A medição de obras é um processo realizado para monitorar o andamento físico da obra e garantir que os prazos estejam sendo cumpridos. Assim, evita-se o replanejamento e a necessidade de investir recursos adicionais durante a execução da obra, prevenindo um aumento significativo no valor final. 

Além disso, a medição de obras garante um planejamento eficiente, controle financeiro adequado, evita falhas na gestão de compras, ajuda na manutenção do padrão de qualidade nas obras, entre outros benefícios.  

Neste texto, você descobre o que é a medição de obras, quais seus benefícios e como começar a medir suas obras de forma mais efetiva. Vamos lá?

O que é medição de obras na Construção Civil?  

O processo de medição de obras se caracteriza pela análise da execução da obra para verificar se as etapas estão sendo cumpridas segundo o que consta no planejamento e no cronograma. É um processo fundamental na gestão eficiente de projetos de construção e acaba auxiliando para evitar atrasos que impactarão a entrega final do projeto ou resultarão em um estouro de custos. 

O responsável faz o controle do andamento dos serviços, monitora as atividades, valida os atrasos e imprevistos, acompanha o histórico da obra etc. A empresa, então, utiliza todas essas informações como parâmetro para conseguir comparar planejado e executado e ter uma visão sobre se há necessidade de replanejamento do cronograma da obra. 

Medição ao longo da obra 

Tudo começa com a realização do planejamento, quando se determina quais atividades devem ser executadas, qual a ordem de sua execução, se existem dependências entre elas e quanto será gasto em cada etapa da construção. As medições já podem ser aplicadas nesta fase, a fim de garantir que tudo está correndo conforme o esperado.  

Durante a execução, diversos imprevistos podem acontecer, como: atrasos na entrega dos materiais, falta de mão de obra, baixa qualidade dos recursos e fatores climáticos que podem surgir, impactando negativamente o progresso da obra planejada. 

Diante desses desafios, a medição de obras se revela essencial mais uma vez. Esse processo de controle ocorre de forma periódica ao longo de toda a execução, proporcionando uma abordagem eficaz para lidar com tais problemas até a conclusão da obra. 

Não existe uma fórmula exata para descobrir a frequência perfeita para realizar medições, já que ela pode variar dependendo do estágio do projeto, sua complexidade, o tipo de medição necessária e a abordagem de gestão adotada. 

Geralmente, na fase de planejamento e execução, as medições são feitas em uma frequência mais intensa, podendo variar entre semanal, quinzenal ou mensal a fim de garantir que a obra esteja saindo o mais próximo do planejado possível. 

Tipos de medições 

Medições associadas ao padrão de qualidade são chamadas de inspeções e devem ser realizadas imediatamente após a chegada dos materiais e a realização de serviços na obra utilizando as Fichas de Verificação de Materiais (FVM) e as Fichas de Verificação de Serviço (FVS) para acompanhar sua qualidade. 

Outro tipo de medição relevante é a do progresso dos custos na obra. Ao integrar o cronograma físico ao financeiro, torna-se possível monitorar cada despesa vinculada ao avanço da execução, ou seja, acompanha-se o previsto versus realizado de custos. Ademais, analisam-se os desembolsos e o quanto será recebido de financiamento para o empreendimento. 

É essencial realizar uma medição de gastos antes do período de pagamentos para possibilitar ajustes, se necessário, assegurando que todos sejam devidamente compensados pelos serviços prestados. 

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Quais os benefícios da medição de obras?  

A medição de obras é um processo essencial dentro da construção civil, para se fazer uma prestação de contas eficiente e descobrir se o ritmo da obra está seguindo o que foi planejado ou não.  

Com tantas pessoas trabalhando fora do escopo da empresa, é preciso ter um processo bem controlado, garantindo que todas as atividades estão sendo realizadas dentro dos prazos e não vão extrapolar o orçamento planejado. 

Uma vez que diversos fornecedores recebem pagamento com base no metro quadrado de serviço realizado, a medição desempenha o papel crucial de autorizar o pagamento a esses prestadores de serviço, influenciando diretamente no planejamento financeiro da obra.   

Alguns dos principais benefícios de se realizar as medições das obras são:  

Planejar de forma eficiente e detalhada  

Realizar um planejamento superficial, sem muitos detalhes, pode resultar em atrasos e problemas de coordenação. Estabelecer um planejamento em curto, médio e longo prazo e controlá-lo por meio das medições de obras é fundamental para extrair informações precisas sobre a quantidade de materiais necessários, tempo de trabalho e recursos envolvidos. Assim, é possível manter um planejamento que pode ser usado de base para os avanços físicos e financeiros da obra.  

