O Project Management Body of Knowledge, ou simplesmente PMBOK, é um guia completo com as melhores práticas de gerenciamento de projetos. Mas você sabe como utilizá-lo corretamente em projetos de Construção Civil? Acompanhe até o final para descobrir!
As boas práticas apresentadas pelo guia PMBOK podem estar aliadas a qualquer tipo de abordagem (preditiva, adaptativa ou híbrida) e podem ser utilizadas como referência no gerenciamento de qualquer obra de Construção Civil, sendo necessário adaptá-las de acordo com as características do seu projeto.
Mas antes de explicarmos melhor sobre as utilidades e vantagens do PMBOK, vamos compreender melhor o que é este guia e qual é a sua finalidade.
Entenda o que é PMBOK
O PMBOK é um guia que reúne as melhores práticas de gerenciamento de projetos no mundo todo, identificando e padronizando todas as etapas de processos, conceitos, ferramentas e técnicas utilizadas por profissionais da área.
É estruturado em 5 fases (ou grupos de processos) e em 8 domínios de desempenho. Essas divisões ajudam a organizar as informações contidas no guia.
Primeiro, vamos entender melhor os grupos de processos. Essa estrutura distribui os processos de gerenciamento de projetos em diferentes categorias, com base nas suas características e objetivos, reconhecendo o ciclo de vida do projeto como parte importante na entrega do valor.
Esses grupos são:
1) Iniciação
Fase de definição e start do projeto. Para que um projeto seja concluído com sucesso, é fundamental que ele tenha um início correto. Nessa fase, é necessário mapear e entender todos os processos e dicas importantes para começar.
2) Planejamento
Um bom voo começa no solo. Ou seja, não é possível sair das metas e definições iniciais direto para a execução, sem antes planejar o projeto, simular variáveis e conceber toda a estrutura de controle dos objetivos.
3) Execução
De nada adianta planejar bem um projeto e executá-lo de qualquer forma. Portanto, são necessários processos e orientações para a fase de execução.
4) Monitoramento e Controle
O planejamento é uma trilha, um caminho que direciona e orienta o desenvolver do projeto. Porém, não será linear e nem fixo. Como em toda trilha, se demorou para perceber o desvio, dificilmente será possível retornar ao caminho original. Agora, quando os desvios são identificados rapidamente, fica mais fácil retomar a direção original. Processos de Monitoramento e Controle têm essa função.
5) Encerramento
A definição de projeto pelo PMBOK é “esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”. Uma vez definida a parcela de tempo, sabe-se que os projetos têm (e devem ter) um fim. Logo, são necessárias indicações para que essa conclusão ocorra da melhor maneira possível.
Os grupos de processo foram organizados em uma linha do tempo para que, em cada fase do projeto, as orientações sejam claras, objetivas e de fácil acesso.
Edições do PMBOK Guide
O guia PMBOK é de autoria do Project Management Institute (PMI), uma associação internacional sem fins lucrativos voltada para profissionais de gerenciamento de projetos. Considerada a maior instituição no ramo, o PMI também atua na promoção de educação e pesquisa para mais de 3 milhões de profissionais ao redor do mundo.
A revisão do PMBOK ocorre a cada 4 anos e, até o momento, já está em sua 7ª Edição. Um dos objetivos do guia é justamente orientar profissionais da gestão de projetos sobre as melhores práticas utilizadas no mercado e agregar valor ao seu trabalho.
Após adquirir o PMBOK, os membros do PMI têm acesso à biblioteca virtual da instituição, chamada PMIstandard+, que disponibiliza diversos conteúdos acerca dos padrões do PMI, guias, instruções e muito mais.
Para profissionais membros do Project Management Institute, todas as edições do PMBOK são disponibilizadas gratuitamente e podem ser baixadas pelo próprio site do PMI. No entanto, o guia também é comercializado pelo Marketplace PMI e em diversas livrarias.
A evolução do PMBOK
Na sua mais recente edição, em 2021, o PMBOK indicou, além dos 5 grupos de processo, os 12 princípios e 8 domínios de desempenho – antigas áreas de conhecimento.
