A construção civil ainda está entre os setores menos eficientes e produtivos da indústria. Como disse Danilo Lorenceto, da Lorenceto Engenharia, durante um webinar da Prevision, “o Brasil ainda tem muita oportunidade para ser explorada”, mas para isso vai depender da adoção da indústria 4.0 na construção civil.
Vivemos décadas de sub-digitalização, mas agora o setor caminha para uma nova era. Uma pesquisa realizada pela McKinsey, em 2018, mostra que a construção civil investiu mais de US$ 10 bilhões em menos de dez anos. As soluções estão aí, mas não são de conhecimento das empresas. A seguir, listo algumas alternativas que já estão fazendo diferença.
A evolução tecnológica na construção civil
Historicamente a construção é pouco tecnológica. No passado, não havia um pensamento de que o setor deveria ser produtivo, o objetivo era principalmente gerar empregos. Claro que a produtividade era importante, mas não era estruturada de forma industrializada.
Há 60 estávamos focados em resolver os problemas de desemprego, déficit habitacional, saneamento básico e outros que até hoje não solucionamos, porém lá atrás este era o foco. Por isso a produtividade da construção civil não era uma prioridade e sequer existiam métricas para mensurar quanto o setor e as empresas eram produtivas.
Nos últimos anos o setor da construção civil vem mudando, a falta de produtividade passou a ser vista como um problema e iniciativas foram tomadas para resolver essa questão. Então, a tecnologia começou a fazer mais parte da construção civil como um todo, mas ainda é vista de forma limitada.
Um estudo realizado pela consultoria norte-americana em soluções tecnológicas para o setor de construção, JB Knowledge, revela que:
- apenas 14,6% das empresas utilizam, pelo menos, um software especializado e;
- 21,4% usam constantemente duas soluções digitais.
Em muitos casos, a empresa quer investir mais, mas não sabe onde aplicar a tecnologia no seu negócio ou como gerenciá-la. Esse é o exemplo da Otcon, uma construtora que começou a implementar conceitos da indústria 4.0 na construção civil, teve ações de vanguarda e foi super inovadora, mas que não sabia muito bem como gerenciar essas soluções.
Softwares de gestão: aliados da indústria 4.0 na construção civil
Hoje, dentre diferentes softwares complementares, eles utilizam a solução de planejamento e gestão eficiente de obras Prevision, e sentem que o seu uso ajudou no gerenciamento de diversos processos internos.
A empresa conseguiu substituir outros recursos, que não eram tão ágeis e intuitivos, passou a compartilhar as informações em tempo real e atualizar, automaticamente, de acordo com o planejamento da obra.
Para Carolina Paiva, coordenadora de RH e qualidade na Otcon, “o uso da solução da Prevision ajudou a construtora a economizar tempo, e por isso foi expressivo na produtividade”.
Ainda falta para o setor, de forma geral, investir mais em soluções que vão influenciar em todos os processos, não só dentro do escritório, mas principalmente na obra. O processo construtivo como um todo precisa ser mais tecnológico e inovador.
Neste artigo, trago algumas soluções que vão além do uso de softwares para mostrar como você pode aderir à indústria 4.0 na construção civil. Vamos lá?
7 inovações tecnológicas para adotar e fazer parte da indústria 4.0 na construção civil
Drones
Os drones ajudam na redução de custos e no ganho de eficiência nos processos construtivos. Usados de diversas formas como no mapeamento de áreas que serão construídas, na simulação de projeções e no monitoramento e inspeção das obras, esses equipamentos tornam essas tarefas mais seguras.
Em vez de deslocar um profissional, contratar um andaime e colocar a vida do colaborador em risco, o drone é utilizado para verificar e registrar as informações. Poucos minutos depois e com um custo menor, o drone retorna com os dados que a empresa precisava.
Big Data Analytics
O Big Data Analytics é o processo de coleta, análise e uso de dados em grandes volumes. Por meio de sistemas específicos, as empresas conseguem reunir um grande número de dados que captura ou que já possui em seus servidores para analisá-los e usá-los no negócio.
Na construção civil, essa inovação pode ser usada de diversas formas, desde o entendimento do público da construtora, até a redução de desperdícios no canteiro de obras.
Os dados obtidos podem entregar informações importantes para que os gestores identifiquem as raízes dos problemas na obra e consigam tomar decisões baseadas em evidências.
