O sucesso na execução de um projeto depende que cada parafuso, tijolo, tubo e demais insumos estejam no lugar certo e na hora planejada. Esta regra vale para todo o universo de materiais. E para maximizar resultados, reduzir custos e aumentar a produtividade na sua obra, a gestão de suprimentos na Construção tem papel decisivo desde a preparação do orçamentopreparação do orçamento até os acabamentos finais.
Quer um exemplo de como esse processo é importante? De acordo com Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), do IBGE, o desperdício na construção civil no Brasil pode chegar a 40%. O setor utiliza, em média, 8% mais materiais que o necessário. E em alguns casos, como da massa fina, as perdas podem chegar a 80%!
Se quiser evitar problema parecido no seu empreendimento e otimizar seus processos, acompanhe este artigo até o final.
De que suprimentos estamos falando?
Resumidamente, na Indústria da Construção Civil, suprimentos podem ser classificados como todo e qualquer material ou insumo necessário para o projeto. Por exemplo, matérias primas são suprimentos. Assim como os materiais de suporte à produção, equipamentos, peças ou até mesmo mão de obra.
Estes são alguns dos suprimentos mais comuns presentes em projetos de Construção Civil:
- Cimento;
- Aço;
- Areia;
- Revestimentos;
- Portas e janelas;
- Operários;
- Tintas;
- Escavadeiras.
Além destes, o setor conta com uma variedade muito grande de suprimentos, que são comprados, muitas vezes, com fornecedores diferentes. E administrar tudo isso é uma tarefa difícil.
E nós sabemos que a má gestão de suprimentos pode resultar em atrasos na obra, no aumento de custos e na insatisfação do cliente.
Por isso, para evitar estes e outros problemas, é importante que você saiba…
O que é e por que fazer a gestão de suprimentos
A gestão de suprimentos na Construção Civil é uma função estratégica que abrange o planejamento, a aquisição, o armazenamento e o controle de materiais, equipamentos e serviços indispensáveis à execução das obras.
Mais do que garantir o abastecimento do canteiro, ela busca otimizar recursos, reduzir perdas e alinhar os fluxos de compras e logística ao cronograma físico-financeiro do projeto.
Também é importante destacarmos que a gestão de suprimentos deve considerar as fases junto ao fornecedor que caracterizam a cadeia de suprimentos. Também conhecida como cadeia logística ou supply chain, representa o grupo de fornecedores que atende às demandas da linha de produção de uma empresa. As etapas são as seguintes:
- Planejamento de oferta e previsão de demanda;
- Seleção e relacionamento;
- Produção;
- Armazenamento;
- Entrega;
- Assistência técnica e atendimento ao cliente.
Por que é importante aplicar?
Imagine a cena: canteiro de obras, etapa de acabamentos. O instalador de azulejos vai até o almoxarifado da incorporadora e solicita a quantidade necessária para começar o serviço no edifício residencial. Contando os segundos para receber logo os materiais e iniciar a colocação naquele dia mesmo, não deixa nem o funcionário que está tomando conta do centro de distribuição de materiais registrar a saída dos itens. O almoxarife, então, é obrigado a deixar essa atividade para depois – o que acaba não acontecendo – ou, pior: ele dá baixa no produto errado na lista de insumos cadastrados.
Uma cena como essa, muito comum no dia a dia das empresas de Construção Civil, também é responsável por uma das maiores dores de cabeça dos gerentes de suprimentos. Isso porque não ter a gestão de suprimentos pode gerar os mais diversos problemas, como a falta de materiais para as etapas seguintes da obra e de informações importantes para a elaboração de orçamentos de materiais com assertividade.
Dar a devida atenção aos suprimentos proporciona, entre diversos resultados:
- Melhor relação com fornecedores;
- Ganho de qualidade da obra como um todo;
- Redução de custos.
A redução de custos foi o que mais te chamou a atenção, certo? Pense no cenário atual: o valor do metro quadrado na Construção Civil em 2025 é de R$1.799,82, segundo dados de janeiro de 2025 do Sinapi. Foi um aumento de 0,51%, ou R$9,16 em relação à dezembro de 2024. Nos últimos doze meses, essa variação no custo do metro quadrado foi de 4,31%. Com os preços aumentando, é cada vez mais importante controlar o gasto com suprimentos.