Essas mudanças aconteceram em um momento em que o mundo está mais digital e em que os projetos estão mais focados na entrega de valor para o cliente e na adaptabilidade. Ou seja, para entregar o que o cliente necessita, até o PMBOK mudou.
Os 12 princípios da sétima edição do PMBOK são:
- Servidão;
- Colaboração;
- Empatia;
- Foco no Valor;
- Pensamento Sistêmico;
- Liderança;
- Adaptação (ponto de vista cliente);
- Qualidade;
- Complexidade;
- Riscos;
- Adaptabilidade (ponto de vista interno);
- Resiliência e Mudanças.
Já as 10 áreas do conhecimento foram organizadas em 8 domínios, que representam áreas essenciais para o sucesso de um projeto:
- Partes Interessadas;
- Equipe;
- Ciclo de Vida;
- Planejamento;
- Incerteza e Ambiguidade;
- Entrega;
- Desempenho
- Trabalho no Projeto.
Essas mudanças, como já dito, visam proporcionar uma evolução ao PMBOK na gestão de projetos. No mundo antigo, a entrega dentro do prazo e custo, com a qualidade necessária, já configuraria um sucesso. Mas hoje em dia, com o mundo mudando cada vez mais rápido, é preciso ir além e, portanto, o PMBOK se adaptou às necessidades atuais.
E as áreas de gerenciamento do PMBOK?
Em edições anteriores, além de reunir e padronizar as melhores práticas de gestão de projetos, o guia PMBOK também identificava 10 áreas de gerenciamento de projetos, e em cada uma dessas áreas era agrupada uma série de conhecimentos, ferramentas e técnicas, comprovadamente eficientes para a gestão de um projeto.
Veja quais eram as áreas de gerenciamento do PMBOK:
1. Gerenciamento da integração
A integração de processos se faz necessária em diversas etapas de um projeto. Imagine que ao fazer o planejamento de riscos será preciso integrar outras áreas de gerenciamento, como a área de custos e tempo.
Isso significa que, por diversas vezes, a integração entre áreas e processos deverá acontecer para que a execução do projeto não seja comprometida. De maneira resumida, o gerenciamento de integração é responsável por unificar e consolidar diferentes partes de um projeto a fim de alcançar o melhor resultado.
2. Escopo do projeto
O gerenciamento do escopo do projeto consiste em analisar todas as ações que serão necessárias desde a execução até a entrega final, ou seja, essa é a etapa onde todos os objetivos principais e ações necessárias para cada ciclo de vida do projeto deverão ser definidas.
3. Tempo
De acordo com os conceitos do próprio guia PMBOK, um projeto possui um tempo finito, ou seja, há início, meio e fim para cada etapa do planejamento. Sendo assim, a área de gerenciamento de tempo é responsável por definir prazos e mensurar quais ações serão necessárias para que tudo ocorra dentro do cronograma.
4. Custos
O gerenciamento de custos é uma área fundamental para qualquer projeto, pois é nesta etapa que todas as estimativas deverão ser feitas para a criação de um orçamento total e realista. Para alcançar esse objetivo também é necessário levar em consideração possíveis alterações, imprevistos e riscos.
5. Qualidade
O gerenciamento da qualidade de um projeto deve levar em consideração todos os objetivos, políticas de qualidade e principalmente as expectativas do cliente, independentemente de qual seja o seu serviço ou produto.
É nesta área que o gestor de projetos busca entender e avaliar quais são as expectativas, necessidades e requisitos do cliente para que assim todos os padrões de qualidade sejam atendidos ao final do projeto.
6. Recursos humanos
A área de gerenciamento de recursos humanos tem por objetivo organizar a equipe de profissionais que farão parte do projeto, e para que essa seleção seja bem feita é preciso levar em conta todas as necessidades de pessoal, capacidades e habilidades de cada um.
7. Comunicações
O gerenciamento de comunicações é responsável por definir como acontecerá a comunicação entre todos os envolvidos no projeto, quais informações deverão ser trocadas, com quem, em que momento e para quem elas deverão ser comunicadas.
De maneira geral, o gerenciamento de comunicações deve se atentar a todas as informações sobre o projeto e o modo com que a comunicação será feita, evitando assim que ocorram problemas de comunicação e falta de informações para a execução.
