Você já ouviu falar da Indústria 4.0? Esse processo já é realidade em setores como o automobilístico, aeronáutico e o de petróleo e gás e tem tudo para chegar à construção civil. É a chamada Construção 4.0.
Sabe por que isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde? Porque essa transformação pode:

  • Levar à redução de custos;
  • Aumentar a segurança no trabalho;
  • Assegurar sustentabilidade ambiental;
  • E, finalmente, permitir à indústria dar salto de produtividade e qualidade.

Ficou intrigado para saber mais sobre esse assunto? Então, continue conosco:

O que é a Indústria 4.0?

Considerada a 4ª Revolução Industrial, a Indústria 4.0 é uma evolução dos sistemas produtivos industriais. Ela incorpora tecnologias como inteligência artificial, computação em nuvem, robótica, análise de dados e a internet das coisas, tudo de forma integrada.
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Essa evolução foi viabilizada com o avanço exponencial da capacidade dos computadores e com o enorme volume de informação digitalizada.
Assim, não custa lembrar que:

  • A 1ª Revolução Industrial foi marcada pela mecanização da produção impulsionada pela energia a vapor.
  • A 2ª Revolução Industrial permitiu a produção em massa conduzida por energia elétrica.
  • A 3ª Revolução Industrial trouxe automação à produção.
  • Na 4ª Revolução Industrial, sistemas cyber-físicos monitoram os processos físicos e cada vez mais tomam decisões descentralizadas. Com a Internet das coisas, os sistemas se comunicam e cooperam entre si e com os seres humanos em tempo real.

Como você pode perceber, na indústria 4.0, máquinas inteligentes – e não mais a mão de obra – predominam no chão de fábrica. Ou seja, na indústria 4.0 a informação é o bem mais valioso.
Mas há três componentes-chave para a formação do que chamamos de Indústria 4.0:

  • Cyber physical Systems (CPS) – Sistemas que permitem a conexão de operações reais com infraestruturas de computação e comunicação automatizada.
  • Internet das Coisas (Internet of Things) – Permite que objetos físicos, sistemas, plataformas e aplicativos com tecnologia embarcada interajam.
  • Fábricas inteligentes (smart factories) – Com alto nível de automação, empregam CPSs nos sistemas produtivos gerando ganhos de eficiência, tempo, recursos e custos.

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O professor Olivier Scalabre (BCG Paris Office) fala como uma quarta revolução industrial produzirá uma mudança macroeconômica e impulsionará o emprego, a produtividade e o crescimento. Confira.

E a Construção 4.0?

Mas você deve estar se perguntando como a indústria da construção entrará nessa nova era, repleta de novas tecnologias.
Também na cadeia produtiva da construção civil, a Indústria 4.0 desponta como caminho natural para aumentar competitividade, produtividade, redução de custos. Sempre por meio das tecnologias digitais.
Esse movimento começa com tecnologias que já são realidade em alguns países. É o caso, por exemplo, de drones para monitoramento das obras, caminhões autônomos em áreas de mineração e robôs de demolição.
A 4a revolução industrial também confere maior protagonismo ao BIM (Building Information Modeling ou Modelagem da Informação da Construção), à manufatura aditiva (impressoras 3D), à  realidade aumentada e à análise de Big Data.

Assim, a consultoria McKinsey listou cinco tendências que irão levar as empresas à Construção 4.0:

  • Pesquisas e geolocalização de alta definição: para evitar discrepâncias entre as condições reais do solo e o escopo do projeto
  • BIM 5 D: à representação digital integram-se também informações sobre o planejamento, os custos e o cronograma da construção.
  • Colaboração digital e mobilidade
  • Internet das coisas e análise avançada de dados
  • Novos materiais de construção: de nanomateriais a módulos fabricados em impressoras 3D.

Obstáculos à Construção 4.0

Mas, como você pode imaginar, o caminho para a implantação da Indústria 4.0 na construção civil será longo.
“A revolução digital está impactando muito outras indústrias porque elas já são uma indústria. O mesmo não podemos dizer da construção civil de hoje, que ainda é apegada a um amontoado de atividades artesanais”, disse o engenheiro Luiz Henrique Ceotto em entrevista ao Buildin.
Para o Brasil entrar, de fato, na era da construção 4.0, será preciso superar alguns desafios. Assim, podemos destacar:

  • Ambiente macroeconômico;
  • Formação dos trabalhadores;
  • Desenvolvimento do mercado financeiro para viabilizar negócios;
  • Atraso na digitização. Abro parênteses só para explicar esse termo. Mais do que digitalizar, digitizar é o processo que leva a uma mudança mais profunda, no caminho de transformar o negócio para digital, mudando seu modelo de negócio e fluxo de valor.
  • Formação de engenheiros. A Indústria 4.0 exigirá engenheiros com alta capacidade de conhecimento sobre um determinado assunto e alta capacidade de congregar conhecimentos com outros parceiros de trabalho.

Além desses motivos, também representam dificuldades a resistência da construção civil brasileira em inovar.
O engenheiro Jonas Medeiros abordou esse tema em entrevista recente ao Buildin.
Segundo ele, “nosso processo de construir é praticamente todo artesanal. Ou seja, depende excessivamente de habilidades humanas, do modo de fazer manualmente as coisas. Construímos o edifício quase todo em canteiros de obras. Temos de produzi-los em fábricas e apenas montá-los na obra. Enquanto isso não acontecer, até podemos melhorar processos, mas nunca vamos industrializá-los de fato”.

Transformações no mercado de trabalho

Assim, obviamente que todas essas transformações irão impactar o mercado de trabalho.
Um estudo realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) detectou que o avanço da Indústria 4.0 criará trinta novas profissões em oito áreas nos próximos anos.
Assim, especificamente na indústria da construção civil, as novas profissões seriam:

  • Integrador de sistema de automação predial
  • Técnico de construção seca
  • Técnico em automação predial
  • Gestor de logística de canteiro de obras
  • Instalador de sistema de automação predial

Conclusão

Ao longo desse texto você percebeu que serão necessárias mudanças organizacionais profundas para introduzir a construção 4.0. Também viu que os desafios até chegarmos a esse novo estágio de desenvolvimento são grandes. Mas que não podemos ficar alheios a essa tendência global.
Antes de encerrar, gostaria de deixar duas dicas de conteúdos complementares interessantes.
O primeiro é um artigo sobre a necessidade de investir na industrialização na construção.
O segundo é um post do engenheiro Jonas Medeiros com dez razões para implementar a construção pré-fabricada no Brasil.
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Até a próxima!