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Funções do setor de suprimentos
O perfil do profissional de suprimentos é polivalente. É preciso que ele entenda a obra como um todo, conheça de finanças e tenha uma sólida base de negociação. Tudo para identificar fornecedores e desenvolver parcerias comerciais.
É importante salientar que é responsabilidade do setor de suprimentos a qualificação de fornecedores. Para tanto, o profissional de suprimentos na construção civil pode avaliar fornecedores quanto a:
- Certificações de qualidade;
- Capacidade de atendimento os requisitos especificados dos produtos/serviços;
- Capacidade de entrega no prazo desejado;
- Existência de licenças para atuação;
- Condições de pagamento;
- Formalidade;
- Qualificação pelo programa setorial da qualidade (PSQ).
Um parâmetro muito eficiente para orientar o setor de suprimentos é o atendimento ao PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat).
Você saberia identificar os erros mais comuns na compra de materiais de construção? São efeitos de problemas na gestão de suprimentos atrasos, custos acima do esperado, baixos índices de qualidade e de satisfação do cliente, por exemplo.
Vamos elencar todas as funções pelas quais responde o profissional de suprimentos na construção civil:
Coordenação do setor
É ele quem faz a compra de materiais, incluindo estudos de disponibilidade, pedido, controle de requisição e recebimento, relacionamento com fornecedores, dentre outras tarefas.
Custos
O profissional da gestão de suprimentos é o responsável pelos custos dispendidos na construção civil e deve contabilizar todos os gastos com materiais. O setor também auxilia na determinação da Curva ABC de materiais.
Qualidade
Tanto a especificação quanto o controle da qualidade dos materiais que entram na obra são aprovados por esse departamento. É responsável pela análise da qualidade nos processos e na construção como um todo.
Aquisição
Uma vez que o fornecedor e o material são aprovados, a compra de fato cabe ao profissional de suprimentos. Afinal, é ele o encarregado pelos materiais necessários para a construção civil.
Fornecedores
Responde pela manutenção dos dados e cadastros dos fornecedores, garantindo o acesso a esses canais para a fluidez da cadeia de suprimentos.
Expedição
Nesse aspecto, responde pela garantia da qualidade dos materiais e equipamentos, inspeções, cumprimento de padrões, controle da qualidade.
Inspeção
O profissional de suprimentos também é o encarregado por analisar o desempenho do fornecedor, status do pedido e da entrega. Pois esses fatores dizem respeito diretamente à qualidade de suprimentos.
Transporte e recebimento
Organiza toda a logística, incluindo o planejamento e a documentação da entrega, a verificação das remessas, percurso dos insumos, condições de segurança e cumprimento das datas de entrega. Também faz o recebimento físico e respectivos relatórios.
Armazenamento e controle de estoque
Responsável por definir locais para descarga e estocagem de materiais de acordo com as respectivas normas de segurança e conservação dos insumos. O desenvolvimento do plano de transporte interno também é função desse departamento. Uma vez armazenados, o material precisa passar por periódico controle.
Agora que você já sabe como se organiza o setor de suprimentos, talvez queira saber como medir a eficiência da sua cadeia logística.
Indicadores de desempenho de suprimentos
Sem indicadores confiáveis, não é possível medir o desempenho dos seus processos. Você deve estar sempre atento e saber o que medir para ter sucesso em compras na construção civil.
Para saber se os resultados obtidos estão de acordo com o planejamento estratégico você pode usar alguns KPIs (Key Performance Indicators, ou indicadores-chave de performance).
Os KPIs indicados são específicos para a cadeia de suprimentos.
Confira:
- Saving: indica a economia realizada ao comparar valores orçados e realizados. Também permite verificar o tempo salvo nos casos em que um item é adquirido em momento próximo ao uso, evitando custos com armazenamento, por exemplo;
- Lead time: monitora o tempo entre o pedido de compra e o atendimento, mensurando a eficiência da operação. Lead times elevados indicam necessidade de simplificar processos;
- Evolução de preço: ao comparar o preço atual e os preços registrados anteriormente, permite identificar efeitos sazonais e, com isso, programar o momento ideal para compra;
- Prazo médio de pagamento: auxilia no controle do fluxo de caixa ao otimizar a relação entre pagamentos e faturamento;
- Custo dos suprimentos: revela o peso do custo dos suprimentos nos valores de vendas, permitindo monitorar a necessidade de reduzir custos.
