- A qualidade é essencial para o sucesso da construtora no mercado, porém muitas empresas ainda não possuem controle efetivo desse aspecto.
- Indicadores de qualidade como taxa de conformidade de serviços, de materiais, índice de retrabalho e tempo de correção de falhas são fundamentais para garantir a excelência na construção civil.
- A adoção de indicadores bem definidos e a integração desses processos ao planejamento da obra são essenciais para tomar decisões ágeis e eficientes, visando a melhoria contínua e a satisfação do cliente.
Conheça cada um dos indicadores de qualidade na Construção Civil, como calculá-los e qual a maneira mais simples de fazer este controle.
A qualidade é um fator determinante para o sucesso de uma construtora no mercado. No entanto, segundo o Cenário Construtivo Brasileiro 2023, 42% das empresas do setor ainda não possuem um controle efetivo dessa métrica nas obras.
Esse dado é preocupante, pois a gestão da qualidade, quando aplicada corretamente desde a concepção até a entrega dos projetos, oferece diversos benefícios, como: a satisfação do cliente, a redução de retrabalho, desperdícios e riscos, além de assegurar o cumprimento das normas e valorizar o empreendimento.
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O que são indicadores de qualidade na Construção Civil?
Entre os vários indicadores de desempenho, os relacionados à qualidade são aqueles que focam nas medidas de satisfação dos clientes, nas características dos produtos e dos serviços prestados e na percepção do cliente final. Eles também ajudam a mensurar a relação entre o número de entregas dentro do padrão e as entregas totais.
Quando corretamente usados, os índices de qualidade trazem inúmeros benefícios para a construtora. Dentre eles, podemos citar que ajudam a preservar o orçamento e o cronograma das obras, reduzir o número de retrabalhos durante a execução, levantar a quantidade de defeitos e traçar estratégias para corrigi-los.
Ou seja, essa simples estratégia pode ser um grande diferencial competitivo para as empresas que souberem como aproveitá-la.
Qual a diferença entre indicadores de qualidade e de produtividade?
Embora trabalhem juntos para a eficiência da obra, os indicadores de qualidade e de produtividade têm focos distintos.
Os indicadores de produtividade estão voltados para a eficiência dos processos. Eles medem o quanto está sendo produzido em relação aos recursos utilizados, como tempo, mão de obra e materiais. O foco aqui é o volume, a velocidade e a otimização de recursos.
Por outro lado, os indicadores de qualidade na Construção Civil medem a conformidade e o valor da entrega. Eles avaliam se o que foi produzido atende às especificações técnicas, às normas e, principalmente, às expectativas do cliente.
Apesar das diferenças, eles são intrinsecamente relacionados. Não adianta ser produtivo se a qualidade for baixa. Entregar rapidamente um serviço cheio de falhas resultará em retrabalho. E o retrabalho, por sua vez, consome tempo e recursos, derrubando toda a produtividade inicial. Ou seja, é preciso que haja um equilíbrio entre os dois.
Enquanto os indicadores de produtividade garantem que a obra avance conforme o cronograma e o orçamento previstos, otimizando o uso de recursos no canteiro; os indicadores de qualidade garantem que o que está sendo construído não precise ser refeito, evitando o desperdício de tempo e material.
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Principais indicadores de qualidade aplicados na construção civil
Para que a gestão da qualidade seja eficaz, é crucial selecionar e monitorar os KPIs (Key Performance Indicators) certos. Os indicadores de qualidade na Construção Civil variam em aplicação, mas focam sempre em medir desvios, falhas e a aderência a padrões.
Abaixo estão os principais índices que todo gestor de obras deve acompanhar de perto.
Índice de retrabalho
O índice de retrabalho serve para medir a quantidade de trabalho que precisou ser repetido ou corrigido em relação ao total de serviços executados em uma obra. Ele quantifica os retrabalhos que ocorreram devido a falhas, erros ou não conformidades durante a execução.
Esse indicador é essencial para identificar ineficiências no processo produtivo, permitindo que os gestores intervenham rapidamente para corrigir problemas e evitar impactos negativos no cronograma e no orçamento.
Como calcular?
Para calcular este indicador, é preciso dividir o número de homens-hora utilizado na refação de um serviço pelo número total de horas trabalhadas. O resultado deve ser multiplicado por 100 a fim de encontrar a porcentagem.
