• A transformação digital na Construção Civil é essencial para a competitividade no mercado
  • Tecnologias como BIM, drones, realidade aumentada e IoT impulsionam essa transformação
  • A mudança de mindset e a integração de processos são fundamentais para o sucesso da digitalização na Construção Civil

A transformação digital, também chamada de digitalização ou construção digital, já deixou de ser uma tendência para se tornar uma condição básica de competitividade, inclusive na Construção Civil. Nos últimos anos, o setor tem avançado em direção à inovação, impulsionado por desafios operacionais, novas demandas do mercado e um cenário de maior investimento em infraestrutura.

De acordo com o Índice de Transformação Digital Brasil 2024 (ITDB), da PwC e da Fundação Dom Cabral, as empresas brasileiras estão amadurecendo em sua jornada digital, mas ainda enfrentam barreiras para transformar dados e tecnologia em vantagem competitiva real. O estudo mostra que a maioria das organizações já compreende a importância da transformação digital, mas ainda precisa estruturar processos, cultura e governança para colher seus resultados de forma consistente.

Na Construção Civil, essa necessidade é ainda mais urgente. Apesar dos avanços, o setor ainda apresenta nível intermediário de maturidade digital e um enorme potencial de ganho com automação, integração de dados e inovação. A boa notícia é que há caminhos concretos e acessíveis para evoluir, e empresas que já estão colhendo os frutos dessa transformação.

Neste artigo, você vai entender por que investir na digitalização da Construção Civil é mais do que uma tendência: é um movimento estratégico. Também verá como aplicar essa mudança na prática e conhecer exemplos de empresas brasileiras que já estão fazendo diferente, com ganhos reais de produtividade, previsibilidade e eficiência.

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O que é transformação digital 

O Sebrae define transformação digital da seguinte forma:

“se refere ao processo de adaptação das empresas por meio de recursos tecnológicos, seja para melhorar o desempenho das equipes, aprimorar os produtos ou serviços oferecidos e assegurar melhores resultados diante da concorrência. O conceito ultrapassou a barreira das grandes organizações e chegou às empresas de todos os portes. Tornou-se uma peça fundamental não só para destacar as organizações da concorrência, mas para mantê-las vivas no mercado”.

Contudo, a transformação digital não vem sozinha. Ela faz parte de um processo chamado de: progresso tecnológico. Dele, fazem parte três fases: a digitalização; a digitalização e só então, a transformação digital.

A primeira é descrita como o processo de transição de informação analógica para uma forma digital. Em outras palavras, os dados são transformados em bits e armazenados em dispositivos eletrônicos. Indústrias inteiras se beneficiaram muito desse processo, pois tornou-se bem mais fácil guardar e proteger informações importantes e, por vezes, confidenciais.

Já a segunda é bem mais abrangente e consiste nas mudanças reais realizadas nas organizações por meio da tecnologia. Isso inclui alguns conceitos bem avançados, como Big Data, IoT (Internet das coisas), blockchain, criptomoedas, entre outros.

Tecnologias que impulsionam a transformação digital na Construção Civil

No setor da Construção Civil, essa transformação tem acontecido de forma gradual, e com forte impacto nos canteiros, nos escritórios técnicos e na tomada de decisão. A seguir, destacamos algumas das principais tecnologias que estão acelerando essa mudança na prática:

BIM (Building Information Modeling)

O BIM é uma das tecnologias mais representativas da transformação digital na construção. Trata-se de uma metodologia que permite criar modelos virtuais ricos em informação, não apenas desenhos 3D, mas também dados sobre materiais, prazos, custos e manutenção.

Com o BIM, é possível simular o projeto de forma precisa antes da execução, prever interferências, antecipar riscos e melhorar o planejamento. O resultado são obras mais eficientes, com menos retrabalho, menor desperdício e mais controle de custos. 

Além disso, o BIM viabiliza a colaboração entre diferentes disciplinas (estrutura, instalações, arquitetura), integrando todos em uma mesma plataforma digital.

Drones

O uso de drones na Construção Civil tem revolucionado o acompanhamento de obras. Eles permitem levantamentos topográficos rápidos e precisos, mapeamento de terrenos, acompanhamento do progresso físico da obra e inspeções em áreas de risco, tudo isso com imagens em alta resolução captadas de forma aérea.