- Entrega no prazo: avalia a eficiência e o comprometimento dos fornecedores;
- Devoluções: monitora a qualidade das compras e das especificações.
Como se vê, são muitas as responsabilidades do setor de suprimentos na construção civil. Talvez você esteja em dúvida sobre como otimizar processos para manter tais indicadores sempre positivos.
13 boas práticas na gestão de suprimentos na construção civil
Diante dos inúmeros desafios do setor — como atrasos, desperdícios e flutuação de preços —, adotar boas práticas se torna essencial para aumentar a previsibilidade e o controle sobre os processos. A seguir, confira o exemplo prático da Cury e 13 práticas fundamentais que podem transformar a forma como sua empresa gerencia suprimentos, contribuindo para obras mais produtivas, econômicas e bem-sucedidas.
1. Faça uma relação do que seu projeto precisa
Identificar as necessidades do projeto é o primeiro passo para ter eficiência na gestão de suprimentos. Ou seja, antes de orçar, comprar, contratar serviços e abrir espaço no canteiro de obras, tenha todas as demandas organizadas numa planilha.
O levantamento quantitativo pode indicar, por exemplo, a necessidade de uma área maior para armazenar os materiais. Todos esses dados devem ser combinados ao cronograma de compras da obra.
2. Identifique as melhores opções entre fornecedores
Você já listou tudo o que seu empreendimento precisa. Agora é hora de definir com quem comprar os suprimentos. Saiba que não basta fazer contato com os primeiros fornecedores listados na pesquisa.
Além de custos, qualidade dos produtos, flexibilidade e prazos, a seleção dos vendedores deve estar atenta à capacidade de produção e entrega.
O Guia de Compra Responsável, elaborado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), oferece um checklist para ajudar nesse processo. Nesse primeiro momento, observe alguns aspectos práticos:
- Custos: produção a custos abaixo da concorrência demonstra competitividade.
- Qualidade: capacidade técnica para produzir e fornecer produtos conforme as especificações.
- Flexibilidade: capacidade de adaptar as operações sem prejuízo ao ritmo de produção e às exigências técnicas.
- Velocidade de entrega: viabilidade de atender sua agenda de compras.
- Localização: o local do fornecedor é um diferencial, pois a proximidade com a obra garante menor custo de aquisição e agiliza a entrega.
3. Monte um quadro de concorrência
A partir das informações dos fornecedores, você deve organizar uma comparação visual – de preferência em formato de lista – entre os concorrentes. Com o mapa comparativo de preços em mãos, procure cruzar os prós e contras de cada um para identificar a melhor proposta.
Dica extra: com o Sienge Construcompras você pode fazer a análise e negociação de preços para ter até 30% de redução nos custos de compra. Além de eliminar desperdícios e diminuir gastos com logística e retrabalho. A solução traz mais previsibilidade ao processo e garante a saúde do fluxo de caixa da sua obra.
4. Lembre que preço na etiqueta não é tudo
O fornecedor que apresentar o melhor preço deve ter prioridade? Nem sempre!
Você já percebeu que a boa gestão de suprimentos na Construção Civil está diretamente associada a prazos, disponibilidade de mercadorias, qualidade e outras condições que vão além do custo.
Imagine que uma empresa ofereça o menor orçamento, mas depois comprometa a execução do seu projeto com entregas atrasadas ou produtos defeituosos. Você vai perder tempo e dinheiro na busca por outro fornecedor! Para não ser surpreendido, fique atento a esses pontos:
- Desempenho do fornecedor em negócios anteriores;
- Solidez financeira e reputação da empresa no mercado;
- Atendimento pós-venda (principalmente para produtos que exigem assistência técnica no uso);
- Conformidade legal e capacidade de cumprir leis, normas e resoluções aplicáveis ao setor;
- Responsabilidade social e ambiental.
5. Aposte na sincronia com seu fornecedor
Enquanto você busca a melhor combinação de preços, prazos e qualidade, seu fornecedor também conta com sua preferência na hora de fechar negócio. Por isso, os dois lados ganham se houver sincronia na dinâmica de demanda e reposição de suprimentos.