- Fórmula: Índice de retrabalho (%) = Total de homens-hora de retrabalho / Total de homens-hora de trabalho x 100
Frequência de não conformidades
A frequência de não conformidades mede o número de desvios, falhas ou defeitos encontrados nos processos ou produtos da obra. Uma não conformidade é qualquer item que não atende a um requisito pré estabelecido, seja ele normativo, de projeto ou de qualidade interna.
Monitorar este indicador permite que a construtora visualize rapidamente quais processos ou etapas da obra estão gerando mais problemas. É uma métrica essencial para orientar ações corretivas e preventivas para que os padrões de excelência sejam mantidos e que o projeto final esteja conforme o planejado.
Como calcular?
O cálculo é feito dividindo-se o número total de não conformidades registradas em um período específico pelo total de verificações ou inspeções realizadas no mesmo período. O resultado é multiplicado por 100 para obter a porcentagem de falhas.
- Fórmula: Frequência de não conformidades (%) = Nº total de não conformidades / Nº total de verificações realizadas × 100
Conformidade de materiais
A taxa de conformidade de materiais, como o nome já indica, mede o quanto os materiais utilizados na obra atendem aos requisitos de qualidade estabelecidos. Esse índice acaba refletindo também a qualidade dos fornecedores, já que uma taxa mais elevada significa menos devoluções e, por consequência, menos atrasos devido à espera por materiais corretos.
Como calcular?
A taxa de conformidade de materiais representa a porcentagem de materiais entregues que atendem às especificações do pedido da construtora. Esse cálculo é feito com base nas Fichas de Verificação de Materiais (FVM) preenchidas no momento da entrega.
Para calcular, divide-se o número de entregas conformes pelo número total de entregas realizadas, e o resultado é multiplicado por 100 para se obter a porcentagem.
- Fórmula: Taxa de conformidade de materiais (%) = Nº de entregas conformes / Nº total de entregas realizados x 100
→ Baixe agora: Modelo de Ficha de Verificação de Materiais de Obra – FVM
Qualidade da mão de obra
A Taxa de Conformidade de Serviços é o indicador mais comum para medir a qualidade da mão de obra e da execução no canteiro de obras. Mede o nível de aderência dos serviços executados aos padrões de qualidade, especificações de projeto e normas técnicas.
Monitorar esta taxa é importante para analisar o andamento dos processos e para que os erros sejam interceptados antes de se tornarem problemas maiores. Uma alta taxa de conformidade assegura que o desperdício e o retrabalho sejam minimizados, gerando eficiência e maior lucratividade.
Como calcular?
O cálculo é feito dividindo o número de serviços que foram considerados conformes (ou seja, aqueles que atenderam a todos os requisitos e foram aprovados na verificação) pelo total de serviços realizados.
- Fórmula: Taxa de Conformidade de Serviços (%) = Nº de serviços conformes / Nº total de serviços realizados × 100
Indicadores normativos (PBQP-H, ISO etc.)
Estes indicadores avaliam o nível de aderência da construtora a padrões e sistemas de gestão de qualidade externos. Certificações como o PBQP-H e a norma ISO 9001 atuam como poderosos indicadores estratégicos da qualidade da empresa.
A simples posse dessas certificações demonstra que a Construção Civil possui um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) maduro, com processos padronizados e compromisso com a melhoria contínua. Elas atestam, principalmente, a capacidade da empresa de cumprir requisitos legais e de mercado, elevando a sua credibilidade.
Como implantar indicadores de qualidade na obra?
A simples listagem de indicadores de qualidade na Construção Civil não garante a melhoria. A eficácia reside na forma como esses KPIs são selecionados, coletados e incorporados à rotina do canteiro. A implantação exige método e compromisso da liderança.
Seleção de KPIs relevantes
Não existe uma regra única. A construtora pode e deve criar indicadores personalizados que se alinhem aos seus objetivos estratégicos e tipos de obra. É fundamental que a seleção de KPIs seja guiada por especialistas que entendam os processos internos.
O foco deve estar nas métricas que realmente impactam o resultado final: aquelas que mostram a relação entre custo, tempo e qualidade. KPIs relevantes transformam a estratégia da empresa em números, orientando o esforço de medição para onde ele gera mais valor.
Envolvimento das equipes
A coleta de dados acontece no chão de fábrica, ou melhor, no canteiro de obras. Por isso, o envolvimento das equipes é crucial. Os colaboradores precisam entender a importância dos indicadores, e não apenas enxergá-los como mais uma burocracia.
