que o caminho crítico foi aplicado é essencial monitorá-lo, dedicar recursos e atenção para que ele não prejudique o andamento da obra. A utilização do caminho crítico acaba sendo uma abordagem que permite as mudanças no planejamento de obras a médio e longo prazos.  

Entenda abaixo a diferença entre a aplicação do caminho crítico de acordo com a metodologia de Gantt e a técnica de Linha de Balanço.   

Caminho Crítico: Gantt e Linha de Balanço 

O caminho crítico pode ser visualizado tanto na aplicação da Linha de Balanço, quanto na adoção do Diagrama de Gantt.   

Primeiro, vamos entender qual a diferença entre os dois. Quando utilizamos o Gantt para a visualização do caminho crítico, as atividades do cronograma são apresentadas em um gráfico de barras horizontais que indica a duração e a programação de cada atividade do projeto. Veja abaixo como seria a visualização do caminho crítico em Gantt:  

Tela do caminho crítico em Gantt na ferramenta Prevision

Pesquisadores da filosofia Lean Construction identificam que metodologias de antecipação, como a Linha de Balanço, tornam todas as atividades do processo críticas, uma vez que a alteração de qualquer uma delas poderá impactar a entrega final da obra. Além disso, para obras de repetição e com maior detalhamento, essas metodologias facilitam que o planejamento e replanejamento a curto e médio prazos sejam feitos de forma facilitada.   

Quando se utiliza a Linha de Balanço, o foco é na garantia de que as atividades sejam programadas para não interromper o fluxo contínuo de trabalho. Veja como funciona a visualização do caminho crítico dentro da Linha de Balanço:  

Caminho Crítico em Linha de Balanço 

O planejamento de uma obra pelo método de caminho crítico ajuda na visualização da situação do contrato, permitindo aos gestores identificar sua evolução. No entanto, dificulta a operação e gestão diária ou semanal da produção, caso seja necessário fazer mudanças na estratégia no curto prazo, por exemplo. Com a Linha de Balanço é possível mudar esse cenário. Confira no Webinar abaixo como:  

O caminho crítico é uma ferramenta muito importante no planejamento de obras da Construção Civil, pois permite aos gestores a identificação da sequência de atividades cujos atrasos poderiam comprometer a entrega final de um projeto. Esse método destaca os pontos críticos gerados pela interdependência de atividades e oferece um mecanismo claro para monitorar os principais pontos do cronograma.  

O método de Gantt, composto por gráficos de barras horizontais, ainda pode ser útil para a identificação do caminho crítico. Considere o que é melhor para o seu caso e que a Linha de Balanço, técnica advinda da filosofia Lean Construction, prioriza a continuidade do fluxo de trabalho e facilita o planejamento e replanejamento a curto e médio prazos.  

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