Proponha um planejamento colaborativo, que concilie suas demandas com planos promocionais, políticas de fidelidade e lançamentos de novos produtos. Esta relação pode ser aperfeiçoada com o uso de softwares de gestão e comunicação.
Eventuais sobras ao fim da obra podem ser devolvidas a partir de um contrato prévio de consignação.
6. Avalie os graus de complexidade na hora da compra
Comprar um sistema de elevadores não é tão simples como buscar um saco de cimento no material de construção, certo? A preparação na hora de comprar suprimentos deve considerar seus diferentes graus de complexidade e de importância para o cronograma e execução da obra.
- Materiais de entrega e reposição demorada/alto custo: considere prazos de negociação mais elásticos quando houver necessidade de itens de alta complexidade. Busque pelo menos cinco orçamentos diferentes na aquisição de itens de maior custo.
- Materiais de entrega e reposição rápida/baixo custo: você pode contar com prazos de negociação mais curtos em relação a materiais menos complexos, como tubos e conexões. Opte por pelo menos três orçamentos.
7. Otimize a comunicação entre setores da sua empresa
Não basta ter bons fornecedores. Seu empreendimento também não pode correr riscos com atrasos na programação de pagamentos por problemas no caixa da empresa. Estabeleça um processo de compras estruturado com a integração entre diferentes setores.
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8. Acompanhe seu pedido para evitar surpresas
Seu pedido já chegou ou está a caminho? Agora você precisa agir para garantir que sua mão de obra não fique parada em caso de atrasos ou falhas nos produtos entregues. Por isso, cada insumo precisa chegar ao canteiro de obras de acordo com o planejamento inicial.
- Participe de reuniões periódicas com fornecedores: mostre que você está atento aos prazos e quantitativos combinados. Esta aproximação ajuda a antecipar e contornar problemas que possam surgir futuramente.
- Visite a equipe de obras: o olhar atento à execução da construção e o contato próximo com os profissionais envolvidos é fundamental para identificar inconsistências e situações indesejadas.
Atenção: risco de dor de cabeça!
Você já notou que a gestão de suprimentos no estoque e na logística do canteiro de obras ainda não foram abordadas até aqui. Estes dois tópicos serão analisados adiante, mas é importante não atropelar qualquer uma das etapas anteriores para assegurar a conformidade da cadeia de gestão.
Fique atento aos riscos numa eventual falha de planejamento:
- Atraso de pagamento por demora no lançamento da nota fiscal;
- Falta de pagamento por problema no caixa da empresa;
- Atraso na entrega por descuido na escolha do fornecedor;
- Material recebido com defeito por falta de inspeção da entrega;
- Mudança de fornecedor durante a obra por falta de cumprimento de prazos e acordos.
9. Seja preciso no controle de estoque
Agora você precisa se certificar de que não falte ou sobre matéria-prima no seu canteiro de obras. Esse equilíbrio passa pelo controle de estoque.
- Estoque mínimo: mantenha um volume permanente daqueles materiais essenciais no processo de construção, como cimento e tijolos. O cálculo da quantidade deve considerar a média de consumo diário e o tempo de demora na reposição.
- Segurança: o local de armazenamento deve estar protegido de furtos, roubos, incêndios e eventos climáticos. Investimentos em vigilância e controle de acesso são bem-vindos.
- Gestão: o uso da tecnologia na gestão do estoque garante o controle informações sobre quantidades orçadas, adquiridas e consumidas.
10. Atenção ao layout do canteiro de obras
O destino final de todos os insumos que você orçou, comprou e recebeu é o canteiro de obras. Leve em consideração que esses espaços têm particularidades em relação ao transporte, movimentação de materiais, equipamentos e trânsito da mão-de-obra.
Ou seja, acúmulos desnecessários ou o posicionamento equivocado de suprimentos podem obstruir passagens, interromper fluxos e prejudicar o andamento da obra.
Portanto, é preciso ajustar a configuração do layout do seu canteiro de obraslayout do seu canteiro de obras e ganhar eficiência em logística.
11. Centralize as compras
Diferentemente do sistema de compras descentralizado, no qual as compras são feitas por vários setores e profissionais diferentes, no modelo centralizado uma única equipe fica totalmente responsável pelas tarefas de cotação, aquisição e negociação dos melhores preços e prazos de produtos e serviços destinados às obras e aos escritórios.