É responsabilidade da gestão garantir que os responsáveis pela execução compreendam como seu trabalho impacta as métricas, como a Taxa de Conformidade de Serviços e o Índice de retrabalho. Esse engajamento transforma a medição em um agente de melhoria.
Cultura de dados no canteiro
Implantar indicadores significa estabelecer uma cultura de dados no canteiro. Isso passa por definir claramente quem é o responsável pela coleta, qual é a periodicidade da medição e quem fará a revisão e análise dos números.
Um processo de coleta bem estruturado garante que os dados sejam confiáveis e padronizados. Informações imprecisas levam a decisões erradas. É por isso que o uso de tecnologia é indispensável, permitindo que a coleta seja simples e o processamento dos dados, ágil.
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Desafios mais comuns e como superá-los
Apesar dos benefícios que já mencionamos, a gestão de indicadores de qualidade na Construção Civil também enfrenta barreiras comuns. Por isso, identificar e superar esses desafios deve estar entre os primeiros passos para consolidar a sua gestão baseada em dados. Vamos ver a seguir os principais gargalos neste processo.
Dificuldade na coleta
Um dos principais desafios é a dificuldade na coleta de dados em campo. O uso de papel, planilhas desatualizadas ou métodos manuais torna o processo lento e propenso a erros, comprometendo a confiabilidade das métricas.
A solução para esse problema, inevitavelmente, passa pela digitalização. Hoje em dia já é possível utilizar smartphones ou tablets no canteiro, com aplicativos específicos para a Construção Civil, permitindo o registro de informações e evidências (como fotos) em tempo real. Ou seja, dados muito mais precisos e na palma da mão.
Falta de padronização
A falta de padronização na medição é outro grande obstáculo. Se cada engenheiro ou profissional responsável coleta as informações de uma forma, ou se os critérios para registrar uma não conformidade variam entre um profissional e outro, os indicadores se tornam inúteis para a comparação e análise.
Por isso, é muito importante documentar os processos de inspeção e medição, padronizando os formulários e checklists. A tecnologia ajuda a forçar essa padronização, obrigando o preenchimento de campos específicos e o seguimento de fluxos predefinidos antes da aprovação do serviço.
Resistência à mudança
Sabemos que qualquer nova metodologia gera resistência à mudança, especialmente no canteiro de obras. Colaboradores podem ver a coleta de dados como punição, microgerenciamento ou excesso de controle. Essa resistência pode impactar negativamente a rotina dos trabalhadores, sem contar o engajamento e a qualidade das informações, já que poderão estar sob pressão.
Nesse sentido, é dever da gestão comunicar claramente à equipe que os indicadores servem para a melhoria do processo, e não para a caça aos culpados. Treinamentos contínuos e a demonstração de como os dados facilitam o trabalho (por exemplo, reduzindo o retrabalho) são essenciais para transformar a cultura e obter a adesão da equipe.
Como a tecnologia contribui para o controle da qualidade?
A adoção de soluções tecnológicas está cada vez mais indispensável para a gestão de obras na Construção Civil. As ferramentas digitais transformam processos manuais, e muitas vezes complexos, em fluxos de trabalho mais confiáveis, simplificados e ágeis.
Vamos ver mais algumas das principais contribuições da tecnologia hoje em dia no controle da qualidade.
Registro digital de evidências (fotos, checklists)
O controle de qualidade depende da rastreabilidade e da verificação rigorosa, certo? Pois a tecnologia, substituindo simples registros em papel por checklists e formulários digitais, permite que os fiscais de obra documentem o serviço com uma precisão elevada, podendo anexar evidências digitais, como fotos georreferenciadas.
Essa abordagem padroniza as informações e as insere diretamente na fonte. Por exemplo, o Sienge Construpoint é um tipo de solução de campo que facilita o registro dessas verificações, assegurando que os dados coletados sejam precisos e imediatos.
Integração entre planejamento, execução e controle
A gestão eficaz da qualidade exige que as métricas estejam conectadas ao cronograma e também ao orçamento. Já a tecnologia vem para fazer essa integração das informações de qualidade com as de planejamento, tornando cada fase pertencente a um fluxo completo.