Na prática, isso representa mais segurança, agilidade na coleta de dados e maior controle sobre o cronograma. Com os drones, gestores conseguem visualizar a evolução do projeto em tempo real, comparar com o planejado e tomar decisões baseadas em evidências visuais concretas.

Realidade Aumentada (RA)

A realidade aumentada vem sendo utilizada para sobrepor elementos digitais em ambientes reais. No contexto da Construção Civil, isso significa visualizar um projeto construído virtualmente no próprio terreno da obra, por meio de tablets, smartphones ou óculos de RA.

Essa tecnologia facilita a compreensão dos projetos por todas as partes envolvidas, desde engenheiros e arquitetos até clientes e investidores. Além disso, a RA melhora a comunicação com as equipes de campo, reduz falhas de interpretação e permite fazer ajustes antes da execução, garantindo maior precisão e alinhamento.

IoT (Internet das Coisas)

A Internet das Coisas aplica sensores e dispositivos conectados à internet para monitorar variáveis em tempo real. Em obras, isso significa acompanhar dados como temperatura, umidade, vibração de equipamentos, localização de ativos e presença de pessoas no canteiro.

Essa conectividade viabiliza uma gestão muito mais inteligente e proativa. Por exemplo, sensores podem indicar que determinada máquina está operando fora do padrão ideal ou que um material chegou ao limite de tolerância. Com isso, é possível atuar antes que o problema aconteça, evitando falhas, acidentes e custos extras.

Essas tecnologias, quando integradas a uma estratégia clara de inovação, são as alavancas que tornam possível uma transformação digital verdadeira. Ou seja, não se trata de adotar ferramentas isoladas, mas de repensar a maneira como a Construção Civil planeja, executa e entrega valor. É a partir dessa visão sistêmica que surgem os diferenciais competitivos do futuro.

Digitalização da Construção Civil depende da mudança de mindset

A transformação digital, a inovação e as novas metodologias são novas formas de pensar. A filosofia Lean Construction é um exemplo de pensamento que existe há alguns anos, mas é mais moderno do que outros processos adotados no mercado atualmente e vem se atualizando constantemente.

A inovação depende da mudança de cultura. É preciso quebrar paradigmas e abrir espaço para o novo. Os profissionais precisam pensar de forma inovadora e buscar recursos diferentes para solucionar problemas antigos. Só assim conseguiremos reduzir problemas como atrasos na obra, falhas de replanejamento, orçamentos estourados, sobrecarga das equipes e outros problemas ainda muito comuns.

Embora exista uma mentalidade conservadora na Construção Civil, algumas empresas estão empenhadas em fazer a mudança acontecer. Já em 2020, um estudo da IDC com empresas do setor em diversos países apontava que 72% delas consideravam a transformação digital uma prioridade estratégica, sinal de que o tema já ganhava força mesmo antes dos avanços recentes.

Hoje, com os dados mais atuais do ITDB 2024, da PWC e da FGV, essa percepção se confirma na prática: o setor evoluiu, mas ainda tem muito a avançar em maturidade digital e integração de tecnologias.

Panorama atual da transformação digital na Construção Civil

A transformação digital na Construção Civil brasileira tem avançado, impulsionada por investimentos em infraestrutura e inovação tecnológica. Em 2024, o setor registrou um crescimento de 4,3% no Produto Interno Bruto (PIB), atingindo R$ 359,5 bilhões, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) .

Apesar desse progresso, a maturidade digital no setor ainda é considerada intermediária. Um estudo da PwC Brasil indica que a Construção Civil possui um índice médio de maturidade digital de 3 em uma escala de 6, sinalizando um vasto potencial ainda não explorado.

A adoção de tecnologias como o Building Information Modeling (BIM) tem sido um dos destaques. De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a parcela de empresas que utilizam o BIM atingiu 20,6% em março de 2024, um aumento significativo em relação aos 9,2% registrados em março de 2018.

Por que investir em transformação digital na Construção Civil?

Qualquer mudança só faz sentido quando o benefício que ela gera supera o custo envolvido em mudar. E uma mudança tão profunda como a transformação digital precisa se justificar com ganhos expressivos. Por isso, listamos a seguir alguns motivos para você investir agora mesmo nessa jornada.