Esse modelo é particularmente indicado em organizações com várias unidades de negócios ou, como é o caso da construção civil, com diversos empreendimentos sendo construídos e gerenciados ao mesmo tempo.
A ideia central é buscar a sinergia nas negociações, com ganhos de escala e melhor aproveitamento da ferramenta de compras.
Há dois tipos de sistemas. Um sistema totalmente centralizado, abrangendo as etapas de negociação com fornecedores e operacionalização dos pedidos e acompanhamento das entregas nas unidades ou nos canteiros, e um modelo misto.
No último, a definição das políticas de compras e as negociações de insumos estratégicos são centralizadas, mas a efetivação das compras cabe às unidades de negócios, que ficam mais livres, inclusive para formatar os contratos quando necessário.
Um dos maiores benefícios de contar com uma estrutura de compras integralmente centralizada é a possibilidade de ter uma a visão global de toda a operação.
Na prática, a compra centralizada aumenta o poder de negociação, reduzindo não apenas os preços unitários, como o custo total da aquisição. Quanto maior for o volume negociado de uma única vez, mais favorável será o preço da contratação.
Com uma equipe de compras especializada, é possível atingir os melhores preços e melhorar as etapas de planejamento e acompanhamento das compras.
Como os dados das compras centralizadas são coletados a partir de um único setor, é possível verificar e ter um controle maior do desempenho do departamento, além de calcular o total economizado em cada negociação e fazer ajustes quando necessário.
Por fim, a relação com os fornecedores pode melhorar bastante no modelo de compras centralizadas. O relacionamento entre fornecedor e comprador tende a ficar mais próximo e alguns descontos ou regalias podem ser mais facilmente conquistados.
Mas vale lembrar que nesse modelo o número de procedimentos pode ser maior. Os processos geralmente são menos flexíveis e mais burocráticos, e os prazos de entrega também podem ser mais esticados.
12. Utilize tecnologia
A tecnologia é uma grande aliada para o ganho de eficiência na gestão de suprimentos. Mesmo algo simples, como o uso de código de barras, pode tornar a entrada e saída de itens mais ágil e assertiva.
As etapas de cotação e avaliação dos melhores preços, geração e gerenciamento dos pedidos também pode ser feita com sucesso com a ajuda de softwares específicos para isso, como é o caso do Sienge Construcompras.
A plataforma permite fazer solicitações de orçamentos junto aos fornecedores de materiais e serviços antes e durante a obra. Com ela, também é possível comparar os preços entre eles, possibilitando às empresas reduzir custos sem perder a qualidade.
Através de um mapa comparativo, o gestor de compras pode ter acesso às respostas das cotações e visualizar com maior clareza preços, condições e prazos, além de fazer outras análises.
Continue lendo para entender como essa e outras tecnologias podem te auxiliar no ganho de eficiência.
13. Customize o processo
Hoje, é possível adequar o produto ao cliente, mesmo que ele seja um produto de massa, com características de padronização. A dissertação de mestrado de João Tomé de Araujo Filho, da Universidade Federal da Paraíba, analisou esse processo de customização em massa no subsetor de edificações da construção civil e seus desdobramentos em relação à cadeia de suprimentos.
Um dos objetivos foi averiguar quais elementos são customizados e como se dá esse processo. “O cliente está cada vez mais disposto a interagir com o meio produtivo, na busca conjunta de obter um produto mais adequado aos seus interesses e necessidades, mesmo que tenha que pagar mais por isso”, diz Araujo Filho. Foram identificadas 18 etapas customizáveis no setor imobiliário e, em quase todas, a participação do cliente vai além de simplesmente informar seus requisitos.
Para cada uma destas etapas, o cliente dispõe de um quadro com várias opções. Ali são informadas quais as limitações daquela fase (o que não se pode mudar); como a informação é repassada para a empresa; como a informação circula pela empresa; quem é responsável pela aquisição do material; quem paga por essa aquisição; quem é responsável pela execução ou aplicação (cliente ou empresa); quem é responsável em cobrir os custos com execução/aplicação (cliente ou empresa); entre outras.