Realidade aumentada
A inovação permite que um objeto virtual exista em um espaço para ilustrar como ficaria naquele ambiente. A aplicação depende do uso de um dispositivo móvel, e para fazê-la o usuário seleciona o objeto e o ambiente onde quer colocá-lo e, pela tela do aparelho, consegue verificar como o espaço ficaria com aquele recurso, equipamento etc.
A realidade aumentada pode ser usada como um elemento de indústria 4.0 na construção civil, entre outros, nas seguintes situações:
- rotinas de manutenção, ao ser apontado para um equipamento, o recurso mostra o que deve ser revisado ou corrigido;
- oferta de treinamentos detalhados para equipes específicas;
- projeção de cenários, prédios e adequações do espaço;
- promoção de uma experiência personalizada para o cliente.
As formas de uso mais comuns dessa tecnologia são na simulação de ambientes para os clientes. A construtora consegue levar o cliente em um espaço que ainda não está decorado e mostrar, por meio da realidade virtual, como será o ambiente depois de pronto. Mas existem outras formas de uso para o ambiente produtivo.
Nanotecnologia
A nanotecnologia é um estudo para o entendimento e controle da matéria em nanoescala, escala atômica e molecular. É utilizada no desenvolvimento de materiais e componentes para diferentes áreas, como engenharia, eletrônica, medicina etc.
Na construção civil, a nanotecnologia vem sendo usada para o desenvolvimento de materiais mais resistentes, como nanotubos de carbono para produção de cimentos e concretos. Os nanotubos tornam esses materiais mais resistentes às tensões. Além da criação de vidros autolimpantes, que utilizam a água da chuva e os raios ultravioleta para se manterem limpos.
BIM
Embora não seja uma inovação tão recente, inclusive já produzimos alguns conteúdos falando sobre o BIM na Prevision, adicionei em minha lista pois muitas empresas ainda não utilizam essa tecnologia.
O BIM (Building Information Modeling) é um modelo virtual utilizado para integrar todas as informações da obra e representar como será o projeto de forma visual.
Ele é útil em todas as fases do projeto, proporcionando uma visão completa do projeto da versão atual e futura da obra.
Impressão 3D
Até poucos meses atrás, muitas pessoas afirmavam que a impressão 3D não era capaz de produzir casas. O máximo que havíamos visto era a restauração de materiais, equipamentos e partes da obra feitas com uma impressora 3D.
No entanto, recentemente, foi construída a primeira casa de dois andares feita por uma impressora 3D. A casa foi construída em apenas três semanas pela maior impressora 3D da Europa.
A Kamp C, empresa responsável pelo projeto, informou que usou 60% menos materiais do que nos métodos de construção tradicionais, mostrando que esta pode, sim, ser uma metodologia para aplicar conceitos da indústria 4.0 na construção civil.
Moldagem de paredes de concreto in loco
A construção de paredes moldadas começou no Brasil na década de 1970. Nesse processo, as paredes de concreto moldadas in loco são feitas no local da construção. O sistema consiste na moldagem de paredes e lajes maciças de concreto armado com telas metálicas centralizadas. Como as paredes já são feitas na espessura que devem ter, o processo elimina o reboco, assim evita o duplo trabalho e proporciona maior economia de recursos e materiais.
As paredes são desmontadas, montadas e concretadas de uma vez, sem pilar, viga ou laje. Danilo Lorenceto, especialista neste sistema, explica que o sistema elimina cerca de 13 a 14 etapas do processo construtivo e faz com que possa ser realizado em somente duas ou três.
Dessa forma, a construtora melhora seu prazo de entrega em 45% e se torna mais sustentável, pois gera menos resíduos e aumenta a produtividade.
Embora seja uma metodologia inovadora, que segue os princípios básicos da industrialização e normatizada no Brasil desde 2012, ainda sofre muita resistência dentro das construtoras. Para Lorenceto, “a maior dificuldade hoje é mudar a cabeça do líder, do gestor”.
Conclusão
A falta de conhecimento sobre o processo e seus benefícios gera preconceito, e a primeira impressão é achar que custa caro. Porém, a construção civil gasta mais com desperdícios de mão de obra, materiais, tempo e processos. Então, analisar o seu cenário para ver se faz sentido otimizar os investimentos pode ser um ótimo caminho.
A indústria 4.0 na construção civil já é uma realidade para muitas empresas, mas para que o mercado siga evoluindo, sendo mais produtivo e eficiente, é preciso mudar a mente de muitas outras.
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*Por Guilherme Losekann, Consultor de Novos Negócios na Prevision