1. Produtividade

Como a transformação digital traz a possibilidade de otimizar e eliminar processos que geram pouco valor, na prática isso quer dizer que ela ajuda a aumentar a produtividade. E esse problema ainda é grande na Construção Civil.

Um estudo da Autodesk mostrou que 35% do tempo dos gestores de uma obra é gasto em atividades que não agregam valor. Isso representa mais de 14 horas por semana por pessoa. Além disso, o mesmo estudo indica que 13% do tempo gasto é procurando dados e informações sobre projetos. Ou seja, mais de 5 horas por semana por pessoa.

Agora, imagine otimizar ou eliminar esses processos e ganhar várias horas por semana de trabalho produtivo para cada pessoa envolvida na gestão e também na produção das obras. Isso é produtividade no mais alto nível – e também uma grande economia de custos.

2. Gestão de equipes

A eficiência na gestão de equipes também é muito superior quando se juntam processos e tecnologia ao modo como se conduz os times na obra. Isso traz um nível de colaboração, transparência e eficácia muito maior do que uma simples digitalização é capaz de alcançar.

Com softwares de gestão de obras, por exemplo, é possível acompanhar os indicadores de produtividade da obra em tempo real. Por meio de dashboards, o gestor da obra acompanha o que está sendo feito, o que já foi concluído e como isso afeta o cronograma da obra.

Isso adiciona um nível de detalhamento do serviço que seria impossível ter de outra maneira, além de permitir encontrar problemas de produtividade por conta de logística. 

3. Gestão da qualidade

Numa gestão da qualidade tradicional, a verificação dos serviços é feita de forma manual, com checklists e fichas de verificação de serviços em papel. O primeiro grande problema disso é o tempo gasto para verificar item por item de forma física. Outro ponto negativo é que é muito difícil documentar e organizar tudo usando apenas o papel, pois o volume de dados é muito grande.

Dessa forma, é mais difícil compartilhar as informações com outros profissionais para corrigir os problemas encontrados. Por exemplo, numa auditoria online, é preciso tirar fotos ou prints de documentos físicos, o que dificulta o trabalho do auditor.

Mas, ao optar por um sistema de gestão da qualidade 4.0, no qual os conceitos de transformação digital são aplicados de forma integral, você resolve todos esses problemas. E mais: consegue garantir o padrão de qualidade da sua obra como um todo, não apenas para vistorias de rotina, mas para seguir no dia a dia tudo o que planejou antes de a obra começar.

4. Obras mais rápidas e enxutas

Realizar projetos de forma mais rápida, se comunicar de forma mais eficiente dentro e fora do canteiro e realizar as tarefas sem retrabalhos, com qualidade garantida, significa uma coisa: as suas obras se tornam mais rápidas e enxutas.

E nem é preciso dizer o quanto isso se traduz em ganhos financeiros para a sua empresa, já que você não tem custos com processos desnecessários e consegue ter margens diferenciadas em seus projetos, o que representa um grande diferencial competitivo no mercado atual. 

5. Previsibilidade e redução de riscos

Por último, mas não menos importante, está o benefício da previsibilidade, que ajuda na prevenção de riscos e na resolução de problemas. Imagine, por exemplo, utilizar um sistema de gestão de obra com inteligência artificial que indica os planos de ação a cada problema que surge no canteiro? Além de um grande diferencial competitivo, isso reflete em uma obra com uma maior aderência entre o planejamento x realizado.

A transformação digital na Construção Civil também está ajudando na redução de riscos operacionais nos canteiros, onde os algoritmos conseguem detectar situações de possíveis acidentes antes que eles efetivamente aconteçam, melhorando os níveis de segurança em nosso setor.

Ou seja, tanto do ponto de vista comercial, de processos e humano, a transformação digital tem ajudado bastante no desenvolvimento da Indústria da Construção Civil.

Áreas de aplicação da transformação digital na Construção Civil

A digitalização da Construção Civil abrange diversas áreas, desde o planejamento até a execução e gestão de obras. A seguir, destacamos onde essa transformação pode – e deveria – ocorrer:

1. Projetos e planejamento

O uso de ferramentas digitais no planejamento de obras permite a criação de modelos virtuais detalhados das construções, facilitando a visualização e a detecção de possíveis conflitos antes do início das obras. Isso resulta em maior precisão, redução de retrabalhos e otimização de recursos.