8. Riscos
A área de gerenciamento de riscos, como o próprio nome sugere, é responsável por avaliar todos os possíveis riscos de um projeto, gerando estimativas de como determinado evento poderá comprometer o tempo, custo, qualidade e planejamento do projeto como um todo.
9. Aquisições do projeto
É nesta área de gerenciamento de um projeto que serão definidos todos os materiais e serviços necessários para a execução. Com isso, a gestão de contratos também fica sob responsabilidade dessa área de gerenciamento.
Ao ser abordada no guia PMBOK, a área de gerenciamento de aquisições do projeto é discutida sob o ponto de vista do comprador e não do vendedor. Dessa forma, é feita uma reflexão sobre o relacionamento com fornecedores, aprovação e alocação de recursos e revisão dos custos.
10. Partes interessadas do projeto
Por último, nessa área de gerenciamento são identificadas todas as partes interessadas do projeto, também conhecidos como stakeholders. A partir dessa identificação, é possível desenvolver boas estratégias de engajamento, bem como o gerenciamento de expectativas das partes interessadas.
Na 7ª edição do guia, porém, essa estrutura foi modificada. Em vez de se concentrar nas áreas de gerenciamento específicas, o foco foi deslocado para princípios, domínios de desempenho e a entrega de valor.
Isso não quer dizer que os conceitos de áreas de gerenciamento não sejam relevantes, pelo contrário! A diferença é que agora fazem parte de uma abordagem mais flexível dentro do domínio de desempenho e das práticas relacionadas ao ciclo de vida do projeto.
Por exemplo:
- Gestão de Escopo, Gestão de Tempo, Gestão de Custo podem ser incorporadas dentro dos domínios de Desempenho e Planejamento.
- A Gestão de Riscos é abordada pelo domínio da Incerteza e Ambiguidade.
- A gestão de mudanças também é vista como parte do ciclo de vida do projeto, sem uma área de conhecimento isolada.
Por que o guia PMBOK é importante?
Para os profissionais que atuam com gestão de projetos, a sigla PMBOK já é muito conhecida. O guia é uma referência para todos os tipos de projetos e, a cada nova edição, ajuda a difundir melhorias para a área.
No caso da Construção Civil, isso não é diferente, mas é exigido do profissional um certo nível de interpretação e estudo, para que assim ele consiga aplicar as melhores práticas, técnicas e ferramentas no seu próprio projeto e de acordo com as características únicas da sua obra.
O guia PMBOK possui diversas orientações sobre boas práticas que podem ser aplicadas em cada ciclo de vida de um projeto, além de explicar sobre os processos de gestão e suas áreas de gerenciamento, trazendo boas soluções para cada uma delas.
Ao seguir essas boas práticas, o gestor de projetos da área de Construção Civil consegue, por exemplo: trazer mais inovação para a sua obra, aumentar a produtividade graças aos processos padronizados, reduzir os custos do projeto e ter maior previsibilidade quanto aos possíveis erros.
No que diz respeito à importância do guia PMBOK na gestão de projetos, podemos usar como exemplo os profissionais que não se baseiam em técnicas e práticas padronizadas e enfrentam diversas dificuldades no gerenciamento de um projeto, como a falta de padronização nos processos e falhas na comunicação.
Como aplicar na construção civil? Conheça os 4 fatores fundamentais
Um bom gerenciamento de projetos na área da Construção Civil é fundamental para que sejam cumpridos os prazos de entrega e para que todos os padrões de qualidade sejam atendidos. Além, é claro, de garantir resultados positivos para o projeto como um todo.
No entanto, por se tratar de um setor tão importante para todas as áreas da economia, a Construção Civil possui um destaque dentro do guia PMBOK, com conteúdos exclusivos para a área e mais 4 fatores fundamentais.
Isto é, além dos domínios e princípios que já mencionamos, para o setor de Construção Civil ainda são acrescentadas mais 4 abordagens. Veja quais são elas:
- Segurança
O guia PMBOK reflete sobre questões relacionadas à segurança do canteiro de obras e como deve ser feito o gerenciamento de segurança durante a execução do projeto.