Evitar atrasos na entrega 

A média de atrasos na obra chega a 20 meses para além da programação original. Para evitar esse tipo de problema, é essencial acompanhar de perto o seu andamento. Assim, logo que uma restrição, imprevisto ou impeditivo se apresenta, pode ser resolvido com agilidade e eficiência, evitando que o prazo de entrega se distancie do que foi originalmente planejado.  

Controlar custos e manter a qualidade 

Estimar de maneira incorreta o quanto será gasto na obra pode resultar em orçamentos insuficientes, compras de materiais excessivas, antecipadas ou insuficientes, acarretando, no fim, em problemas financeiros. Ao realizar medições precisas e constantes, obtém-se uma base sólida para a elaboração de orçamentos precisos que levam em consideração a hora certa para a aquisição de materiais ou contratação de mão de obra.  

As aferições de qualidade feitas juntamente às medições físico financeiras, são muito importantes para aquisição de informações sobre o processo construtivo, garantindo que as especificações e padrões de qualidade estejam sendo atendidos.  

Assim, se estabelece uma base para a verificação e controle durante a execução do projeto. Manter altos padrões de qualidade garante, ao final de todo o processo, a satisfação do cliente, impactando positivamente a reputação da empresa.  

Como fazer a medição de obras?  

Existem algumas formas de fazer a medição de obras. Aqui, vamos abordar o método tradicional e o método tecnológico.  

Em ambos os casos, primeiro, define-se quem será a pessoa responsável por realizar essas medições. Geralmente é o Fiscal de Medição de Obras, mas, dependendo da empresa, pode ser que outras pessoas, como Engenheiros Civis ou Gerentes de Engenharia, sejam designadas para a tarefa.  

O método tradicional de se realizar a medição é por meio de planilhas com a listagem de atividades que devem ser verificadas. Nesse processo, a porcentagem do andamento de cada serviço é registrada em uma coluna, e caso haja algum atraso, são informados os motivos que resultaram neste atraso, na coluna ao lado.  

Além disso, agrega-se o valor do orçamento condizente com a execução da atividade, para verificar se os custos planejados foram mantidos ou se houve um gasto inesperado. Veja abaixo um modelo de planilha:  

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Além das anotações, fotos e vídeos podem ser feitos para maior controle do andamento da obra. Após a medição e inserção das informações na planilha, o responsável envia esse resultado — junto aos materiais de comprovação como fotos e vídeos — para o time de planejamento do projeto, que vai validar as entregas dos serviços, verificar se houve atrasos e se é necessário replanejar os serviços e o cronograma da obra.  

Como torná-la mais eficiente 

Esse método de medição de obras pode ser bastante ineficiente devido ao tempo gasto na criação e preenchimento da planilha, centralização das informações em poucas pessoas e falta de conexão entre a equipe de planejamento e a de medição das obras. As consequências são atrasos na validação das informações, dificuldade no replanejamento e em realizar a prestação de contas. 

Outra forma de se realizar a medição da obra, de forma mais clara e eficaz, é utilizando a tecnologia. Ao adotar uma plataforma que possibilita atualizações em tempo real do progresso físico, democratiza-se o acesso às informações para toda a equipe da obra.  

Além disso, as restrições são observadas de forma mais rápida e as dependências entre atividades podem ser monitoradas. Outra funcionalidade interessante é a integração que estas plataformas permitem com sistemas de gestão financeira (ERPs) já existentes no mercado, como o Sienge, por exemplo. 

Essa integração resulta na conexão físico-financeira dos projetos, proporcionando medições mais ágeis, eficientes e gerando benefícios estratégicos significativos para a obra

É possível também integrar aos softwares e plataformas de gestão de qualidade, a fim de que se possa realizar as inspeções necessárias de materiais e qualidade dos serviços e verificar se os padrões de qualidade estão sendo atendidos, se existe a necessidade de retrabalho, compra de novos materiais, etc.  

Atualmente, é possível utilizar aplicativos em celulares ou tablets para as medições, o que facilita a visualização das atualizações em tempo real e também conecta de forma horizontal os envolvidos na obra, deixando a comunicação mais eficaz.  

Passo a passo para suas medições físicas 

O planejamento de uma obra só é efetivo quando monitorado e controlado periodicamente. Siga o passo a passo abaixo para evitar erros e entregar a obra no prazo.  

1° Passo – Defina uma rotina de medições 

O primeiro passo é definir qual a rotina de medições mais adequada para a equipe da obra. As medições podem ser diárias, semanais, quinzenais ou mensais e a definição da periodicidade dependerá não só da disponibilidade da equipe que fará a medição, mas principalmente da dinâmica e da necessidade de cada obra. 