Essa conectividade, portanto, evita que falhas de execução impactem o projeto sem que a gestão tenha conhecimento prévio. Nesse sentido, soluções como o Prevision ajudam a alinhar o planejamento com o controle, permitindo que os gestores compreendam o impacto de falhas ou de um alto Índice de retrabalho no prazo geral da obra.
Visão em tempo real para tomada de decisões
Para que os indicadores de qualidade sejam realmente úteis, e não apenas históricos, a informação deve ser acessível imediatamente. A tecnologia consolida os dados de campo em painéis de gestão acessíveis à liderança.
Com uma visão em tempo real, desvios e tendências negativas podem ser identificados e corrigidos rapidamente, evitando a progressão de problemas. O Sienge Plataforma atua como centralizador desses dados, convertendo o volume de informações coletadas em dashboards estratégicos. Permitindo, assim, uma gestão mais ágil e a manutenção consistente dos padrões de excelência na Construção Civil.
Indicadores de qualidade e certificações
A busca por certificações é a prova máxima do compromisso de uma empresa de Construção Civil com a excelência. As certificações não são apenas selos, elas atestam que a construtora opera sob um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) robusto e auditável.
No setor, as duas referências mais importantes são a ISO 9001 e o PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat).
A ISO 9001 é uma norma internacional que define os requisitos para um sistema de gestão de qualidade eficaz, aplicável a qualquer tipo de negócio. Já o PBQP-H é focado nas especificidades da Construção Civil brasileira, sendo essencial para empresas que desejam participar de programas habitacionais federais e acessar linhas de crédito específicas.
Como os dados ajudam nas auditorias de qualidade?
O monitoramento contínuo dos indicadores de qualidade na Construção Civil é o que sustenta o processo de certificação. Durante as auditorias, as empresas precisam comprovar que seus processos são padronizados e que as ações corretivas são baseadas em fatos. É aqui que os dados digitais se tornam um diferencial.
Métricas como o Índice de retrabalho ou a Taxa de Conformidade de Serviços fornecem as evidências objetivas que os auditores buscam. Tendo um SGQ alimentado por dados digitais fica muito mais fácil fazer a rastreabilidade, encontrar documentações e demonstrar a eficácia do sistema de melhoria contínua. Ou seja: um processo de manutenção e recertificação muito mais simples e eficiente.
Boas práticas para uma gestão da qualidade baseada em dados
A verdade é que adotar uma tecnologia e definir os indicadores é apenas o começo. O sucesso da gestão de qualidade e produtividade na Construção Civil depende da aplicação de rotinas diárias e, principalmente, da mudança de mentalidade.
A seguir, veja algumas boas práticas essenciais para consolidar uma cultura orientada a dados dentro da sua construtora ou incorporadora.
Estabelecer rotinas de medição
A coleta de dados precisa ser consistente e periódica. Estabelecer rotinas de medição é crucial para garantir que os indicadores reflitam a realidade da obra e não sejam apenas instantâneos isolados. A frequência (diária, semanal ou mensal) deve ser definida em função do KPI e da criticidade do serviço.
A rotina deve ser padronizada, usando checklists digitais e fluxos de trabalho claros. Somente com a medição contínua é possível identificar tendências, sinalizar desvios rapidamente e fazer com que as informações de campo estejam sempre atualizadas.
Compartilhar resultados com times
Os indicadores não podem ser guardados apenas pela alta gerência. É fundamental compartilhar os resultados com os times, desde o engenheiro até o mestre de obras e as equipes de execução. Essa transparência pode transformar os dados em uma ferramenta de motivação para os colaboradores.
Ao visualizar, por exemplo, que o índice de retrabalho diminuiu após uma mudança de processo, a equipe se sente valorizada e reforça o engajamento com a qualidade. O compartilhamento cria um senso de responsabilidade mútua e estimula a busca por metas cada vez mais altas.
Agir de forma preventiva com base nos dados
A principal vantagem de uma gestão baseada em dados é a capacidade de sair do modelo reativo. Em vez de apenas corrigir falhas, a meta é agir de forma preventiva. Se um indicador aponta uma tendência de aumento de não conformidades em uma atividade específica, o gestor pode intervir antes que o problema se generalize.
A análise histórica e a visão em tempo real, fornecidas pela tecnologia, ajudam a identificar a causa-raiz dos problemas. Isso direciona o foco para ações de treinamento ou mudanças de processo que eliminam a origem da falha, no intuito de alimentar a melhoria contínua na Construção Civil.
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