- Meio ambiente
A preocupação com o meio ambiente não é nenhuma novidade na área da Construção Civil, já que cada vez mais construtoras e escritórios de arquitetura buscam inovar nesse quesito. Por isso, o PMBOK também apresenta boas práticas e tendências de gerenciamento de projetos que visam à preservação do meio ambiente e soluções mais sustentáveis.
- Controle financeiro
Quando falamos sobre o setor de Construção Civil, conforme o entendimento do PMBOK, a área de gerenciamento de custos precisa ser ainda mais aprofundada. Por esse motivo, o guia também se dedica a refletir sobre processos adotados pela Construção Civil.
- Pleito
Esta seção possui instruções para o gerenciamento de pleitos realizados por empresas de Construção Civil responsáveis pela obra, a fim de justificar alterações no escopo do projeto, alterações de custos e mudança de estratégias na execução da obra.
Esses 4 fatores fundamentais apresentados acima trazem orientações importantes para o gerenciamento de projetos na área da Construção Civil. Contudo, o guia PMBOK não é nem se propõe a ser uma receita a ser seguida.
Por isso, é exigido do profissional um grande aprofundamento para que todas as práticas sejam aplicadas à realidade em que ele está inserido. Além disso, o PMBOK é apenas uma das maneiras de agregar valor ao seu trabalho e de obter conhecimentos acerca da gestão de projetos, mas não é a única forma.
Vamos ver a seguir um exemplo de aplicação do PMBOK na Construção Civil, quando a Infraero assinou contrato com a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) para gerenciar e equalizar os processos nas obras de ampliação, reforma e construção de 15 aeroportos do país.
Metodologia baseada no PMBOK aplicada a 15 aeroportos
Em 2022, a Infraero contratou a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) para aprimorar a gestão das obras de ampliação, reforma e construção em 15 aeroportos. O objetivo era padronizar os processos e melhorar a eficiência, aplicando as melhores práticas do PMBOK.
A FDTE iniciou o trabalho com um diagnóstico abrangente, identificando desafios como a falta de padronização e discrepâncias na qualificação das equipes. Em alguns aeroportos, os times já seguiam boas práticas de engenharia, enquanto em outros havia dificuldades devido à falta de experiência e de diretrizes claras.
Com base nesses levantamentos, a FDTE desenvolveu uma metodologia de gerenciamento de projetos estruturada em três etapas principais. Primeiro, avaliou o nível de maturidade da gestão de engenharia, verificando se os procedimentos existentes estavam alinhados ao PMBOK.
Depois, criou um sistema de acompanhamento das obras, garantindo que as decisões fossem tomadas com base em dados confiáveis. E por último, customizou um software de gerenciamento de projetos, permitindo que os envolvidos acessassem informações em tempo real sobre o status das construções.
Para assegurar a aplicação prática da metodologia, a equipe da FDTE acompanhou o processo de implantação diretamente nos aeroportos, orientando as equipes técnicas e ajustando o modelo conforme as necessidades de cada unidade. Esse suporte contínuo ajudou a Infraero a unificar a linguagem e os procedimentos de gestão de projetos, tornando as obras consideravelmente mais previsíveis e eficientes.
Conclusão
A experiência da Infraero mostrou como a aplicação do PMBOK pode ajudar na gestão de projetos de Construção Civil, trazendo mais organização, eficiência e controle até mesmo sobre os processos mais complexos. Pode ser aplicado em qualquer tipo de obra, independentemente da abordagem utilizada – preditiva, adaptativa ou híbrida.
Com o avanço das edições, o PMBOK tem se tornado cada vez mais alinhado às necessidades do setor, incorporando conceitos como adaptabilidade e foco no valor entregue. Isso reforça que uma boa gestão de projetos não se limita a cumprir prazos e orçamentos, mas também a atender às expectativas dos clientes e otimizar processos de forma contínua e sustentável.
Se você quer aprofundar ainda mais seus conhecimentos e melhorar a gestão dos seus projetos, confira nosso Checklist para Planejamento de Projeto de Construção. Com ele, você verifica se o projeto construtivo tem todos os critérios necessários para que a obra possa avançar com assertividade e precisão até a entrega.