A orientação é de que a coleta de dados seja acompanhada por uma reunião periódica, na qual toda a equipe interna possa discutir os motivos de não cumprimento das atividades planejadas no período. Quanto menor o período entre essas reuniões, maiores são as possibilidades de identificação e resolução de problemas que podem impactar no fluxo dos serviços e prazos da obra. Isso porque possibilita criar pontos de controle que apresentarão rapidamente os desvios de prazos gerando tempo hábil para a realização de planos de ação corretivos. 

Esta dinâmica do aumento de periodicidade nas medições e reuniões de análise permite uma estabilização do ritmo de evolução da obra e, consequentemente, a manutenção dos prazos de conclusão das atividades previstas no cronograma. Além disso, o engajamento no processo de medição e análise dos resultados físicos da obra gera um dos fatores mais importantes para a garantia de cumprimento dos planos: o comprometimento da equipe. 

2° Passo – Defina critérios de medição 

Para cada atividade prevista no cronograma da obra existem maneiras diferentes de realizar sua medição, seja por metro quadrado, unidade ou porcentagem, por exemplo. Elaborar um documento de critérios de medição para cada atividade facilita o fluxo interno de medição das obras, favorece a transparência dos dados de medição e padroniza todo o processo de monitoramento e controle das obras. 

A padronização do processo de medição é fundamental para se ter controle efetivo dos itens que serão medidos. O registro desse padrão pode receber os mais diversos critérios que a construtora queira adotar, de acordo com a necessidade de controle, tamanho da obra e processos construtivos, ou ainda utilizar bases de mercado, como a TCPO (Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos), que padroniza mensurações, de acordo com o elemento, a exemplo: 

  • revestimento de pisos e azulejos: recomenda a mensuração da área total de aplicação (em metros quadrados) com exceção dos espaços para portas e janelas; 
  • alvenaria: a área deve ser calculada normalmente, mas desconta-se 2m² para os vãos, já que o tempo de trabalho para requadrar as bordas é quase o mesmo de construir uma parede naquele espaço; e 
  • estruturas de concreto: indica a medição da distância entre os meios de suas vigas — ou de face a face, para maior precisão —, e a forma de recebimento de armadores, carpinteiros e profissionais autônomos. 
  • A tabela ainda padroniza a mensuração de diversos outros elementos, a exemplo do ar-condicionado, do canteiro de obras e da impermeabilização. 

O mais importante é discutir e alinhar os critérios entre todos os envolvidos, considerando cada demanda daqueles que serão beneficiados com os resultados gerados pelas medições. 

 3° Passo – Análise de Indicadores 

Com o processo em operação, é o momento de dar atenção aos indicadores de prazo, os quais apresentarão os resultados de desempenho do cronograma da obra. Eles garantem que a obra está andando conforme o planejado, os prazos e custos estão sendo cumpridos. 

 É possível aplicar o IDP (Índice de Desempenho de Prazo) ou até mesmo criar indicadores através das Variações de percentuais executados, por exemplo: 

% Programado Acumulado – % Realizado Programado = x 
x>= 1,5% FAROL VERMELHO 
0>x>1,5 FAROL AMARELO 
0=<x FAROL VERDE 

Confira os indicadores mais usados:  

Curva S 

Trata-se de uma representação gráfica da evolução do trabalho ao longo do tempo. Isso permite que a equipe observe o progresso da obra, comparando o planejado com o realizado e identificando possíveis desvios precocemente. 

Índice de Desempenho de Prazo (IDP) 

Este indicador demonstra a eficiência do uso do tempo na obra. Um IDP igual a 1 indica que o projeto está de acordo com o cronograma. Se for inferior a 1, o projeto está atrasado; se for superior a 1, o projeto está adiantado em relação ao planejado. 

Índice de Desempenho de Custo (IDC) 

Similar ao IDP, o IDC mede a eficiência do uso dos recursos financeiros. Um IDC igual a 1 sugere que os custos estão em conformidade com o orçamento. Valores menores indicam que a obra está custando mais do que o planejado, enquanto valores maiores indicam que os custos estão abaixo do esperado. 

Percentual de Planos Concluídos (PPC) 

 Esta métrica representa a porcentagem de tarefas concluídas em relação ao total planejado para um período específico. É útil para avaliar a eficiência da execução no curto prazo e identificar possíveis obstáculos no processo. 

Índice de Remoção das Restrições (IRR) 

Este indicador avalia a eficiência na resolução das restrições identificadas durante a obra. Um IRR elevado indica que a equipe de gestão está lidando bem com as restrições, minimizando os impactos no progresso do projeto. 

4 dicas para elaborar o relatório de medição 

O profissional responsável pela criação do relatório de medição de obras precisará dispor de algumas informações. Nesse sentido, é importante que ele tenha acesso à documentação necessária para o acompanhamento, aos equipamentos de medição física e, quando for o caso, câmera para registros fotográficos, de acordo com as exigências do projeto. 