2. Canteiro de obras

No canteiro de obras, a digitalização da Construção Civil se manifesta por meio de tecnologias como drones, sensores IoT e realidade aumentada. Essas ferramentas permitem o monitoramento em tempo real, melhorando a segurança, a eficiência e a tomada de decisões durante a execução dos projetos.

3. Gestão e administração

A integração de sistemas de gestão para a construção digital possibilita o acompanhamento de indicadores de desempenho, controle de custos e prazos, além de facilitar a comunicação entre as equipes. Isso resulta em maior transparência, agilidade na tomada de decisões e melhoria na qualidade das entregas.

Casos reais de transformação digital na Construção Civil

Ver a transformação digital em ação é uma forma de entender como ela gera valor concreto para diferentes tipos de construtoras. A seguir, conheça exemplos de empresas que já adotaram tecnologias e processos inovadores, e os resultados que conquistaram.

  • Hoppe e Ribeiro: transformou a gestão de obras e solucionou desafios de prazo e custo, impulsionando a inovação e a eficiência nos projetos, com ferramentas como Sienge, CV CRM, Ecusto, Construcompras e Prevision.
  • R Dimer Incorporadora e Construtora: reduziu o trabalho operacional de 15 para apenas dois dias com soluções como um dashboard onde é possível ter a transparências de dados, de pavimentos, lotes, serviços, pacores de trabalho e outros. Também otimizoua medição, que agora é feita via aplicativo, com fotos, registros e relatórios. 
  • Cena Empreendimentos: centralizou a gestão em um único ecossistema, impulsionando os resultados de Compras, Orçamentos, Planejamento e outros setores, por meio da digitalização de processos, do escritório ao canteiro de obras.

Esses exemplos mostram que a transformação digital é viável, aplicável e gera ganhos reais, tanto operacionais quanto estratégicos.

Como aplicar a transformação digital na sua construtora

Mais do que reconhecer a importância da transformação digital na Construção Civil, é preciso saber como aplicá-la de maneira eficaz. O CTE (Centro de Tecnologia de Edificações), referência em inovação no setor da Construção Civil, compartilha diretrizes que seguem atuais e fundamentais para empresas que querem avançar na sua construção digital:

1. Comece pela cultura, não pela tecnologia

Transformação digital não é sobre softwares, mas sobre mentalidade. O primeiro passo é garantir o engajamento das lideranças e equipes, promovendo uma mudança cultural que abrace a inovação como ferramenta estratégica.

2. Mapeie seus processos antes de automatizar

Automatizar sem clareza do processo atual pode tornar ineficiências ainda mais invisíveis. Antes de digitalizar qualquer etapa, é essencial mapear fluxos, identificar gargalos e eliminar retrabalhos.

3. Capacite suas equipes

A tecnologia só gera valor quando as pessoas sabem como usá-la. Investir em formação e desenvolvimento de competências digitais é parte indispensável da transformação.

4. Priorize integração e comunicação

Os maiores ganhos surgem quando áreas, sistemas e pessoas atuam de forma sincronizada. Ferramentas digitais devem reduzir silos de informação e ruídos operacionais, facilitando decisões ágeis e colaborativas.

5. Alinhe inovação à estratégia do negócio

Tecnologia sem propósito é só custo. Toda inovação deve estar ligada a metas claras, como aumentar produtividade, melhorar a qualidade ou reduzir riscos. Como alerta o CTE: “Digitalizar sem estratégia é automatizar o caos.”

Esses princípios funcionam como um norte prático para qualquer construtora, independentemente do porte ou da maturidade digital. Eles mostram que a jornada de construção digital não precisa (nem deve) começar com grandes saltos, mas com clareza, método e visão de longo prazo.

Sua empresa está pronta para a transformação digital na Construção Civil?

Mais do que uma tendência, a transformação digital já é parte da realidade das construtoras que lideram o mercado. Os dados mostram, os cases comprovam: quem investe em tecnologia com estratégia colhe ganhos de produtividade, previsibilidade e competitividade.

Se você ainda está apenas digitalizando tarefas isoladas, talvez esteja adiando os benefícios reais da inovação. A hora de agir é agora, com método, clareza e visão de futuro. A transformação digital não se faz da noite para o dia, mas começa com uma decisão: a de fazer diferente.

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