Para a parceria com o cliente dar certo, Araujo Filho propõe o uso da estratégia de postponement na cadeia de suprimentos com a determinação da localização do ponto de desacoplamento para cada empreendimento.
“A customização em massa é uma estratégia de negócio que envolve, no mesmo processo construtivo, elementos da produção em massa (padronização) e da produção sob encomenda (personalização). Na prática, o produto começa sendo produzido em série, sem qualquer diferenciação, mas termina customizado, de acordo com a vontade do cliente e, portanto, diferenciados uns dos outros”, explica o engenheiro.
Para que isso ocorra, em alguma etapa da produção do imóvel deverá acontecer uma “quebra” ou mudança de enfoque. Isso significa que a produção deixará de ser em série e passará a ser personalizada a pedido do cliente – é quando ele entra com suas especificações.
“Este ponto chamamos de ponto de desacoplamento (DP), pois é quando a produção deixa de ser empurrada e passa a ser puxada”, explica Araujo Filho. Segundo ele, já é considerado DP quando o cliente interfere pela primeira vez no projeto para a customização.
O postponement é uma estratégia logística capaz de possibilitar às empresas agilidade e flexibilidade em suas cadeias de suprimentos, visando à redução de custos com perdas e manutenção de estoques.
“Foi um conceito visionário desenvolvido nos anos 50, como uma ferramenta de aplicação potencial no mundo empresarial. O retardo na configuração dos produtos deve ocorrer sempre que possível. Em casos extremos, até mesmo operações de manufatura devem ser transferidas para os canais de distribuição ou mesmo para o consumidor final. Em dez etapas, das 18, a compra do material pelo setor correspondente e até a aplicação deste material poderia ser feita pelo próprio cliente. Isto é um exemplo de transferência de atribuição de uma operação de manufatura, que originalmente compete à construtora, para o próprio cliente executar”, explica Araujo Filho.
A estratégia pode ser implementada de várias formas: no atraso das atividades de processamento ou montagem dos produtos; no retardo do transporte ou, até mesmo, por mudanças no esquema de distribuição.
“Desta forma, pode-se manter estoques centralizados aguardando o pedido dos clientes ou dos depósitos regionais. Algumas atividades finais que agregam valor ao produto podem ser separadas, em termos de localização e de tempo, das outras atividades de fabricação. Estas, por sua vez, se concentram na manufatura de produtos genéricos, em larga escala”, explica Araujo Filho, que diz que dessa forma se diminui a incerteza na previsão da demanda de muitos produtos variados para poucos produtos padronizados.
Como a tecnologia afeta a gestão de suprimentos
Pense um pouco em quantos elementos estão envolvidos na gestão de suprimentos de uma obra, mesmo que seja de pequeno porte. Estamos falando de muitas variáveis e detalhes de máxima importância para o sucesso da obra, como:
- aluguel de máquinas e equipamentos;
- compra de materiais;
- operação logística de entregas, pagamentos e execução de tarefas;
- e muito mais.
Além de tudo isso, precisamos levar em conta que toda obra tem um risco inerente do efeito dominó, ou seja, se um elemento sai do lugar, todo o resto desmorona. Então, a gestão de suprimentos precisa ter máxima eficiência para que tudo saia de acordo com o que foi planejado.
E a tecnologia está no centro disso:
Quando a equipe responsável faz um bom trabalho, a tecnologia elimina muitas incertezas e torna todo o processo de gestão mais ágil, seguro, rastreável e replicável. Em outras palavras, todo mundo trabalha com mais certeza do que fazer e se torna mais fácil encontrar os erros e repetir os processos que funcionam bem.
Além disso, é possível até mesmo antecipar problemas e garantir que a obra rode sem imprevistos. O trabalho com ferramentas de gestão manual tem muitos pontos cegos e até encontrar o problema ele já se tornou uma grande bola de neve.
Quando pensamos em como era a construção civil há poucos anos, chega a ser impressionante o fato de que podemos alcançar tanta coisa com alguns cliques. Aliás, além da velocidade e do volume de tarefas que é possível executar, o nível de qualidade também é muito maior.
A lista abaixo, com 5 dos principais benefícios que a sua empresa pode ter por usar a tecnologia na gestão de suprimentos, apenas reforça isso.