As medições de obras, de modo ideal, devem ser organizadas em categorias, de acordo com a construção. Assim, pode-se entender com mais facilidade a utilização de materiais e fazer comparações com as previsões orçamentárias. Em resumo, o relatório deve conter: 

  • as etapas da obra — e indicações de qual fase deve ser executada de acordo com o cronograma; 
  • os gastos parciais e totais; 
  • prazos determinados durante a obra; 
  • itens a serem utilizados, inclusive mão de obra; 
  • o que já foi construído e o que ainda precisar ser; e 
  • informações sobre itens presentes no contrato. 

De modo ideal, o relatório de medição de obras deve ser atualizado mensalmente com dados e porcentagem da construção realizada, dos materiais utilizados e valores gastos. Assim, evita-se imprevistos e erros durante a execução do projeto de engenharia. 

Confira abaixo algumas dicas práticas para facilitar o trabalho de medição e inspeção, utilizando tecnologias e métodos modernos para transformar esses processos em aliados, não em empecilhos, na busca pela excelência na obra.   

Dica 1: Tenha objetivos e critérios claros de medição e inspeção de qualidade 

Deve-se determinar aspectos essenciais como o que será avaliado ou medido (materiais, serviços, elementos construtivos), como a medição ou a inspeção serão realizadas, a periodicidade, as referências técnicas, as métricas ou fórmulas de cálculo para medições, entre outros aspectos.   

Um exemplo prático para uma parede de alvenaria: se o critério pré-estabelecido determinar que vãos de portas e janelas devam ser descontados na medição, essa orientação deve ser observada à risca. Se não for, e o pagamento do prestador de serviço incluir os vazios dos vãos, os prejuízos acumulados ao final da obra serão significativos, dado o elevado número de portas e janelas de um empreendimento.   

Dica 2: Estabeleça rotinas para as medições e inspeções  

Obras com maior disponibilidade de mão de obra e de tecnologia para levantamentos de campo conseguem estabelecer um acompanhamento mais frequente. Quanto menor o período entre essas aferições, maior será a capacidade da construtora de identificar e resolver problemas que possam afetar o fluxo dos serviços e prazos da obra. Este processo cria pontos de controle que detectam rapidamente os desvios, proporcionando tempo hábil para a implementação de planos de ação corretivos.   

Dica 3: Tenha processos definidos para o armazenamento e compartilhamento de informações 

Muitas construtoras já investem, atualmente, na digitalização deste processo, ganhando rapidez na captura de dados de medição e inspeção em campo. Soluções disponíveis para dispositivos móveis são aliadas das empresas que buscam adotar uma gestão de obras mais ágil.  

Com a tecnologia ao alcance das mãos, as equipes de engenharia não precisam se preocupar com a demora na atualização das informações, com erros e inconsistência dos dados e com a desorganização de arquivos e planilhas eletrônicas. Tudo o que é coletado em campo é armazenado em segurança e compartilhado de forma integrada e em tempo real com a equipe de planejamento. 

Dica 4: Tenha um banco de dados único com ferramentas integradas 

Invista na centralização e integração de dados, com a troca de informações via Interfaces de Programação de Aplicações (APIs). Na prática, isso permite que as informações coletadas com apps de celular no canteiro (como as medições de obra e as inspeções de qualidade) estejam automaticamente disponíveis para as equipes de planejamento, no escritório, em dashboards claros e intuitivos do sistema de gestão. 

Tudo isso sem se preocupar com a gestão de dados e a manutenção de equipamentos próprios, já que garantem a segurança de seus dados e oferecem suporte completo para as equipes de engenharia e planejamento de sua construtora. 

Conclusão 

A medição de obras na construção civil desempenha um papel crucial na gestão eficiente de projetos, sendo um processo contínuo que se inicia no planejamento e se estende até a finalização da obra. Este processo visa assegurar que as etapas estão alinhadas ao plano inicial, prevenindo a necessidade de investimentos adicionais e garantindo uma estimativa de custos precisa. 

Adicionalmente, a mensuração de obras assegura uma previsão de despesas mais exata, gestão financeira apropriada, prevenção de falhas na administração de aquisições, contribui para a preservação do padrão de excelência nas construções, e proporciona diversas outras vantagens.  

Por fim, foi possível entender o processo de medição de obra por meio de uma abordagem mais tradicional e física e outra mais tecnológica e digital e utilizar indicadores a fim de verificar o andamento do projeto.  

Realizar uma boa medição de obras é fundamental desde o planejamento. Para compreender todas as etapas do processo de planejamento, leia nosso E-book Processo de Planejamento de Obras: Da Análise de Projeto até o Acompanhamento.