1. Automação de processos
Por que se preocupar com tarefas manuais quando você pode automatizar várias dessas tarefas de forma simples e prática?
Além de abrir tempo na agenda para que os profissionais da equipe de gestão trabalhem em tarefas mais importantes, esse tipo de automação traz outro benefício. Qual?
Evitar erros desnecessários. Quem nunca digitou um número errado numa planilha e comprometeu todo o resultado do documento? Isso acontece com grande frequência por se tratar de uma tarefa tão repetitiva. Mas, com a automação, tudo fica mais preciso e prático.
2. Velocidade nas decisões
Outra grande vantagem que a tecnologia traz, ainda mais numa área como a gestão de suprimentos, que contém tantas variáveis, é a inteligência de dados imediata.
Ou seja, em vez de precisar navegar pelas informações e achar o que precisa sozinho, você encontra recomendações do que fazer baseado nos históricos de informações.
Assim, você ganha muita velocidade na tomada de decisões, além de conseguir se adaptar mais rápido a qualquer alteração de percurso durante a obra.
3. Segurança nos processos
Informação em papel ou planilhas que ficam salvas no computador não são soluções seguras. A qualquer momento você corre o risco de perder todos os dados.
Além disso, essas soluções criam uma divisão de informações onde fica mais difícil encontrar defeitos nos processos internos.
A tecnologia torna a informação disponível para mais pessoas, a qualquer hora e lugar, por meio da nuvem. Além de proteger as informações, isso dá aos processos uma transparência maior que torna possível saber o que realmente funciona ou não.
4. Adaptação rápida à inovação
Outra grande vantagem de trabalhar com a tecnologia é que ela se adapta de forma muito rápida a todo tipo de inovação que aparece no mercado.
Assim, podemos dizer que usar o que existe de melhor no mercado serve como uma proteção, pois impede a empresa de ficar ultrapassada.
Pelo contrário, a tendência é que a empresa se mantenha sempre à frente nos movimentos de mercado, o que representa uma grande vantagem competitiva em qualquer nicho de mercado.
5. Aumento de lucratividade das obras
Por último, mas de forma alguma menos importante, está o o aumento da lucratividade nas obras. Afinal de contas, uma boa gestão de suprimentos tem impacto direto no orçamento e no tempo de obra.
Assim, o resultado final de usar a tecnologia na gestão de suprimentos é que a obra termina dentro do prazo e sem estourar o orçamento. E mais do que isso: corre menos riscos durante todo o processo de trabalho.
Com isso, há menos acidentes, paralisações, multas e outros problemas comuns de organização que afetam a lucratividade.
Soluções especializadas
Situações cotidianas, como a movimentação antecipada de insumos para a obra (como areia, por exemplo, que sofre com a ação do tempo), demora no descarregamento de materiais e atraso no cronograma de entrega de fornecedores, são típicas da comunicação ineficiente entre o canteiro de obras e suprimentos.
Uma solução tecnológica especializada em Construção Civil pode mudar completamente esse cenário, por dispor de recursos que promovem:
- Acesso rápido as informações de estoque e compras, por meio de conceitos modernos, como a mobilidade (acesso via smartphones e tablets).
- Coleta das informações de trabalho e consumo de estoque, em tempo real nos canteiros de obra.
- Integração automatizada dos diversos canteiros de obra com o escritório de projetos e área administrativa da sua construtora.
- A consolidação da visão físico-financeira, que reflete a situação real das obras e do consumo de materiais para planejamento adequado das aquisições.
- Visibilidade quanto a necessidade de compra de materiais de consumo constante, como areia, cal e cimento.
- Informações antecipadas para as compras programadas de elevadores, cerâmicas e vidros, por exemplo.
- Mais proximidade entre as áreas, para compras emergenciais mais assertivas, e resolução mais adequada e bem direcionada de imprevistos.
Conclusão
Se você seguir essas dez práticas, a gestão de suprimentos no seu empreendimento será beneficiada por uma série de vantagens:
- Fluxo de suprimentos contínuo
- Melhores preços e prazos
- Redução do tempo improdutivo na obra
- Mais qualidade na construção
- Maior produtividade
- Mais competitividade
Todas essas etapas vão proporcionar maior assertividade na execução do projeto, minimizando a margem de erros operacionais e falhas em processos.
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